Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

A inacreditável crítica ao Brasil Carinhoso


Brasil Carinhoso é uma extensão do Bolsa Família que atinge apenas familias extremamente pobres, com filhos entre 0 e 6 anos de idade. Total: 2,7 milhões de crianças. As famílias precisam estar abaixo da linha de pobreza (R$ 70,00 per capita por mês). A lógica é que problemas de subnutrição, agora, afetariam para sempre a vida dessas crianças.
Calcula-se então a renda da familia, divide-se pelo número de pessoas. Depois, o Brasil Carinhoso complementa o valor necessário até se chegar aos R$ 70,00 per capita por mês - R$ 2,30 por dia - metade do valor de um pé-de-moleque light na padaria Aracaju em Higienópolis.
90% dessas famílias receberão até R$ 352,00. Apenas 25 (!) famílias receberão valores superiores a R$ 1.000,00. Uma delas, tem 19 membros.
Deixam-se de lado 2,7 milhões de crianças que poderão escapar da maldição da subnutrição, 2 milhões de familias tiradas da linha da miséria. E foca-se em uma familia de 19 membros que cometeram o abuso de receber R$ 2 e pouco por dia para cada membro.

O Globo
Em família de 19 pessoas, Bolsa vai a R$ 1.332
Novo teto do valor pago pelo programa é resultado de acréscimo vindo com o Brasil Carinhoso
DEMÉTRIO WEBER
BRASÍLIA - O benefício mais alto do Bolsa Família, que começou a ser pago este mês, chega a R$ 1.332, valor superior a dois salários mínimos (R$ 1.244). A quantia é repassada a uma única família formada por 19 pessoas. O novo teto do Bolsa Família é resultado do Brasil Carinhoso, programa lançado em maio pela presidente Dilma Rousseff para tirar da miséria famílias com crianças de até 6 anos.
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Os dados foram obtidos pelo GLOBO pela Lei de Acesso à Informação. Até o mês passado, o valor máximo de referência a repasses do programa era de R$ 306 por mês. O novo teto, logo, é 4,3 vezes maior. O Serviço de Informações ao Cidadão destacou que, no Bolsa Família de junho, só 1% dos beneficiários do Brasil Carinhoso ganhou acréscimo superior a R$ 325. Como o Brasil Carinhoso atinge 2 milhões de lares, isso significa que cerca de 20 mil benefícios serão acrescidos em valores maiores do que R$ 325, ou seja, acima do antigo teto pago pelo Bolsa Família até mês passado (R$ 306).
O Brasil Carinhoso tem como objetivo retirar da miséria cerca de 2 milhões de famílias com crianças de até 6 anos cuja renda própria declarada, somada ao benefício do Bolsa Família, não seja suficiente para assegurar rendimento mensal acima de R$ 70 por pessoa. A linha de miséria estabelecida pelo governo é de R$ 70; quem sobrevive com menos do que isso por mês é considerado extremamente pobre.
Com o Brasil Carinhoso, o governo elevou os repasses do Bolsa Família, de modo a garantir que esse grupo de 2 milhões de famílias extremamente pobres receba parcela extra que permita ultrapassar a linha da miséria. Desse modo, o valor do novo benefício varia conforme a renda declarada e o número de pessoas em cada família.
