Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Izaías Almada: Síndromes, papas e datas memoráveis



Marx_Papa_Yoani

Sugiro a nossa ilustre visitante Yoani Sanchez, brava defensora do direito de expressão dos grandes monopólios midiáticos, que interceda junto ao governo norte-americano pela vida e pelo direito de expressão do soldado Bradley Manning.
Izaías Almada, via Carta Maior
21 de fevereiro de 1848. Nessa data se publicou o Manifesto Comunista. Há 165 anos. Nele, Marx e Engels dão o diagnóstico fúnebre da monarquia e da religião, estas suplantadas por uma nova ordem econômica, o capitalismo, e identificando a burguesia como a nova classe social opressora.
Curioso o movimento pendular da História. Um século e meio depois o mundo vive, ao que parece, em nova crise de identidade, de transformação econômica onde, com esforço, impaciência e alguma incredulidade e ignorância por parte de uns e o esforço analítico e sério por parte de outros tantos, o mundo continua a dar cabeçadas em nome de alguma coisa que minimamente possa representar a solidariedade, a melhor distribuição da riqueza acumulada, a paz entre os povos. Nesse contexto reina a confusão entre homens e nações.
Aqui no Brasil, por exemplo, ao declarar a uma emissora de rádio gaúcha, semanas atrás, que o deputado José Genoíno deveria renunciar a seu mandato, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, do mesmo PT de Genoíno, ofereceu de bandeja à oposição, em especial a seus pittbulls na mídia, o pretexto para ampliar a execração da esquerda brasileira.
Outra coisa não fizeram alguns desqualificados jornalistas e comentaristas políticos que, além de ironizar o fato, ainda relembraram um caso antigo que envolveu o próprio governo Dutra no sul, citando o encontro de um seu funcionário com bicheiros naquele estado que, supostamente, ajudavam a financiar campanhas eleitorais.
Em outras palavras: Olívio Dutra, além de demonstrar inabilidade na análise da conjuntura atual da política brasileira, deu munição àqueles que já não sabem muito bem o que fazer com os dez anos de governo do Partido dos Trabalhadores. Ou não sabem como conviver com o julgamento da AP 470, o maior e mais ridículo julgamento político feito por um tribunal brasileiro em tempos de democracia.
O tempo vai passando e, sobre isso, o jornalismo investigativo, o sério, vai aos poucos desmontando a farsa do “mensalão”, deixando a oposição de direita, de meia-direita, de centro ou mesmo de esquerda de calças na mão. Além do livro A privataria tucana, que mostra com provas irrefutáveis o verdadeiro ninho da corrupção no Brasil contemporâneo, temos o trabalho do jornalista Raimundo Pereira na revista Retrato do Brasil e agora o livro do jornalista Paulo Moreira Leite, A outra história do mensalão (também da Geração Editorial), matérias da revista CartaCapital e do jornal Brasil de Fato, além de inúmeros blogues, vão dando contornos à farsa político/jurídico/midiática organizada pelos setores mais comprometidos com o atraso em nosso país.
Do julgamento à renúncia do papa. O que deixa Deus sem seu representante na terra por algumas semanas. Fui surpreendido, como milhões e milhões de cidadãos, com a notícia da renúncia do papa Bento 16 e dei-me conta (não é a primeira vez, claro) de que é tudo muito efêmero a nossa volta. Nada é muito novo nas relações humanas. O mundo caminha a passos largos para tornar tudo relativo e de pouca importância. Ou melhor, essa caminhada – ao que tudo indica – tem a ver diretamente com o sistema econômico de cada época em que se vive e, portanto, a que estamos submetidos.
O laicismo, desde sua definição e adoção na França, não tem passado de um conceito apenas teórico, cuja prática deixou e deixa de existir com as diversas interferências da religião na vida dos cidadãos e do estado. A fé continua a ser um “produto” vendido nos grandes mercados mundiais da ingenuidade humana. O que, apesar de não ser nenhuma novidade, contribui para confirmar uma zona nebulosa da humanidade.
Por outro lado, o moderno sistema de comunicação social, tendo a seu serviço emissoras de televisão privadas e estatais, jornais e revistas para os mais variados gostos e ideologias, emissoras de rádio, internets, tuíteres, feicibuquis, celulares, tabletes e mais algumas bugigangas da pós-modernidade, afunda o ser humano numa cisterna de informações contraditórias, espalhando no mais das vezes a confusão para dividir e reinar, para alongar a vida de um capitalismo que já dá inúmeras mostras de esgotamento de seus principais postulados. Nesse vendaval de informações e teorias, as várias religiões espalhadas pelo mundo ainda tentam “vender” uma fé que já não consegue se explicar. E, em meu modesto ponto de vista, que nunca se explicou. A história das religiões é, antes de qualquer coisa, a história do próprio homem, de suas virtudes e de seus defeitos. O homem é quem cria os deuses a sua imagem e semelhança.
Termino por dizer que 21 de fevereiro de 1912 é também uma data importante, pelo menos em meu calendário. Nesse dia, mês e ano nasceu Martha, minha saudosa mãe, que morreu ainda jovem e não conheceu o computador, o celular, o Genoíno, o Partido dos Trabalhadores, o papa Bento 16 e, com toda certeza, nunca ouviu falar em Marx e Engels. E muito menos em Julian Assange e seu WikiLeaks.
Aproveito, então, a data para sugerir a nossa ilustre visitante Yoani Sanchez, brava defensora do direito de expressão dos grandes monopólios mediáticos, que interceda junto ao governo norte-americano pela vida e pelo direito de expressão do soldado Bradley Manning.
Izaías Almada é escritor e dramaturgo. Autor da peça Uma questão de imagem (Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos) e do livro Teatro de Arena: Uma estética de resistência, Editora Boitempo.

