Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

SERRA SABOTA ATÉ O PRÓPRIO PASSADO


*Serra diz que Haddad foi um desastre no MEC** vamos lá: em 1997, no governo FHC, apenas 1,8% dos jovens autodeclarados pretos  frequentavam ou já haviam concluído o ensino superior; em 2011 essa proporção saltou para 8,8%; no caso dos pardos, a relação passou de 2,2% para 11%**somado, o salto foi de 4% para 20% (Censo da Educação Superior-2011)  


SERRA PREVÊ ATENTADO, DESTA VEZ COM ARMA QUÍMICA.
Por Cloaca News 


A 12 dias das urnas do 2º turno, e somente depois de escancarada a omissão, José Serra lançou seu programa de governo. O evento entre amigos, em uma livraria em SP,  foi quase um programa de lazer tucano, uma encenação política filmada para tapar o buraco mais corrosivo de uma propaganda eleitoral: a credibilidade. Não há rigor técnico algum na rudimentar listagem tardia de propostas mal-ajambradas. O que é feito para não valer pode elidir metas, omitir cronogramas e abstrair custos.Em meio ao contravapor das pesquisas, o tucano enfrenta um desgaste de fundo. Quanto mais se expõe, mais se configura uma trajetória em que as dissimulações caem, como as cascas de uma cebola. Uma a uma elas tombaram:a casca progressista, a desenvolvimentista, a do administrador, a liberal (desta emergiu Silas Malafaia). O  acúmulo consolida a imagem de um político que sabota o próprio passado na busca pelo poder. 




O histórico das políticas de assistência

Em resposta ao André:
Sobre o debate entre o social e o econômico, há um equívoco nos períodos e mesmo nos moldes das políticas de assistência aos pobres. A primeira versão da lei dos pobres, o aparato legal que ainda hoje é o instrumento de regulação da assistência aos ingleses pobres, é de 1592. A teoria malthusiana da população, marco da demografia e escrita no começo do século XIX, já tratava do conflito entre o social e o econômico porque fundamentava as demandas dos "pagadores de impostos" contra os elevados custos tributários e os impactos negativos da assistência aos pobres sobre a oferta de trabalho. Ao longo desses séculos, todas as políticas direcionadas aos pobres passaram por revisões: a lei dos pobres passou por três mudanças; novos moldes de políticas de assistência surgiram após os conflitos mundiais (principalmente a idéia de seguridade); a emergência liberal do fim dos anos setenta também fez transformar grande parte das políticas vigentes. Nesse sentido, duvido muito das semelhanças entre as políticas do "New Deal" e o programa Bolsa Família ou às iniciativas semelhantes existentes no Chile e no México, por exemplo.
Quanto à questão educacional, concordo com o André porque é um fato: as políticas de educação em nível fundamental foram deixadas em segundo plano pelo governo Lula. Além da descrença dos pedagogos, existem outros dados que referendam essa questão como, por exemplo, a escassez de equipamentos e dependências (bibliotecas, laboratórios etc.) nas escolas, o baixo salário dos professores, a jornada escolar reduzida etc. Contudo, a melhora dos serviços públicos em geral pode ocorrer de forma articulada ao Bolsa Família, demanda recorrente na literatura acadêmica sobre o tema.
Quanto ao termo "economia falida" para retratar países com elevado estoque de riqueza patrimonial de fato é forte, mas não é "pedestre" retratar a situação socioeconômica norte americana, por exemplo, através de termos similares. Não custa lembrar que a natureza das privações naquela sociedade, onde o acesso a serviços básicos é vinculado à condição de ocupação das pessoas (se é ocupado, tem saúde, educação etc.), é muito mais severa que em países que dispõem de políticas universais. Portanto, um ponto percentual de desemprego na Europa ou nos EUA tem impacto completamente diferente sobre as sociedades. 
Quanto a burocracia de nossas autarquias públicas, não custa lembrar que é uma tradição de nossos "policy makers". Em outras palavras, não há nada mais constante no cenário econômico brasileiro que os custos com burocracia. É tão constante que seria uma completa idiotice não incorporar durante o planejamento do investimento esse dado aos custos prospectivos. Aliás, não existem estudos que comprovem essa hipótese de que a burocracia é um inibidor do investimento e, portanto, do emprego. Tudo o que circunda esse assunto são conjecturas disfarçadas de estudos sérios bancados por empresários. Seria algo como um estudo financiado pela indústria do tabaco dizer que a nicotina faz bem à saúde.