O Bolsa Família paga, em média, R$ 115 por família. Dentre o público do Brasil Carinhoso, esse valor subiu para R$ 237.
O Ministério do Desenvolvimento Social já havia divulgado que o acréscimo mínimo propiciado pelo Brasil Carinhoso seria de R$ 2 por mês, no caso das famílias em que tal quantia é suficiente para assegurar uma renda por pessoa maior do que R$ 70 mensais. A pasta também já havia anunciado que, na média do total de 2 milhões de famílias contempladas, o acréscimo do Brasil Carinhoso seria de R$ 80 — na verdade, ficou em R$ 84. Mas o ministério ainda não tinha tornado público o teto do benefício, o que só fez ontem, em resposta a pedido feito com base na Lei de Acesso à Informação.
O Serviço de Informações ao Cidadão do Ministério do Desenvolvimento Social esclareceu que o novo teto de R$ 1.332 considera tanto a parcela do benefício tradicional do Bolsa Família quanto o acréscimo relativo ao Brasil Carinhoso. Levando em conta só a nova parcela referente ao acréscimo do Brasil Carinhoso, o maior novo repasse é de R$ 1.102. A família beneficiária dessa transferência tem 19 pessoas. O ministério não informou, porém, se essa família é a mesma contemplada com o maior repasse total de R$ 1.332.
O novo benefício de superação da extrema pobreza na primeira infância, criado pelo Brasil Carinhoso, leva a sigla de BSP e começou a ser pago no último dia 18. "Não há limite máximo para o valor do BSP. Esse valor depende do número de pessoas da família e da distância que essa família está da linha de extrema pobreza. São considerados extremamente pobres aqueles com renda familiar per capita igual ou inferior a R$ 70 por mês. Fazem jus ao novo benefício famílias com pelo menos uma criança de 0 a 6 anos que, mesmo após o recebimento dos benefícios iniciais do Bolsa Família, não conseguirem ultrapassar a linha de extrema pobreza", diz o texto enviado ao GLOBO.
Dirigido a 13 milhões de famílias — quase 50 milhões de pessoas — , o Bolsa Família tem orçamento superior a R$ 16 bilhões para 2012. A previsão é que os novos repasses do Brasil Carinhoso consumam R$ 1,3 bilhão neste ano, totalizando custo anual de R$ 2,1 bilhões em 2013.
Há duas semanas, O GLOBO mostrou que pesquisa do governo indicava que os beneficiários do Bolsa Família preferiam trabalhos informais com temor de perder o benefício caso tivessem a carteira assinada. Os repasses são proporcionais ao número de crianças e jovens em cada lar. O teto de R$ 306 é pago a quem é miserável, tem pelo menos 5 crianças de até 15 anos ou uma gestante e dois jovens de 16 e 17 anos. O teto pode ser maior, no caso de famílias que herdaram benefícios pagos antes da criação do Bolsa Família ou no caso de quem é contemplado por programas de transferência de renda estaduais ou municipais. Mas nada que se aproxime do novo teto de R$ 1.332.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/em-familia-de-19-pessoas-bolsa-vai-r-1332-5...

