Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Folha de S. Paulo comete mais um crime contra a Liberdade de Expressão





A morte da Falha de S. Paulo é um atentado à liberdade de expressão

Nota do redator: este texto foi escrito pouco antes de, mais uma vez, a justiça se decidir, absurdamente, contra a Falha de S.Paulo, nesta manhã.
Torço pela ressurreição da Falha de S. Paulo, morta pela Folha de S. Paulo. A paródia foi abatida a tiros na justiça pelo ‘jornal a serviço do Brasil’.

Os responsáveis pela Falha não se dobraram. Hoje, o caso será apreciado pela justiça na segunda instância. Na primeira, a sentença de morte foi mantida.

Torço pela vitória da vida, e da liberdade de expressão, hoje. O otimismo é moderado, dada a diferença do poder econômico e de intimidação entre as duas partes.

Soube do caso ao escrever sobre a participação de Diogo Mainardi no Roda Viva. Vi então que um jornalista fora desconvidado pelo programa. Era ele, o editor da cassada e caçada Falha de S. Paulo.

É um caso que mereceria uma discussão na imprensa brasileira, certamente. Mas, pelo que entendo, a mídia tradicional ignorou e ignora o assunto.

O jornal conseguiu nos tribunais tirá-la do ar com argumentos jurídicos de duvidosa qualidade — se pensarmos que a Folha se autoproclama uma campeã da liberdade de expressão. A eles se juntou uma pressão econômica ignominiosa: os irmãos responsáveis pela Falha, Lino e Mário Bocchini, jovens da classe média paulistana, simplesmente quebrariam se não tirassem rapidamente o site do ar.

Notemos que nos Estados Unidos o New York Times nada fez contra a paródia Not New York Times, e como esta há copiosas histórias no mundo da imprensa.

A mídia brasileira gritou, há algum tempo, quando o jornalista equatoriano Emilio Palacio foi processado pelo governo de Rafael Correa e condenado a pagar uma multa pesada – afinal perdoada.

Palacio — arquiconservador, uma espécie de Reinaldo Azevedo de poncho, apenas com mais poder, uma vez que tinha o cargo de editor de opinião do principal jornal equatoriano — costuma chamar Correa de Grande Ditador, com maiúsculas, num absoluto desprezo não apenas ao presidente mas aos milhões de equatorianos que o elegeram não uma, mas duas vezes. A administração de Correa é, nos artigos de  Palacio, “a Ditadura”.

Sabemos o que é ditadura. Palacio seria bem menos corajoso se estivesse sob uma de verdade. Sob Pinochet, por exemplo. É, como seu duplo brasileiro, o falso herói, aquele que se voluntaria para lutar quando não há guerra. Hoje, Palacio está nos Estados Unidos, de onde continuará, bravamente, a combater a vontade de seu povo como se fosse um mártir da liberdade.

A mídia brasileira se alvoroça também com o esculacho dado à blogueira Yoani Sanchez, como se vaiá-la não pertencesse ao terreno sagrado da liberdade de expressão.

Mas nenhuma voz se ergue em defesa da Falha de S. Paulo. Vejo que o argumento para bani-la é que ela é uma ameaça à marca Folha de S. Paulo. Hahaha. Falha de S. Paulo é um apelido carinhoso que os paulistanos deram à Folha há muito tempo. Seus próprios jornalistas muitas vezes se referem assim a ela nas conversas informais. A Falha é, ou era, simplesmente uma paródia, uma brincadeira, uma comédia.

Teria feito sentido o Estado de S. Paulo, em 1921, pedir que a recém-fundada Folha de S. Paulo fosse suprimida pela semelhança do produto e pelo uso de S. Paulo no logotipo? E a AOL deveria tentar liquidar o UOL?

Foi um ato de intolerância e intimidação o que a Folha fez com a Falha, um mau momento que remete à empresa que, na escuridão espessa, sob as ordens de seu dono — Octavio Frias, que Clóvis Rossi adora dizer que era um grande jornalista  –, emprestava carros para a ditadura militar perseguir e matar opositores. Se é verdade que as pessoas podem confundir as duas pela semelhança das marcas —  uma enorme, outra composta de dois irmãos —  então a Folha tem um problema sério de conteúdo e e identidade, e ele não vai ser resolvido com a extinção da Falha.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A primavera dos amordaçados