Carta abierta a Yoani Sánchez


Estimada Señora Yoani María Sánchez Cordero,
Presente,
Vengo a su atención por ser bloguero cómo la señora, aunque desde Brasil, donde recién has estado, y por acompañar su exitoso trabajo en la Web y cómo personalidad internacional que ejerce fuerte influenza política en los grandes medios occidentales de orientación conservadora.
Mi texto, pues, quiere invitarla a reflexiones y quizás a que ofrezca respuestas.
Por primer, quiero lamentar una situación que has vivido en mi país. Nosotros, en Brasil, que entendemos que su trayectoria de vida necesita de aclaramientos en razón de ser usted una persona que produce críticas muy duras al modelo de sociedad cubano y que relata factos sobre el régimen de su país que muchas veces no se traducen en pruebas de lo que afirmas, con aquellas protestas perdimos la oportunidad de hacerle preguntas que nunca has contestado.
No comparto, así, de la visión de los que han planeado las protestas que has enfrentado en Brasil. Pienso yo que hemos perdido una gran oportunidad de no permitir que usted se escudara en disculpas para no contestar a las cuestiones importantes que hay para hacerle y que nunca han sido contestadas.
Cómo ya puedes haber imaginado, cuando hablo de cuestionamientos me refiero a un texto que ha sido muy difundido por todo el mundo y que muestra lo que mucha gente sospecha: que usted hace denuncias en contra el gobierno cubano y la realidad de su país para la cuales jamás has presentado pruebas.
Hablo, pues, de la entrevista que has dado hace algunos años al periodista francés Salim Lamrani.
Lamrani, en la apertura de su relato del encuentro que tuvieran ustedes en el Plaza Hotel de La Habana, anticipó lo que, en los años siguientes, mucha gente más ha comprobado, que, al contrario de lo que dices, su blog, Generación Y, puede ser visitado de cualquier computadora en la capital cubana, por lo menos.
Mientras los medios conservadores de Estados Unidos, América Latina y Europa reproducen su discurso y garantizan que hay un bloqueo digital a su página web por acción y decisión del gobierno cubano, hace rato (noviembre del 2012) un amigo, el periodista brasileño Altamiro Borges, ha visitado su país y dijo que no ha encontrado ninguna dificultad para visitar su blog.
Parece, pues, nada más que un cuento que la “terrible dictadura” que denuncias impida su trabajo, aunque eso sea el discurso arriba del el cual ha sido construido el personaje Yoani Sánchez.
Aquí, entonces, la primera cuestión: ¿usted sigue garantizando que el gobierno cubano impide que el pueblo de la isla visite su blog a través de bloqueo electrónico? Y más: ¿estás dispuesta a recibir una comisión que usted y sus opositores crean imparcial, ahí en La Habana, para registrar en video lo que resulta cuando se intenta hacerlo?
Otra cuestión, señora Yoani, dice respecto a la dureza del régimen que usted denuncia una vez tras otra. Lamrani relata que se ha encontrado con la señora en la recepción de un hotel de lujo en La Habana, el Plaza Hotel, de forma libre. Tanto es que, en el relato que hizo, la señora vino para la cita muy tranquila, de forma muy diversa de lo que se podría esperar de una “perseguida política”, que, al fin, es como se presenta usted.
Al menos es lo que dicen los grandes y ricos empresarios dueños de los grandes medios internacionales enemigos de Cuba que vienen siendo tan generosos con la señora al pagarle altas sumas por sus escritos. Pero lo que se ve, sobre todo cuando haces un tour como lo que estas haciendo por el mundo, no combina con el cuento de la dictadura que fustiga la heroína solitaria.
Lo que me parece más grave en su discurso, señora Yoani, es una denuncia hecha por usted hace algunos años, cuando dijiste al mundo que has sido “secuestrada” por agentes del gobierno cubano y, durante eso, has sido agredida con violencia física por ellos. Ahí, si, se podría ver un hecho propio de una dictadura.
Al haber pasado eso mismo que cuentas, Cuba seria la dictadura feroz que pintas y no la “dictablanda” de que hablan los barones de los medios brasileños cuando se refieren a la dictadura militar brasileña, en la cual, le garantizo, la señora no iba a poder escribir nada en contra ella y jamás mantener encuentros en hoteles de lujo para hablar mal del régimen.
Lo que pasa es que Lamrani le ha hecho una pregunta muy razonable y natural: ¿usted tiene pruebas de la acusación de que has sido “secuestrada” y “agredida” por el gobierno cubano?
En la oportunidad, no contestaste nada. Lamrani le pregunto si usted había sacado fotos de las heridas que le han causado los “agentes del gobierno”, pero lo que has dicho suena absurdo, falso y, delante del grave que es la denuncia, inaceptable.
Decir que tienes fotos de las heridas que le han infringido pero que recusas a mostrarlas porque las quiere guardar para presentarlas a “un tribunal”, es un chiste. Años han pasado y jamás has buscado la justicia de su país o de cualquier otro. Hiciste la denuncia y no fuiste buscar justicia.
¿Raro, verdad? Le da total derecho a hacerlo a quien quiera decir que se trata de una trampa.
Una pregunta más, pues: ¿nunca vas a buscar justicia para lo que, siendo verdad, es un crimen hediondo? Y si no vas, ¿por qué no lo hará?
Quien tiene interés por su activismo político sabe de todas esas cuestiones y muchas otras más. Podría pasar horas escribiendo todo lo que cuestionan sobre su discurso político, pero la verdad es que si usted tiene la intención de hacer con que sea respectada no solamente por los ricos empresarios enemigos del régimen cubano, pero también por las personas que quieren solamente la verdad, podrías empezar contestando a esas pocas cuestiones.
Nosotros, en Brasil, creemos que algunos de nuestros compatriotas han desperdiciado la oportunidad de hacerle preguntas que nunca has contestado. Así, si dices que ahora estas dispuesta a hacerlo, yo y otros compañeros queremos viajar a Cuba para entrevistarla, cuando termines el recorrido que haces por el mundo para denunciar al gobierno de su país.
Así, en espera de sus noticias me despido,
Muy atentamente,
Eduardo Guimarães

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Globo News exibe debate bizarro sobre Yoani Sánchez



