Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

O fracasso das TENTATIVAS de “golpe paraguaio”

golpe capa

O ano vai terminando e, com ele, a mais bizarra quarentena pós-eleitoral da redemocratização. De 26 de outubro até a semana que finda, foram cerca de 40 dias de ameaças explícitas de impeachment de Dilma Rousseff, feitas não só à luz do sol, mas em rede nacional de rádio e tevê, nas colunas, reportagens e editoriais dos grandes jornais.
Na verdade, as ameaças começaram antes mesmo de ser proclamado o resultado das urnas. Em 26 de outubro, na Globo News, enquanto o Brasil ainda votava, Merval Pereira, Gerson Camarotti e Renata Lo Prete conversavam abertamente sobre impedimento de uma presidente que estava para ser reeleita com vantagem parecida com a que Barack Obama derrotou Mitt Romney em 2012 (51,01% do democrata contra 47,16% do republicano).
Se nos EUA 5 milhões de votos de vantagem constituem vitória clara, no Brasil os 3,5 milhões de vantagem que reelegeram Dilma vêm sendo tratados como nada, de forma que os 54,5 milhões de votos que a presidente teve chegam a parecer menos do que os 51 milhões de Aécio Neves.
Em 4 de novembro, Aécio Neves é recebido com festa no Congresso, como se tivesse vencido a eleição presidencial. A partir dali, mídia e oposição começam uma campanha que pareceu acreditar que seria possível derrubar a presidente da república.
golpe 1
No Congresso e na mídia, a primeira aposta dos golpistas foi na ultrapassagem do teto de gastos previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias, com proposta de pedir o impeachment de Dilma por violação da Lei de Responsabilidade Fiscal. O PSDB chegou a alugar ônibus e contratar manifestantes para empastelar a Câmara dos Deputados e, assim, obrigar os parlamentares a rejeitarem o que a mídia chamou de “manobra fiscal”, ou seja, aumento do limite de gastos do governo neste ano.
A oposição conseguiu prorrogar por algumas semanas a aprovação da elevação do teto de despesas, mas, nesta semana, finalmente o processo foi concluído e, assim, os devaneios golpistas sobre “impeachment por crime de responsabilidade” foram enterrados.
Em meados do mês passado, porém, começou a se conformar um outro devaneio golpista envolvendo, agora, as contas de campanha de Dilma Rousseff. À diferença de outros períodos pós eleitorais, armou-se uma enorme celeuma sobre os gastos de Dilma. Essa celeuma baseou-se em nada.
Tudo começou quando, de forma absolutamente inexplicável, as duas prestações de contas da campanha de Dilma – a dos gastos da campanha reeleitoral da presidente e a dos gastos do PT com a campanha da presidente – caíram nas mãos do notório inimigo do PT no Supremo, Gilmar Mendes. No mesmo dia, na mesma hora, dois “sorteios” fizeram aquelas contas caírem nas mãos do ministro ligado ao PSDB.
A partir dali, armou-se uma celeuma que fez a prestação de contas de campanha de Dilma ir parar nos telejornais e nas primeiras páginas dos jornais. Do Jornal Nacional à Folha de São Paulo, parecia haver alguma coisa de muito errada com aquelas contas.
Para que se tenha uma ideia da celeuma em torno das contas da petista, nos primeiros 40 dias após as eleições de 2010 o jornal Folha de São Paulo publicou apenas uma matéria sobre o assunto. Concessionárias de serviços públicos fizeram doações para várias campanhas e, entre elas, a de Dilma e isso mereceu uma matéria discreta daquele jornal.
Em 2014, por razão que ainda não se sabe qual é Gilmar Mendes, relator das contas de Dilma, requisitou técnicos do TSE, da Receita, do Tribunal de Contas da União, enfim, um pequeno exército para fazer o que ele mesmo qualificou como “devassa” nas contas eleitorais da presidente.
Previsivelmente, começaram a surgir matérias e mais matérias levantando suspeitas sobre a prestação de contas eleitorais da campanha de Dilma. Só nesta semana, foram três manchetes de primeira página da Folha de São Paulo sobre o assunto. Uma delas, foi manchete principal.

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Ao todo, de 26 de outubro para cá a Folha publicou QUATORZE matérias sobre as contas de campanha de Dilma, sendo três com chamada na primeira página. Isso sem falar do que fizeram O Globo, Estadão, Veja, Jornal Nacional etc.
No dia 18 de novembro, às 8 horas e vinte minutos o jornalista Luis Nassif publicou em seu blog o post “Armado por Toffoli e Gilmar, já está em curso o golpe sem impeachment”. No texto, Nassif denuncia um “sorteio” da análise das contas de campanha de Dilma que equivaleu a um raio cair duas vezes no mesmo lugar, segundo palavras do jornalista.
Alertado por Nassif, este Blog tratou de investigar com as suas fontes as informações sobre um golpe iminente no TSE e no mesmo dia 18 de novembro, só que às 20 horas e 55 minutos (cerca de 12 horas depois), aqui foi publicado um post que endossou a denúncia do colega de blogosfera, sob o título “Explicação para os atos de Toffoli e as chances de Dilma”.
Tanto este Blog quanto o de Nassif foram contestados por setores da blogosfera. Os dois “sorteios” consecutivos que fizeram “um raio cair duas vezes no mesmo lugar” seriam, apenas, “coincidência” e, apesar do estardalhaço inédito da mídia sobre contas de campanha de um presidente eleito no momento imediatamente posterior à eleição, tudo isso seria “normal”.
O aumento exponencial do estardalhaço sobre as contas de campanha de Dilma nesta semana (com TRÊS primeiras páginas da Folha e tantas outras em outros jornais), porém, fez o país cair em si: havia mesmo alguma coisa muito estranha neste ano.
Os relatos dos jornais sobre a inquietude no PT – que não viu “alarmismo” nenhum nas suspeitas de que estava sendo tramado um “golpe paraguaio” no TSE – fizeram o partido, mais uma vez desprezando a tese sobre “alarmismo”, contratar uma auditoria independente para emitir um parecer sobre as contas eleitorais da presidente.
A empresa de auditoria MGI SENGERWAGNER Auditores Independentes emitiu Relatório de Revisão Especial sobre o Parecer Técnico Conclusivo do TSE que recomendou a desaprovação das contas da campanha de Dilma Rousseff e do PT.
Em conclusão final, o auditor Cláudio Wagner afirmou que:
“(…) a recomendação da Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias – ASEPA, no sentido da desaprovação da prestação de contas apresentada pela candidata Senhora Dilma Vana Rousseff ao cargo de Presidência da República, e seu Vice Presidente, Senhor Michel Miguel Elias Temer Lulia, e totalmente descabida, uma vez que a quantidade de erros materiais contida no Parecer Técnico Conclusivo tornou o mesmo praticamente imprestável para suportar tal recomendação (…)”.
Para ler o trabalho da auditoria independente, clique neste link Contestação Parecer TSE assinatura e timbrado (2)
As denúncias da Blogosfera surtiram efeito, jogando luz sobre o golpe tramado e ensaiado, como mostram os fatos supracitados. E ajudaram a impedir esse golpe. Assim sendo, as mesmas fontes que avisaram este Blog sobre o golpe iminente, na manhã da última quarta-feira avisaram que a intentona iria fracassar, o que fez o autor desta página passar a notícia adiante logo em seguida, via redes sociais.