Chego ao Brasil após uma viagem de trabalho ao exterior de duas semanas. Viagem que, agora percebo, ocultou o que estava acontecendo por aqui. Porque não se consegue sentir o pulso de uma nação estando fora dela, apesar da internet. E o que encontro é esse quadro político desalentador para qualquer cidadão sinceramente devotado a lutar para que, um dia, tenhamos uma democracia de verdade neste país.
Diria que a situação é mais do que desalentadora; é alarmante. E a gravidade dela requer medidas graves e corajosas. Alguém tem que fazer alguma coisa para interromper um processo que ameaça causar um grave retrocesso político no Brasil. Está se formando uma armadilha que, se ninguém fizer nada para desarmá-la, tem tudo para devolver o poder a falsos democratas, a gangsters que amealharam fortunas imensas durante a ditadura militar.
Detalhe: refiro-me às famílias Marinho, Mesquita, Frias e Civita, que erigiram Globo, Estadão, Folha e Veja graças a muito dinheiro público que receberam de doação da ditadura militar.
Com recursos espoliados da Nação, essas famílias ricas erigiram um aparato de propaganda política que durante décadas a fio foi capaz de seduzir corações e mentes de parcela majoritária do povo brasileiro de forma a que votasse sempre naqueles que manteriam a desigualdade de renda estarrecedora que persiste há muito, mas que, na última década, diminuiu mais do que em qualquer outro período da história recente.
Em meados da década passada, começou uma reação dessa máquina de propaganda conservadora a processo redistribuidor de renda que apenas iniciava. O governo Lula desencadeou esse processo passando por cima de um aparato político que, então, pairava acima da nação, sendo capaz de exercer pressão quase irresistível sobre a sociedade e sobre os Poderes constituídos – Executivo, Legislativo e Judiciário.
Com seu carisma pessoal, com a caneta do Poder Executivo e com a militância que reuniu em torno de si Luiz Inácio Lula da Silva fez o índice de Gini ter a maior melhora em cinqüenta anos, caindo de 0,58 para 0,50 entre 2003 e 2009 – ainda não se sabe a quanto caiu em 2010.
Para tanto, o governo anterior colocou pobres na universidade – que, antes, era exclusividade dos setores mais abastados da sociedade – como nunca antes na história deste país, tirou dezenas de milhões da miséria e fez do Brasil um player global, retirando-o das sombras em que era mantido por governantes eleitos sob influência dos países ricos.
Como se sabe – vale explicar -, o índice de Gini mede a concentração de renda nos diversos países do mundo. E é disso que se trata, de distribuição de renda. Esse é um processo traumático porque, para dar a muitos, há que tirar de poucos e esses que detêm essa parcela imensa e injusta da riqueza nacional certamente jamais aceitarão perder seus privilégios, até porque têm paixão por sentirem-se “diferenciados” ou “exclusivos”.
Essa mentalidade está nas propagandas para vender produtos aos ricos brasileiros. Cartão de banco, comércio, vivendas, bairros, restaurantes, escolas, tudo o que o dinheiro pode comprar para “diferenciar” uma parcela minúscula da sociedade do seu conjunto. E como tudo isso custa muito caro, a maioria tem que pagar para que a ínfima minoria tenha tais “exclusividades”
Lula conseguiu interromper esse processo criando oportunidades para os mais pobres e, para tanto, valeu-se apenas de sua verve, de seu carisma e da sua coragem quase sobrenatural, ou seja, de elementos de caráter de tal ordem de grandeza que o retiraram da pobreza extrema do Sertão nordestino e o levaram à Presidência da República em poucas décadas,
Esse é o exemplo e é isso o que falta ao país nessa encruzilhada histórica. Todavia, Lula e Pelé, entre outros fenômenos em diversas áreas, são prodígios que talvez este país nunca veja iguais. Por isso, haverá que criar pequenos Lulas, por exemplo. Quem sabe milhares deles em um país de milhões. Um pequeno exército de pessoas capazes de pôr um objetivo na mira e persegui-lo sem titubear e sem mudar de rumo.
Estamos em uma situação grave. A sucessora escolhida por Lula decidiu que conseguirá conviver com o sistema, fazê-lo aceitar o processo redistribuidor em curso. Nesta semana, reuniu-se informalmente com jornalistas de grandes meios de comunicação que vêm fustigando o padrinho político dela e o seu próprio governo, inclusive pedindo que o povo vá às ruas contra esse governo.
Enquanto isso, os veículos dos jornalistas que Dilma tentou amansar tratam de fustigar o partido dela, seu governo e o homem que convenceu os brasileiros a votarem nela. No mesmo dia em que a Folha noticia a entrevista concedida pela presidente, o jornal a acusa de ter permitido a instalação dos corruptos que ela ora demite do Ministério dos Transportes.