Pena que não tenho como reproduzir aqui o vídeo do último programa “Entre Aspas”, da Globo News, em que a apresentadora Monica Waldvogel recebeu os jornalistas Sandro Vaia, ex-diretor do Estadão, e Breno Altman, editor do site Opera Mundi, a fim de debaterem os fatos que marcaram a visita da blogueira cubana Yoani Sánchez. É divertidíssimo.
Mas você, leitor, não ficará sem assistir. Pode conferir a íntegra do programa por aqui ou, se quiser, pode apenas ler este post. A escolha é do freguês.
Sobre o programa, um de seus méritos foi o de revelar quão desvirtuado vem sendo esse debate, pois a discussão que ali se viu girou, em grande parte do tempo, em torno das manifestações contra a blogueira.
Apesar de ser elogiável a coragem de Monica em convidar um divergente “fera” como Altman, este deve ser eximido de culpa pelo desvirtuamento do debate. Foram ela e Vaia que o desvirtuaram ao tentarem impedir o rumo que tomava entoando um mantra sobre os protestos de que Yoani foi alvo.
Muito nervosos, Vaia e Monica agiram em dupla pondo Altman sob fogo cruzado. Todavia, este conseguiu manter a linha de pensamento. Antevendo que perderiam o debate se o deixassem falar – a cada vez que abria a boca, estremeciam –, recorreram ao velho recurso de quem não tem argumentos.
Vaia começou a comparar os protestos contra Yoani a movimentos do nazismo e do fascismo que, na aurora da ascensão daqueles regimes na primeira metade do século XX, espancavam pelas ruas da Europa os que pensavam diferente e ousavam dizer de público o que pensavam.
As expressões de incredulidade que se estampavam no rosto de Altman eram talvez mais demolidoras do que sua eloquente argumentação. Apontou a Vaia o “pequeno” detalhe de que os contrários de Yoani só exerceram o direito constitucional à liberdade de expressão em locais públicos e que não houve violência, ainda que possa ter faltado critério.
Aliás, vale explicar que se os protestos contra Yoani tivessem tido o menor resquício de violência – conforme tentaram vender Vaia e Monica – os manifestantes teriam sido reprimidos pela polícia, inclusive no último evento de que a blogueira participou, na Livraria Cultura, em São Paulo, no qual ocorreram novos incidentes e onde abundaram policiais.
Mesmo estendendo uma discussão menor e atuando de forma injusta, na base do dois contra um, Vaia e Monica ficaram vendidos. A apresentadora, acuada, decidiu fazer uso do poder de condução do programa e cassou a palavra de Altman em favor do outro entrevistado. E fez isso por mais de uma vez.
Quem assistiu ou vier a assistir ao programa constatará que Monica prejudicou um dos debatedores. Inclusive como é costume dela fazer nesse tipo de debate que promove, posicionando-se ao lado de um deles e, assim, reduzindo a possibilidade de argumentação do outro.
O mais interessante é que Vaia, sempre entoando mantra que comparava a garotada que vaiou (ops!) Yoani a vários movimentos autoritários europeus, em nenhum momento, ao falar naquelas ações autoritárias e antidemocráticas, citou as que mais fazem sentido aos brasileiros: as ações golpistas de 1964.
