Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Governo do PSDB investe em energia elétrica. Mas é em energia para a Colômbia…

colombia
O PSDB caiu de pau sobre o Governo Dilma por fazer empréstimos para a construção do Porto de Mariel, em Cuba.
Empréstimo, para ser pago, e condicionado à compra de serviços e produtos brasileiros.
Segundo os tucanos – ah, não esqueçamos, também na opinião de nossa especialista em economia, Raquel Sheherazade – há muito em que investir aqui, onde estamos cheios de necessidades.
Por isso, é muito interessante que alguém vá perguntar a Aécio Neves, chefe político do Governador Antonio Anastasia. de Minas, porque é que a Cia de Eletricidade mineira, a Cemig, vai comprar parte de uma companhia de geração de energia…na Colômbia.
Será que está sobrando energia no Brasil?
Será que estão sobrando linhas de transmissão, como a que  Cemig está construindo entre as cidades chilenas de Charrúa e  Temuco?
Como todos sabem, o Brasil está vivendo um momento de fartura energética, não é?
A Cemig, há um ano, devolveu a concessão de 18 usinas, por não concordar com as regras do Governo Federal que reduzia o preço para o consumidor.
E o consumidor da Cemig paga uma das energias mais caras do Sudeste, repicadas com o maior ICMS sobre energia do Brasil.
Mas tem dinheiro para investir lá fora.
Não faço considerações sobre as eventuais vantagens comerciais da operação. Pode ser lucrativa para a Cemig e ela, como qualquer empresa brasileira, pode e deve investir onde for interessante.
Mas é evidente a hipocrisia tucana, que pratica tudo aquilo que condena no Governo Federal. E com o imenso agravante de que, com essa operação não  se gere um benefício sequer para o Brasil, como ocorre nos contratos com Cuba.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

REUTERS: CONTA DE LUZ CAIRÁ MAIS DO QUE O PROMETIDO





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Levantamento apresentado no Fórum Econômico de Davos, que começa hoje na Suíça, revela que os empreendedores e executivos brasileiros estão entre os quatro mais otimistas do mundo, a despeito de toda a gritaria relacionada ao colapso do setor elétrico e do pibinho; Brasil é também destino preferencial das grandes multinacionais





247 - A julgar pela leitura dos grandes jornais brasileiros, conclui-se que os empresários nacionais não investem porque perderam a confiança no futuro. Temem a falta de energia, gerada pela suposta má gestão do setor elétrico, e a alta de preços, decorrente do abandono da política de metas pelo Banco Central. Inseguros, engavetam seus projetos.
No entanto, a julgar pelo que dizem os próprios empresários, o cenário é outro. Ouvidos pelos organizadores do Fórum Econômico Mundial, em Davos, eles se colocam entre os quatro mais otimistas em relação ao ano de 2013. Entre os "muito confiantes", os brasileiros ficam atrás apenas de russos, indianos e mexicanos, mas superam chineses, alemães e norte-americanos, por exemplo.
Os números surgem da 16ª pesquisa anual feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers, que entrevistou 1.330 CEOs (presidentes de empresas) em 68 países, no último trimestre do ano passado.
Além do otimismo de quem já está no País, também é importante notar que o Brasil é apontado como um dos três mercados mais relevantes por executivos de 68 países, atrás apenas de Estados Unidos e China.
Os resultados da pesquisa foram apresentados ontem, véspera da inauguração do encontro anual 2013 do Fórum Econômico Mundial. 


*Pesquisa mundial da Price Waterhouse desautoriza mídia conservadora:empresários consideram o Brasil o 3º melhor mercado do mundo para investir** Revés da direita em Israel: coalizão conservadora do extremista Netanyahu vence  eleições legislativas,mas perde 11 cadeiras ** urnas revelam surpreendente avanço da centro esquerda 


A maior ameaça à paz mundial

Os Estados Unidos realizaram em dezembro um teste nuclear em Nevada. O país não aceitou abrir a atividade aos inspetores internacionais, o que têm exigido do Irã – que, aliás, protestou, assim como fizeram o prefeito de Hiroshima e alguns grupos pacifistas japoneses. O acontecimento voltou a chamar atenção para a disputa entre Israel e Irã, mas sem pôr em pauta o que realmente é importante: a criação de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.


Há alguns meses, ao informar sobre o debate final da campanha presidencial nos Estados Unidos, o The Wall Street Journal observou que “o único país mais mencionado (que Israel) foi o Irã, o qual a maioria das nações de Oriente Médio vê como a principal ameaça à segurança da região”.