Se Lula está ou não de acordo com essa estratégia, ainda vamos saber nos próximos dias. Mas uma coisa é certa: a presidente Dilma Rousseff estancou o enfrentamento da elite conservadora que pretende arrasar o PT e seus aliados nas eleições municipais do ano que vem e retomar o poder para o PSDB em 2014.
Por outro lado, a militância que se formou em torno de Lula durante seu governo de oito anos e que levou Dilma Rousseff ao poder, está se desintegrando. A desmobilização é clara e progressiva inclusive na internet. Muitos se viraram contra o governo Dilma e tal militância passou a brigar entre si, atônita com a perda da liderança de Lula, que tenta ganhar espaço que deixou de ter quando “desencarnou” da Presidência.
Para impedir a venda da idéia de que o governo federal do PT inventou e promove a corrupção no Brasil e que a oposição tucana é a reserva moral e política da nação, que ninguém se iluda: serão necessários atos de coragem e de inteligência extremos. Esses poderes que se agigantam controlam a comunicação de massas no Brasil e não podem ser combatidos com flores.
Televisão, rádio, grandes jornais, revistas e portais de internet que encontravam resistência nesta última, em termos comunicacionais, de repente perderam a oposição. A blogosfera se desarticulou e já chega a repercutir, eventualmente, o grande noticiário moralmente seletivo, obviamente que devido à postura daquela que, pelo cargo que ocupa, é a líder política dos brasileiros e a única com espaço para se fazer ouvir.
Lula denunciava que o moralismo da mídia era seletivo e Dilma não denuncia. E como ele não é mais presidente, a mídia escolhe o que repercutir do que diz, sempre editorializando a abordagem de suas manifestações.
Enquanto isso, a imprensa que puxa os cordões dos tucanos, que se valeu deles e que pretende usá-los como despachantes da elite que concentra renda, trata de acusar o ex-presidente de desvios morais como o de ter obtido vantagens pessoais e para a própria família em um país que teve um presidente tucano que saiu do poder bem mais rico do que entrou e que jamais teve sua vida íntima questionada pela mídia.
A única saída é provar que a mídia é moralmente seletiva, ou seja, que só fiscaliza e denuncia a corrupção (verdadeira e forjada) de um lado, o do PT, e que esconde a corrupção da oposição onde ela governa, sobretudo nos Estados que se tornaram as cidadelas do PSDB, São Paulo e Minas Gerais, onde imperam os “golden boys” da direita brasileira, Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aécio Neves.
Este cidadão decidiu fazer a sua parte e engendrou um meio de mostrar à sociedade que sua imprensa moralista é, na verdade, um antro que acusa políticos realmente corruptos e outros sérios, mas só de um lado, enquanto acoberta roubalheiras muito piores de governos tucanos como o de São Paulo, Estado que tem cofres públicos muito mais cheios do que os de muitos países.
Como já foi dito, porém, será necessário um ato ousado e desesperado. É um ato que pode até custar caro a quem o empreender, mas que pode fazer a sociedade ouvir uma simples pergunta: “Por que a mídia só critica a corrupção em governos do PT e de seus aliados e não faz o mesmo com a corrupção do PSDB e dos aliados dele?”.
Fazer o Brasil se perguntar isso é o grande desafio da esquerda. Mas como fazer se os meios de comunicação de massa não permitem e a militância que se formou para sustentar o governo anterior está desmantelada, desmotivada e se desintegrando?
Este blogueiro e cidadão vem comunicar que descobriu um jeito. Alguém terá que se sacrificar, mas tem um jeito. Esse sacrifício pode fazer a militância despertar.
Diante disso, faz-se, aqui, um ultimato: ou a mídia trata os políticos de todos os partidos da mesma forma ou alguém irá se sacrificar e desencadear um processo que fará o país se perguntar por que ela protege o PSDB enquanto ataca o PT, e que interesse ela pode ter para colocar os conservadores de volta no poder. O que pretende ganhar com isso ou o que pode ganhar com isso.
Quem acha que isto é um blefe pode pagar para ver – e, particularmente, julgo que irão pagar. Julgo firmemente que ninguém acreditará em que é possível que uma iniciativa isolada possa fazer o país se questionar sobre o moralismo seletivo das famílias Marinho, Frias, Mesquita e Civita. Então fiquem atentos, companheiros, porque setembro está chegando e trará a primavera aos amordaçados.