golpe 5

Com efeito, se não fossem suficientes todos os fatos já elencados sobre a tentativa de “golpe paraguaio” , o pedido do vice-procurador-geral Eleitoral, Eugênio Aragão, para que Gilmar Mendes não fosse o relator das contas de Dilma, somado ao aval que essa mesma autoridade deu àquelas contas na véspera do despacho de Gilmar Mendes, na noite da última quinta-feira, eximem de qualquer dúvida esse caso.
Para coroar tudo isso, na sessão do TSE em que Gilmar Mendes teve que aprovar “com ressalvas” as contas de campanha de Dilma, ele passou recibo e chegou a citar as denúncias do jornalista Luis Nassif e dos “outros blogs sujos”.
A quem ainda tem alguma dúvida sobre o plano de aplicar um “golpe paraguaio” contra Dilma via TSE, este Blog pede que procure nos escaninhos da própria memória estardalhaço igual sobre as contas de campanha de um presidente eleito durante a quarentena que sucedeu alguma das eleições do pós-redemocratização. Adianta-se que não encontrará.

sábado, 30 de novembro de 2013

ALDIR BLANC DETONA CIRCO DA MÍDIA NO MENSALÃO

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Dra Cureau, o Conversa Afiada está à sua espera

Se eles pensam que vão calar na Justiça, é inútil.

O ansioso blogueiro está em Londres, onde participa da cobertura das Olimpíadas, na equipe da TV Record.

Nas horas vagas, poucas, dedica-se à leitura de “Dial M for Murdoch – News Corporation and the corruption of Britain”, de Tom Watson e Martin Hickman, que conta como Rupert Civita acabou nas barras da Lei – clique aqui para ler “Justiça inglesa pega Robert(o) Murdoch”.

Amigo navegante liga do Brasil para elogiar o apoio que Rui Falcão, presidente do PT, deu ao ansioso blogueiro e a Luis Nassif, que trata o Padim Pade Cerra pelo que ele é na vida real: o nosso Putin.

Até então o ansioso blogueiro não tinha se dado conta de que, provavelmente, o Padim e o Gigante dos Orçamentos, o Sergio Guerra, presidente do PSDB, recorreram ao Ministério brindeiro Público, e à dra Sandra Cureau para exercer o patético papel de censurar a blogosfera.

Um exercício em blogofobia, como diz o Leandro.

O que o Padim e o Gigante dos Orçamentos fizeram foi, talvez, cair na área porque o juiz dá pênalti.

A Dra Sandra Cureau reaparece do merecido anonimato em períodos eleitorais.

É quando ela tenta fechar a Carta Capital.

E o Conversa Afiadae perde.

O Conversa Afiada já tinha tratado dessa renovada tentativa do Cerra de censurar a blogosfera – como faz com os pobres repórteres do PiG (*) -, da mesma forma que a Folha e o Gilmar tinham antes ameaçado.

Isso não vai longe.

Se eles pensam que vão calar na Justiça, é inútil – comprove na aba “Não me calarão”.

A essa altura das Olimpíadas, quem está com medo da Justiça não são os blogueiros sujos, mas o Brindeiro Gurgel, sob suspeita de ser um prevaricador, e o Robert(o) Murdoch e seus Policarpos.

O competente advogado Cesar Marcos Klouri, que defende o ansioso blogueiro em causas cíveis, está preparado para terçar armas com a Dra Cureau.

Na verdade, deve estar também ansioso para travar essa batalha entre a Luz e a Treva.

Entre a Liberdade de Expressão e a Democracia Russa.

Em tempo: se necessário for, o ansioso blogueiro fará à Dra Cureau o favor de contar como é que funcionava o  Ministério da Comunicação Social, no Governo Cerra/FHC, sob a batuta do Embaixador Andrea Matarazzo. Para ela ter uma ideia de como a Globo nadava de braçada. E Cerra/FHC salvavam a Democracia ! Qualquer dúvida, basta perguntar ao Nizan, que entende muito dessa relação Globo/FHC.

Em tempo 2: para que o amigo navegante não pense que é dura a vida de um enviado especial às Olimpíadas, o ansioso blogueiro assistiu a inesquecível regência de Daniel Barenboim da Sétima de Beethoven, com a West-Eastern Divan Orchestra, num lotado Royal Albert Hall, memorável experiência em si própria. O ansioso blogueiro faz essa inútil observação só para se divertir com um merval global, que foi a uma temporada musical em Viena e registrou no Globo, como se fosse o primeiro a ir a Meca.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A “intolerância” da Senzala