Os dois candidatos estiveram de acordo em que um Irã nuclear é a maior ameaça à região, se não ao mundo, como Romney sustentou explicitamente, reiterando uma opinião convencional.

Sobre Israel, os candidatos rivalizaram em declarar sua devoção, mas nem assim os as autoridades israelenses se deram por satisfeitas. Esperavam “uma linguagem mais ‘agressiva’ de Romney”, segundo os repórteres. Não foi suficiente que Romney exigisse que não se permitisse que o Irã “alcance um ponto de capacidade nuclear”.

Também os árabes estavam insatisfeitos, porque os temores árabes sobre o Irã se “debateram sob a ótica da segurança israelense, não da região”, e as preocupações dos árabes não foram contempladas: uma vez mais, o tratamento convencional.

O artigo do Journal, como incontáveis outros sobre o Irã, deixa sem resposta perguntas essenciais, entre elas: Quem exatamente vê o Irã como a ameaça mais grave à segurança? O que os árabes (e a maior parte do mundo) acham que se pode fazer diante dessa ameaça, existindo ou não?

A primeira pergunta é fácil de responder. A ameaça iraniana é uma obsessão totalmente do Ocidente, compartilhada por ditadores árabes, embora não pelas populações árabes.

Como mostraram numerosas pesquisas, mesmo que os cidadãos dos países árabes em geral não simpatizem com o Irã, não o consideram uma ameaça muito grave. Na verdade percebem que a ameaça são Israel e Estados Unidos, e vários, muitas vezes maiorias consideráveis, veem nas armas nucleares iranianas um contrapeso para essas ameaças.

Em altas esferas dos Estados Unidos, alguns estão de acordo com a percepção das populações árabes, entre eles o general Lee Butler, ex-chefe do Comando Estratégico. Em 1998 ele disse: “É extremamente perigoso que, no caldeirão de animosidades que chamamos Oriente Médio”, uma nação, Israel, deva contar com um poderoso arsenal de armas nucleares, “que inspira outras nações a tê-lo também”.

Ainda mais perigosa é a estratégia de contenção nuclear da qual Butler foi o principal formulador por muitos anos. Tal estratégia, escreveu em 2002, é “uma fórmula para uma catástrofe sem remédio” e convidou os Estados Unidos e outras potências atômicas a aceitar os compromissos contraídos dentro do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) e fazer esforços de “boa fé” para eliminar a praga das armas atômicas.

As nações têm a obrigação legal de levar a sério esses esforços, decretou a Corte Mundial em 1996: “Existe a obrigação de avançar de boa fé e levar a termo as negociações orientadas ao desarmamento nuclear em todos seus aspectos, conforme um controle internacional estrito e efetivo”. Em 2002, o governo de George W. Bush declarou que os Estados Unidos não estão comprometidos com essa obrigação.

Uma grande maioria do mundo parece compartilhar a opinião dos árabes sobre a ameaça iraniana. O Movimento de Países Não Alinhados (MNA) apoiou com vigor o direito do Irã de enriquecer urânio; sua declaração mais recente aconteceu na cúpula de Teerã, em agosto passado.

A Índia, membro mais populoso do MNA, encontrou formas de evadir às onerosas sanções financeiras dos Estados Unidos ao Irã. Executam planos para vincular o porto iraniano de Chabahar, recondicionado com assistência indiana, com a Ásia Central, através do Afeganistão. Também se informa que as relações comerciais se incrementam. Se não fosse pelas fortes pressões de Washington, é provável que estes vínculos naturais tivessem uma melhoria substancial.

A China, que tem estatuto de observadora no MNA, faz o mesmo, em boa medida. Expande seus projetos de desenvolvimento para o Ocidente, entre eles iniciativas para reconstituir a antiga Rota da Seda para a Europa. Uma linha ferroviária de alta velocidade conecta a China com o Cazaquistão e além. É provável que chegue ao Turcomenistão, com seus ricos recursos energéticos, e que se conecte com o Irã e se estenda até a Turquia e a Europa.

A China também tomou o controle do importante porto de Gwadar, no Paquistão, que lhe permite obter petróleo do Oriente Médio evitando os estreitos de Ormuz e Malaca, saturados de tráfico e controlados pelos Estados Unidos. A imprensa paquistanesa informa que “as importações de petróleo cru do Irã, dos estados árabes do Golfo e da África poderiam ser transportadas por terra até o noroeste da China através deste porto”.