O entusiasta da “Revolução” tupiniquim fez isso porque a parte da direita que ele integra envolveu-se até os ossos com o estupro da democracia do país no século passado, razão pela qual foge de discutir aquele período de trevas. Assim, qualquer menção à única ditadura que todos conhecemos é logo respondida com frases pré-fabricadas sobre Cuba.
Esse escapismo do debate, porém, vai ficando cada vez mais frágil, sobretudo com uma Comissão da Verdade se preparando para contar ao Brasil uma história que já provoca suor frio e tremedeira nos adeptos de ontem e de hoje daquele regime de horror.
Não houve, então, uma parte interessante no programa? Houve, sim. E foi cortesia do editor do Opera Mundi.
Altman descartou que Yoani seja “agente da CIA”. Em sua opinião, é só uma ativista de perfil light que foi “abraçada” pelo conjunto de forças político-ideológicas que faz propaganda negativa contra o regime cubano e que viu nela oportunidade de “aggiornamento” da própria imagem pública, desde sempre identificada por uma face de ultradireita.
Além disso, o grande serviço que o jornalista progressista prestou à verdade foi o de desmontar a distorção que tentaram fazer de reunião em que o embaixador cubano ofereceu ao governo brasileiro material contendo a sua versão dos fatos e a sua visão sobre a natureza das ações de Yoani.
Monica tentou contrabandear insinuação descabida de que o governo brasileiro teria organizado os protestos contra a cubana, mas Altman a interpelou, de forma incisiva, cobrando explicações sobre a quem se referia, pois foi uma acusação velada.
O editor do Opera Mundi quis saber por que o governo cubano não poderia oferecer sua visão sobre a sua detratora e onde estaria a evidencia de que o governo brasileiro organizara os protestos contra ela. Monica abandonou a linha de argumentação em seguida devido à boa e velha falta de argumentos.
Não se pode deixar de reconhecer, entretanto, que a apresentadora prestou um serviço a esse debate mesmo dando espaço menor à opinião divergente. Afinal, apesar de ter tentado cassar a palavra de um entrevistado, o que ele conseguiu dizer por certo fez muita gente refletir que a blogueira de pés de barro tem excelente$ razõe$ para falar mal de seu país.
Altman deu, no ar, informação que a mídia nunca dá quando exalta Yoani: ela recebe fortunas de corporações – inclusive de mídia – que se opõem ferozmente ao regime cubano. Assim, sendo ou não agente da CIA, suas posições políticas a recompensam muito bem financeiramente, além da fama e da exaltação que as mesmas corporações fazem de si.
E o que é melhor: Yoani ganha tudo isso sem correr risco algum de retaliação pelo alvo de tanto ideali$mo, a terrível “ditadura” que a deixa sair pelo mundo detratando-a e que, em Cuba, nada faz para impedi-la.
Muito estranha a “ditadura” cubana, não? Se a tal Yoani fosse viva nos idos de 1964 e divergisse da “ditabranda” brasileira (by Folha de São Paulo) como diverge do regime cubano, a esta altura estaria vendo capim crescer pela raiz. Afinal, ditadura que é ditadura não permite uma palavra de quem diverge. Quanto mais verborragia como a dessa mocinha.