sábado, 9 de julho de 2011

Movimento separatista de SP sai do armário. Parece pouco mas não é

Escondidos devem estar o "seu" Frias e um Mesquita (foto do G1)

Saiu no G1:

Movimento separatista faz marcha em São Paulo


Movimento República de São Paulo comemorou o dia 9 de Julho.


‘É preciso resgatar o orgulho de ser paulista’, disse a presidente do MRSP.


André Luís Nery

Do G1, em São Paulo


Membros do Movimento República de São Paulo (MRSP), que defende a independência de São Paulo em relação ao restante do Brasil, realizaram neste sábado (9), data em que se comemora a Revolução Constitucionalista de 1932, uma marcha na capital paulista.


Como o grupo era pequeno, os integrantes caminharam pela calçada, saindo do Masp em direção ao Parque do Ibirapuera. A polícia escoltou os participantes da marcha.


“É um movimento separatista, mas estamos aqui hoje para lembrar os heróis de 1932″, disse Luciana Toledo, presidente do MRSP.


Ela também negou que o grupo seja racista ou xenófobo. “É uma questão de independência, mas não tem cunho racista”, acrescentou. “É preciso resgatar o orgulho de ser paulista”, ressaltou a presidente do MRSP.


Parece uma meia dúzia de gatos pingados, mas não é.
Lá dentro, no fundo da alma da elite de São Paulo, que o PiG (*) expressa com fidelidade, o sentimento xenófobo é visível a olho nu.
A elite de São Paulo, como diria o Billy Blanco – clique aqui para ler a homenagem que este blog prestou ao Gilmar -, não fala com pobre, não dá a mão a preto e não carrega embrulho.
E detesta nordestino.
O movimento vem desde o Partido Republicano Paulista, no fim do século XIX.
E embainhou a espada em 1932, com a “Revolução (sic) Constitucionalista (sic)” que queria derrubar Getúlio Vargas e re-instalar um presidente paulista.
Levou uma surra.
Ou melhor, não levou.
Correu antes de levar.
A Intentona Separatista de 32 contou, como se sabe, com a insuperável colaboração do “seu” Frias, dono da Folha (**), e dos Mesquita, que terceirizaram o Estadão.
Os dois, igualmente derrotados, até hoje
Não se iluda, amigo navegante.
Os gatos pingados são muitos.




Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Internet nunca substituirá o jornal

O jornal impresso, como sempre o conhecemos,
realmente não poderá ser substituído pela internet.
A seguir alguns dos importantes usos do jornal:
Uso doméstico:
Amadurecer banana, abacate...
Recolher lixo.
Limpar vidros.
Dobradinho, serve para alinhar os pés da mesa.
Embrulhar louças na mudança.
Recolher a sujeira do cachorro.
Forrar a gaiola do passarinho.
Cobrir os móveis e o piso antes de pintar a casa.
Evitar que entre água por baixo da porta.
Proteger o piso da garagem quando o carro está vazando óleo.
Matar moscas, baratas e demais insetos.
Na época da crise econômica, usá-lo como papel higiênico, mesmo que seja um pouco duro.
Uso educativo:
Bater no focinho do cachorro quando faz xixi dentro de casa.
Fazer barquinhos de papel.
Arrancar um pedacinho em branco para anotar número de telefone.
Usos comerciais:
Alargar o sapato.
Rechear bolsas para conservar a forma.
Embrulhar peixes.
Embrulhar pregos na loja de produtos para construção.
Fazer um chapéuzinho para o pintor ou para o pedreiro.
Cortar moldes para o alfaiate ou para a costureira.
Embrulhar quadros.
Embrulhar flores.
Uso festivo:
Acender a churrasqueira.
Rechear a caixa de presente-surpresa.
Outros Usos:
Para os sequestradores usarem suas letras nas cartas.
Fazer bolinhas para jogar nos companheiros de classe.
Fazer uma capinha para o machado ou foice.
Fazer proteção na cabeça para não estragar a chapinha quando estiver garoando.
Nos filmes, para os bandidos esconderem o revólver.
Para esconder-se atrás dele quando não quiser que te vejam.
Ah!!!!!!
E por último:
para ler as notícias.
Agora responda, você consegue fazer
tudo isso com o computador?
Vi no TãoGomes

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O “nacionalismo” naval da Folha está furado