Em sua reunião de agosto, em Teerã, o MNA reiterou sua velha proposta de mitigar ou pôr fim à ameaça das armas nucleares no Oriente Médio estabelecendo uma zona livre de armas de destruição em massa. Os passos nessa direção são, sem dúvida, a maneira mais direta e menos onerosa de superar essas ameaças, o que é apoiado por quase o mundo inteiro.
Uma excelente oportunidade de aplicar essas medidas se apresentou recentemente, quando se planejou uma conferência internacional sobre o tema em Helsinki.

Foi realizada uma conferência, mas não a que estava planejada. Só organizações não governamentais participaram da reunião alternativa, organizada pela União pela Paz, da Finlândia. A conferência internacional planejada foi cancelada por Washington em novembro, pouco depois que o Irã concordou em comparecer.

A razão oficial do governo Obama foi “a turbulência política na região e a desafiante postura do Irã sobre a não proliferação” segundo a agência Associated Press, junto a uma falta de consenso sobre como enfocar a conferência. Essa razão é a aprovada referência ao fato de que a única potência nuclear da região, Israel, se negou a comparecer, alegando que a solicitação para fazê-lo era “coerção”.

Aparentemente, o governo de Obama mantém sua postura anterior de que “as condições não são apropriadas, a menos que todos os membros da região participem”. Os Estados Unidos não permitirão medidas para submeter as instalações nucleares de Israel a inspeção internacional. Também não revelará informação sobre “a natureza e alcance das instalações e atividades nucleares israelenses”.

A agência de notícias do Kuwait informou imediatamente que “o grupo árabe de Estados e os estados membros do MNA concordaram em continuar negociando uma conferência para o estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio, assim como de outras armas de destruição em massa”.

Recentemente, a Assembleia Geral da ONU aprovou, por 174 votos a seis, uma resolução na qual convida Israel a aderir ao TNP. Pelo não, votou o contingente acostumado: Israel, Estados Unidos, Canadá, as Ilhas Marshall, Micronésia e Palau.

Dias depois, em dezembro, os Estados Unidos realizaram um teste nuclear impedindo, uma vez mais, aos inspetores internacionais, o acesso ao local do teste, em Nevada. O Irã protestou, assim como o prefeito de Hiroshima e alguns grupos pacifistas japoneses.

Claro que, para estabelecer uma zona livre de armas atômicas, se requer a cooperação das potências nucleares: no Oriente Médio, isso incluiria os Estados Unidos e Israel, que se negam a cooperar. O mesmo acontece em outros lugares. As zonas da África e do Pacífico aguardam a aplicação do tratado porque os Estados Unidos insistem em manter e melhorar as bases de armas nucleares nas ilhas que controla.

Enquanto se levava a cabo a conferência de ONGs em Helsinki, em Nova York se realizava um jantar com o patrocínio do Instituto sobre Políticas sobre o Oriente Próximo, de Washington, ramificação do conselho israelense.
Segundo uma matéria entusiasta sobre essa “cerimônia” na imprensa israelense, Dennis Ross, Elliott Abrams e outros “ex-conselheiros de alto nível de Obama e Bush” asseguraram aos presentes que “o presidente atacará (o Irã) se a diplomacia não funcionar”: um presente de festas de fim de ano muito atrativo.

É difícil que os estadunidenses estejam cientes de como a diplomacia voltou a falhar, por uma simples razão: virtualmente não se informa nada nos Estados Unidos sobre o destino da forma mais óbvia de lidar com “a mais grave ameaça”: estabelecer uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.

*Noam Chomsky é professor emérito de linguística e filosofia no Instituto Tecnológico de Massachusetts, em Cambridge. O novo livro de Noam Chomsky, Power systems: conversations om global democratic uprisings and the new challenges to US empire (Sistemas de poder: conversas sobre as rebeliões democráticas globais e os novos desafios ao império estadunidense) será publicado em janeiro.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