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

“Bolsa Esmola” reduz o índice de crianças fora da escola. Que horror!!!

 
Na foto, o "Bolsa Esmola" que o PIG (*) gosta de criticar
Bolsa Família reduz em 36% índice de crianças fora da escola


Na coluna Conversa com a Presidenta, publicada na terça-feira (11), a presidente Dilma Roussef anunciou que, segundo dados do Ministério da Educação (Mec), o índice de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos fora da escola diminuiu 36% por causa do Bolsa Família. A presidente descartou a possibilidade do benefício contribuir para o aumento da taxa de natalidade no país.


Em resposta ao advogado Josué do Espírito Santo Ribeiro, de Salvador (BA), Dilma Roussef disse que “é difícil imaginar que uma família decida ter mais filhos apenas porque terá um acréscimo de R$ 32,00 mensais no seu orçamento”.


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Senador tucano paga mico e foge do Senado

 

Foi desastrosa a participação do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) na audiência pública do Senado Federal, realizada nesta terça-feira, 31, para ouvir o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sobre o Plano Nacional de Banda Larga.
Disposto a confrontar Bernardo sobre o uso do avião “King Air” de propriedade da Sanches Tripoloni, empreiteira que executa o Contorno Norte de Maringá (PR), Álvaro Dias perguntou se no dia 10 de fevereiro de 2011 o ministro teria usado a aeronave para ir a Feira Agropecuária de Cascavel.
— Não, senador Álvaro, não estive na Feira de Cascavel neste ano, até me convidaram, lamentei muito não ter condições de ir — disse Bernardo, acrescentando que esteve lá no ano anterior. — É isso, 2010, tentou emendar Álvaro Dias, mas Bernardo o interrompeu de novo:
— Em 2010, senador, eu estive lá em um avião da FAB, Força Aérea Brasileira, disse o ministro.
Visivelmente desapontado, o tucano afirmou que considera seu “direito fazer ilações, em seu papel de Oposição. O ministro retrucou: reconhece o papel da Oposição, mas não acha correto que se faça ilações para atacar a honra alheia.
"As pessoas tem de se ater aos fatos, falar a verdade”, disse Bernardo. Ele bateu duro naqueles que plantam notas anônimas nos jornais, valendo-se do chamado "off". Álvaro Dias apressou-se a dizer que não era o autor das notas passadas aos jornalistas, mesmo sem ter sido acusado disso.
O que mais surpreendeu os presentes, contudo, foi o fato de o tucano retirar-se antes de ouvir mais uma resposta do ministro à uma questão que ele havia formulado. Em gesto de má educação, o senador levantou-se e deixou a reunião sem sequer se despedir do ministro.
O “mico” sobre o uso do avião foi o segundo momento de constrangimento do senador. Antes, Bernardo havia mostrado cópia da emenda da bancada paranaense solicitando ao Poder Executivo a realização do Contorno da Rodovia de Maringá. O primeiro signatário da emenda, ou seja, o autor da proposta, é o senador Álvaro Dias.
Antes que a emenda, de 2007, fosse do conhecimento público, o senador tentava atribuir interesse na empreitada apenas a Bernardo para fazer ilações sobre sua honra. Bernardo era ministro do Planejamento quando os recursos orçamentários foram liberados e a rodovia foi incluída no PAC. Acontece que isso só ocorreu porque toda a bancada do Paraná pressionou o governo.
Álvaro Dias saiu desmoralizado da audiência. Bernardo o silenciou com a verdade. E a mídia que serviu de mensageira das falsas notícias? Será que os jornalistas que publicaram inverdades em “off” não deveriam perguntar a si mesmos se as baixas vendas de jornais não estarão relacionadas a essa persistente subserviência aos que usam o anonimato para sabotar os fatos? Afinal, das duas, uma: ou se está a serviço dos velhacos ou ao serviço dos leitores.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A fantástica democracia fernandista




As notas acima foram publicadas neste domingo na coluna da Renata Lo Prete, na Folha.

O príncipe surtou de vez. Depois de ser ridicularizado até entre seus pares por uma visão partidária absurdamente classista, o ex-presidente, em vez de dar uma resposta geral a todos os que criticaram o teor de seu artigo, dá uma resposta ad hominem, inflada de inveja, aquele que é o novo sucesso do circuito internacional de palestras.

Não comento os pitis de inveja, visto que estes são, a meu ver, autodesmoralizantes. Ressalto, porém, algumas pérolas do pensamento fernadista acerca do que seja uma democracia, as quais ilustram bem a esquizofrenia a que chegaram setores da oposição, ao trocarem a ciência política clássica, e o pensamento lógico, por uma visão sectária, tacanha, medíocre, submissa aos preconceitos mais vulgares da imprensa conservadora:

Sou contra o que ele fez com o povo: cooptar movimentos sociais; enganar os mais carentes e menos informados trocando votos por benefícios de governo; transformar direitos do cidadão em moeda clientelista. Quero que o PSDB, sem esquecer nem excluir ninguém, se aproxime das pessoas que não caíram na rede do neoclientelismo petista.

Cooptar movimentos sociais? Claro, ao dar-lhes voz, ao lhes respeitar, ao ouvi-los e recebê-los no Palácio do Planalto, Lula estimulou os movimentos sociais a encaminharem suas propostas por vias democráticas, pacíficas, institucionais. Já FHC preferiu criminalizar os movimentos sociais, levando-os a se radicalizarem.

Enganar os mais carentes trocando votos por benefícios do governo? Aí FHC, como se dizia antigamente, peidou na farofa. Se um eleitor da classe média votar no PSDB por querer pagar menos imposto, não estará da mesma forma trocando seu voto por um benefício do governo? O pobre agora tem que votar pensando em quê? Nas Olimpíadas? No Conselho de Segurança da ONU? Nos direitos humanos do Irã? Nas xaropadas pseudo-libertárias dos estrupícios do Instituto Millenium? Bem, poderiam votar pensando simplesmente num país melhor... mas não seremos um país melhor se os pobres tiverem mais benefícios, de maneira que ganhem fôlego para lutarem contra a pobreza?

