Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 1 de abril de 2011

VOZES < GRITOS < DOR >>>>>DITA A TAL BRANDA

A mentira de 31 de março de 1964


No dia 1º de abril de 1964, a conspiração que uniu as altas esferas do empresariado brasileiro, os latifundiários, os chefes militares, a hierarquia católica conservadora e agentes do imperialismo dos EUA depuseram o presidente constitucional João Goulart e deram início à ditadura militar que marcou as duas décadas seguintes pelo sangue dos patriotas e democratas, pela destruição da democracia e do Estado de Direito no Brasil.

Desde aquele dia inaugural da ditadura, a data que tem sido lembrada é a da véspera, 31 de março, pela folclórica razão de que, sendo o 1º de abril o dia da mentira, o golpe militar se tornaria alvo de chacota entre o povo.

O 1º de abril teria sido o dia mais indicado para lembrar aquele episódio nefasto. Era mentira que os golpistas defendiam a democracia, como alegavam; não era verdade que defendessem a soberania brasileira nem o desenvolvimento do país.

Contra a democracia, rasgaram a Constituição, instituíram a legislação de exceção que permitiu a cassação de direitos políticos e democráticos e de mandatos eletivos, no esforço de eliminar do cenário político parlamentares, sindicalistas, democratas, patriotas, lideranças de trabalhadores e do povo, que não aceitavam o arbítrio da ditadura. O rosário de assassinatos, tortura, prisões ilegais, exílio e outras formas de opressão contra os que resistiam à ditadura é conhecido e o preço pago em sangue pelos brasileiros é irresgatável e inegociável.

Diziam que defendiam a nação contra a ameaça representada pela URSS e pelos comunistas no Brasil. Mas quem humilhou o país e desrespeitou a soberania nacional foram os generais e as classes dominantes que, com completo apoio da embaixada dos EUA, deram o golpe militar. Basta lembrar o discurso pronunciado pelo general Castello Branco, na sede do Itamaraty, em 31 de julho de 1964, onde o principal líder da conspiração golpista e então primeiro ocupante militar da Presidência da República defendeu a tese antinacional do alinhamento automático com os EUA, com a consequente limitação da soberania brasileira.

Em relação ao desenvolvimento, naquelas duas décadas a economia realmente cresceu. Mas não foi um desenvolvimento nacional: a internacionalização foi aprofundada como nunca, a dependência tecnológica foi agravada pela opção do crescimento com base em empresas estrangeiras, a distorção na distribuição de rendas e no agravamento dos já agudos problemas sociais foi gigantesca. A modernização conservadora do campo expulsou multidões para as periferias das cidades, onde o desemprego, a baixa renda e as precárias condições de moradia, educação e saúde formaram o caldo de cultura onde viceja a violência e a insegurança.

Do ponto de vista institucional, uma herança perversa e insepulta da ditadura militar é a impunidade da violência policial, que torna a polícia brasileira uma das mais violentas do mundo, com sua atuação marcada pela tortura como forma rotineira de investigação e a morte de suspeitos como uma prática cotidiana.

O que há a comemorar? Bem fizeram os atuais comandantes militares que, pela primeira vez em 47 anos, retiraram a lembrança do golpe de 1964 de sua agenda de comemorações, gesto simbólico do sentimento democrático que anima a nova geração de chefes militares.

A velha geração continua saudosa do poder irrestrito e irresponsável que exerceu naqueles anos de atentados contra a democracia e os democratas, como mostra o manifesto comemorativo divulgado pelos clubes Militar, Naval e da Aeronáutica, saudando o rompimento da democracia e a manutenção e agravamento de uma ordem injusta rejeitada pelos brasileiros e apoiada apenas pelas elites proprietárias e por seus aliados imperialistas.

Foi o regime da tortura e do assassinato político e seus remanescentes usam o prestígio que ainda lhes resta para acobertar aquelas práticas ilícitas e desumanas, rejeitando qualquer investigação daqueles crimes e opondo-se à formação da Comissão da Verdade para revelar à nação o rio de sangue que correu no país nos anos em que estavam no poder.

O golpe militar de 1964 é um fato da história que os brasileiros lamentam e não aceitam mais. A democracia brasileira se fortalece, apesar dos resmungos das viúvas da ditadura. E, hoje, a melhor maneira de lembrar aquele passado é homenagear os heróis da resistência, os patriotas, democratas, socialistas e comunistas que nunca aceitaram a mentira da ”Redentora” e verteram seu sangue pelos direitos do povo e dos trabalhadores e pela soberania da Pátria. Estes não podem ser esquecidos jamais.