Quando a gente fala que a mídia manipula a informação, não está dizendo que ela mente.
Está dizendo que distorce, aumentando um lado, reduzindo o outro.
Vejam o caso da manchete – e mais quase toda uma página  interna da edição de hoje da Folha de S. Paulo.
“90% das plataformas de petróleo são compradas no exterior”
Aí vem a conta marota.
Como foram compradas 22 plataformas e, destas, só três foram integralmente construídas aqui, tem-se que 3/22 é igual a  13,6%. E então, 87% dão estrangeiras. Arredondando, 90%, não é?
Aí você, pacientemente, lê toda a matéria. A repórter Leila Coimbra jamais escreve a expressão 90%, senão uma vez, para dizer que das  48 plataformas da petroleira privada OSX, 90% serão construídas no Brasil, no estaleiro que o grupo empresarial de Eike Batista está começando a construir no Porto do Açu, em sociedade com a sul-coreana Hyundai Heavy Industries, e que será, segundo os planos, o maior estaleiro das Américas.
Como a empresa já achou e extrai petróleo, é óbvio que ela não iria esperar ficar pronto o estaleiro e que o estaleiro produzisse as plataformas, não é? Até porque, é evidente, um estaleiro não é simples como “fazer um puxadinho” e construir uma plataforma não é fazer um toldo de varanda. Portanto, nada mais natural que, na fase inicial, ela comprasse quatro plataformas em estaleiros que fazem uma atrás da outra.
Mas vá lá, é uma empresa privada e, se a Folha não se incomoda em que a Vale – segundo ela, empresa privada também, embora o estado tenha a maioria das ações do consórcio controlador – faça navios lá fora, é estranho que se incomode com o fato de a OSX fazê-lo. E, como se viu, nem é o caso.
Bom, sobram então, dos 15 equipamentos utilizados no gráfico que ilustra a matéria, 11 equipamentos pertencentes à Petrobras, e só três deles  feitos no exterior: a TLP-61 e os navios-plataforma (FPSO) Santos e Angra dos Reis.
E por que? Os dois FPSO foram comprados porque se destinam aos sistemas definitivos de exploração dos campos de Tupi e Lula, os primeiros do pré-sal. Eles substituem outros, afretados no exterior, que fizeram os testes de longa duração, mas que não têm capacidade de suportar o megavolume – 100 mil barris/dia – que os poços terão na sua operação comercial.  Foi, portanto, uma opção de velocidade na entrada de operação do pré-sal.
Opção que, de forma alguma, substitui ou reduz o empenho da Petrobras em desenvolver a indústria naval e petrolífera nacionais. Tanto que os FPSO apontados como tendo “parte nacional, parte estrangeira” são, na sua maioria, cascos comprados e reformados estruturalmente no exterior – eles têm previsão de ficarem ancorados no poço por 20 anos, não podem vir á terra para pequenos reparos – e convertidos aqui em navios-plataforma. O P-58 está no Estaleiro Estaleiro Rio Grande – que vai fazer oito outros FPSO, chamados “replicantes” – e o P-52 no Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco. Lá, também, será sendo feito o “Cidade de São Paulo”, que tem apenas o casco importado da China.
Aliás, uma das características comuns a muitos navios-plataforma do tipo FPSO é serem construídos, por opção econômica, a partir de cascos de antigos navios petroleiros de grande capacidade – os chamados VLCC, Very Large Crude Carriers – que não são mais competitivos como navios de longo curso mas que se prestam perfeitamente – por sua enorme capacidade de tanques -  à operação quase estacionária de um navio-plataforma. Daí a necessidade de reforma do casco, em geral em dique seco, para reforçar suas características estruturais. O complexo não é o casco, mas a construção de uma plataforma de petróleo sobre ele.
E a TLP-61? É simples, é uma plataforma de um tipo diferente, pioneira no Brasil. E não está sendo feita no exterior, não.  Está sendo feita no Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis.
Mas, como é uma plataforma de outro tipo, diferente de todas já utilizadas pela Petrobras, a execução do projeto implicará a utilização de uma balsa especial para a etapa de mating (acoplamento do casco ao convés). A balsa existente no Brasfels, utilizada na construção de P-52, P-51 e P-56, não se encaixa à P-61, por que a  distância entre  suas colunas é menor do que em plataformas semissubmersíveis, como as que usa a Petrobras.  Assim, a nova balsa será construída no estaleiro da Keppel Fels em Singapura, junto com uma parte do convés e dos topsides da plataforma, que chegam ao estaleiro brasileiro no fim deste ano.
Agora, se a Folha se preocupa tanto com a questão da nossa capacidade de construir aqui plataformas para a exploração de petróleo, ao ponto de dedicar uma capa do caderno de economia à nossa “incapacidade” de fazê-las, porque dedicou, no dia da inauguração da P-52, no início deste mês, a plataforma com maior índice de nacionalização já alcançado (73%), apenas dois parágrafos de uma pequena matéria, como voc~e pode ver na reprodução publicada aí ao lado?
Seria isso o que o neoacadêmico Merval Pereira disse outro dia, desqualificando os blogs, a “capacidade de hierarquizar a notícia” da grande mídia?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A conta da lua-de-mel