FHC, e a direita brasileira, desenvolveram um ideário tão absolutamente antipobre que se tornou uma muralha de estupidez e insensibilidade que os impedem de compreender, ou sequer imaginar, as terríveis difículdades em que vive a maior parte da população brasileira. O pobre, mesmo o remediado, que tem emprego, está sempre a beira de uma tragédia, pois sua vida só dá certo na medida em que não acontece nenhum acidente. Uma doença, uma dívida, um deslize, uma crise de depressão, um filho com problemas com drogas, um acidente climático, qualquer coisa pode botar tudo a perder. Todas suas modestas conquistas podem se esvair ao menor soluço negativo da fortuna. Esta é a classe média que FHC pretende tratar como se lidasse com parentes empobrecidos dos Matarazzo.

Denegrir o pobre que vota em prol de sua classe é mais do que estupidez, é um tipo de fascismo que, na boca de um sociólogo, apenas se explica como doença provocada pela leitura sistemática e acrítica de editoriais de jornal.
# Escrito por Miguel do Rosário

sábado, 16 de abril de 2011

FHC, como seu Governo dava grana ao PiG ? Tem que dizer!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Conversa Afiada tem o prazer de re-republicar artigo do professor Venício A. de Lima, extraído daCarta Maior: 

DEBATE ABERTO

FHC, a oposição e a mídia


O presidente de honra do PSDB teria prestado uma importante contribuição à moralidade pública se dissesse quais são os veículos de mídia que se sujeitam à “influência” do governo via verbas publicitárias. Será que ele estaria se referindo à revista Veja? Ou aos veículos das Organizações Globo? Ou, quem sabe, à Folha de São Paulo? Ou ao Estadão?


Venício Lima


O artigo sobre “O papel da oposição” que Fernando Henrique Cardoso publicou na revista “Interesse Nacional” teve grande repercussão, mas pouco se comentou sobre as afirmações que ele faz sobre o papel da mídia, velha e nova. Trata-se de ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, que sempre contou com a simpatia da grande mídia e, certamente, fala com autoridade de quem sabe. Vale a pena, portanto, verificar alguns dos conceitos e conselhos que oferece à oposição política.


PRIMEIRO: Para FHC opinião pública “são os setores da opinião nacional que recebem informações [da mídia]”, vale dizer, a opinião pública é apenas uma parte da população, aquela que se utiliza da mídia para obter informações [políticas].


O ex-presidente, portanto, ao contrário do que historicamente pensam e reivindicam muitos na grande mídia, faz uma importante distinção entre a opinião da mídia, a opinião pública e a opinião nacional [cf. nesta Carta Maior, “Golpe de 1964: os jornais e a “opinião pública” ].


SEGUNDO: FHC considera que “existe um público distinto do que se prende ao jogo político tradicional e ao que é mais atingido pelos mecanismos governamentais de difusão televisiva e midiática em geral”. Esse público “mais atingido pelos mecanismos governamentais” é identificado como sendo “as massas carentes e pouco informadas” e, entre os “mecanismos governamentais”, se incluem a “influência que [o governo] exerce na mídia com as verbas publicitárias”.


O ex-presidente considera, então, que existe uma “massa” que vem sendo manipulada pelo governo através da “difusão televisiva e midiática em geral”. E mais: que o governo ainda conta com a conivência ou cumplicidade da mídia, cooptada por meio de verbas publicitárias.


Teriam sido essas “massas carentes e pouco informadas” que o elegeram duas vezes, em 1994 e 1998, para a presidência da República? Ou essa seria apenas a conhecida forma elitista de se desqualificar o voto que elegeu e reelegeu o ex-presidente Lula e ainda elegeu, em 2010, a presidente Dilma?


Vale relembrar uma passagem do precioso artigo de Maria Rita Kehl que provocou sua demissão do Estadão em outubro de 2010. Dizia ela:


O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola. (…) Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano. [cf.http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101002/not_imp618576,0.php].


Por outro lado, teria sido uma importante contribuição à moralidade pública se o presidente de honra do PSDB tivesse dado a conhecer quais são exatamente os veículos de mídia que se sujeitam à “influência” do governo via verbas publicitárias. Será que ele estaria se referindo à revista Veja? Ou aos veículos das Organizações Globo? Ou, quem sabe, à Folha de São Paulo? Ou ao Estadão?