A ilha, seu povo, seu sonho


Mauro Santayana

Podemos  discordar do regime político de Cuba, que se mantém sob o domínio de um partido único. Mas é preciso seguir o conselho de Spinoza: não lisonjear, não detestar, mas entender. Entender, ou procurar entender. A história de Cuba — como, de resto, de quase todo o arquipélago do Caribe e da América Latina — tem sido a de saqueio dos bens naturais e do trabalho dos nativos, em benefício dos colonizadores europeus, substituídos depois pelos anglossaxões.
E, nessa crônica, destaca-se a resistência e a luta pela soberania de seu povo não só contra os dominadores estrangeiros mas, também, contra  seus vassalos internos.

A Revolução Cubana foi, em sua origem, o que os marxistas identificam como movimento pequeno burguês. Fidel e seus companheiros, no assalto ao Quartel Moncada — em 1953, já há quase 60 anos — pretendiam apenas derrocar o governo  ditatorial de Fulgencio Batista, que mantinha o país sob cruel regime policial,  torturava os prisioneiros e submetia a imprensa a censura férrea. A corrupção grassava no Estado, dos contínuos aos ministros. O enriquecimento de Batista, de seus familiares e amigos,  era do conhecimento da classe média, que deu apoio à tentativa insurrecional de Fidel, derrotada então, para converter-se em vitoria menos de seis anos depois. Os ricos eram todos associados à exploração, direta ou indireta, da prostituição, disfarçada no turismo, e do trabalho brutal dos trabalhadores na indústria açucareira.Já se tornou  luga-comum lembrar que, sob os governos títeres, Havana se tornara o maior e mais procurado bordel americano. A legislação, feita a propósito, era mais leniente, não só com o lenocínio, e também  com o jogo, e os mais audazes gangsters de Chicago e de Nova York tinham ali os seus negócios e seus retiros de lazer. E mais: as mestiças cubanas, com sua beleza e natural sensualidade, eram a atração irresistível para os entediados homens de negócios dos Estados Unidos.