terça-feira, 1 de março de 2011

A teoria da luva de pelica


Blog edu guimarães- Blog Cidadania
Que tal tentarmos entender direito a teoria da luva de pelica, segundo a qual a presidenta Dilma estaria esbofeteando o PIG ao comparecer aos seus salões e programas de televisão? Afinal, se tantos entenderam – ainda que outros tantos não tenham entendido –, quem pode garantir que não estejam certos, certo?
A teoria da luva de pelica, portanto, se levada a sério obriga a pensar, sob seu prisma, nos próximos capítulos dessa novela político-institucional em que está se convertendo a relação entre a Presidência da República e seus algozes durante os últimos oito anos. Quais serão, pois, os próximos capítulos?
Antes de especular sobre o que deverá acontecer após as seguidas “bofetadas” enluvadas que Dilma vai dando nas famílias midiáticas, analisemos a matéria que compõe a peça de vestuário, a pelica. Vem do couro de cabra. É leve, de toque macio, com alto brilho e mais confortável do que o couro convencional.
Ao ser atingido por uma luva de pelica, o alvo da bofetada sente menos dor física – ou nenhuma dor –, a menos que quem desfira o golpe coloque algum objeto pesado e contundente dentro dela. Todavia, o objetivo de esbofetear com pelica não é o de ferir fisicamente, mas o de insultar elegantemente.
Ainda não dá para entender como o PIG, após todos esses anos de artilharia pesada não só contra o ex-presidente Lula, mas contra seu braço direito, a hoje presidenta Dilma, tornou-se tão ingênuo ao ponto de oferecer os meios de ser esbofeteado, convidando a presidenta para festanças e programas de futilidades.
Quem poderia supor que essas famílias midiáticas que estão no poder desde que Cabral por aqui aportou seriam tão ingênuas, mas um leitor me disse que ao ir à festa da Folha ou ao programa da cansada Ana Maria Braga Dilma “constrangeu” as empresas e seus donos e eles nem perceberam (?!).
É difícil entender como alguém fica constrangido sem perceber…
Outros já dizem que o PIG ficou constrangido porque percebeu a bofetada. E não só o PIG. Os tucanos também teriam ficado absolutamente constrangidos por terem tido que “beijar a mão” de Dilma na festa da Folha, por mais que as imagens dela e de FHC trocando sorrisos e amabilidades no evento desdigam a teoria.
Se você pergunta por que, então, a Folha e os tucanos não foram ao ataque nos dias seguintes após terem se sentido esbofeteados pela luva de pelica da senhora presidenta, a explicação é a de que “não quiseram passar recibo”.
E para sonegar recibo, o mais graúdo dos esbofeteados foi ao impensável. Abaixo, notamos a que ponto chegou o ex-presidente FHC para não acusar a agressão elegante que sofreu ao ser “obrigado” a “beijar a mão” da adversária política.
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Fernando Henrique evita criticas a Dilma Rousseff
Adriana Vasconcelos, O Globo
28 de fevereiro de 2011
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso revelou nesta segunda-feira sua divergência em relação às críticas feitas na semana passada pelo ex-governador paulista e candidato derrotado do PSDB à Presidência, José Serra, ao governo da petista Dilma Rousseff. Em entrevista ao GLOBO, Serra chegou a declarar que a presidente marchava para um “estelionato eleitoral”.
- As eleições já passaram – disparou o ex-presidente, quando indagado se concordava com a avaliação feita por Serra, evitando fazer uma avaliação do desempenho da presidente petista em seus dois primeiros meses de governo.
Fernando Henrique foi comedido e não quis criticar, inclusive, o corte orçamentário detalhado nesta segunda-feira pela equipe econômica que deverá reduzir, entre outras coisas, cerca de 40% dos recursos do programa Minha Casa, Minha Vida. Embora admita que esse ajuste fiscal promovido agora possa ser resultado de excessos cometidos no ano passado pelo governo Lula, o ex-presidente preferiu não polemizar.
- Você quer que eu diga o que? Se não tivesse havido um gasto a mais do que era conveniente, não seria necessário o corte. Qual a extensão? Não sei. Não estou criticando ninguém. Governar é assim mesmo, tem que fazer corte em certos momentos, é difícil. Tem de explicar para a população o porquê. Nem sempre vão entender. É da vida política, é normal – observou.
(…)
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Isso é que é vontade de não passar recibo. Não me lembro de declaração parecida de FHC sobre adversários políticos.
Mas, enfim, quem detém memória sobre o Partido da Imprensa Golpista e a oposição tucana sua sócia, em suas iras infinitas contra Lula, ou o comportamento beligerante da direita midiática com inimigos ao longo da história deste país, sabe que, se bofetada houve, vingança haverá.
O que se espera para os próximos capítulos dessa tragédia grega que vai sendo escrita, portanto, é que, após um período para que a tão propalada amnésia brasileira permita a reação sem recibo, a virulência tucano-midiática retorne com fúria redobrada – ou triplicada, quadruplicada, quintuplicada.
Antecipando as teorias que surgirão sobre por que não haverá a fúria tucano-midiática contra o governo supostamente popular de Dilma Rousseff, abordo outra teoria subjacente à da luva de pelica, de que o PIG entregou os pontos no melhor estilo “se não pode vencê-los, junte-se a eles”.
Depois de levar Getúlio Vargas a sair da vida para entrar na história ou de estuprar o voto dos brasileiros usurpando o poder e depondo Jango Goulart, jogando o Brasil em uma ditadura de duas décadas cujo principal efeito foi torná-lo (ainda) mais injusto, a mídia, como disse um leitor, teria se regenerado. Vale a pena reproduzir a teoria.
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“Viciados em drogas e criminosos têm direito de se recuperar. Não foi isso que Lula pregou no seu governo, nem Dilma está pregando. Sabemos do mal que a mídia fez a este país, mas não lhe dar o direito de mudança é difícil de aceitar”.
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É de fato errado não ter fé na recuperação do homem. Este blog acredita que não existe ninguém totalmente mau e que todos, em algum momento de suas vidas, têm condições de se regenerar. Alvíssaras, pois: a direita midiática, pelo visto, decidiu aceitar a distribuição de renda, leis para regular a mídia, enfim, tudo o que jamais aceitou.
O que estamos fazendo aqui, então, em vez de estarmos comemorando a conversão do Brasil em um verdadeiro paraíso, em uma terra prometida em que leite e mel correrão em cascata? Após este texto, vamos correndo comprar fogos de artifício. Quando a teoria da luva de pelica se confirmar, ficarão muito caros.