tem foi um daqueles dias em que é requerida ao extremo dos extremos a experiência que ganhei nesses anos todos como blogueiro. Nesse período, aprendi a conviver com chuvas de elogios e de insultos simultâneos, sabedor de que amor e ódio fazem parte do pacote que se compra ao criar um fórum de discussões políticas como este. .
Aliás, a experiência deste blogueiro no trato com centenas e até milhares de comentaristas de seus textos vem de longe, mais precisamente do fim do século XX, no início dos anos 1990, quando passei a escrever cartas para jornais, mais especificamente ainda para o jornal O Estado de São Paulo.
Desde aquela época, há quase vinte anos, aprendi que, na política – ou meramente no debate sobre ela –, para cada elogio há um insulto. Então, ainda enviava cartas por fax para o jornal. Como  já tinha as opiniões que tenho hoje, em vez de os descontentes virem me “trollar” na internet ligavam para minha casa –  e não, não havia identificador de chamadas naquele tempo.
Criticava a direita ou defendia idéias de esquerda em minhas cartas ao Estadão e, ao serem publicadas, leitores que divergiam procuravam meu nome na lista telefônica e ligavam para a minha casa fazendo até ameaças de morte. Acredite quem quiser.
Em 1992, aliás, ocorreu um fato do qual jamais esquecerei. A  minha filha do meio, então com  seis  anos, ficou vários minutos ouvindo palavrões ao telefone, pois minha mulher não a  viu atender à ligação de um desses dementes que, ao perceber que uma criança atendera, decidiu desforrar nela a raiva que meu texto lhe causara.
A menina chorou um tempão, assustada. E minha mulher, indignada, exigiu que eu parasse com aquela “idiotice” de escrever naquele “jornal de doentes mentais”. Como se sabe hoje, não consegui atendê-la.
Era um tempo novo para o Brasil. A direita ainda não estava acostumada a que “comunistas” se expressassem livremente como hoje. Naquele tempo, os donos da comunicação – os barões da mídia e os que pensavam como eles – escandalizavam-se com opiniões divergentes, após os longos anos da ditadura em que só eles podiam se manifestar na mídia ou em qualquer parte.
Sabemos que não é fácil entabular diálogo com a reação brasileira – aliás, com a de qualquer parte –, de sorte que não é raro que aquela relação político-ideológica de Casa Grande e Senzala se manifeste ainda hoje, com reacionários escandalizados ao verem “comunistas” dizerem o que pensam como se tivessem o direito à mesma liberdade de expressão.
A mera leitura da caixa de comentários deste blog dá uma idéia de como, a cada dia, a corrente de centro-esquerda que apóia o projeto de país em vigência ainda tem que se afirmar em uma sociedade em que alguns pensam ser mais iguais do que outros até no debate político. Isso sem falar nos maníacos que encasquetam com a gente e não nos largam mais do pé.
Esquerda e direita, no Brasil, emulam o conceito de Casa Grande e Senzala político-ideológicas, pois a direita, que oprimiu pela força a esquerda ontem, ainda hoje acredita que pode engrossar a voz e cerrar os punhos com quem pensa diferente. E a esquerda, que ainda traz no corpo as cicatrizes do reinado de terror destro, pode passar do ponto ao reagir.
Nesse aspecto, dois textos que publico a seguir merecem reflexão. Apesar de, a meu ver, ambos conterem certa dose de injustiça, contêm algo de verdade. Nessa luta renhida contra o tacão desses setores da sociedade que a dominaram como quiseram por tanto tempo – calando, prendendo, torturando e matando –, pode-se cometer excessos, sim.
Leiam, a seguir, comentário que o eminente filósofo professor Renato Janine Ribeiro postou ontem neste blog, no post em que reporto a “marcha contra a corrupção” que aconteceu em São Paulo quarta-feira. Em seguida, reproduzo post do blog de Luis Nassif em que um seu leitor acusa este blogueiro e outros de “intolerância”.  Após os textos, um comentário final.
—–
Caro Eduardo,
parabéns pelo trabalho de campo. Mas acho que não podemos deixar uma importante causa, a da luta contra a corrupção, em mãos da direita. É praticamente tudo o que lhe restou (veja a declaração praticamente vazia de Aécio, domingo, no Estadão: nenhuma ideia!).
Se a direita tivesse uma proposta para o Brasil, não precisava difamar. Agora, há muita gente boa, decente, que viu no PT – até 2003 – uma esperança para o Brasil e se decepcionou com uma certa leniência do presidente Lula com os corruptos.
Sei que ninguém governa o Brasil sem se aliar com o joio. Sei que os mesmos nomes se aliaram a Collor, FHC e Lula. Portanto, não é uma culpa só do PT nem de Lula. Mas, se não fizermos uma luta clara contra a corrupção, entraremos na mesma Realpolitik que o PT jovem, ingênuo, puro, puritano (chame-se como se quiser), rejeitava.
Creio que recuperar essas qualidades, agora com o amadurecimento que o tempo no poder permite, é importante. Isso se chama lutar no campo do adversário. Recusar-se a deixar-lhe bandeiras, como a da luta contra a corrupção, que não podem ser só deles.
Um abraço,
Renato Janine Ribeiro
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Do blog de Luis Nassif
A Intolerância na Blogosfera
Por Adjutor Alvim
Os veículos de comunicação, também incluídos os blogs independentes, tem feito críticas às passeatas contra a corrupção. Neste momento, não quero entrar no mérito das passeadas em si, mas gostaria de analisar alguns outros aspectos dessas críticas.
Um dos aspectos é a intolerância que também está tomando força nos blogs de esquerda. Isto seria de se esperar nos blogs do Azenha, PH Amorim, Edu Guimarães que se proclamam de esquerda e, mesmo que involuntariamente, incentivam os comentaristas a se sentirem participantes de um time que vê quem não pensa igual como adversário.
(…)
Qual é o problema deste clima de Fla-Flu? Primeiro, torna-se impossível discutir em torno de idéias quando os argumentos governistas e a visão de esquerda tornam-se dogmas que não devem ser questionados, mas simplesmente apoiados. Não há troca de conhecimento, mas simplesmente discussões estéreis que não alteram o pensar de quem participa. Para que discutir se eu não estou disposto a mudar meu pensamento? Qual o sentido de discutir se martelarei minhas idéias sem abrir espaço para, quem sabe, uma troca de paradigma
Segundo, cai-se no erro que a oposição tem cometido desde 2002 e pode render ao PT mais alguns mandatos no governo federal. Passa-se a ignorar o ponto de vista do outro lado e, principalmente, desconsidera-se o contexto que leva determinados grupos sociais a apoiarem uma causa ou corrente de pensamento. Cega-se aos méritos das propostas e realizações concretas do outro lado.
(…)
Acho que este é o erro em que os governistas do executivo, dos partidos da base ou simplesmente simpatizantes não podem incorrer. Esses agentes devem entender que sim, a corrupção no Brasil é um problema sério, lutar para entender suas causas e propor ações concretas para sua diminuição. Não podem menosprezar as manifestações contra a corrupção por que elas significam um extravasar de sentimentos de segmentos da sociedade.
Neste momento, este sentimento pode estar sendo ofuscado pelo progresso econômico e deixado de lado pelo eleitorado, mas quando houver uma retração econômica, esta bandeira pode tornar-se diferencial eleitoral e os governistas podem a ter deixado bem plantada no campo da oposição
—–
Se o professor Renato e o comentarista Adjutor tivessem visto o que vi, o discurso virulento daquelas pessoas que se manifestaram na quarta-feira pelas ruas de São Paulo, saberiam que se a esquerda tivesse ido lá protestar contra o escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo, por exemplo, poderia haver até violência.
São atos políticos. Vejam que em um momento em que eclode um escândalo envolvendo o PSDB e o governo de São Paulo que pode facilmente ser equiparado ao escândalo do mensalão, em vez de os marchadores “contra a corrupção” irem para diante da Assembléia Legislativa paulista optaram por ir para diante do Teatro Municipal…
Que diálogo pode haver com essa gente?
Claro que, no meio de tudo isso, há, sim, bem-intencionados que estão sendo usados. Na quarta-feira, quando estive na tal “marcha contra a corrupção”, conversei com gente que está absolutamente convencida de que só há corrupção de um lado. Não são como os criadores dessa farsa, que sabem muito bem que selecionam só a corrupção dos adversários.
Todavia, não há forma de diálogo possível. A sincronia entre a oposição demo-tucana, os meios de comunicação e os marchadores contra a corrupção mostra que não darão essa colher de chá para que a esquerda divida consigo a bandeira do combate à corrupção. Essas marchas têm um objetivo, como os próprios autores dos textos supra reproduzidos reconhecem.
No entanto, devo reconhecer que o nível dos debates está muito ruim. Estamos nos deixando levar. É fácil xingar na internet e penso que os dois lados estão perdendo o controle. De minha parte, portanto, tentarei levar o debate para um campo mais produtivo e ignorando provocações, pois estas visam desmoralizar quem cai nelas