Foi a arrogância americana, na defesa de suas empresas petrolíferas, que se negaram a aceitar as novas regras, que empurrou o advogado Fidel Castro e seus companheiros, nos dois primeiros anos da vitória do movimento, ao ensaio de socialismo. A partir de então, só restava à Ilha encampar as refinarias e aliar-se à União Soviética.
Os americanos, sob o festejado Kennedy — que o reexame da História não deixa tão honrado assim — insistiram nos erros. A tentativa de invasão de Cuba, pela Baía dos Porcos, com o fiasco conhecido, tornou a Ilha ainda mais dependente de Moscou, que se aproveitou do episódio para livrar-se de uma bateria americana de foguetes com cargas atômicas instalada na Turquia, ao colocar seus mísseis a 100 milhas da Flórida, no território cubano.
A solução do conflito, que chegou a assustar o mundo com uma guerra atômica, foi negociada pelo hábil Mikoyan: Kruschev retirou os mísseis de Cuba, e os Estados Unidos desmantelaram sua bateria turca, ao mesmo tempo em que assumiram o compromisso de não invadir Cuba — mas mantiveram o bloqueio econômico e político contra Havana. Enfim, ganharam Moscou e Washington, com a proteção recíproca de seus espaços soberanos — e Cuba pagou a fatura com o embargo.   
O malogro do socialismo cubano nasceu desse imbróglio de origem. Tal como ocorrera com a Rússia Imperial e com a China, em movimentos contemporâneos, o marxismo serviu como doutrina de empréstimo a uma revolução nacional. O nacionalismo esteve no âmago dos revolucionários cubanos, tal como estivera entre os social-democratas russos, chefiados por Lenin  e os companheiros de Mao.  
Os cubanos iniciaram reformas econômicas recentes,  premidos, entre outras razões, pelo fim do sistema socialista. Ao mesmo tempo tomaram medidas liberalizantes, permitindo as viagens ao exterior de quem cumprir as normas habituais. É assim que visita o país a dissidente Yoani Sánchez (que mantém seu blog na internet de oposição ao governo cubano) e é reverenciada pelos setores de direita. Ocorre que ela não é tão perseguida em Havana como proclama e proclamam seus admiradores. Tanto assim é que, em momento delicado para a Ilha, quando só pessoas de confiança do regime viajavam para o exterior, ela viveu dois anos na Suíça, e voltou tranquilamente para Havana.
É sabido que Yoani Sánchez mantém encontros habituais com o escritório que representa os interesses norte-americanos em Cuba, como revelou o WikeLeaks. Há mais, ela proclama uma audiência que não tem, como assegura o sistema de registro mais confiável, o da Alexa.com (citado por Altamiro Borges em seu site), em que ela se encontra no 99.944º lugar na audiência mundial, enquanto o modesto jornal O Povo, de Fortaleza, se encontra na 14.043ª posição, ou seja dispõe de sete vezes mais  seguidores do que Yoani. Há mais: ela afirma que tem 10 milhões de acessos por mês, o que contraria a lógica de sua posição no ranking citado.  O site de maior tráfego nos Estados Unidos é o do New York Times, com 17 milhões de acessos mensais.

Dispensamos os conselhos da senhora Sánchez. Aqui tratamos, prioritariamente, dos direitos humanos dos brasileiros, que são os de viver em paz, em paz educar-se e em paz trabalhar, e esses são os direitos de todos os povos do mundo. Ela, não sendo cidadã de nosso país, não deve, nem pode, exigir nada de nosso governo ou de nosso povo.  Dispensamos seus avisos mal-educados e prepotentes, e esperamos que  seja festejada pela direita de todos os países que visitará, à custa de seus patrocinadores (como o Instituto Millenium), iludidos pelo seu falso prestígio entre os cubanos.Apesar de tudo isso, deixemos essa senhora defender o seu negócio na internet. É seu direito dizer o que quiser, mas não podemos tolerar que exija do Brasil defender os direitos humanos, tal como ela os vê, em Cuba ou alhures. Um dos princípios históricos do Brasil é o da não interferência nos assuntos internos dos outros países. O problema de Cuba é dos cubanos, que irão resolvê-lo, no dia em que não estiverem mais obrigados a se defender da intervenção dos estrangeiros, que vêm sofrendo desde que os espanhóis, ainda no século 16, ali se instalaram.  Foram substituídos pelos Estados Unidos, depois da guerra vitoriosa de Washington contra o frágil governo da regente Maria Cristina, da Espanha.  Enfim, o generoso povo cubano, tão parecido com o nosso, não teve, ainda, a oportunidade de realizar o seu próprio destino, sem as pressões dos colonizadores e seus sucessores.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Yoani no país das maravilhas