terça-feira, 9 de agosto de 2011

Jornal Nacional se retrata, culpa a edição, mas não corrige acusação de crime que fez à merendeira

Em sua edição de ontem, o Jornal Nacional voltou ao caso da merendeira que acusaram na edição de sábado de por veneno na comida servida a alunos e funcionários de uma creche em Porto Alegre.
Essa acusação foi denunciada neste vídeo aqui no blog, que teve (e continua a ter) ampla repercussão na internet e redes sociais.
Uma das falhas apontadas no vídeo era de que o JN não teria dado voz à merendeira ou seu advogado, que desmentira acusação do delegado OITO HORAS ANTES de o Jornal Nacional ir ao ar. Essa falha foi corrigida na edição de ontem, reproduzida abaixo:
Como visto, Bonner, que além de apresentador é editor-chefe do JN, põe a culpa na edição (dá ênfase a isso), como se ela houvesse sido truncada ou mal feita:
"Ao tratar desse caso policial no último sábado (6), por uma falha de edição, o Jornal Nacional não mencionou a alegação do advogado de defesa que contestava a confissão da cliente. Foi, obviamente uma falha, que nós estamos corrigindo na edição de hoje."
Essa falha realmente foi corrigida. Mas essa foi apenas uma, e não a mais grave das falhas da reportagem de sábado (que pode ser assistida na íntegra aqui). Nela, o Jornal Nacional, na voz de Fátima Bernardes, acusa a merendeira, comprando como verdadeira a declaração do delegado. Diz Fátima:
"Está foragida a merendeira que pôs veneno de rato na comida de crianças e professores de uma escola pública de Porto Alegre."
Em seguida a essa declaração aparecia uma foto da merendeira.
O que poderia ter acontecido se parentes ou amigos de pessoas envenenadas tivessem encontrado a merendeira após aquela reportagem do Jornal Nacional?
O clima não parece muito bom na redação do JN. Talvez pelo motivo que apontou Rodrigo Vianna, em seu blog Escrevinhador. O fato é que ontem, em seu perfil no Twitter, William Bonner desabafava, antes do Jornal Nacional ir ao ar:
O que estará tão feio que coloque uma vírgula entre sujeito e verbo?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A fantástica democracia fernandista




As notas acima foram publicadas neste domingo na coluna da Renata Lo Prete, na Folha.

O príncipe surtou de vez. Depois de ser ridicularizado até entre seus pares por uma visão partidária absurdamente classista, o ex-presidente, em vez de dar uma resposta geral a todos os que criticaram o teor de seu artigo, dá uma resposta ad hominem, inflada de inveja, aquele que é o novo sucesso do circuito internacional de palestras.

Não comento os pitis de inveja, visto que estes são, a meu ver, autodesmoralizantes. Ressalto, porém, algumas pérolas do pensamento fernadista acerca do que seja uma democracia, as quais ilustram bem a esquizofrenia a que chegaram setores da oposição, ao trocarem a ciência política clássica, e o pensamento lógico, por uma visão sectária, tacanha, medíocre, submissa aos preconceitos mais vulgares da imprensa conservadora:

Sou contra o que ele fez com o povo: cooptar movimentos sociais; enganar os mais carentes e menos informados trocando votos por benefícios de governo; transformar direitos do cidadão em moeda clientelista. Quero que o PSDB, sem esquecer nem excluir ninguém, se aproxime das pessoas que não caíram na rede do neoclientelismo petista.