sábado, 13 de agosto de 2011

Vídeo: Globo ataca Celso Amorim. O Rodrigo Vianna avisou !

A Globo implacável contra Amorim

Por Marco Antonio L.

Prezado Nassif,


O Rodrigo Vianna matou a pau. Veja o vídeo abaixo.


Parece que o Rodrigo Vianna tinha razão…


Clique aqui para ler “Rodrigo: Globo vai para cima do Amorim”.

E aqui para ler “Nassif: Globo caça quem vazou caça a Amorim”.

sábado, 16 de abril de 2011

Marília Gabriela venceu licitação para apresentar Roda Viva?


Voltando do Encontro de blogueiros de São Paulo, vim pensando sobre a moda que o Estadão lançou de empresas de comunicação esmiuçarem valores pagos por tevês públicas a jornalistas, começando com Luis Nassif na TV Brasil. De tal reflexão ocorreram-me perguntas.
1 – A apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura, controlada pelo governo tucano de São Paulo, que vem se notabilizando por imprensar governistas e exaltar oposicionistas, participou de licitação para ser contratada pela emissora pública?
2 – Por que, quando da contratação de Gabriela, não saiu nenhuma matéria no Estadão dando conta dos valores que lhe estão sendo pagos?
3 – Se uma emissora pública se interessa pelo trabalho de determinado jornalista pelo perfil dele como acontece com Gabi, na Cultura, ou com Luis Nassif, na TV Brasil, como seria possível fazer licitação para contratá-lo sem que exista mais de uma Gabi ou mais de um Nassif?
4 – A classe jornalística aceitará passivamente que colegas sejam expostos pelos patrões sem que exista uma acusação sólida? Não deveria haver um protesto público ao menos dos sindicatos de jornalistas?
5 – O que fez o Estadão com Nassif é jornalismo ou vingança?

Estadão calunia Nassif e TV Brasil


Dou-lhe uma, dou-lhe duas... 

O Estadão publica matéria em que "denuncia" a contratação, "sem licitação" do jornalista "blogueiro" Luis Nassif pela TV Brasil. Expõe os valores do contrato, dá a entender que a contratação foi apenas por Nassif ser "dono de um blog pró-governo".

A TV Brasil é um dos alvos prediletos da "grande imprensa" brasileira, que não aceita o fato de o país ter uma televisão pública que se esforça para transmitir uma programação de nível cultural e artístico muito acima do das emissoras comerciais.

Impressionante como, tendo ainda audiência tão baixa, consiga incomodar tanta gente poderosa.

O mesmo se aplica a Nassif e outros blogueiros que não seguem a cartilha imposta à opinião pública pelos veículos de comunicação tradicionais.

Nassif, especialmente, já foi vítima de outros ataques de grandes corporações. E isso sem ser exatamente "pró-governo", como o tacha o Estadão - seu blog ganhou o respeito de muita gente porque é pluralista, aceita e divulga ideias muitas vezes contraditórias, algo que nem o Estadão ou seus "concorrentes" se dignam a fazer.

No ano passado, o Estadão desferiu petardo semelhante contra Nassif, também por ter sido contratado para exibir uma série de programas na mesma TV Brasil.

Ora, é mais que evidente que os ataques têm como objetivo abalar a reputação tanto de Nassif quanto da TV Brasil, pois não existe escândalo nenhum em se contratar, estritamente sob as normas legais, um excelente profissional, dando a ele uma remuneração correspondente ao seu currículo e à sua importância em sua área de trabalho.

É assim em todo o mundo. A Globo contrata quem acha que é melhor para seus programas, a Record faz o mesmo, o SBT, idem, e assim por diante.