Já dizia Milton Friedman, economista americano da famigerada Escola de Chicago, prêmio Nobel de economia em 1976 e inspirador da política econômica do ditador chileno Augusto Pinochet: “Não existe almoço grátis”. Eis que, assim, está sendo apresentada à presidenta Dilma Roussef a conta do idílio que, ao que se sabe, acreditou que poderia manter com a elite.
Não faltou esforço, de parte da presidenta, para enterrar a guerra entre governo e imprensa que vigeu durante o governo Lula. E agora, meses depois do início deste governo, o blog já tem condições de oferecer um relato fundamentado dos bastidores do atual governo no que diz respeito à sua relação com essa elite midiática.
Antes de prosseguir, é bom que fique clara uma coisa: todas as informações de que disponho foram obtidas em “off” e, assim, as fontes não serão citadas. Todavia, é possível garantir que as suas informações foram confirmadas e reconfirmadas.
Dilma Vana Rousseff, 63 anos, mineira, assumiu a Presidência da República Federativa do Brasil em 1º de janeiro de 2011 convencida de que não havia razão outra para a guerra político-midiática que permeara o governo que integrou e que acabara de terminar que não fosse produto de mera picuinha entre oposição, mídia e Lula.
Dilma se decidiu, pois, a apagar a chama do ódio e do ressentimento. E foi dessa decisão que agora decorrem os incríveis problemas políticos que está vivendo ainda no quinto (!!) mês de seu governo de quatro anos, que todos já podem mensurar o que pode vir a ser…
Observação: segundo disse Lula na terça-feira em encontro com parlamentares do PT, o que pode ser o governo Dilma é ele vir a ter que “se arrastar” pelos próximos quatro anos caso a mídia, a oposição e ex-apoiadores de Dilma, decepcionados com ela, consigam derrubar Palocci.
Tudo começou com o mutismo de Dilma logo após ela assumir a Presidência – e que persiste enquanto o circo pega fogo. Em seguida, coroando uma decisão questionável daquela que deveria estar em festa com seu povo e compartilhando com ele o seu início de governo, a presidenta decidiu deixar Brasília e ir fazer um gesto de boa vontade ao pior inimigo que teve, ao lado de Lula, durante os anos anteriores.
A ida de Dilma à festa de 90 anos da Folha de São Paulo e as palavras elogiosas que teceu ao patriarca morto da família Frias já prenunciavam o que ocorreria dali em diante, uma pretensa relação de quase afetividade com os seus algozes durante o governo Lula.
Não se cuidou tão somente de afagar a imprensa que durante seis dos oito anos da Presidência lulista a fustigara sem dó, piedade ou limites. Havia que acarinhar, também, a oposição, em uma vã esperança de conseguir um armistício impossível, mas que, vigendo, permitir-lhe-ia levar a cabo o seu edificante projeto de extirpar a miséria do Brasil.
Naquele momento, Lula relutou em corrigir a presidenta. Consta que chegou a achar que ela tinha razão, que fora a sua verve (dele mesmo) que rendera os problemas políticos que o seu governo enfrentara.
Apesar da campanha de desmoralização de Lula que corria simultaneamente à lua-de-mel entre Dilma e a direita midiática, com convites ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e elogios desabridos que a presidenta recebia dos jornais dia sim, outro também, tudo parecia caminhar para uma benfazeja distensão política no Brasil.
Quem pode culpar Dilma por querer distensão? Já há semanas que o Brasil está paralisado pelo caso Palocci. O prejuízo para a agenda pública se fez sentir na recente aprovação do Código Florestal, que, quase unanimemente, verifica-se um desastre justamente por falta de um debate que submergiu diante da volta do denuncismo seletivo e partidarizado.
E agora que o governo está sob a ameaça impensável de virar presa na temporada de caça a seus ministros e expoentes, Dilma verifica que medidas tomadas na área de comunicação para distender as relações com a direita midiática a deixaram com muito menos aliados. Sobretudo na internet, a arena mais dinâmica do debate político, atualmente.
Que medidas foram essas? Por exemplo, na Secom. A nova ministra da Secretária de Comunicação Social da Presidência da República, Helena Chagas, esteve entre os conselheiros de Dilma para distender as relações com a mídia e a oposição, enquanto que seu antecessor, Franklin Martins, saía de cena, tendo sido visto como um fomentador de confusão.
Franklin Martins, que estabeleceu pontes com a blogosfera progressista na era Lula, cedeu lugar a uma direção da Secom voltada a não se meter com esses “blogueiros encrenqueiros”. Para que se tenha uma idéia, a pessoa que comanda o Blog do Planalto acha que blog é coisa de “adolescente”… Precisa dizer mais?
Helana Chagas é uma excelente pessoa. Íntegra, sensata, inteligente. Não lhe falta competência. Este blogueiro esteve consigo durante a Confecom, em dezembro de 2009, aliás. E só fez confirmar a boa impressão que já tinha dela.
Todavia, tanto Dilma quanto Helena não tinham – e continuam não tendo – a experiência de Lula e de um Franklin Martins no trato com essa direita demente que infecta o Brasil. Não é por outra razão que um e outro estão sendo recrutados a coordenarem a reação ao que já ameaça se tornar o “mensalão” de Dilma.
Tudo muito parecido. Os petistas e simpatizantes “decepcionados” são o maior sintoma. A maioria, aliás, é composta por pessoas de boa fé, que, como as de má fé, já dizem as mesmas frases moralistas sobre Palocci que uma Eliane Cantanhêde, um Reinaldo Azevedo e companhia limitada.
Verifiquem os posts do blog sobre o assunto e verão trolls de direita e gente séria e que defendeu Lula com unhas e dentes dizerem as mesmas coisas sobre Palocci, sobre “ética” etc. E vejam os trolls se passando por petistas arrependidos, o que já dificulta identificar quem é quem em centenas de comentários.
Para coroar a dissertação, vale prestar atenção na cobrança da conta da lua-de-mel entre Dilma e a direita midiática. As gentilezas, os elogios, em fevereiro já se dizia por aqui que seriam usados como “prova” de que a imprensa golpista teve boa vontade com Dilma, mas seu governo não soube honrar o voto de confiança.
O colunista da Folha de São Paulo Janio de Freitas já apresenta a fatura à presidenta, hoje:
“Excetuado Fernando Henrique Cardoso, e por motivos óbvios, Lula [que criticou a mídia no caso Palocci] não demonstraria que algum outro presidente, desde o fim da ditadura de Getúlio, fosse tratado [pela mídia] com mais consideração pessoal e cuidado crítico do que Dilma Rousseff em seus cinco meses iniciais”
O ex-presidente tem toda razão quando diz que a queda de Palocci seria um imenso desastre. Cinco meses de governo. Se conseguirem derrubar Palocci tão cedo – a guerra contra Lula começou no terceiro ano de seu primeiro mandato –, estará aberta a porteira. E quem diz não é este blog, mas aquele que já é considerado o maior estrategista político do Brasil.
Não depende mais de nós, formiguinhas da política, fazer alguma coisa. Dilma tem que decidir se quer passar os próximos quatro anos discutindo a avalanche de acusações e picuinhas que vem por aí ou se, como fez Lula, atuará para dar à sua base de apoio na sociedade as condições de ajudar a fazer o país seguir avançando.
Os blogueiros “encrenqueiros”, por exemplo, nunca dependeram do governo. Apenas acreditaram que, ao apoiarem Lula, estavam apoiando o Brasil. Se não fosse a ressonância que as suas aspirações encontraram em seu governo, porém, não teriam podido ajudar. Mas ninguém pode ajudar quem não quer ser ajudado.
Para não terminar em tom de apocalipse este texto, porém, há que dar uma boa notícia: o país real, essa nação que trabalha, estuda, progride, anseia, sonha – que pulsa, enfim –, não está nem aí para a politicagem. Está subindo na vida. O problema é se a sabotagem conseguir paralisar o governo. Aí, o mundo da fantasia da política se materializará no mundo real.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mino: Serra é o último apóstolo de Cristo. E o ódio une o PiG