TERCEIRO: O ex-presidente considera que “existe toda uma gama de classes médias” (…), “ausente do jogo político-partidário”, para a qual “as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente, sobretudo no período entre as eleições”. Uma das características desses grupos é que, eles estão conectados às “redes de internet, Facebook, YouTube, Twitter, etc.”.


Mas, alerta ele, as oposições “não devem, obviamente, desacreditar do papel da mídia tradicional: com toda a modernização tecnológica, sem a sanção derivada da confiabilidade, que só a tradição da grande mídia assegura, tampouco as mensagens, mesmo que difundidas, se transformam em marcas reconhecidas.”


Certamente o ex-presidente não ignora a incrível capilaridade social da internet e de suas redes sociais no Brasil. Os usuários de Facebook, YouTube e Twitter estão em todas as classes sociais. E muitos dos usuários chegaram lá exatamente como resultado das políticas sociais dos governos que a oposição, segundo o ex-presidente, precisa combater.


O mais interessante, todavia, é a advertência em relação à mídia tradicional. Ela seria detentora exclusiva de uma “confiabilidade” capaz de assegurar a transformação das mensagens (políticas) em “marcas reconhecidas”.


Se considerarmos a oposição sistemática feita pela grande mídia aos dois governos Lula, comprovada por diferentes pesquisas e reconhecida pela própria presidente da Associação Nacional de Jornais, há razões de sobra para se desconfiar da “confiabilidade” da mídia tradicional. O ex-presidente Lula e seu governo, como se sabe, continuaram a receber aprovação recorde da imensa maioria da população.


Ao fim e ao cabo, parece que, a seguir as recomendações do ex- presidente FHC, a oposição política no Brasil terá um longo caminho pela frente.


A ver.


Venício A. de Lima é professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mônica Serra e o Bolsa-Família



Há muitas coisas sujas e repugnantes nesta eleição. Uma delas é o boato espalhado de que Mônica Serra teria praticado aborto. Isso é mentira e foi desmentido por Serra em nota à imprensa.
Contudo, Serra não desmentiu as críticas de sua esposa ao Bolsa-Família.
Isso porque as críticas da Sra Serra ao programa do governo não fazem parte das “mentiras dos petistas ou filo-petistas a soldo” nem têm “credibilidade no mínimo controversa”.
Deixemos a própria Mônica Serra dizer o que ela pensa do Bolsa-Família:
“As pessoas não querem mais trabalhar, não querem assinar carteira e estão ensinando isso para os filhos”.
E olhem que isso ela falou para “corrigir” (termo usado pelo Valor Econômico, não foi um panfleto da CUT que escreveu isso não) o que ela já tinha dito sobre o Bolsa Família.
A reportagem do Valor Econômico foi repercutida pelo insuspeito Noblat (O Globo).
Portanto, por favor, não digam que este blog e este blogueiro apelam para “mistificações” e “mentiras”. Discordem de mim o quanto quiserem, refutem meus argumentos com força — a caixa de comentários aí embaixo mostra que publico as críticas e que respeito a divergência. Quando estou errado, assumo. Erro sim, mas não por desonestidade deliberada e consciente. Falar que eu apelo conscientemente para a mentira, isso eu não aceito.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Lula chama de cara-de-pau propostas de Serra sobre salário mínimo e Bolsa Família


Lula chama Serra de "cara-de-pau"


FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A ARACAJU (SE)

http://amoralnato.blogspot.com/
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira, 
durante comício em Aracaju (SE), duas das principais propostas do
 candidato do PSDB à Presidência, José Serra: a criação do 13º Bolsa Família e
 o aumento do salário mínimo para R$ 600.

Sem citar nomes, Lula classificou de "cara-de-pau" quem prometeu
 o pagamento do 13º e disse que aqueles que hoje defendem o aumento
 do mínimo não o fizeram quando governaram o país.

"Quando nós criamos o Bolsa Família, era esmola", declarou o presidente. 
"Hoje, estão até na maior cara-de-pau prometendo 13º para o Bolsa Família", disse. 
"Eles pensam que nós somos aqueles eleitores bobinhos de 20 anos atrás", ironizou.