O Estadão presume que, por ser uma empresa pública, a TV Brasil é obrigada a fazer uma licitação para contratar alguém como Nassif. E com que critérios isso poderia ser feito? Quem se dispusesse a trabalhar pelo salário mais baixo levaria o prêmio? Ou quem fosse mais alto, ou mais loiro, ou mais magro, ou mais gordo, ou então quem se saísse melhor numa prova de conhecimentos?

Ora, tenha paciência!

O Estadão, que tanto zelo mostra pelo dinheiro público, deveria, pela lógica, fazer o mesmo pelas suas finanças e adotar o mesmo critério que advoga para a TV Brasil. Da próxima fez que fosse contratar um diretor de redação poderia, por exemplo, licitar o cargo.

Garanto que uma fila enorme de interessados iria aparecer, se dispondo a fazer pela empresa muito mais que o cargo exige. E por um salário bem pequenininho.


Leia mais em: Esquerdop̶a̶t̶a̶ 
Under Creative Commons License: Attribution

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Marina diz que vai votar na Dilma. Mas o Terra censura. O Terra ?



Este ordinário blogueiro leu os amigos navegantes Fernando e Felipe e foi lá, ao Terra:

•    Fernando Barretto

14 de outubro de 2010 às 17:40

http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4735487-EI15315,00-Marina+pela+minha+tradicao+eu+seria+favoravel+a+apoiar+o+PT.html

•    Felipe

14 de outubro de 2010 às 17:38

Marina Silva disse: “pela minha tradição, eu seria favorável a apoiar o PT”

fonte: http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4735487-EI15315,00-Marina+pela+minha+tradicao+eu+seria+favoravel+a+apoiar+o+PT.html


Foi lá e não achou o voto da Marina em Dilma.
É, esses amigos navegantes estão a ver estrelas, pensou o ordinário blogueiro.

Nada disso.

Se eles viram alguma coisa nos céus foi um fenômeno que reluz mais que uma estrela: foi a desmoralização de um portal multinacional, ligado a uma multinacional de telefonia, ou a desmoralização de um(a) candidato(a).

Ou os dois.

Vejam o que o telescópio do Obede, nosso editor,  e o do Nassif captaram no espaço Sideral: 

Paulo,


Hoje a Marina deu uma entrevista ao Terra e o Nassif republicou:


http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/marina-pela-minha-tradicao-eu-seria-favoravel-a-apoiar-o-pt


No entanto, o mesmo Terra mudou o lead todo e até o título da matéria, a mando de quem não se sabe…


http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2010/noticias/0,,OI4735487-EI15315,00-Marina+se+esquiva+de+julgar+posicao+de+candidatos+sobre+aborto.html


Segue o link que prova a mudança de título: http://ow.ly/i/4zbe


Em tempo: Ganha um doce quem descobrir quem mandou o Terra censurar a Marina.

Paulo Henrique Amorim

domingo, 22 de agosto de 2010

O Encontro dos Blogueiros e os leitores ‘cansados’ do Noblat



Posted by eduguim on 21/08/10 • Categorized as Opinião do blog



Da noite de sexta-feira à tarde de sábado, estivemos reunidos às centenas. Blogueiros progressistas, dizemo-nos. E dizemos porque assim nos consideramos. Outros blogueiros que lá não estavam poderiam ter se declarado progressistas e feito inscrição para participar do evento. Não fizeram porque não quiseram.

O blogueiro da Globo Ricardo Noblat, por exemplo, poderia ter se inscrito, já que convidá-lo para o encontro teria parecido provocação, até. Sem dizer que não o consideramos progressista.

Mas posso garantir que se ele tivesse aparecido por lá e quisesse se manifestar, de minha parte teria os microfones franqueados e o gesto democrático amparado ao menos por mim, ainda que tenha forte convicção de que meus companheiros no evento, em maioria, ficariam ao meu lado.

Mas Noblat tem preferido nos fazer acusações no Twitter de estarmos sendo financiados pelo governo Lula com dinheiro público, insinuando que faz isso para comprar nossa opinião em seu favor.

Noblat, como sempre replicando José Serra – até há pouco tempo, porque agora o barco tucano já começa a sofrer as defecções dos que sempre vazam primeiro de embarcações indo a pique –, acusa blogueiros sem nominá-los, que nem o tucano, nem o blogueiro são bobos.

Interessante foi o blogueiro da Globo publicar post reproduzindo trecho de matéria da edição desta semana da revista Carta Capital tratando do Encontro. Abaixo, reproduzo o post do Noblat. Depois, este post segue em frente.

Enviado por Ricardo Noblat –

21.8.2010 | 9h12m

Show abre evento histórico dos blogueiros progressistas

André Cintra, Carta Capital

Uma roda de chorinho e samba, comandada pelo jornalista Luis Nassif, dará a largada para o maior evento na história da blogosfera brasileira. Às 20 horas desta sexta-feira (20/8), começa em São Paulo o 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas – um feito que tem tudo para fazer avançar a luta pela democratização da mídia no país.

(…) Já o restante da programação, no sábado (21) e domingo (22), está marcado para o Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, ao lado da Câmara Municipal, no Centro paulistano. É lá que os 312 participantes inscritos acompanham a mesa de abertura, as oficinas, parte dos grupos de discussão e a plenária final.

(…) Para Paulo Henrique Amorim, blogueiro do Conversa Afiada e também membro da Comissão Organizadora, a blogosfera já mostrou a que veio. “Antigamente, os tucanos de São Paulo davam três telefonemas e controlavam o Brasil. Eles ligavam para o Doutor Roberto (Globo), o Ruy Mesquita (O Estado de S. Paulo) e o Seu Frias (Folha de S.Paulo) e governavam a opinião pública brasileira. O que desmontou essa estratégia concentrada em três telefonemas foi a blogosfera.”

Já Luis Nassif fala em “nova etapa” para definir os desafios atuais dos blogs progressistas. “Nos últimos anos, montamos uma rede de grande impacto para impedir as maluquices da direita e o processo avassalador da mídia. Essa guerra acabou”, afirma o jornalista. “Agora é preciso enfrentar as divergências entre nós mesmos – entre os blogueiros dessa frente. É uma oportunidade para mostrar que a blogosfera comporta essa democracia.”

