Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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domingo, 8 de setembro de 2013

Onde está a indignação contra a violação da soberania nacional? ESPIONAGEM DOS EUA INVADIU COMUNICAÇÕES DA PETROBRAS


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8 de setembro de 2013 | 07:00

Esse é um daqueles artigos que merecem rodar por todos os principais sites e blogs políticos do país.
Os patriotas que aliviam para a CIA
Por Saul Leblon, na Carta Maior
O governo brasileiro deve um pronunciamento à Nação sobre as violações cometidas pelo serviço de espionagem dos EUA contra o país.
Não há motivo para subtrair à sociedade aquilo que já está em mãos indevidas, fervilha nos bastidores e é intuído do noticiário.
A CIA recolheu ilegalmente e compartilhou, para uso comercialmente desfrutável, dados reservados e informações estratégicas, estas sobretudo de natureza econômica, configurando-se um ato evidente de transgressão de soberania.
Ademais de roubo, puro e simples de segredos comerciais.
A afanosa invasão, como outras mundo afora –ou não havia interesse no petróleo iraquiano?– faz-se acompanhar do inexcedível traço imperial.
Sempre em nome da luta contra o terrorismo, não se poupou, sequer, o circuito de informação no âmbito da Presidência da República brasileira.
Violou-se correspondência eletrônica reservada da Presidente Dilma.
Aparelhos celulares de seu uso exclusivo foram grampeados; mensagens capturadas. Quem garante que os de acesso particular não sofreram idêntico tratamento?
Não há limites.
Tudo feito com a complacência ou a parceria pura e simples de residentes. Empresas, inclusive.
Carta Maior já havia demonstrado, em reportagens exclusivas e exaustivas, em julho último, o intercurso entre espionagem e corporações norte-americanas no Brasil.
No caso, o protagonista era uma das maiores corporações de consultoria do mundo.
Contratada no governo FHC para ‘pensar’ planos estratégicos, a Booz Allen, na qual trabalhava o ex-agente da CIA, Edward Snowden, operou no Brasil pelo menos até 2002.
De um lado, como guarda-chuva de uma base de espionagem da CIA no país.
Simultaneamente, como mentora intelectual de uma série de estudos e pareceres, contratados pelo governo do PSDB.
O objetivo era pavimentar o alinhamento carnal do mercado brasileiro com a economia dos EUA. Tracejar a free way da ALCA.
No acervo desse ‘impulso interativo’ listam-se estudos como o dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento.
Realizados por um consórcio lierado pela Booz Allen, sugestivamente receberiam o nome fantasia, bote fantasia nisso, de “Brasiliana”.
Dois eixos centrais da adesão tucana ao desenvolvimento dependente e subordinado beberam desse manancial: o “Brasil em Ação” e o “Avança Brasil”.
A versátil Booz-Allen teria, ainda, robusta influência na reforma do sistema financeiro nacional.
A ênfase nas privatizações de bancos públicos obedecia a diretriz predominante então, de adesão incondicional à supremacia das finanças desreguladas.
O que antes era lubrificado assim, por uma identidade de propósitos e a natureza gêmea dos governos dos dois lados, hoje só se viabiliza na violação delinquente de informações que lastreiam o poder de Estado e o poderio econômico da Nação.
Um foco prioritário do grampo é o pré-sal. As petroleiras internacionais querem saber se a regulação soberana das maiores reservas descobertas no planeta, no século XXI, tem lastro político e financeiro para se sustentar.
Ou por outra, se os índices de nacionalização que guarnecem o impulso industrializante embutido na regulação do pré-sal vieram para ficar.