Cooptar movimentos sociais? Claro, ao dar-lhes voz, ao lhes respeitar, ao ouvi-los e recebê-los no Palácio do Planalto, Lula estimulou os movimentos sociais a encaminharem suas propostas por vias democráticas, pacíficas, institucionais. Já FHC preferiu criminalizar os movimentos sociais, levando-os a se radicalizarem.

Enganar os mais carentes trocando votos por benefícios do governo? Aí FHC, como se dizia antigamente, peidou na farofa. Se um eleitor da classe média votar no PSDB por querer pagar menos imposto, não estará da mesma forma trocando seu voto por um benefício do governo? O pobre agora tem que votar pensando em quê? Nas Olimpíadas? No Conselho de Segurança da ONU? Nos direitos humanos do Irã? Nas xaropadas pseudo-libertárias dos estrupícios do Instituto Millenium? Bem, poderiam votar pensando simplesmente num país melhor... mas não seremos um país melhor se os pobres tiverem mais benefícios, de maneira que ganhem fôlego para lutarem contra a pobreza?

FHC, e a direita brasileira, desenvolveram um ideário tão absolutamente antipobre que se tornou uma muralha de estupidez e insensibilidade que os impedem de compreender, ou sequer imaginar, as terríveis difículdades em que vive a maior parte da população brasileira. O pobre, mesmo o remediado, que tem emprego, está sempre a beira de uma tragédia, pois sua vida só dá certo na medida em que não acontece nenhum acidente. Uma doença, uma dívida, um deslize, uma crise de depressão, um filho com problemas com drogas, um acidente climático, qualquer coisa pode botar tudo a perder. Todas suas modestas conquistas podem se esvair ao menor soluço negativo da fortuna. Esta é a classe média que FHC pretende tratar como se lidasse com parentes empobrecidos dos Matarazzo.

Denegrir o pobre que vota em prol de sua classe é mais do que estupidez, é um tipo de fascismo que, na boca de um sociólogo, apenas se explica como doença provocada pela leitura sistemática e acrítica de editoriais de jornal.
# Escrito por Miguel do Rosário

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Oposição e jn apostam no fracasso da Copa. Cadê a Ley de Medios ?


No Maracanã, tudo bem. Se o jn concordar
No jornal nacional de hoje (é caixa baixa, mesmo, revisor) há extensa reportagem sobre o fracasso da Copa no Brasil.

Trata de uma pesquisa do IPEA que localiza atraso em 10 dos 13 aeroportos de cidades que serão sede de jogos da Copa.

O IPEA é sério.

O jn, não.

Não ouve o “outro lado”, como diz a Folha (*), especialista em falsas equivalências, como diz o Paul Krugman.

A Infraero, responsável pelas obras não fala.

O Ministro dos Transportes não fala.

A agência designada para coordenar as obras da Copa não fala.

Só quem fala são o jn e o técnico do IPEA, que entende muito do que acontece hoje, mas não sabe avaliar o que vai acontecer na Copa.

O site Amigos do Presidente Lula revela que o programa do PSDB no horário eleitoral vai atacar o Governo com o atraso das obras nos aeroportos.

Essa é a batalha anunciada.

O PiG (**) e a Oposição (eles são como a corda e a caçamba) vão dizer que a Copa é um fracasso.

Não importa o que acontecer.

De futebol todo brasileiro entende.

É uma aposta alta.

Derrotar a Dilma em 2014 com finger de aeroporto é um desafio para quem quer que o pobre exploda.

Mas, é uma aposta que pode render frutos.

Com o apoio do PiG (**).

Como foi no “caosaéreo”, quando PiG (**) demonstrou que o Lula não ligou o transponder do Legacy e não puxou o freio do Airbus da TAM, em Congonhas.

A oposição não tem o que dizer.

Tem que apostar no fracasso.

