Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A moto da Dilma e o ônibus do Brizola

moto


Sensacional a matéria da Folha hoje sobre o passeio de moto de Dilma por Brasília.
Para quem não leu: a Presidenta driblou os seguranças, colocou um capacete e saiu de moto pelas ruas de Brasília, livre, leve e solta.
Se é verdade ou não, não sei.
Mas se não é, deveria ter sido.
Um dos maiores males de que se acometem os governantes é o isolamento palaciano.
A maioria porque gosta de bajulação e salamaleques, mesmo.
Mas também aos que não o querem, pela liturgia e responsabilidade dos cargos.
E isso, exceto a fenômenos políticos como um Lula ou um Brizola, personagens especiais que dificilmente perdem a sintonia com o povão, gera um desconhecimento que induz a erros e armadilhas que estão sempre a nos espreitar, ao governar.
O episódio me lembrou outro, que vivi.
Às vésperas da inaguração da primeira etapa da Linha Vermelha, lligando a Ilha do Governador ao Centro do Rio e ao Elevado da Paulo de Frontin, fui ao apartamento de Leonel Brizola, conversar sobre assuntos de Governo.
Ele estava reunido com duas pessoas, uma delas o Secretário de Transportes. Sentei-me no sofá próximo à mesa redonda onde ele despachava e esperei.
À saìda do secretário, dei o bote.
- Dr. Fulano, foi ótimo o senhor estar por aqui: eu preciso divulgar quais serãos as linhas de ônibus que vão passar pela Linha Vermelha…
Eu sabia que uma empresa, a Paranapuã, detinha quase o monopólio dos ônibus na Ilha do Governador e não ia pegar nada bem se só ela pudesse usar a nova via.
- Olha, ainda está em estudos, porque é uma via segregada, temos de considerar a velocidade do tráfego, etc, etc…
E o velho Briza olhando…
- Mas Doutor, eu não sou técnico de transportes, mas fico pensando no sujeito ali, no ônibus lotado, pendurado no balaústre, suando e vendo os carros particulares ..zupt!…pela Linha Vermelha e o ônibus dele parado para pegar o engarrafamento da Avenida Brasil.. .Será que ele náo vai ficar chamndo o Brizola de fdp, que faz obra só para uem tem carro?
O homem ficou pasmo…
E o Brizola, que sacou tudo, não perdoou:
- Olha, Dr. Fulano, o Brito pega ônibus, escute o que ele fala…Há quanto tempo o senhor não pega um ônibus, Dr. Fulano?
Suba na moto, Presidenta.
Dirija seu próprio governo, acelere, até mesmo correndo riscos, porque risco se corre em tudo.
E ficar parado, sendo corroído pelo tempo, é o pior deles, porque tem 100% de possibilidades de acontecer.
Não havia uma história sobre não ter medo de ser feliz?
Por: Fernando Brito