Interessa, naturalmente, o calendário da exploração, o fôlego da Petrobrás para assumir a condição de parceiro cativo em qualquer poço, ademais das avaliações sigilosas das novas descobertas em curso.
Enfim, tudo o que possa ser útil à apropriação da maior faia possível de uma riqueza estimada, por enquanto, em até 60 bilhões de barris.
Leia-se esse número seguido da informação de que a matriz energética do planeta ainda depende 57% do petróleo.
O resultado explica a gula que ordenou as violações, o despudor das escutas palacianas e a ousadia das decodificações perpetradas pela espionagem gringa.
Embora revelados originalmente pela TV Globo, de conhecidas tradições, avulta desse episódio a reação lhana e a cordura no trato que o assunto mereceu da parte de colunistas da indignação seletiva.
A exemplo deles, nenhum editorial, salvo engano, tampouco manchetes garrafais foram hasteadas no alvorecer nacional, com as cores da indignação patriótica.
Animadoras de programa de culinária não trocaram o colar de tomate pela túnica verde amarela para protestar contra Obama.
Uma sigla dotada de forte simbologia antipopular como a CIA foi poupada na identificação do braço operante da espionagem contra o país.
Em plena Semana da Pátria, a americanofilia do jornalismo embarcado aliviou para a CIA.
Não se diga que se trata de um traço constitutivo de serenidade editorial.
Recorde-se, por exemplo, a reação beligerante da emissão conservadora em maio de 2006, quando a Bolívia decidiu nacionalizar a exploração dos negócios de petróleo e gás no país.
O presidente Evo Morales ordenaria a ocupação pelo Exército dos campos de produção das empresas estrangeiras no país, entre elas a brasileira Petrobras.
Colunistas de brios nacionalistas até então desconhecidos, desembainharam seu amor recolhido pela estatal criada por Getúlio.
E cobraram do então governo Lula uma intervenção enérgica contra o atrevimento boliviano.
Respingava da ira espumante o desejo incontido de uma invasão reparadora.
Idêntico brado varonil ecoa com regularidade, sempre que se trata de cobrar do governo ‘petista’ uma respostas às medidas protecionistas adotadas pela Casa Rosada, para preservar o que restou da manufatura argentina depois de Menem & Cavallo.
Nem é preciso regredir tanto no calendário.
Tome-se o paradoxo dos dias que correm, protagonizado por jalecos corporativos, americanófilos golberianos e colunistas de baixa densidade intelectual, mas enorme disposição servil.
Formou esse pelotão uma verdadeira trincheira de animosidade ‘patriótica’ contra a ‘invasão negreira’, assim denominado o desembarque dos doutores cubanos engajados no programa ‘Mais Médicos’.
Pendores nacionalistas desconhecidos até então emergiram à flor da pele.
A aguerrida defesa da extensão dos direitos trabalhistas aos visitantes ecoava das mesmas gargantas, ásperas, de tanto requerer a extinção desse usufruto ao assalariado nacional.
A ausência do mesmo arrojo patriótico, quando o assunto é o estupro de sigilos nacionais por uma potencia de conhecidas tradições no ramo da sabotagem e derrubada de governos, soaria apenas desconcertante.
Não fosse também oportuno para discernir no interior do nacionalismo etéreo que reveste o 7 de Setembro, aquilo que, de fato, é o interesse do povo brasileiro, daquilo que se comete em seu nome.
O nacionalismo renova sua pertinência histórica quando associado à defesa da verdadeira fronteira da soberania no século XXI: a justiça social.
Postado por Saul Leblon às 06:14
Por: Miguel do Rosário


