Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dá-lhe Moura, tem estômago de argumentar com EnerguMerval Perebeira


Amigos,

Desculpe incomodá-los novamente com textos grandes, mas isso é minha catarse.

Sei que o Merval Pereira do Globo não vai mais me responder, mesmo assim vou funcionar como sua consciência crítica até o dia 31. E se possível até depois.

A coluna dele está abaixo do meu e-mail. 


Moura





Meu caro Merval,

Estou eu aqui de novo comentando sua coluna.  Espero que, como seu leitor diário e assinante de O Globo, possa continuar a fazê-lo.

 A de hoje, “Acertando contas” (15/out), mexeu outra vez com meus pensamentos e análises. Permita-me discordar de alguns itens e questionar outros.

Retrocesso institucional -  Não seria exagero dizer que Lula promoveu um retrocesso institucional no país?  O que podemos chamar de instituições? O congresso está funcionando e até derrubando meninas dos olhos de Lula (e de Serra!), como  a CPMF. Os governos estaduais estão à vontade e alguns  opositores não fizeram oposição por conveniência. O STF, o TSE, o STM e todos os “S”  da justiça decidem livremente, mesmo com sentenças às vezes polêmicas. O mercado financeiro está indo de vento em popa. As igrejas estão tão fortes que até dão palpites em eleições. A imprensa fala o que quer,  no limite da irresponsabilidade.  Que instituição o poder de Lula aniquilou?

Base parlamentar -  Não me lembro de nenhum governante no Brasil que, não tendo a maioria parlamentar de seu partido, tenha administrado  com o apoio de outras siglas sem dar nada em troca.   Collor, por exemplo, foi dos que caíram do cavalo. Fernando Henrique teve o PFL em seu calcanhar (a começar pelo vice), com o PMDB rondando. Por que com Lula tem que ser diferente? O processo no Brasil – e em boa parte do mundo - infelizmente só funciona com oferta de favores e de cargos, principalmente de ministérios.   Veja o “ puro”  PV. Mal acabou a eleição e já falava em discutir cargos, até Marina dar-lhe um pito.  Ou você prefere outro mensalão?

País anestesiado – País anestesiado durante oito anos? Que país,  Merval? E a imprensa? Não vem cumprindo seu papel?  Ou você se considerou anestesiado durante esse tempo todo?

Terceiro mandato – Se a legislação  brasileira permitisse,  o que haveria de errado de Lula candidatar-se novamente? O medo de ele ganhar? Gaspari já escreveu sobre isso, mais ou menos com essas palavras.  Eu acho que ganhar eleição é legítimo, o que não presta é golpe de estado ou desrespeito aos resultados de pleitos.

Pesquisas eleitorais – Achei um tanto confusas suas análises das atuais pesquisas, até porque só no final você citou que eram do CNT/Sensus. Pareceu-me conveniente colocar em pauta justamente a que mais aproxima Serra de Dilma. Tem momentos em que parece que você não está analisando, está torcendo. Será implicância minha? Pelo que li em sua análise, deduzi com muita simplicidade: no cômputo final, Serra cresceu muito e Dilma pouco. Poderíamos dizer que, até agora, ele não roubou votos de Dilma, mas ganhou muitos de Marina. Exceto no Sul. Mas, segundo seu texto, 13 pontos de Marina estão indecisos por lá. Ou seja: ainda não dá para nenhum de nós dois dormirmos felizes.

 Ia me esquecendo! Que pena, Merval: você voltou a empregar o termo “ laranja”  para (des)qualificar Dilma. Mesmo tendo desta vez usado aspas, ainda assim soa pejorativo, desrespeitoso, injusto. Já imaginou se alguém lhe chamasse de “ laranja” do Roberto Irineu Marinho? Seria uma covardia.

Atenciosamente,

Carlos Moura

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Merval Pereira

Já escrevi aqui diversas vezes que considero que o governo Lula promoveu um retrocesso institucional no país que talvez seja a verdadeira herança maldita que legará a seu sucessor.

A esterilização da política, com a cooptação dos partidos políticos para formar uma base parlamentar à custa de troca de favores e empregos; o mesmo processo de neutralização dos movimentos sociais e sindicais com financiamentos generosos.

Em consequência, o aparelhamento da máquina estatal, dominada pelo PT e alguns partidos aliados; a leniência com os companheiros que transgrediram a lei em diversas ocasiões, todos perdoados e devidamente protegidos.

Por fim, a própria postura do presidente Lula durante a campanha eleitoral, desprezando a legislação e menosprezando as advertências e multas do Tribunal Superior Eleitoral como se elas não tivessem significado.

Tudo isso levou o país a ficar anestesiado durante esses oito anos, num processo de centralização da liderança carismática de Lula que continua predominando na campanha eleitoral.