Mais do que democrático, o encontro também será altamente representativo. É fato que o estado de São Paulo vai responder por pouco mais de 60% dos blogueiros mobilizados – mas haverá representantes de outros 17 estados e do Distrito Federal. Um dos maiores objetivos dos organizadores – atrair estudantes para os debates – também foi bem-sucedido. Pelo menos 90 inscritos são universitários, sobretudo de Comunicação Social.

No encontro, esses jovens blogueiros, tuiteiros ou simples internautas poderão ter contato com as principais referências em blogs progressistas no Brasil. É o caso de Luiz Carlos Azenha (Viomundo), Rodrigo Vianna (Escrevinhador), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Emir Sader (Blog do Emir) e Brizola Neto (Tijolaço) – além dos já citados Altamiro Borges, Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif.

O post do blogueiro da Globo recebeu, até a hora em que li, 50 comentários. A maioria, insultando-nos e nos acusando.

Vale notar que o post do Noblat reproduzido acima não contém acusações como a que ele nos fez pelo Twitter. Em um dos twits, disse que os blogueiros reunidos são tão mais progressistas quanto mais dinheiro público recebem…

Como o blog de Noblat está linkado no portal da Globo na internet e, assim, tem uma enormidade de acessos, penso que muitos dos seus leitores devem ser pessoas de boa fé que podem estar se deixando enganar pelas informações falsas veiculadas por ele.

Assim sendo, reproduzo, agora, o que os leitores do blogueiro global escreveram contra os blogueiros progressistas. A cada um dou a minha resposta individual, que, de maneira alguma, representa a Comissão Organizadora do Encontro dos Blogueiros ou qualquer outro participante do evento, ainda que suspeite de que pensam como eu.

Apelido: Maramu – 21/8/2010 – 18:57
Progressistas??? !!!

Onde. Todos vendidos e pagos com o “nosso dinheiro”.

É triste vermos esta juntada…

Resposta do Blog da Cidadania:

Maramu,

por favor, informe a fonte dessa informação de que os blogueiros progressistas somos “todos vendidos” e pagos com o “vosso dinheiro” – sejam “vocês” quem forem. E aproveite para apresentar as provas e dizer quem é que nos paga.

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Apelido: Alef_Santos – 21/8/2010 – 18:49
Noblat, ainda que você não seja “progressista”, seria bom você aparecer.

Resposta do Blog da Cidadania:

Alef Santos,

Concordo com você e acrescento que ele poderia ter “aparecido”, pois tenho certeza de que seria convidado para um debate conosco no qual lhe garantiríamos a palavra que seus patrões nos negam. Mas nem ele, nem você o consideram progressista. Por isso ele não foi. Porque tem a mesma opinião que a sua.

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Nome: Maurício de Mattos Salgado – 21/8/2010 – 15:05
Pior é que deve estar sendo bancado pelo meu, o seu, o nosso. E ainda se dizem pela “democratização da mídia”. Hehehehe

Resposta do Blog da Cidadania:

Maurício,

Posso garantir que o seu dinheiro e o dos seus amigos não deu as caras no Encontro dos Blogueiros Progressistas. Foram recursos de empresas privadas como a Gol ou de organizadores do Encontro como Paulo Henrique Amorim e Luiz Carlos Azenha, por exemplo, e de alguns sindicatos que têm verbas absolutamente legais para utilizar em comunicação de acordo com a filosofia de cada entidade.

Quem recebe dinheiro público, que também me pertence, é o blogueiro que você lê. A Globo recebe dezenas de milhões de reais dos cofres públicos e usa, em parte, para pagar o salário do signatário do Blog do Noblat para ele fazer insinuações contra mim.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Diferença a favor de Dilma deve ser ainda maior no Vox Popul deverá abrir 12 pontos de diferençai

Luis Nassif Online

Conversei agora com João Francisco Meira, diretor-presidente do Vox Populi. A próxima pesquisa sairá no fim de semana. Sua avaliação é que Dilma abrirá "12 pontos para cima" sobre José Serra.

Desde março João Francisco vem alertando que a eleição iria acabar antes de começar.

"Se olhar com olhar que tem uma teoria explicativa por trás do processo, vai entender o que está acontecendo", explica ele.

Há cinco fatores determinantes nessas eleições, que dificilmente serão alterados até o dia da votação:

Satisfação com a situação econômica pessoal. 78% das pessoas satisfeitas ou muito. Satisfação com a maneira como governo está governando. Quase 80% aprovam governo. Admiração pelo presidente da República. 84%. Identidade partidária: 25% das pessoas são PT. Os outros todos somados dão o tamanho do PT. E metade da população não tem partido mas rejeita o PT. Diferença de tempo na TV: Dilma quase 40% a mais. Portanto, domínio sobre a variável campanha. Campanha é só tempo, diz ele. Não precisa entrar em discussão sobre competência, porque tem competência dos dois lados.

Esses fatores são constantes e dificilmente serão mudados até lá. Nem todas as eleições são assim, explica João Francisco, mas essa é.

As alterações que puderem ocorrer no resultado serão a favor de Dilma. Antes da pesquisa Sensus (que ele ainda não tivera tempo de analisar) 16% do eleitorado não sabiam sequer quem era a candidata de Lula. Cerca de 20% do eleitorado com tendência a votar em Dilma, ainda não a conhece. Pode ser que nem apareçam para votar – dado o nível de desinformação a esta altura do campeonato. Mas se aparecerem, votarão na Dilma.

Essas tendências são corroboradas na tabela do cientista social Marcos Figueiredo, que traça a média e projeta as pesquisas dos quatro principais institutos – Ibope, Sensus, Vox e Datafolha. João Francisco não recomenda a tabela do Estadão – que também trabalha com a média. A do Estadão recorre a uma regressão linear para projetar resultados, quando o correto – como faz Figueiredo – é a progressão logarítima.