segunda-feira, 5 de março de 2012

Demóstenes Torres sumiu da mídia

Nenhuma manchete na Folha ou no Estadão. Nenhum comentário no Jornal Nacional da TV Globo. Nenhuma chamada de capa na Veja. Mistério! Será que o senador Demóstenes Torres (DEMo-GO), assíduo freqüentador da mídia nativa, morreu ou encontra-se desaparecido? Como "paladino da ética", o líder dos demos não tem nada a falar sobre a Operação Monte Carlo da Polícia Federal?
Na quarta-feira passada (29), agentes da PF efetuaram a prisão de Carlos Augusto Ramos, o famoso Carlinhos Cachoeira. Um dos maiores mafiosos do país, o bicheiro explorava uma rede de caça-níqueis e de cassinos ilegais em cinco estados brasileiros. Apenas em Goiânia e Valparaíso, nas cercanias de Brasília, os seus cassinos rendiam cerca de R$ 3 milhões por mês.
As relações políticas do mafioso
Com base nos documentos apreendidos e em 200 horas de escutas telefônicas, a Operação Monte Castelo concluiu que Carlinhos Cachoeira possuía forte influência na política goiana. Ela mantinha jornalistas na sua folha de pagamento, contava com uma rede de espionagem ilegal e nomeou vários integrantes para a área de segurança (segurança!) do governo tucano de Marconi Perillo.
Além disso, os grampos autorizados pela Justiça revelaram várias conversas do mafioso com o “ético” Demóstenes Torres, líder do DEM no Senado. De acordo com as investigações, em julho do ano passado Carlinhos Cachoeira deu um generoso presente de casamento para o senador goiano: uma cozinha completa. Há indícios também de financiamento ilegal de campanhas eleitorais.
O pitbull da Veja ficou mudo
Até agora, o demo só confessou a sua relação com o bicheiro. “Sou amigo dele há anos. A Andressa, mulher dele, também é muito amiga da minha mulher”. Mas, pobre inocente, disse desconhecer suas práticas mafiosas. “Depois do escândalo Waldomiro Diniz, eu pensei que ele tivesse abandonado a contravenção, e se dedicasse apenas a negócios legais”. O demo mais nada falou e sumiu!
A mídia venal, por sua vez, parece disposta a fazer o mesmo. Quer sumir com o escândalo, abafá-lo. Até quem vivia bajulando o líder do DEM está quieto. Reinaldo Azevedo, o pitbull da Veja, já chegou a exaltar “a coragem de Demóstenes” no combate à “corrupção lulopetista” e às forças de esquerda. Num texto recente, o metralha da mídia do esgoto escreveu:
“Rigor penal contra o crime”
“Admiro a sua atuação política, como sabem os leitores deste blog. Nem sempre concordo com ele. Mas sempre lhe reconheço a argumentação consistente e corajosa... Demóstenes afirma, e eu concordo, que um dos males do país são as oposições, muitas vezes, querem se parecer com o governo. Defende, entre outras tantas, maior rigor penal contra o crime...”.
Será que Reinaldo Azevedo vai defender agora “maior rigor penal contra o crime”, a começar pela cassação do mandato do demo?
No Blog do Miro

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

VEJA quer calar a democracia ?


Marcelo Semer
Terra Magazine

Tolice suprema, coleção formidável de bobagens, condoreirismo cafona.

Com esses e outros adjetivos ainda piores, o jornalista Reinaldo Azevedo iniciou, em seu blog, uma onda de ataques da revista VEJA à Associação Juízes para a Democracia (AJD).

Nos posts que buscavam detonar a associação por uma nota crítica à ação da Polícia Militar na USP, sobrou até para os educadores que seguem Paulo Freire: "idiotas brasileiros e cretinos semelhantes mundo afora".

O nível do artigo já se responde por conta própria.

Todavia, na edição impressa que veio às bancas no sábado último, o editor-executivo da revista subscreveu um texto que, sem qualquer constrangimento ou escrúpulo político, comparou a associação a um tribunal nazista.

O descompromisso com a razão nem é o que mais ressalta no artigo -a foto gigantesca de pupilos de Hitler, fora de tom ou propósito, só se explica como um ato falho. No artigo, Carlos Graieb utiliza expressões que se encaixariam perfeitamente no ideário nazista: propõe dissolver a associação "política" ou impedir que seus membros usem a toga.

Reinaldo Azevedo, com ainda menos pruridos no mundo virtual, explicitou, numa ação que evoca o macarthismo, os nomes de todos os diretores, representantes e membros de conselhos da entidade, alertando leitores para que jamais aceitem ser julgados por estes juízes.

Que competência ou legitimidade para a posição soi-disant de corregedor ele tem não se sabe. Mas seus seguidores foram instados a identificar os juízes associados pelo próprio colunista, que deu status de artigo a mensagem de um advogado falando do desembargador 'liberal' apreciador de samba.