"O CORVO", ALIÁS "O GLOBO", PREVÊ FIM DA ENERGIA BARATA


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

MÍDIA OMITE A ORIGEM DA CRISE E ATACA O BRASIL


De repente, o Brasil virou o barnabé da hora aos olhos da crítica econômica conservadora. A Economist, uma espécie de espírito santo do credo neoliberal, pede a demissão de Mantega e desqualifica os esforços contracíclicos do governo Dilma diante da pasmaceira internacional. Assemelhados nativos tampouco afeitos ao pudor retiram a soberba do bau e voltam a pontificar como se a reforma gregoriana tivesse eliminado o mês de setembro de 2008 do calendário jornalístico e com ele as ruínas da supremacia das finanças desreguladas. Governadores tucanos impávidos diante do incêndio global boicotam a redução no custo da tarifa elétrica proposto por Dilma, como se não houvesse amanhã. O Tesouro vai cobrir a estripulia tucana. Mas jornalistas alinhados acodem em massa na sua especialidade.O jogral que nunca desafina saboreia o PIB baixo e alardeia a primeira consolidação política do levante: a ineficácia do que chamam de 'intervencionismo estatal excessivo de Dilma'.  O que, afinal, deseja a turma braba que jogou a humanidade no maior colapso do sistema capitalista desde 1929  --e só poupou o Brasil porque não pode derrubar Lula em 2005, perdeu em 2006 e foi às cordas de novo em 2010? Simples: enquanto as togas cuidam do PT e de 2014 , trata-se agora de interditar o debate da crise e sabotar a busca de um novo modelo de  desenvolvimento a contrapelo dos 'mercados autorreguláveis'. É a volta do garrote a cobiçar o pescoço soberano do país. Compreender o papel que joga o monopólio midiático nesse estrangulamento é crucial para reagir com eficácia ao cerco. Em que medida é possível fazê-lo sem um contraponto de vozes plurais a afrontar o monólogo conservador na formação do discernimento social?  Mais que isso. Em que medida é possível restringir e vencer o embate no plano exclusivamente econômico sem alterar o desequilíbrio clamoroso na difusão das idéias? É disso que trata  o Especial de Carta Maior (leia nesta pág.), que emoldura o debate da Ley de Meios argentina com a  amplitude e a premência que o tema encerra em nossos dias. (LEIA MAIS AQUI)

Sócio do Clarín quer adequação à Lei de Meios
 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

MÍDIA E CRISE: O GARROTE DA HISTÓRIA


*Tesouro vai bancar a parcela da redução da conta de luz  boicotada pelos governadores tucanos** Adeus, Niemeyer (1907-2012): o arquiteto humanista lutou 104 anos por  uma sociedade com a harmonia das curvas imortalizadas em sua obra. 

Até que ponto o monopólio midiático é responsável pelo 'consenso' que jogou o mundo na pior crise do capitalismo desde  1929? A pergunta não é retórica, tampouco a resposta é desprovida de consequências políticas práticas. Imediatas, urgentes, imperativas. Trata-se, por exemplo, de saber em que medida a formação do discernimento social, condicionado por esférica máquina de difusão de certos interesses, dificulta a própria  busca de soluções. Mais que isso. Se esse poder blindado  que se avoca imune à regulação -- como se constata em tintas fortes hoje na Argentina, mas não só--  tornou-se um dos constrangimentos paralisantes da crise, um difusor de seus impasses e confrontos, como democratizá-lo?  Que riscos incorrem governantes progressistas que ainda acreditam ser possível restringir e vencer o embate contra a desordem neoliberal no plano exclusivamente econômico? É disso que trata  o Especial de Carta Maior (leias as reportagens e análises nesta pág.), que emoldura o histórico  '7 D'  argentino com a  amplitude e a premência que o tema encerra em nossos dias e em todas as latitudes. (LEIA MAIS AQUI)