A visita da blogueira cubana Yoani Sanchez ao Brasil ganhou uma dimensão muito maior do que deveria – mas que, claro, teria ocorrido de qualquer forma por conta do uso político-ideológico que setores da grande imprensa nacional fariam de sua imagem e de suas ideias mesmo sem os fatos que contribuíram para aumentar sua exposição pública.
Os fatos que aumentaram a exposição de Yoani são as manifestações de protesto contra sua presença em nosso país, nada que não aconteça em muitos outros países quando recebem visitas de pessoas ditas “importantes”.
Todavia, a cubana não chega a ser um presidente dos Estados Unidos ou um poderoso banqueiro internacional daqueles que ficam inacessíveis ao diálogo, deixando a quem deles diverge a única alternativa de protestar.
Não se pode escapar de reconhecer, entretanto, que, seguramente, foi exagerada a dose do protesto contra alguém que, sob financiamento de potenciais ou corporações estrangeiras ou não, é apenas uma blogueira que exprime suas ideias.
Yoani deve ser mesmo tudo o que dizem. Mantém, sim, relações com o Departamento de Estado Norte Americano, inventa – até prova em contrário – agressões físicas que teria sofrido do governo de seu país, recebe somas altíssimas de grupos políticos estrangeiros para acusar uma “ditadura” que lhe permite sair pelo mundo denunciando-a…
Contudo, os manifestantes contrários, ingenuamente, escolheram o campo dela para lutar. Yoani fundamenta seu sucesso internacional no papel de vítima que forjou, o de uma jovem de aparência meiga e coragem imensa para enfrentar uma cruel ditadura.
Nada mais conveniente do que aparecer, sozinha ou ao lado de um ou dois, sendo xingada por pessoas aparentemente iradas e em bando.
Yoani deve estar muito feliz. Os vídeos já gravados sobre o que lhe fizeram em termos de constrangimento moral – e, o que é pior, só com palavras de ordem em vez de com argumentos – certamente lhe servirão muito em outras oportunidades.
Abaixo, um desses momentos em que os críticos dela tiveram oportunidade de fazê-la responder a questionamentos e a desperdiçaram, permitindo-lhe um discurso protocolar e falsamente democrata.


O discurso da blogueira diante desse tipo de ação contra si acabou reforçado. Disse ela que prefere os apupos da democracia ao silêncio de uma ditadura que lhe facultou meios de estudar, de se formar, de adquirir cultura, de conseguir ir até morar no exterior, de recebe-la de volta e, ao fim, de também lhe permitir que saísse agora pelo mundo acusando seu país.
A visitante cubana, aliás, vem elogiando muito o nosso país, dizendo que gostaria que Cuba fosse igual. Afinal, aqui, no país das Maravilhas de Yoani, há liberdade de expressão, carros novos e internet rápida.
Infelizmente, em poucos dias a moça deixará o Brasil sem lhe ver um outro lado que, se lhe fosse apresentado junto com uma pergunta sobre se há situação igual na “ditadura” que denuncia, por certo a faria refletir que talvez este país não seja tão melhor que o seu e, em muitos aspectos, que talvez seja até pior.
Nos últimos dias, o carcomido debate da Guerra Fria sobre Cuba vem apontando como é melhor viver aqui do que lá porque temos internet rápida, carros novos, shoppings repletos de todos os tipos de quinquilharias caras que muitos, hoje – e só hoje –, podem comprar, mas que uma parte imensa deste povo não sabe nem o que são.
Uma visão menos superficial de nossa sociedade de consumo em contraposição ao “inferno socialista” de que Yoani fala, portanto, se faz necessária.
Fico me perguntando se não teria sido o caso de os manifestantes contrários a ela, respeitosamente, terem lhe proposto um debate público em vez de a terem feito ouvir seus longos discursos, palavras de ordem e xingamentos enquanto, com um sorriso democrático e sereno e um ar de “Eles não sabem o que dizem”, ouvia a tudo.
Poderiam, por exemplo, ter exibido uma sequência de imagens do nosso “país das maravilhas” e perguntado a Yoani se as desgraças sociais que veria existem em Cuba, e se internet rápida e carros novos compensam as legiões de crianças pelas ruas se drogando e se prostituindo, uma saúde pública que rouba a dignidade do povo, uma educação que não educa ninguém e tudo isso sob uma guerra civil em curso, com mortandade como a de qualquer guerra declarada.
Abaixo, algumas imagens da situação produzida pelo capitalismo que Yoani quer ver em seu país e que, por certo, produziria cenas iguais em pouco tempo se por lá fosse implantado. Aí talvez ela refletisse que, para evitar esse inferno em seu país, a falta de oferta de bens de consumo supérfluos é um preço até pequeno a pagar.
*

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Yoani Sanchez pode deixar o país sem ser questionada uma só vez