VEJA está aturdida e indignada com a afirmação de que existe direito além da lei. Os nazistas também ficavam, porque as barbáries escritas no período mais negro da história da humanidade eram legais. Jamais deixaram de ser barbáries por causa disso.

A prevalência dos princípios constitucionais é o que propunha, sem grandes novidades, a nota da Associação Juízes para a Democracia. Se juízes não podem fazê-lo em um estado democrático de direito, na tutela da Constituição que prometeram defender, algo definitivamente está errado.

Mesmo para quem conhece a linha editorial de VEJA, cuja partidarização na política é sobejamente criticada, espanta que o interesse em calar quem pensa de outra forma, parta justamente de um órgão de imprensa.

Que a falta de pluralismo de suas páginas já fosse, por assim dizer, um oblíquo atentado à liberdade de expressão, o explícito intuito de extirpar opiniões contrárias não deixa de ser aterrorizador. Sob esse prisma, lembrar o nazismo não é mais do que medir o outro com a própria régua.

A Associação Juízes para a Democracia tem vinte anos de serviços prestados ao debate institucional na magistratura e fora dela - e eu me orgulho de fazer parte dessa história quase por inteiro.

A AJD tem entre seus objetivos o respeito incondicional ao estado democrático de direito e jamais deixou de denunciar quando este se fez ameaçado. Bate-se sem cessar pela independência judicial e é militante na consideração do juiz como um garantidor de direitos.

A promoção permanente dos direitos humanos, compartilhada com inúmeras outras entidades da sociedade civil, sempre incomodou aos que se candidatam a porta-voz dos poderosos. Mas recusamos o propósito de quem quer fazer da democracia apenas uma promessa vazia.

A associação nunca se opôs a criticar o elitismo no próprio Judiciário, nem temeu se mostrar favorável à criação de um órgão para exercer o controle externo. Tudo por entender que desempenhamos, sobretudo, um serviço essencial ao público - o que levou a AJD a participar da Reforma do Judiciário propondo, entre outros temas, o fim das sessões secretas e das férias coletivas.

Anticorporativista, a associação jamais defendeu valores em benefícios próprios, o que pode ser incompreensível em certos ambientes. Recentemente, bateu-se pela legalidade da instauração de processos administrativos contra juízes pelo Conselho Nacional de Justiça, na contramão de interesses de classe.

Em vinte anos, seus membros têm sido convidados a participar de vários debates no Poder Judiciário, no Congresso Nacional e também na mídia.

O exercício contínuo da liberdade de expressão, que fascistas de todo o gênero sempre pretenderam mutilar, não vai ceder ao intuito de quem pretende impor sua visão e seus conceitos como únicos.

VEJA não está em condições de ensinar estado de direito, se desprestigia a liberdade de expressão.

Marcelo Semer é Juiz de Direito em São Paulo. Foi presidente da Associação Juízes para a Democracia. Coordenador de "Direitos Humanos: essência do Direito do Trabalho" (LTr) e autor de "Crime Impossível" (Malheiros) e do romance "Certas Canções" (7 Letras). Responsável pelo Blog Sem Juízo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A primavera dos amordaçados