Para João Francisco, entre os institutos de pesquisa a única incógnita é o Datafolha. Se persistir na sua base amostral atual, só daqui um mês estará em linha com os demais institutos – quando o nível de informação dos eleitores estiver nivelado. Se incluir os partidos dos candidatos no questionário, Dilma poderá ganhar dois pontos a mais. Mas se não mudar a base amostral, ainda pagará mico por mais um mês.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Como Elio Gaspari mentiu e fez Dulce Maia virar Dilma Rousseff

Como Elio Gaspari mentiu e fez Dulce Maia virar Dilma Rousseff

Houve um tempo em que mentira tinha pernas curtas. Agora, a internet faz exercícios diários de alongamento da mendacidade. Nos últimos meses, uma torrencial campanha caluniosa circula pela rede mundial de computadores tomando por base artigo do jornalista Elio Gaspari, publicado originalmente nos jornais Folha de S.Paulo e O Globo em suas edições de 12 de março de 2008.

Por Dulce Maia, no Observatório da Imprensa

Quem tiver curiosidade de buscar na internet o número de vezes em que aparecem variantes da infame sentença "Agora a surpresa: adivinhem quem é Dulce Maia? Sim, ela mesma: Dilminha paz e amor! Esse é só mais um codinome da terrorista Estela/Dilma" – colada ao final do artigo de Gaspari – verá que estão hospedadas em mais de 500 páginas da rede (marca muito próxima à moda nazista de cunhar a verdade repetindo-se mil vezes uma mentira para torná-la veraz).

Ao contrário do que afirmam, Dulce Maia existe e resiste. Quem é Dulce Maia? Sou eu. Antes de mais nada, quero deixar claro que não me arrependo de nenhuma das opções políticas que fiz na vida, inclusive de ter participado da luta armada e da resistência à ditadura militar implantada em 1964. Eu me orgulho de ter sido companheira de luta de brasileiros dignos como Carlos Lamarca, Onofre Pinto, Diógenes de Oliveira e Aloysio Nunes Ferreira.

Sinal de descaso

Não pretendo polemizar com meus detratores, que ousaram decretar minha morte civil. Estes irão responder em juízo por seus atos. Não admito que queiram impor novos sofrimentos a quem já foi presa, torturada e banida do Brasil durante a ditadura. Lutarei com todas as minhas forças para garantir respeito à minha honra e à minha dignidade.

Gostaria apenas de fazer algumas reflexões sobre essa insidiosa campanha, alicerçada nos erros cometidos pelo jornalista Elio Gaspari ao tratar da ação contra o consulado norte-americano de São Paulo, em 1968. O articulista teve 40 anos para apurar a história. Falsamente me colocou como participante do episódio, sem nunca ter me procurado para checar a veracidade das informações de que dispunha. Tomou pelo valor de face peças do inquérito policial relativo ao atentado, como declaração extraída sob tortura do arquiteto e artista plástico Sérgio Ferro.

Se o articulista tivesse compulsado os arquivos do próprio jornal Folha de S.Paulo, facilmente encontraria entrevista de Sérgio Ferro (de quem também me orgulho de ser amiga há quase meio século). Conforme se lê no texto do repórter Mario Cesar Carvalho, publicado a 18 de maio de 1992, "Ferro assumiu pela primeira vez, em entrevista à Folha que ele, o arquiteto Rodrigo Lefrèvre (1938-1984) e uma terceira pessoa que ele prefere não identificar colocaram a bomba que explodiu à 1h15 do dia 19 de março de 1968 no consulado de São Paulo. Um estudante ficou ferido".

A matéria de 1992 trazia ilustração com um imenso dedo indicador em riste (o famoso "dedo-duro" apontado sobre a cabeça de um homem e acompanhado do texto "terror e cultura").

Gaspari tinha o dever ético de me procurar para verificar se seria eu essa terceira pessoa. Além de não fazê-lo, publicou que o atentado fora cometido por cinco pessoas (entre as quais fui falsamente incluída). O mesmo cuidado deveriam ter tido os responsáveis pela matéria da Folha de S.Paulo de 14 de março de 2008, que repercutiu o artigo de Gaspari reafirmando as falsas acusações.

A esses erros elementares de apuração, deve se somar a relutância da Folha de S.Paulo em restabelecer a verdade. Em nenhum momento, o ombudsman do jornal veio a público para tratar do assunto. O pedido de desculpas de Gaspari foi mera formalidade, sem delicadeza alguma. Sinal mais evidente do descaso do jornal foi a demora na publicação de carta de Sérgio Ferro, onde refutava categoricamente que eu tivesse participado daquela ação armada. A carta só foi publicada dois dias depois de ser divulgada no blog do jornalista Luis Nassif.

Luz do sol

Processado, o jornal foi condenado em primeira instância à reparação por danos morais [ver sentença abaixo]. Imaginava que a ação judicial fosse um freio eficaz às aleivosias, particularmente depois da exemplar observação do juiz de Direito Fausto José Martins Seabra de que o jornal "não só extrapolou o direito de crítica, como olvidou o compromisso legal e ético com a verdade".

No entanto, o artigo de Gaspari voltou a circular com o espantoso adendo de que Dulce Maia não existe e que este seria apenas um codinome de Dilma Rousseff. A utilização do artigo em plena campanha eleitoral mostra que setores da sociedade não têm qualquer apreço pela verdade como arma política. São pessoas que, muito provavelmente, apoiaram o golpe militar de 1964 e não apreciam o debate franco e aberto de ideias.

Chama atenção, também, o silêncio de Elio Gaspari sobre o uso indevido de seu texto. Nunca li qualquer manifestação do articulista refutando o uso de seu nome em páginas que emporcalham a internet com mentiras sobre minha pessoa.

O desrespeito é de duplo grau. Primeiro, pela reiterada circulação de informações falsas sobre o atentado ao consulado norte-americano (prática já condenada pela Justiça na sentença de primeira instância do juiz Martins Seabra). Em segundo lugar, e não menos importante, com a tentativa de me despersonalizar, como se Dulce Maia fosse apenas um codinome.

Depois dos desaparecimentos forçados praticados pela ditadura, que impôs a aniquilação física de adversários políticos, sequazes do regime militar querem impor a aniquilação moral em plena democracia. E o fazem da forma mais vil, espalhando mentiras pela internet.