Leia mais em: O esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Dia em que Lula se Despediu



*por FERNANDO RIZZOLO

Toda manhã, como se isso já fosse rotina, ele voltava para casa com uma sacola contendo alguns produtos embrulhados num papel-jornal. Caminhava daquele seu jeito de menino pobre, meio se esforçando para andar com o peso daquele saco, pisando firme na estrada de terra de mais ou menos dois quilômetros, a distância entre sua casa e a venda. De olhar franzino, pernas finas, rosto moreno e cabelo mal cortado, ele fazia aquele trajeto todos os dias.

De vez em quando passava um caminhão pela estrada empoeirada, e lá já não se via mais ele, até a poeira assentar. Mateusinho era seu nome, e assim ele era conhecido em Potuverá, um bairro da periferia de Itapecerica da Serra, município da região metropolitana de São Paulo. Era filho de dona Eunice, desempregada, costureira, mãe solteira, que vivia do Bolsa-Família, o que, segundo ela, “ajudava a criar Mateusinho”. Vez ou outra eu levava algumas roupas à sua casa para ajustar, fazer barra, reforçar os botões, essas coisas que costureiras de bairro costumam fazer. Sua casa era humilde, de móveis pobres, e havia uma mesa simples, com toalha de plástico, que cheirava a café feito na hora. Num canto da sala, perto da TV, havia uma imagem do presidente Lula, dessas que se recortam em revistas.

Ainda me lembro da última vez em que lá estive. Mateusinho estava se preparando para ir à escola, e num gesto amistoso, ainda segurando minhas roupas nas mãos, a serem entregues a dona Eunice para o devido reparo, eu disse a ele: “Tudo bem, Mateusinho? Te vejo sempre pela manhã, na estrada, a caminho da venda”. Num gesto tímido de criança, ele me olhou e balançou a cabeça, como se dissesse “sim”. Com olhar de mãe orgulhosa, rindo, dona Eunice completou minha frase e disse a Mateusinho: “Diz bom-dia pro moço”. Então, desajeitado, ele sorriu e disse “Bom dia”, com voz baixinha.

Quando já estava de saída, eu disse a dona Eunice: “A senhora gosta do Lula, não é? Vi a foto dele lá perto da TV”. Tão logo concluí a pergunta, percebi que Mateusinho olhou para mim e num sorriso se antecipou e disse: “Ela gosta do Lula e eu também”. Dona Eunice balançou a cabeça, como quem agradecesse ao presidente, e completou: “Adoramos o Lula”. Foi naquele momento que percebi que aquela fotografia, meio perdida ao lado da TV, para aquela família simples, pobre e sem recursos, significava mais que uma foto – Lula ali era um pai, um pai que naquela casa nunca existira. Dei-me conta também de que o trajeto diário de Mateusinho entre sua casa e a venda, como se cumprisse uma oração, era a possibilidade daquela família pobre, através do Bolsa-Família, de comprar uma manteiga, um pão e um leite que alimentavam mãe e filho e davam o mínimo de dignidade e segurança àquela união familiar destroçada pelo destino, como tantas por este Brasil.

Já no portão, despedindo-me, comentei: “Logo o presidente Lula vai nos deixar, não é? Vai acabar seu mandato”. E complementando ainda fiz uma observação: “Acho que o dia em que a gente acordar e souber que o Brasil não mais terá o Lula a gente vai sentir, não é?”. Foi quando os olhos de dona Eunice marejaram, e de mãos dadas com o seu Mateusinho ambos me olharam com cara de quem queria chorar. Naquelas mãos dadas entre mãe e filho, vi mais que tristeza nos olhos dos dois – vi receio, saudade e gratidão de gente que nunca teve nada por um presidente que serviu de pai e supriu a lacuna da miséria e da desesperança, com inúmeros projetos de inclusão social. Ao abrir o portão, dona Eunice me olhou e, apertando mais ainda a mãozinha de Mateusinho e a minha, me disse, com os olhos cheios de lágrimas: “Não quero nem pensar nesse dia, doutor. Pra mim vai ser igual à despedida de um pai. Vou me acabar de chorar, espero que a Dilma seja nossa presidenta, a escolhida por ele”.