Chego ao Brasil após uma viagem de trabalho ao exterior de duas semanas. Viagem que, agora percebo, ocultou o que estava acontecendo por aqui. Porque não se consegue sentir o pulso de uma nação estando fora dela, apesar da internet. E o que encontro é esse quadro político desalentador para qualquer cidadão sinceramente devotado a lutar para que, um dia, tenhamos uma democracia de verdade neste país.
Diria que a situação é mais do que desalentadora; é alarmante. E a gravidade dela requer medidas graves e corajosas. Alguém tem que fazer alguma coisa para interromper um processo que ameaça causar um grave retrocesso político no Brasil. Está se formando uma armadilha que, se ninguém fizer nada para desarmá-la, tem tudo para devolver o poder a falsos democratas, a gangsters que amealharam fortunas imensas durante a ditadura militar.
Detalhe: refiro-me às famílias Marinho, Mesquita, Frias e Civita, que erigiram Globo, Estadão, Folha e Veja graças a muito dinheiro público que receberam de doação da ditadura militar.
Com recursos espoliados da Nação, essas famílias ricas erigiram um aparato de propaganda política que durante décadas a fio foi capaz de seduzir corações e mentes de parcela majoritária do povo brasileiro de forma a que votasse sempre naqueles que manteriam a desigualdade de renda estarrecedora que persiste há muito, mas que, na última década, diminuiu mais do que em qualquer outro período da história recente.
Em meados da década passada, começou uma reação dessa máquina de propaganda conservadora a processo redistribuidor de renda que apenas iniciava. O governo Lula desencadeou esse processo passando por cima de um aparato político que, então, pairava acima da nação, sendo capaz de exercer pressão quase irresistível sobre a sociedade e sobre os Poderes constituídos – Executivo, Legislativo e Judiciário.
Com seu carisma pessoal, com a caneta do Poder Executivo e com a militância que reuniu em torno de si Luiz Inácio Lula da Silva fez o índice de Gini ter a maior melhora em cinqüenta anos, caindo de 0,58 para 0,50 entre 2003 e 2009 – ainda não se sabe a quanto caiu em 2010.
Para tanto, o governo anterior colocou pobres na universidade – que, antes, era exclusividade dos setores mais abastados da sociedade – como nunca antes na história deste país, tirou dezenas de milhões da miséria e fez do Brasil um player global, retirando-o das sombras em que era mantido por governantes eleitos sob influência dos países ricos.
Como se sabe – vale explicar -, o índice de Gini mede a concentração de renda nos diversos países do mundo. E é disso que se trata, de distribuição de renda. Esse é um processo traumático porque, para dar a muitos, há que tirar de poucos e esses que detêm essa parcela imensa e injusta da riqueza nacional certamente jamais aceitarão perder seus privilégios, até porque têm paixão por sentirem-se “diferenciados” ou “exclusivos”.
Essa mentalidade está nas propagandas para vender produtos aos ricos brasileiros. Cartão de banco, comércio, vivendas, bairros, restaurantes, escolas, tudo o que o dinheiro pode comprar para “diferenciar” uma parcela minúscula da sociedade do seu conjunto. E como tudo isso custa muito caro, a maioria tem que pagar para que a ínfima minoria tenha tais “exclusividades”
Lula conseguiu interromper esse processo criando oportunidades para os mais pobres e, para tanto, valeu-se apenas de sua verve, de seu carisma e da sua coragem quase sobrenatural, ou seja, de elementos de caráter de tal ordem de grandeza que o retiraram da pobreza extrema do Sertão nordestino e o levaram à Presidência da República em poucas décadas,
Esse é o exemplo e é isso o que falta ao país nessa encruzilhada histórica. Todavia, Lula e Pelé, entre outros fenômenos em diversas áreas, são prodígios que talvez este país nunca veja iguais. Por isso, haverá que criar pequenos Lulas, por exemplo. Quem sabe milhares deles em um país de milhões. Um pequeno exército de pessoas capazes de pôr um objetivo na mira e persegui-lo sem titubear e sem mudar de rumo.
Estamos em uma situação grave. A sucessora escolhida por Lula decidiu que conseguirá conviver com o sistema, fazê-lo aceitar o processo redistribuidor em curso. Nesta semana, reuniu-se informalmente com jornalistas de grandes meios de comunicação que vêm fustigando o padrinho político dela e o seu próprio governo, inclusive pedindo que o povo vá às ruas contra esse governo.
Enquanto isso, os veículos dos jornalistas que Dilma tentou amansar tratam de fustigar o partido dela, seu governo e o homem que convenceu os brasileiros a votarem nela. No mesmo dia em que a Folha noticia a entrevista concedida pela presidente, o jornal a acusa de ter permitido a instalação dos corruptos que ela ora demite do Ministério dos Transportes.