Regulação da mídia argentina é mais branda do que a britânica



Nesta sexta-feira (7), vence o prazo para que os grupos de mídia argentinos que ainda não se enquadraram na “Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual” – popularmente conhecida como “ley de medios” – apresentem seus projetos de “desinvestimento”, ou seja, de venda do excesso de plataformas de mídia. Movimentos sociais prometem ir às ruas comemorar.
Em países como o nosso, impérios de mídia se põem a “denunciar” que estaria ocorrendo algum tipo de “censura”, de cerceamento de “liberdade de expressão” no país vizinho por ação de uma lei que vem sendo elogiada até pela relatoria das Nações Unidas sobre liberdade de expressão no mundo.
O mais revoltante é que os grupos de mídia e entidades internacionais que acusam o governo argentino de “censor” são os mesmos que ajudaram a implantar ditaduras pela América Latina ao longo do século passado, e que se submeteram, voluntariamente, à censura imposta por tais ditaduras.
Na Argentina, o grupo Clarín, propugnador e sustentáculo da sangrenta ditadura que se abateu sobre aquele país, é o principal alvo da “ley de medios” devido ao tamanho mastodôntico que enverga. Assim como a Globo, porém, esse grupo de meios de comunicação seria ilegal em qualquer país desenvolvido.
A mídia latina, assim, reclama de barriga cheia das leis de regulação do setor.
O relatório do juiz britânico Lord Brian Levenson, no âmbito de inquérito aberto por conta dos crimes cometidos pelo grupo midiático do magnata Rupert Murdoch, propõe endurecer ainda mais uma regulação que já é bem mais dura do que aquelas que se propõem em países latinos.
A Inglaterra já possuía um órgão de regulação da imprensa escrita, o que na América Latina seria impensável. Por funcionar no formato de autorregulação, o  Press Complaints Commission – que, em tradução livre, significa comissão de reclamações da imprensa – é gerido e financiado por órgãos de imprensa.
Vale repetir: nem se cogitam, na América Latina, comitês de regulação da imprensa escrita. As propostas de regulação giram em torno das concessões públicas de rádio e tevê.
Agora, porém, o rumoroso “Relatório Levenson” propõe que seja criado um novo órgão em substituição ao Press Complaints Commission. Seria um órgão independente dos grupos de mídia e do governo, pois a sociedade britânica já percebeu que delegar aos grupos de mídia a missão de se autorregularem corresponde a pôr a raposa para tomar conta do galinheiro.
Uma curiosidade: no Brasil, os oligopólios de meios de comunicação nem estão “ameaçados” por uma lei como a argentina, que determina que os grandes grupos se desfaçam de parte de seus ativos. A proposta deixada pelo ex-ministro da Secom Franklin Martins não pede planos de “desinvestimento” como na Argentina, apenas pede que novas concessões obedeçam a critérios anti-oligopolistas.
A diferença entre a mentalidade da mídia em países subdesenvolvidos e em países desenvolvidos fica clara quando se vê um jornal conservador britânico como o Financial Times condenar, publicamente, a “falta de humildade” da indústria de jornais diante das críticas que decorreram dos crimes das empresas de Rupert Murdoch naquele país.
Se existe alguma falta de liberdade de expressão em um país como o nosso, portanto, ela é produzida justamente pela imprensa, que se recusa a debater o assunto, bloqueando qualquer defesa da regulação do setor em seus jornais, revistas, rádios, televisões e portais de internet.
Em todos esses anos, desde que se começou a falar em regular as comunicações eletrônicas no Brasil, por incrível que pareça os grandes meios de comunicação não permitiram uma só defesa da medida. Nesses veículos, o assunto só é abordado sob a ótica dos que são contra.
Desafio qualquer um a exibir um só espaço que a grande mídia brasileira tenha dado a quem defende um tipo de arcabouço legal que existe em qualquer país desenvolvido, mas que, em nosso país, é criminosamente distorcido por empresas de comunicação que se arvoram em defensoras da liberdade de expressão.
A sorte de impérios midiáticos como o Clarín argentino ou como a Globo, a Folha de São Paulo, o Estadão ou a Veja é que estão instalados em países em que a quantidade de dinheiro torna as pessoas que têm muito, imunes às leis.
Todavia, o processo de regulação das comunicações se espalha pelo mundo. Nos países desenvolvidos já é realidade há décadas. O Brasil foi o último país – ou o penúltimo, pois há controvérsias – a acabar com a escravidão. Provavelmente, será o último a democratizar a comunicação. Todavia, cedo ou tarde terá que fazê-lo. Quem viver, verá.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