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Infelizmente, durante os desembarques da blogueira cubana Yoani Sanchez no aeroporto Guararapes, no Recife, e, pouco depois, no Luis Eduardo Magalhães, em Salvador, foram perdidas duas chances de ouro. Em vez de protestarem contra a ativista política cubana, deveriam ter se aproximado dela e, respeitosamente, pedido entrevistas.
E se, ao apupá-la, os manifestantes queriam apenas mostrar que se trata de uma figura controversa, mais valeria o vídeo de uma negativa sua a dar explicações sobre aspectos contraditórios de seu papel de “heroína da resistência” contra o regime cubano do que as imagens de um protesto despido de argumentos.
Mais interessante seria se algumas das perguntas à blogueira cubana que não querem calar – e às quais ela jamais responde – fossem gravadas sendo repetidas diante de si em um hipotético outro vídeo, com o consequente registro de sua reação, a qual, ao que se sabe sobre a moça, costuma ser a de se esquivar.
Quem está bem informado sobre Yoani por certo conhece o trabalho do jornalista francês Salim Lamrani, graduado pela Universidade de Sorbonne, professor encarregado de cursos na Universidade Paris-Descartes e na Universidade París-Est Marne-la-Vallée e especialista nas relações entre Cuba e Estados Unidos.
Como muitos sabem, em 2010 Lamrani fez uma longa entrevista com essa senhora – que pode ser acessadaaqui –, na qual ela nitidamente se esquiva quando instada a dar maiores esclarecimentos sobre a sua atividade.
Basicamente, pesam contra Yoani questionamentos às suas fontes de financiamento e à gestão impressionante que consegue dar às suas muitas frentes de atuação na internet, com perfis em redes sociais contendo centenas de milhares de “seguidores”, um blog de repercussão mundial, com tradução de seu trabalho em quase duas dezenas de línguas, e tudo isso enquanto alega sofrer restrições do governo cubano para acessar a internet.
Além dessas suspeitas, questionam-se denúncias que ela fez de ter sido agredida e para as quais não ofereceu uma única prova. E, por fim, explicações sobre ligações suas com pessoas e setores inteiros do governo dos Estados Unidos envolvidos na disputa política entre aquele país e Cuba – ligações essas que, não faz muito tempo, foram relatadas pelo Wikileaks.
No Brasil, Yoani concederá entrevistas para diversos veículos, sobretudo ao jornal O Estado de São Paulo. Todavia, parece certo que, em nenhuma delas, será submetida a questionamentos sobre sua versão dos fatos que são de evidente interesse jornalístico – não confundir jornalismo com o ativismo político-ideológico de veículos como o jornal citado.
Apesar da perda de tempo inicial, como a ativista cubana ficará ao menos até sábado no Brasil, passando por Salvador e São Paulo, há que apelar ao seu alegado espírito democrático para que se disponha a responder a mais do que as previsíveis “perguntas” que lhe farão veículos como o Estadão, as quais, fatalmente, serão sobre quão “infernal” é Cuba.

YOANI SÁNCHEZ É PERSONA NON GRATA NA BAHIA


sábado, 16 de fevereiro de 2013

PRÓ-YOANI, VEJA QUER EMBAIXADOR CUBANO FORA


segunda-feira, 19 de março de 2012

Nova mentira e meias palavras contra Cuba! Mais uma vez, mentem ou não são precisos!


Jovens universitários cubanos em frente ao covil das
Dama$ de Branco.
A imprensa está noticiando que mais de 70 pessoas, do grupelho mercenário Dama$ de Branco, estariam presas em Cuba.
Contudo, a verdade já está aparecendo. Os Blogs Cubanos começam a trazer a informação que não há nenhuma "dama" contra-revolucionária presa, sendo que aquelas que foram detidas já foram liberadas.
Com certeza, a razão da detenção foi mais do que a  caminhada midiática que as gusanas fazem todo fim de semana. Mas, não consegui ainda a informação completa.
Mais cedo, o conhecido blogueiro Yohandry Fontana, mostrou uma manifestação de jovens em frente ao covil das mercenárias, em Havana.
A pouco, Yohandry postou a informação de que "Nenhuma das chamadas Damas de Branco está detida. As que não estão voltando para casa, já se encontram nelas, incluindo Bertha Soler, a autoprogramada lider do movimento".
Evidentemente que os acontecimentos ocorrem por conta da visita do Papa Bento XVI à Ilha e as atenções que se voltaram para lá.
Yohandry ressalta, "Nenhuma manobra contra-revolucionária impedirá uma estadia exitosa de Sua Santidade Bento XVI em terra Cubana".