No quanto pior, melhor.

É do jogo.

A JK de saias que bote a rapaziada para trabalhar.

Quem manda não ter uma Ley de Medios, para botar a Infraero e o Ministro dos Transportes para falar !
Clique aqui para ler “Parlamentares do PSOL defendem a Ley de Medios – e o PT ? E o PC do B? E o PSB ? Cadê a base do Governo ? Têm medo da Globo ?”
Em tempo: às 21h30 desta quinta-feira o PSDB deu sequência à reportagem do jornal nacional.  Um comercial de televisão, localizado num aeroporto, mostra um jovem a dizer que os aeroportos da Copa estão todos atrasados e ninguém faz nada. Casal 45 e partido 45, tudo a ver!




Paulo Henrique Amorim



(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

quarta-feira, 23 de março de 2011

A culpa é de Lula 101 milhões na classe C



O Brasileiro do século.
O operário Presidente.
Aquele que não tinha diploma
Diplomou-se no saber e na sensibilidade
Ensinou a governar. Deu aulas
Muitos depois, rasgaram os seus diplomas
.

Vera Batista
Correio Braziliense - 23/03/2011
Pelo menos 19 milhões de pessoas reforçaram a classe C em 2010, que hoje é a maior do país, com 101 milhões de cidadãos ou 53% da população. Ficou mais ampla que as classes A e B (42,19 milhões de pessoas e 21,9% do total) e as D e E (40 milhões) somadas. Os dados fazem parte da pesquisa O Observador 2011, encomendada pela financeira Cetelem GN ao Instituto Ipsos Affairs, e reforçam o processo de mobilidade social vivido pelo país. O temor é de que esse quadro se reverta com a atual disparada da inflação.

Segundo Marcos Etchegoyen, presidente da Cetelem GN, o fortalecimento da classe média vem ocorrendo há cerca de seis anos, em consequência do crescimento da renda e do acesso ao crédito. Ele ressaltou que passou a sobrar mais dinheiro no caixa das famílias (rendimento total menos os gastos) em todas as camadas sociais e regiões do país. Em 2009, sobravam, para as classes A e B, R$ 680. Em 2010, restavam R$ 991. Na classe C, o saldo passou de R$ 205 para R$ 246. E na D, a mais beneficiada, pulou de R$ 61 para R$ 104, valor 48,44% superior ao de quando a pesquisa foi feita pela primeira vez, em 2005. “A pirâmide social virou um losango. Um número maior de pessoas está se alimentando bem e tendo experiências que antes pareciam um sonho”, ressaltou. Gastos médios com supermercado aumentaram para R$ 375, em 2010. Com aluguel, o desembolso subiu para R$ 299. Com educação, foi para R$ 274.

“Pela primeira vez, o gasto médio com telefone fixo foi superior ao do celular”, destacou Etchegoyen. A internet também deu um salto. Foi utilizada por 58 milhões de pessoas maiores de 16 anos, em geral, para informações sobre compras, sendo que 20% afirmaram já ter feito aquisições virtuais. Mas do total dos entrevistados, apenas 26% comparam taxas de juros, especialmente os da classe D, que continuam se preocupando apenas se o valor da prestação cabe no bolso.


A pesquisa indica que 60% dos brasileiros estão otimistas, que 53% querem consumir mais, 52% desejam mais crédito e 39% acreditam em alta do Produto Interno Bruto (PIB). Mas, segundo o levantamento, 79% dos entrevistados desejam economizar e 48% vão gastar mais em 2011.

Conforto

Entusiasmados com o conforto no orçamento, os brasileiros, em 2011, declararam que vão investir mais no bem-estar, com destaque para móveis, decoração, entretenimento, viagens e lazer. De acordo com a Cetelem BGN (um dos maiores conglomerados financeiros do mundo), que divulgou o estudo O Observador 2011, foram consideradas como renda média (família de quatro pessoas) R$ 2.983 para as classes A e B; R$ 1,338, para a C; e R$ 809, para as D e E.

quinta-feira, 10 de março de 2011

NEOLIBERALISMO-Michael Moore: "Fomos vítimas de um golpe de Estado financeiro"


Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer. Ninguém saiu às ruas. Não houve revolta. Até que...começou! Em Wisconsin! O artigo é de Michael Moore.