O quadro estava montado para que a campanha transcorresse de maneira anódina e sem debates, com a automática transferência de votos de Lula para a homologação da vitória no primeiro turno de sua "laranja" eleitoral, a candidata Dilma Rousseff que, segundo definição do próprio Lula, aparece na máquina de votar porque ele está impossibilitado de concorrer à Presidência da República pela terceira vez consecutiva.

Nas últimas semanas, dando a fatura por liquidada, o presidente Lula resolveu "acertar umas contas" com adversários escolhidos, segundo revelou a assessores próximos.

E lá se foi ele pelo país a falar mal da imprensa e fazendo campanha contra candidatos específicos: alguns, como os senadores Marco Maciel, do DEM de Pernambuco, Heráclito Fortes, do DEM do Piauí, ou Ar thur Virgílio, do PSDB do Amazonas, conseguiu derrotar.

Outros, não. Exortou o eleitorado a "extirpar" o Democratas em Santa Catarina e o partido elegeu o governador e os dois senadores da oposição.

Tentou evitar a reeleição de Agripino Maia para o Senado no Rio Grande do Norte, e o DEM não apenas o elegeu como também a governadora Rosalba Ciarlini.

Deve-se a esse "acerto de contas" do presidente boa parte do clima que levou inesperadamente a eleição para o segundo turno.

A figura do presidente raivoso e rancoroso, a buscar vingança de inimigos que deveriam ser meros adversários políticos, politizou uma campanha morna e fez surgir a dúvida entre parcela de eleitores, juntamente com questões específicas como as recorrentes denúncias de corrupção no governo, com o caso de Erenice Guerra no Gabinete Civil se destacando, e o debate religioso sobre o aborto.

Mas Lula parece que não aprendeu com a lição das urnas. Ontem, em meio a uma campanha que periga transformar-se em uma guerra religiosa, teve a ousadia de dizer em cima de um palanque que foi Deus quem derrotou os políticos que acabaram com a CPMF.

Nomeou-se, assim, um intermediário divino no seu "acerto de contas".

O fato é que a 15 dias da eleição o resultado é imprevisível, e a média das pesquisas, embora mantenha uma ligeira vantagem para Dilma Rousseff, mostra que as curvas estão se aproximando e o empate técnico é o resultado que melhor reflete a situação atual.

Com uma desvantagem para a candidata oficial: ela vem perdendo posições em praticamente todas as regiões do país, e só ganha no Nordeste, que representa 29% do eleitorado brasileiro, por uma boa diferença, de cerca de 30 pontos (60,1% a 31,1%).

Mas o resultado do primeiro turno foi melhor paraela: 61,63% contra 21,48% de Serra e 16,14% de Marina. Isso quer dizer que Serra cresceu 10 pontos na região, e ainda existem cerca de 6 pontos de Marina sendo disputados.

No Norte-Centro-Oeste, que representa 15% dos votos, Serra vence Dilma por 5 pontos (45,7% contra 40,7%). Mas no primeiro turno, a petista venceu por pequena vantagem - 38,89%, contra 37,97% de Serra e 20,94% de Marina.

No Sudeste, onde estão concentrados 44% dos votos brasileiros, Serra já vence por 1 ponto, tendo perdido na apuração do primeiro turno, quando Dilma obteve 40,88%, contra 34,58% de Serra e 23,18% de Marina.

Dilma cresceu menos de 3 pontos na região, e está agora com 43,3% enquanto Serra foi a 44,7%, um crescimento de 10 pontos. Restam cerca de 13 pontos dos eleitores de Marina que ainda não se definiram, segundo a pesquisa CNT/Sensus.

No Sul, que representa 14% do eleitorado, Serra teve 43,01% no primeiro turno e hoje tem 56%, enquanto Dilma caiu para 36,4% contra os 42,10% que obteve no primeiro turno.

Com relação à pesquisa do Ibope, que deu uma vantagem de 6 pontos para Dilma, há uma questão a constatar: na pesquisa de 02 de outubro para o primeiro turno, o Ibope deu Dilma com 51%, Serra com 31% e e Marina com 17%.

A realidade das urnas no dia seguinte foi Dilma 47%, Serra 33% e Marina 19%, o que demonstra que o Ibope estava com uma defasagem de 6 pontos na diferença entre Dilma e Serra, apontando para uma diferença de 20 pontos que se transformaram em 14 pontos no resultado oficial.

Se essa defasagem ainda estiver presente, a diferença apontada de 6 pontos desaparece totalmente, dando empate, na mesma linha que a pesquisa do CNT/Sensus indica.

E-mail para esta coluna: 

merval@oglobo.com.br



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