Diz Mino Carta: 

Os meus estarrecidos, porém lúcidos botões cuidam de me informar: os senhores todos continuam a querer um país de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem povo, o tal de demos, como avisava Raymundo Faoro, o grande pensador, que faz falta não somente a mim. E não deixa de representar fenômeno extraordinário como o candidato José Serra se encaixou à perfeição no seu papel de udenista da última hora, de sorte a ganhar, de forma ainda mais clara que em 2002, o suporte da mídia de uma nota só.


Há momentos sublimes na interpretação do candidato tucano. Ele se prontifica a deglutir hóstias sagradas e se apresentar como derradeiro apóstolo de Jesus Cristo. Enquanto isso, a mídia concretiza a mais ampla, geral e irrestrita conciliação elitária da nossa história, na qual este gênero de arreglo invariavelmente nasceu do ódio à maioria e representou um capítulo fatal.


Recordo um debate entre figuras da imprensa, organizado em fins de 1976 por Ruth- Escobar no seu teatro paulistano. Inicialmente proibido pela ditadura por causa da minha presença entre os debatedores (incrível, não é mesmo?) e enfim liberado duas semanas após porque me caberia apenas o papel de moderador.


E o moderador, lá pelas tantas, perguntou a Ruy Mesquita, também presente, por que, diante da censura, os donos das empresas midiáticas não se tinham unido para protestar, assim como em uníssono haviam invocado o golpe. Ruy respondeu ser impossível um entendimento entre famílias tão díspares quanto Mesquita, de um lado, e Marinho, Frias, Nascimento Brito e Civita do outro. Pois agora, na esteira da candidatura Serra, e para espanto meu e dos meus botões, é possível.


Clique aqui para ler a íntegra no site da Carta Capital.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A ùltima chace de Serra