Discurso proferido por Michael Moore, dia 5 de março, durante manifestação em Madison, Wisconsin, contra o pacote de medidas contra o funcionalismo e o serviço público proposto pelo governador republicano Scott Walker (com cortes de US$ 1,6 bilhão no orçamento de escolas e governos locais). Intitulada "Os Estados Unidos não estão falidos", a declaração lida por Moore está disponível na íntegra no site do cineasta. Publicamos a seguir a tradução em português: 

Os Estados Unidos não estão falidos
Ao contrário do que diz o poder, que quer que vocês desistam das pensões e aposentadorias, que aceitem salários de fome, e voltem para casa em nome do futuro dos netos de vocês, os EUA não estão falidos. Longe disso. Os EUA nadam em dinheiro. O problema é que o dinheiro não chega até vocês, porque foi transferido, no maior assalto da história, dos trabalhadores e consumidores, para os bancos e carteiras dos hiper mega super ricos.

Hoje, 400 norte-americanos têm a mesma quantidade de dinheiro que metade da população dos EUA, somando-se o dinheiro de todos.

Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.

Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer.

Nunca freqüentei universidades. Só estudei até o fim do segundo grau. Mas, quando eu estava na escola, todos tínhamos de estudar um semestre de Economia, para concluir o segundo grau. E ali, naquele semestre, aprendi uma coisa: dinheiro não dá em árvores. O dinheiro aparece quando se produzem coisas e quando temos emprego e salário para comprar coisas de que precisamos. E quanto mais compramos, mais empregos se criam. O dinheiro aparece quando há sistema que oferece boa educação, porque assim aparecem inventores, empresários, artistas, cientistas, pensadores que têm as ideias que ajudam o planeta. E cada nova ideia cria novos empregos, e todos pagam impostos, e o Estado também tem dinheiro. Mas se os mais ricos não pagam os impostos que teriam de pagar por justiça, a coisa toda começa a emperrar e o Estado não funciona. E as escolas não ensinam, nem aparecem os mais brilhantes capazes de criar mais e mais empregos. Se os ricos só usam seu dinheiro para produzir mais dinheiro, se de fato só o usam para eles mesmos, já vimos o que eles fazem: põem-se a jogar feito doidos, apostam, trapaceiam, nos mais alucinados esquemas inventados em Wall Street, e destroem a economia. 

A loucura que fizeram em Wall Street custou-nos milhões de empregos. O Estado está arrecadando menos. Todos estamos sofrendo, como efeito do que os ricos fizeram.

Mas os EUA não estão falidos, amigos. Wisconsin não está falido. Repetir que o país está falido é repetir uma Enorme Mentira. As três maiores mentiras da década são: 1) os EUA estão falidos, 2) há armas de destruição em massa no Iraque; e 3) os Packers não ganharão o Super Bowl sem Brett Favre.

A verdade é que há muito dinheiro por aí. MUITO. O caso é que os homens do poder enterraram a riqueza num poço profundo, bem guardado dentro dos muros de suas mansões. Sabem que cometeram crimes para conseguir o que conseguiram e sabem que, mais dia menos dias, vocês vão querer recuperar a parte daquele dinheiro que é de vocês. Então, compraram e pagaram centenas de políticos em todo o país, para conduzirem a jogatina em nome deles. Mas, para o caso de o golpe micar, já cercaram seus condomínios de luxo e mantêm abastecidos, prontos para decolar, os jatos particulares, motor ligado, à espera do dia que, sonham eles, jamais virá. Para ajudar a garantir que aquele dia nunca cheguasse, o dia em que os norte-americanos exigiriam que seu país lhes fosse devolvido, os ricos tomaram duas providências bem espertas:

1. Controlam todas as comunicações. Como são donos de praticamente todos os jornais e redes de televisão, espertamente conseguiram convencer muitos norte-americanos mais pobres a comprar a versão deles do Sonho Americano e a eleger os candidatos deles, dos ricos. O Sonho Americano, na versão dos ricos, diz que vocês também, algum dia, poderão ser ricos – aqui é a América, onde tudo pode acontecer, se você insistir e nunca desistir de tentar! Convenientemente para eles, encheram vocês com exemplos convincentes, que mostram como um menino pobre pode enriquecer, como um filho criado sem pai, no Havaí, pode ser presidente, como um rapaz que mal concluiu o ginásio pode virar cineasta de sucesso. E repetirão essas histórias mais e mais, o dia inteiro, até que vocês passem a viver como se nunca, nunca, nunca, precisassem agitar a ‘realidade’ – porque, sim, você – você, você mesmo! – pode ser rico/presidente/ganhar o Oscar, algum dia! 

A mensagem é clara: continuar a viver de cabeça baixa, nariz virado para os trilhos, não sacuda o barco, e vote no partido que protege hoje o rico que você algum dia será.

2. Inventaram um veneno que sabem que vocês jamais quererão provar. É a versão deles da mútua destruição garantida. E quando ameaçaram detonar essa arma de destruição econômica em massa, em setembro de 2008, nós nos assustamos.

Quando a economia e a bolsa de valores entraram em espiral rumo ao poço, e os bancos foram apanhados numa “pirâmide Ponzi” global, Wall Street lançou sua ameaça-chantagem: Ou entregam trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes dos EUA, ou quebramos tudo, a economia toda, até os cacos. Entreguem a grana, ou adeus poupanças. Adeus aposentadorias. Adeus Tesouro dos EUA. Adeus empregos e casas e futuro. Foi de apavorar, mesmo, e nos borramos de medo. “Aqui, aqui! Levem tudo, todo o nosso dinheiro. Não ligamos. Até, se quiserem, imprimimos mais dinheiro, só pra vocês. Levem, levem. Mas, por favor, não nos matem. POR FAVOR!"

Os economistas executivos, nas salas de reunião e nos fundos rolavam de rir. De júbilo. E em três meses lá estavam entregando, eles, uns aos outros, os cheques dos ricos bônus obscenos, maravilhados com o quão perfeita e absolutamente haviam conseguido roubar uma nação de otários. Milhões perderam os empregos: pagaram pela chantagem e, mesmo assim, perderam os empregos, e milhões pagaram pela chantagem e perderam as casas. Mas ninguém saiu às ruas. Não houve revolta. 

Até que... COMEÇOU! Em Wisconsin! 

Jamais um filho de Michigan teve mais orgulho de dividir um mesmo lago com Wisconsin! 

Vocês acordaram o gigante adormecido – a grande multidão de trabalhadores dos EUA. Agora, a terra treme sob os pés dos que caminham e estão avançando! 

A mensagem de Wisconsin inspirou gente em todos os 50 estados dos EUA. A mensagem é “Basta! Chega! Basta!” Rejeitamos todos os que nos digam que os EUA estão falidos e falindo. É exatamente o contrário. Somos ricos! Temos talento e ideias e sempre trabalhamos muito e, sim, sim, temos amor. Amor e compaixão por todos os que – e não por culpa deles – são hoje os mais pobres dos pobres. Eles ainda querem o mesmo que nós queremos: Queremos nosso país de volta! Queremos, devolvida a nós, a nossa democracia! Nosso nome limpo. Queremos de volta os Estados Unidos da América. 

Não somos, não queremos continuar a ser, os Estados dos Business Unidos da América! 

Como fazer acontecer? Ora, estamos fazendo aqui, um pouco, o que o Egito está fazendo lá. E o Egito faz, lá, um pouco do que Madison está fazendo aqui.