UM POUCO DE LUZ NAS MANCHETES -Cortes de energia e de orçamento-



De 1996 a 2002, durante o governo FHC, o Brasil ficou, em média,  21 horas sem energia elétrica por ano. Sofreu um apagão que exigiu racionamento de 9 meses ao custo de empregos, investimentos abortados e perda de  PIB.  No governo Lula, de 2003 a 2010, embora a demanda industrial e residencial tenha crescido de forma acelerada no rastro da retomada econômica, a média de interrupção no fornecimento recuou para 17 h/ano. Não houve racionamento.  O  investimento em hidrelétricas voltou a ser prioridade do Estado. No momento, o Brasil constrói as três maiores usinas de energia do mundo. A mídia ofusca as diferenças entre os dois períodos para atingir diretamente a Presidenta Dilma Rousseff. A intenção é desqualificar o trabalho de quem resgatou o sistema elétrico nacional, sucateado pelo 'modo demotucano de governar' que o tornou mais frágil e dependente de termoelétricas poluentes e dispendiosas. É o jogo do morde assopra: quando o governo endurece com os sindicatos na negociação do salário mínimo e anuncia cortes no orçamento --como o de R$ 50 bi, comunicado nesta 4º feira--  afloram menções simpáticas ao perfil 'essencialmente técnico' da nova presidência, em contraposição ao ciclo Lula --'populista'.  Mas na primeira oportunidade em sentido contrário, o mérito da qualificação técnica é enterrado, não sem antes ser esfolado vivo em ambiente de pouca luz e muita manipulação. É  importante assimilar essa dualidade para não cair no conto do vigário dos que, dentro e fora do governo,  acenam com o 'apoio dos mercados e a isenção da mídia', em troca de um acento mais ortodoxo na condução do país. A mídia na verdade mal disfarça um sonho: promover um imenso apagão que fará Lula, seu legado e a Presidenta Dilma perderem o espaço que ocupam no imaginário social enquanto referência de um modelo de desenvolvimento mais justo e progressista. Esse vazio histórico seria preenchido em 2014 pelos derrotados em 2002, 2006 e 2010. É oportuno lembrar, a uns e outros, que  o povo, em todos esses escrutínios, escolheu viver num Brasil  feito de crescimento, estabilidade e justiça social. As três coisas juntas. Ah, mas isso é impossível, dizem os ortodoxos. É para superar o 'impossível' que existe a política, ou os governos democráticos seriam substituídos por um comitê de especialistas em promover a 'paz dos cemitérios'.

(Carta Maior, 5º feira, 10/02/2011)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O vento girou a turbina e só a Marina não viu?

Imperdível a reportagem de Naiana Oscar e Renée Pereira no Estadão de hoje. Ela conta um pouco da revolução silenciosa que está acontecendo na geração eólica de energia no Brasil.

A cena nos programas eleitorais não é marketing, é política de Governo
“Quando comecei a oferecer nossos projetos para governos e concessionárias, parecia que eu estava recitando poesia, era coisa de desocupado”, conta na matéria o engenheiro Pedro Vial, um dos pioneiros do setor, sobre o que ocorria uma década atrás.
Hoje, relata a matéria, multinacionais de todas as partes do mundo disputam um mercado que vai gerar, dentro de três anos, metade da energia de Itaipu. Do lado brasileiro, só a Petrobras. Embora não seja tão estratégico quanto as usinas hidroelétricas, porque a produção se dá em pequenas unidades e não em megainstalações, a nossa empresa de energia tem de avançar mais no setor, até porque é lucrativo.
A matéria relata ainda a saga dos produtores de tecnologia para o setor no Brasil. A Tecsis, segunda maior fabricante de pás para geradores eólicos  do mundo foi fundada por engenheiros do Centro de Tecnologia Aeroespacial de São José dos Campos produziu,  ao longo de  15 anos de existência, 30 mil pás produzidas. Todas foram exportadas. Não havia nenhuma pá da Tecsis girando em usinas brasileiras até o início deste mês, quando os equipamentos foram inaugurados num parque eólico da Impsa, uma empresa espanhola que explora esta energia no Ceará.
Quando Dilma aparece, na propaganda eleitoral, tendo um parque de geradores eólicos ao fundo não é uma “jogada de marketing”. É o símbolo de uma visão de governo que aposta na energia limpa sem apelar para a demagogia  de dizer que vai deixar lá no fundo o petróleo do pré-sal porque petróleo é energia suja. Não dizem, é claro, que ficar lá é permanecer como reserva para as multinacionais do petróleo.
É uma visão capaz de levar a geração eólica a chegar acima de 15% de toda a geração elétrica no Brasil, sem a necessidade de usar usinas a óleo (muito poluentes) ou a gás (menos, mas também poluentes) e, sobretudo, sem a necessidade de alagar mais áreas do território, com as consequências ambientais e humjanas que isso traz. Ao lado da biomassa, é uma das mais promissoras rotas de mudança da matriz energética. E uma sinalização de que não haverá, com o pré-sal, um rebaixamento perdulário do preço dos derivados do petróleo, que não levou a desenvolvimento algum nos países produtores.
É uma visão que não faz a demagogia de apntar um “desmatamento zero” que todo mundo quer, é claro, mas que não vai ser alcançado de uma só vez, por uma canetada.
A senadora Marina Silva deveria refletir sobre isso, antes de se omitir neste segundo turno.  Quando a gente tem um sonho de futuro, precisa defendê-lo no presente.