quinta-feira, 13 de junho de 2013

NADA A FAZER, TUDO A FAZER

Snowden e Manning contra a arrogância do poder

Mauro Santayana

O mundo não conseguiu ainda sair do espanto causado pelas revelações do soldado Bradley Manning – cujo julgamento por traição começou há dias – e uma denúncia ainda mais grave   foi encaminhada ao Guardian pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden. O denunciante era, até o dia 20 de maio, um dos maiores especialistas em segurança de informações da Booz Allen, contratada pelo governo norte-americano para assessorar a NSA (Agência Nacional de Segurança).
De acordo com os documentos oficiais, filtrados por Snowden, e não desmentidos, Obama determinou a invasão dos sistemas de comunicação eletrônicos do mundo inteiro – também  no próprio território norte-americano. Os meios técnicos permitem aos invasores capturar mensagens e documentos, apagar, reescrever, reendereçar emails. Mais ainda: os hackers oficiais poderão intervir no sistema de comandos dos computadores. Em tese, e de acordo com a tecnologia disponível, serão capazes de alterar a rota dos aviões, provocar incidentes militares nas fronteiras, falsificar telegramas diplomáticos, de forma a intrigar governos contra governos.
Atos de espionagem e de provocação são comuns na História, mas os meios tecnológicos de hoje os tornam catastróficos. A única esperança de que planos como o do presidente Obama sejam   divulgados está nos cidadãos dos próprios países agressores que, os conhecendo, como é o caso de Bradley Manning e de Edward Snowden, se disponham a denunciá-los ao mundo.
Snowden, como Manning, é um homem ainda jovem. Aos 29 anos, ganhando um bom salário, de 200 mil dólares brutos por ano, vivia com conforto no Havai, com sua jovem namorada, quando, ao tomar conhecimento das 18 páginas das diretivas de Obama aos serviços de segurança, resolveu revelá-los.
O governo norte-americano tenta minimizar a gravidade da denúncia, ao afirmar que um tribunal criado para supervisionar os serviços de informação e segurança aprovou a medida, da qual, também as comissões especiais do Congresso tomaram conhecimento e lhe deram endosso. 
Há várias questões postas, que devem ser examinadas com serenidade. Em primeiro lugar, aquela velha presunção norte-americana de que eles foram predestinados ao domínio universal, e  foi definida pelo senador Fullbright como “a arrogância do poder”. Sentindo-se os mais poderosos, assim como os soberanos, julgam-se irresponsáveis pelos seus atos e inimputáveis.  Não consideram que haja acima deles nenhum poder punitivo. Seus fundamentalistas protestantes, entre eles Bush II, acreditam  agir com a cumplicidade de Deus. Foi assim que o então presidente justificou a segunda guerra contra o Iraque: – em conversa com o Todo Poderoso, dele ouviu a ordem de caçar Saddam Hussein e eliminá-lo.
A espionagem e os atos de provocação são antigos na história do poder. Todos os grandes sistemas da Antiguidade deles se valeram. Bismarck foi um mestre na recuperação  dessa perfídia, ao falsificar um telegrama sobre encontro entre o embaixador francês em Berlim e o kaiser Guilherme I, e, assim, provocar a Guerra Franco-Prussiana de 1870. Mas nem o “Chanceler de Ferro”, nem Hitler, outro mestre nesse jogo canalha, dispunham dos meios técnicos de manipulação como os de nosso tempo.
Outra lição do fato é a de que não há mais segredos no mundo, principalmente quando o rege a lógica do mercado. Há, de acordo com as informações oficiais, 25.000 pessoas envolvidas no sistema nacional de segurança dos Estados Unidos, a maior parte delas funcionárias de empresas privadas, como a Booz Allen, cujo faturamento, em 98%, é obtido em contratos com a Agência Nacional de Segurança. É impossível, assim, manter essas operações em sigilo.
Outra grande surpresa é o cinismo do presidente Barack Obama, que irrompeu no cenário norte-americano como aquele predestinado a recuperar os mais altos valores dos “pais fundadores” da grande república. Na campanha eleitoral de 2008, ele qualificou os vazamentos do mau comportamento do governo como “atos de coragem e patriotismo, que podem, muitas vezes, salvar vidas e, com frequência, poupar dólares dos contribuintes, e devem ser encorajados, em lugar de combatidos”, como ocorria durante a administração Bush.
Na reação contra Manning e Assange, Obama absolve o “guerreiro” Bush. Snowden, em entrevista ao Guardian, diz que se sente mais ou menos seguro em Hong Kong, aonde chegou há 3 semanas. Mas os republicanos do Congresso pediram ao governo que exija a sua extradição. Como se sabe, a autonomia da antiga colônia britânica é limitada: o território está sob a soberania estatal chinesa. Será interessante verificar se o governo chinês decidirá acatar um pedido de extradição que um pequeno país, como o Equador, se nega a atender, no caso de Julián Assange.
Os observadores se dividem, na previsão do que virá a ocorrer, diante desse novo escândalo mundial. A maioria, com a mente já colonizada pela hegemonia norte-americana, acha que nada há a fazer. Em suma, é inevitável aceitar o mando norte-americano, para que nos salvemos do “terrorismo islamita”, assim como foi melhor aceitar as inconveniências da Guerra Fria, para que nos livrássemos do comunismo ateu.
Há, no entanto, os que sabem ser necessária uma aliança da inteligência e da dignidade dos homens, a fim de reagir, enquanto há tempo, contra essa tirania universal.