Banco Central mantém arrocho monetário e aumenta o juro pela quarta vez seguida no governo Dilma Rousseff. Até 20 de julho, maior taxa do planeta valerá 12,25%, como apostava o 'mercado'. Substituição de Antonio Palocci, que se vendia como 'fiador' do governo junto ao sistema financeiro, desencorajou BC a tomar decisão diferente da prevista pelo 'mercado'. Para CUT, foi 'lamentável'. Para, Fiesp, 'inoportuna'.
André Barrocal
BRASÍLIA – Mesmo diante da recente queda da inflação, o Banco Central (BC) subiu a taxa básica de juros da economia brasileira pela quarta vez no governo Dilma Rousseff, nesta quarta-feira (08/06). A taxa, a maior do planeta, passou de 12% para 12,25%, em decisão unânime da diretoria do BC. O aumento, anunciado depois de dois dias de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), segue à risca o que apostava o “mercado”.
Segundo Carta Maior apurou junto à equipe econômica, a saída do ex-ministro Antonio Palocci do governo desencorajou o Copom a tomar uma decisão diferente do que esperava o “mercado”, ao contrário do que aconteceu da última vez que discutira o assunto. Como Palocci cultivava a imagem de que era uma voz “sensata” e mais ortodoxa no governo, sua substituição, combinada no mesmo dia com uma nova surpresa do BC, poderia inquietar o “mercado”.
Na pesquisa que o Banco Central realiza toda semana com cerca de 90 instituições privadas, em sua maioria ligadas ao sistema financeiro, o “mercado” apostava numa elevação do juro de 0,25 ponto percentual. Fez tal previsão mesmo tendo, pela quinta semana seguida, baixado sua expectativa para a inflação de 2011. A expectativa do “mercado” sobre a variação dos preços é um dos elementos mais importantes para o BC, na hora de decidir se mexe nos juros.
Para ao ano que vem, no entanto, a previsão do “mercado” para o reajuste de preços continua acima daquilo que o BC está perseguindo, e esse também é um fator importante para o banco. A meta de inflação de 2012 é de 4,5%, e o “mercado” prevê, hoje, um resultado de 5% no ano que vem. Em 2011, a meta também é de 4,5%, mas o BC já avisou que aceitará um resultado maior, para não sacrificar tanto o crescimento da economia.
No comunicado que divulga para se explicar sempre que discute juro, o BC deixou claro que o cenário para 2012 pesou. Segundo o texto, o banco não sabe ao certo o tamanho do desaquecimento da economia, e o cenário fora do país continua complexo, de modo que “a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012”.
As justificativas não convenceram trabalhadores e empregados. Em nota, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, chamou a alta do juro de “lamentável”, porque a inflação está sob controle e porque o aumento só beneficia “banqueiros e os ricos que têm aplicações financeiras”. Para a CUT, a promessa da presidenta Dilma Rousseff de baixar os juros para patamares internacionais é, por ora, uma “miragem”.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também criticou, em nota, a decisão e a classificou de “inadequada e inoportuna”. “Depois de cinco semanas de queda consecutiva na expectativa de inflação, da queda de 3,8% na produção da indústria paulista e de 2,1% da brasileira de abril ante março, eu gostaria de saber por que os juros ainda subiram”, diz Skaf.
O BC voltará a sentar para discutir os juros nos dias 19 e 20 de julho.
Segundo Carta Maior apurou junto à equipe econômica, a saída do ex-ministro Antonio Palocci do governo desencorajou o Copom a tomar uma decisão diferente do que esperava o “mercado”, ao contrário do que aconteceu da última vez que discutira o assunto. Como Palocci cultivava a imagem de que era uma voz “sensata” e mais ortodoxa no governo, sua substituição, combinada no mesmo dia com uma nova surpresa do BC, poderia inquietar o “mercado”.
Na pesquisa que o Banco Central realiza toda semana com cerca de 90 instituições privadas, em sua maioria ligadas ao sistema financeiro, o “mercado” apostava numa elevação do juro de 0,25 ponto percentual. Fez tal previsão mesmo tendo, pela quinta semana seguida, baixado sua expectativa para a inflação de 2011. A expectativa do “mercado” sobre a variação dos preços é um dos elementos mais importantes para o BC, na hora de decidir se mexe nos juros.
Para ao ano que vem, no entanto, a previsão do “mercado” para o reajuste de preços continua acima daquilo que o BC está perseguindo, e esse também é um fator importante para o banco. A meta de inflação de 2012 é de 4,5%, e o “mercado” prevê, hoje, um resultado de 5% no ano que vem. Em 2011, a meta também é de 4,5%, mas o BC já avisou que aceitará um resultado maior, para não sacrificar tanto o crescimento da economia.
No comunicado que divulga para se explicar sempre que discute juro, o BC deixou claro que o cenário para 2012 pesou. Segundo o texto, o banco não sabe ao certo o tamanho do desaquecimento da economia, e o cenário fora do país continua complexo, de modo que “a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012”.
As justificativas não convenceram trabalhadores e empregados. Em nota, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, chamou a alta do juro de “lamentável”, porque a inflação está sob controle e porque o aumento só beneficia “banqueiros e os ricos que têm aplicações financeiras”. Para a CUT, a promessa da presidenta Dilma Rousseff de baixar os juros para patamares internacionais é, por ora, uma “miragem”.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, também criticou, em nota, a decisão e a classificou de “inadequada e inoportuna”. “Depois de cinco semanas de queda consecutiva na expectativa de inflação, da queda de 3,8% na produção da indústria paulista e de 2,1% da brasileira de abril ante março, eu gostaria de saber por que os juros ainda subiram”, diz Skaf.
O BC voltará a sentar para discutir os juros nos dias 19 e 20 de julho.
(Carta Maior; 5º feira, 09/06/ 2011)
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