Posted by eduguim on 8/01/10 � Categorized as Opinião do blog
Deus sabe como repudio a hip�tese de algu�m como Jos� Serra se tornar presidente da Rep�blica. Considero esse homem um perigo para o pa�s. Se vencesse a elei�ão, o Brasil seria atirado em uma aventura imprevis�vel. Vaidoso e truculento, mostrou-se irrespons�vel a ponto de escolher um sujeito de cabe�a vazia para ocupar uma posi�ão em sua campanha como a de candidato a vice-presidente, sujeitando o pa�s ao risco de ser governado por essa pessoa em caso de se eleger presidente.
Contudo, o que me entristece e desanima � assistir a uma campanha eleitoral como a que temos tido at� aqui, ainda que a campanha em si s� comece, para o conjunto da sociedade, a partir do in�cio do hor�rio eleitoral na televisão, acima de tudo. Acho que o Brasil merecia uma campanha melhor, com uma discussão s�ria sobre o rumo do pa�s nos pr�ximos anos.
Temos essa riqueza imensa que � o pr�-sal para explorar, por exemplo, o que nos gera o magn�fico problema de termos que discutir como investir e distribuir as centenas de bilhões de d�lares que ainda brotarão da explora�ão dessa cornuc�pia dourada com que a natureza nos presenteou. Temos uma economia robusta e organizada que precisa continuar sendo gerida com a mesma competência com que tem sido at� aqui para que possamos melhor aproveitar janela de oportunidade tão larga que a na�ão tem diante de si.
Em vez disso, qual � a discussão com que o candidato tucano e seus jornais, revistas, televisões, r�dios e portais de internet têm brindado a sociedade? A discussão que dominou a imprensa amiga do tucano e o discurso dele durante todo o primeiro semestre foi, como tem sido h� vinte anos, em torno de bobagens ideol�gicas e politiqueiras sobre o PT, Lula e, sobretudo, Dilma, persistindo na t�tica que tantas vezes se mostrou ineficiente de desmoralizar os advers�rios estigmatizando-os como corruptos, desleais e at� pervertidos.
Na semana que termina, a �menina do J� L�cia Hippolito teve uma nota sua publicada no blog do Noblat a qual dizia que o que o povo quereria, em campanhas eleitorais, supostamente seria �sangue�, ou seja, baixarias, acusa�ões, arranca-rabos. O blogueiro excluiu o post pouco depois de ter sido publicado. Todavia, o texto revela o que se passa na cabe�a dessa gente, a cren�a fundamentalista da direita na burrice popular, o desprezo que a elite nutre pelo povo.
Essa gente est� redondamente enganada. Serra, principalmente. At� pode ter sido assim, um dia, mas hoje não � mais. Estão confundindo a mentalidade embotada do povo de São Paulo, a parcela da popula�ão brasileira mais exposta à imprensa tucana em todo pa�s, com a do resto da sociedade brasileira.
At� faz sentido que São Paulo destoe tanto do resto da Federa�ão. Foi dos Estados que menos colheram os benef�cios do boom econ�mico e social brasileiro, e isso se deu por for�a da �ncora tucana, de interesses pol�ticos que impedem o meu Estado de aproveitar tudo o que o governo federal ofereceu ao resto do pa�s desde 2003.
O mais ir�nico do fundamentalismo pol�tico paulista � que, ao adotar uma postura irracionalmente raivosa em rela�ão ao metal�rgico al�ado à Presidência, o povo de São Paulo p�s no governo do Estado um grupo pol�tico composto pela direita mais atrasada e truculenta do pa�s, um bando de fan�ticos que busca reproduzir o que h� pior na feroz direita norte-americana. Gente avessa a distribui�ão de renda, que chama o Bolsa Fam�lia de �bolsa-mis�ria�, que odeia nordestinos e negros, que promove cruzadas na m�dia e no judici�rio para impedir negros pobres de irem à universidade�
As chances de Serra diminuem de forma tão dr�stica e acelerada porque quanto mais a t�tica do medo e da difama�ão pela m�dia fracassa, mais ele insiste nela, mais obriga a imprensa conservadora, que vê nele uma amalucada �t�bua de salva�ão� da elite que concentra renda, a promover essas campanhas de desmoraliza�ão da advers�ria. Nesse processo, excessos como o de caricaturar Dilma Rousseff como prostituta ou o de chamar o partido dela de �narcotraficante� acabam sendo inevit�veis, mostrando ao povo que não deve esperar do candidato conservador que se proponha ao debate s�rio sobre os rumos do pa�s.
Mas não precisa ser assim. Serra tem a possibilidade de sair desta campanha eleitoral at� maior do que entrou, mesmo que não ven�a a elei�ão. Poderia preservar� Ou melhor, preservar, não, mas lustrar a pr�pria biografia, j� que, como est� hoje, não � l� muito edificante. Como ele poderia fazer isso? Meramente dando ao pa�s um debate eleitoral decente, civilizado, respeitoso, que mostrasse estar preocupado em oferecer à sociedade um caminho alternativo claro.
Entretanto, j� virou um tru�smo dizer que Serra não tem o que propor ao pa�s, at� porque muito do que o seu projeto pol�tico encerra não � do interesse da sociedade, sendo um projeto de interesse das castas sociais brasileiras para redirecionarem o desenvolvimento para o Sul e para o Sudeste do pa�s e para os interesses das grandes corpora�ões empresariais, que, não por outra razão, em eventos durante o ano declararam apoio irrestrito ao tucano, conforme o farto notici�rio dispon�vel revela.
Na falta do que propor, o candidato do PSDB à Presidência se torna dependente de sua rela�ão com as fam�lias Marinho, Civita, Mesquita e Frias e algumas outras menos importantes, donas de imp�rios de comunica�ão colocados a servi�o do tucano para desmoralizar os advers�rios.
Esses grupos empresariais de comunica�ão, pela vez deles, dependem de produzirem resultados pol�ticos para os aliados como forma de preservarem a influência que sempre exerceram sobre o poder no Brasil e que lhes permitiu se tornarem as potências econ�micas que se tornaram, com milhares de empregados e faturamentos na casa das centenas de milhões de reais.
A �ltima chance de Serra não � nem a de vencer a elei�ão, pois não consigo enxergar este povo se arriscando a p�r de novo no poder um grupo pol�tico que, quando governou, causou tanto sofrimento. � a chance de manter a dignidade na derrota e de não destruir o PSDB, ao menos, j� que o DEM est� com os dias contados. Serra pode usar a campanha eletoral na TV para debater problemas s�rios que o pa�s tem como o de não poder baixar os juros ou o de continuar sendo tão desigual.
Contudo, � um debate que não est� ao alcance do tucano simplesmente porque contraria os interesses que ele representa e dos quais se propõe a ser mero despachante. Na impossibilidade de discutir o que interessa aos brasileiros, embrenha-se nesse matagal ideol�gico que não comove praticamente ningu�m no Brasil. Ironicamente, portanto, Serra não ter� como usar a �ltima chance que tem de encerrar sua carreira pol�tica de forma menos pat�tica.