Fernando Rizzolo é Advogado e editor do Blog do Rizzolo – www.blogdorizzolo.com.br

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Força de Lula/Dilma é Bolsa-Família ou emprego?

Força de Lula/Dilma é Bolsa-Família ou emprego?
segunda-feira, 2 agosto, 2010 às 2:28
Os nossos comentaristas políticos e econômicos não se cansam de afirmar que o prestígio do presidente Lula e, consequentemente, a força eleitoral que ele trasnfere para a candidatura Dilma Rousseff deve-se aos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Argumentam que Lula tem mais apoio e Dilma mais votos, maior votação, onde são maiores os efeitos dos programas de transferência de renda. Traduzindo, entre os mais pobres. Descoberta fantástica, pois seria natural o contrário, não é? Imagine o seu Severino da Silva dizendo assim: “não, senhor, vou votar no Serra porque o Fernando Henrique me deixava desempregado, sem programa social e fora do consumo e o Serra ajudou ele a fazer isso. Sou muito grato a eles por não terem feito nada por mim, meu voto é garantido deles”.
Mas embora os programas de distribuição de renda, naturalmente, transfiram prestígio para quem os implantou, isso é um pedaço mínimo da verdade.
Porque, como já resumiu com a famosa frase “é a economia, estúpido” aquele marqueteiro de Clinton – e que andou por aqui com FHC, é a atividade e a renda que determinam mais fortemente o prestígio e o desprestígio de um governante
Este gráfico aí ao lado, elaborado pelo Dieese, mostra como evoluíram o nível de emprego (em azul), o salário médio (em vermelho) e a massa total de salários na economia.
Não é preciso esforço ver que o emprego e o salário tiveram uma vigorosa expansão desde o início do governo Lula.

Como o gráfico termina em 2009, trouxe um outro, publicado na Folha de S. Paulo que mostra que, neste ano, apesar da herança da crise esta expansão aumentou. E quem observar que a massa de salários na economia cresce mais lentamente entenderá que os empregos criados se concentraram nas faixas mais pobres da população.
Poucos jornalistas e analistas, entretanto, destacam que isso injeta muito mais recursos e potencial de consumo que o Bolsa-Família, que com seus máximos R$ 134 reais mal consegue tirar uma família da fome. Mas tem outros efeitos muito importantes muito menos eleitorais.
Um relatório da ONU publicado há dois anos diz que ele está “impulsionando o número de matrículas: cerca de 60% dos jovens pobres de 10 a 15 que atualmente estão fora da escola devem se matricular em resposta às exigências do Bolsa Família e de seu antecessor, o Bolsa Escola. Diz o documento: “A taxa de abandono [nas escolas] diminui em cerca de 8%”.
Como os nossos jornalistas não têm o hábito de pesquisar, vou dar alguns dados interessantes para que se entenda porque o apoio a Lula e a Dilma, embora impulsionado pela boa maré de emprego que os dados que registrei revelam, se dá de maneira extremamente forte no Nordeste.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) , do Ministério do Trabalho registram os seguintes dados nos últimos 12 meses:
Região
Empregos gerados
Crescimento percentual
Nordeste
407.614 8,45%
Norte 105.572 7,83%
Sul 398.394 6,76%
Sudeste 1.130.272 6,35%
Centro Oeste 127.132 5,22%
BRASIL
2.168.924 6,71%

Novamente não é preciso ser economista ou cientísta político para ver que Norte e Nordeste, as áreas mais pobres do nosso país, vêm tendo incremento em número de empregos – e, consequentemente, em renda da população e consumo – superiores á média nacional. E quem diz que pretente um desenvolvimento nacional sem tantos desequilíbrios regionais e seus efeitos na migração, no inchaço das cidades, se tiver um mínimo de honestidade intelectual sabe que isso precisava acontecer, se desejamos, de fato, um crescimento harmônico do Brasil.
O problema é que as nossas elites não querem nem desenvolvimento nem harmonia no Brasil. Elas preferem grades, polícias e “choques de ordem”, por mais que as três coisas se mostrem inócuas para lhes dar paz.