Se Lula está ou não de acordo com essa estratégia, ainda vamos saber nos próximos dias. Mas uma coisa é certa: a presidente Dilma Rousseff estancou o enfrentamento da elite conservadora que pretende arrasar o PT e seus aliados nas eleições municipais do ano que vem e retomar o poder para o PSDB em 2014.
Por outro lado, a militância que se formou em torno de Lula durante seu governo de oito anos e que levou Dilma Rousseff ao poder, está se desintegrando. A desmobilização é clara e progressiva inclusive na internet. Muitos se viraram contra o governo Dilma e tal militância passou a brigar entre si, atônita com a perda da liderança de Lula, que tenta ganhar espaço que deixou de ter quando “desencarnou” da Presidência.
Para impedir a venda da idéia de que o governo federal do PT inventou e promove a corrupção no Brasil e que a oposição tucana é a reserva moral e política da nação, que ninguém se iluda: serão necessários atos de coragem e de inteligência extremos. Esses poderes que se agigantam controlam a comunicação de massas no Brasil e não podem ser combatidos com flores.
Televisão, rádio, grandes jornais, revistas e portais de internet que encontravam resistência nesta última, em termos comunicacionais, de repente perderam a oposição. A blogosfera se desarticulou e já chega a repercutir, eventualmente, o grande noticiário moralmente seletivo, obviamente que devido à postura daquela que, pelo cargo que ocupa, é a líder política dos brasileiros e a única com espaço para se fazer ouvir.
Lula denunciava que o moralismo da mídia era seletivo e Dilma não denuncia. E como ele não é mais presidente, a mídia escolhe o que repercutir do que diz, sempre editorializando a abordagem de suas manifestações.
Enquanto isso, a imprensa que puxa os cordões dos tucanos, que se valeu deles e que pretende usá-los como despachantes da elite que concentra renda, trata de acusar o ex-presidente de desvios morais como o de ter obtido vantagens pessoais e para a própria família em um país que teve um presidente tucano que saiu do poder bem mais rico do que entrou e que jamais teve sua vida íntima questionada pela mídia.
A única saída é provar que a mídia é moralmente seletiva, ou seja, que só fiscaliza e denuncia a corrupção (verdadeira e forjada) de um lado, o do PT, e que esconde a corrupção da oposição onde ela governa, sobretudo nos Estados que se tornaram as cidadelas do PSDB, São Paulo e Minas Gerais, onde imperam os “golden boys” da direita brasileira, Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aécio Neves.
Este cidadão decidiu fazer a sua parte e engendrou um meio de mostrar à sociedade que sua imprensa moralista é, na verdade, um antro que acusa políticos realmente corruptos e outros sérios, mas só de um lado, enquanto acoberta roubalheiras muito piores de governos tucanos como o de São Paulo, Estado que tem cofres públicos muito mais cheios do que os de muitos países.
Como já foi dito, porém, será necessário um ato ousado e desesperado. É um ato que pode até custar caro a quem o empreender, mas que pode fazer a sociedade ouvir uma simples pergunta: “Por que a mídia só critica a corrupção em governos do PT e de seus aliados e não faz o mesmo com a corrupção do PSDB e dos aliados dele?”.
Fazer o Brasil se perguntar isso é o grande desafio da esquerda. Mas como fazer se os meios de comunicação de massa não permitem e a militância que se formou para sustentar o governo anterior está desmantelada, desmotivada e se desintegrando?
Este blogueiro e cidadão vem comunicar que descobriu um jeito. Alguém terá que se sacrificar, mas tem um jeito. Esse sacrifício pode fazer a militância despertar.
Diante disso, faz-se, aqui, um ultimato: ou a mídia trata os políticos de todos os partidos da mesma forma ou alguém irá se sacrificar e desencadear um processo que fará o país se perguntar por que ela protege o PSDB enquanto ataca o PT, e que interesse ela pode ter para colocar os conservadores de volta no poder. O que pretende ganhar com isso ou o que pode ganhar com isso.
Quem acha que isto é um blefe pode pagar para ver – e, particularmente, julgo que irão pagar. Julgo firmemente que ninguém acreditará em que é possível que uma iniciativa isolada possa fazer o país se questionar sobre o moralismo seletivo das famílias Marinho, Frias, Mesquita e Civita. Então fiquem atentos, companheiros, porque setembro está chegando e trará a primavera aos amordaçados.