E paremos um instante, para lembrar que, na Tunísia, um homem desesperado, que tentava vender frutas na rua, deu a vida, para chamar a atenção do mundo, para que todos vissem como e o quanto um governo de bilionários lá estava, afrontando a liberdade e a moral de toda a humanidade.

Obrigado, Wisconsin. Vocês estão fazendo as pessoas ver que temos agora a última chance de vencer uma ameaça mortal e salvar o que nos resta do que somos. 

Vocês estão aqui há três semanas, no frio, dormindo no chão – por mais que custe, vocês fizeram. E não tenham dúvidas: Madison é só o começo. Os escandalosamente ricos, dessa vez, pisaram na bola. Bem poderiam ter ficado satisfeitos só com o dinheiro que roubaram do Tesouro. Bem se poderiam ter saciado só com os empregos que nos roubaram, aos milhões, que exportaram para outros pontos do mundo, onde conseguiam explorar ainda mais, gente mais pobre. Mas não bastou. Tiveram de fazer mais, queriam ganhar mais – mais que todos os ricos do mundo. Tentaram matar a nossa alma. Roubaram a dignidade dos trabalhadores dos EUA. Tentaram nos calar pela humilhação. Nos tiraram a mesa de negociações!

Recusam-se até a discutir coisas simples como o tamanho das salas de aula, ou o direito de os policiais usarem coletes à prova de balas, ou o direito de os pilotos e comissários de bordo terem algumas poucas horas a mais de descanso, para que trabalhem com mais segurança para todos e possam fazer melhor o próprio trabalho –, trabalho que eles compram por apenas 19 mil dólares anuais. 

Isso é o que ganham os pilotos de linhas curtas, talvez até o piloto que me trouxe hoje a Madison. Contou-me que parou de esperar algum aumento. Que, agora, só pede que lhe deem folgas um pouco maiores, para não ter de dormir no carro entre os turnos de voo no aeroporto O'Hare. A que fundo do poço chegamos! 

Os ricos já não se satisfazem com pagar salário de miséria aos pilotos: agora, querem roubar até o sono dos pilotos. Querem humilhar os pilotos, desumanizá-los e esfregar a cara dos pilotos na própria vergonha. Afinal, piloto ou não, ele não passa de mais um sem-teto... 

Esse, meus amigos, foi o erro fatal dos Estados dos Business Unidos da América. Ao tentar nos destruir, fizeram nascer um movimento – uma revolta massiva, não violenta, que se alastra pelo país. Sabíamos que, um dia, aquilo teria de acabar. E acabou agora, já começou a acabar.

A mídia não entende o que está acontecendo, muita gente na mídia não entende. Dizem que foram apanhados desprevenidos no Egito, que não previram o que estava por acontecer. Agora, se surpreendem e nada entendem, porque tantas centenas de milhares de pessoas viajam até Madison nas últimas semanas, enfrentando inverno brutal. “O que fazem lá, parados na rua, com vento, com neve?” Afinal... houve eleições em novembro, todos votaram... O que mais podem desejar?!” “Está acontecendo algo em Madison. Que diabo está acontecendo lá? Quem sabe?”

O que está acontecendo é que os EUA não estão falidos. A única coisa que faliu nos EUA foi a bússola moral dos governantes. Viemos para consertar a bússola e assumir o timão para levar o barco, agora, nós mesmos. 

Nunca esqueçam: enquanto existir a Constituição, todos são iguais: cada pessoa vale um voto. Isso, aliás, é o que os ricos mais detestam por aqui. Porque, apesar de eles serem os donos do dinheiro e do baralho e da mesa da jogatina, um detalhe eles não conseguem mudar: nós somos muitos e eles são poucos!

Coragem, Madison, força! Não desistam! 

Estamos com vocês. O povo, unido, jamais será vencido.

Tradução: Coletivo Vila Vudu