Como estratégia política, não é novidade. Documentos do governo norte-americano revelam que a CIA apoiava o uso de boatos para desestabilizar o governo democrático de Salvador Allende. Vivi em Santiago e presenciei a onda de boatos que não atingiu seus objetivos eleitorais (Allende foi deposto pelo sangrento golpe militar de setembro de 1973).

Trazer à luz do sol aqueles que usam a mentira como ferramenta política é uma tarefa urgente. Farei a minha parte, acionando judicialmente todos aqueles que atacam minha honra ao tentar tirar proveito político de grotescas caricaturas para atingir a imagem de seus adversários.

A sentença de primeira instância

583.00.2008.245007-8/000000-000 – nº ordem 146/2009 – Indenização (Ordinária) – DULCE MAIA X EMPRESA FOLHA DA MANHÃ S/A – Autos nº 583.00.2008.245007-8 21ª Vara Cível Central da Capital DULCE MAIA move AÇÃO INDENIZATÓRIA contra EMPRESA FOLHA DA MANHÃ S.A. Em 12 de março de 2008 o jornal Folha de São Paulo, editado pela ré, publicou artigo de Elio Gaspari sobre as indenizações pagas às vítimas do regime instaurado em 31 de março de 1964. No decorrer do texto, mencionou de modo inverídico que a autora participara de atentado a bomba no consulado norte-americano nesta Capital. Dois dias depois, outro artigo foi escrito pelo mesmo jornalista com a mesma notícia falsa, a qual lhe causou danos morais. Entende que a ré abusou de seu direito de informar, atingindo a honra e a imagem da requerente ao lhe atribuir a prática de um crime. Requer, portanto, o ressarcimento dos danos morais sofridos. A ré apresentou contestação a fls. 327/343. Negou ter cometido ato ilícito, pois exercera o direito de informar e criticar, assegurado constitucionalmente. Refutou a ocorrência de danos morais, pois a informação inexata foi corrigida e teceu considerações sobre eventual fixação da indenização. Réplica a fls. 351/359. É o relatório. Fundamento e decido. O feito comporta julgamento no estado (art. 330, I, do Código de Processo Civil), registrando-se que as provas pleiteadas pelos litigantes são absolutamente desnecessárias ao deslinde dos pontos controvertidos. Incontroverso nos autos que a autora pertenceu à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), grupo que tinha o objetivo de derrubar o regime instaurado em 31 de março de 1964 e implantar no Brasil, por meio da luta armada, uma democracia operária nos moldes marxistas e leninistas. É notório, ainda, que a ele e a outros grupos denominados terroristas foram atribuídas ações violentas consistentes em roubos a bancos, seqüestros de autoridades e explosões em imóveis públicos e privados. A autora negou ter participado do atentado de 19 de março de 1968 ao consulado norte-americano nesta Capital e a ré reconheceu na contestação, em consonância com o pedido de desculpas de seu articulista Elio Gaspari, publicado posteriormente, que de fato essa informação não era verdadeira. O equívoco aconteceu e foi expressamente admitido por quem o cometeu, de modo que inexiste pertinência em apurar neste feito como a informação errada foi obtida. O que importa é saber se a ré apenas exerceu o seu direito de crítica e se a correção do erro tem o condão de elidir a responsabilidade civil pelos danos morais causados à autora, que são evidentes e dispensam prova, pois ocorreram in re ipsa. Ter o nome associado à prática de um crime do qual não participou é suficiente para sofrer sensações negativas de reprovação social, angústia, aflição e tantas outras que consubstanciam danos morais relevantes sob o aspecto jurídico e, portanto, indenizáveis. A ré sustenta que exerceu o direito de crítica assegurado pelo art. 27, VIII, da Lei de Imprensa. De fato, assim agiu ao tecer considerações e até mesmo juízos de valor sobre a discrepância entre as diversas indenizações pagas às vítimas do regime militar. Sucede, contudo, que a partir do momento em que afirmou a participação da autora no episódio relatado nos autos, não só extrapolou o direito de crítica, como olvidou o compromisso legal e ético com a verdade. Pouco importa que a autora tenha de fato pertencido a grupo ao qual foram atribuídas ações violentas nas décadas de 60 e 70. A notícia de que participou do atentado ao consulado norte-americano não era verdadeira e, assim, não pode prevalecer diante do direito à honra. Lembra Antonio Jeová Santos que "existe um consenso de que a imprensa assume o compromisso de informar não só o fato veridicamente, como também de explicá-lo em seu contexto, em sua verdadeira significação – a verdade acerca do fato – como recomendava a Comissão sobre a Liberdade de Imprensa dos EUA" (Dano moral indenizável. 2ª ed. São Paulo: Lejus, 1999, p. 325). A ré ainda argumenta que corrigiu o erro e, assim, não tem o dever de indenizar os danos morais sofridos pela autora. Sem a necessidade de digressões acerca da forma e do lapso temporal consumido até que a retificação da informação inexata fosse veiculada, o fato é que a correção da notícia, ainda que se desse no modo, no tempo e no lugar adequados e com o mesmo destaque da informação falsa, não afastaria o ressarcimento almejado. Impossível supor que todos os leitores da notícia inexata tenham também lido as erratas e os pedidos de desculpas do articulista. Além disso, "a publicação equivocada, por si só, dá margem à indenização. Eventual retificação a posteriori não faz desaparecer o ato ilícito praticado" (Enéas Costa Garcia. Responsabilidade civil dos meios de comunicação. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002, p. 294). Resta, pois, fixar o valor da indenização. No arbitramento da indenização oriunda dos danos morais leva-se em consideração a natureza, a extensão e a repercussão da lesão, bem como a capacidade econômica dos envolvidos, de modo a compensar os prejuízos experimentados pela vítima sem que haja locupletamento e, de modo concomitante, punir o ofensor de modo adequado a fim de não transgrida novamente. No caso em foco não se pode esquecer que a notícia inexata foi produzida por jornalista bastante respeitado por substancial obra em quatro volumes sobre a história recente do país, o que lhe impunha maior responsabilidade na divulgação de informações sobre aquele período. Por outro lado, a ré não adotou a postura arrogante de ignorar ou de tentar mascarar o seu erro, de modo que o valor indenizatório mínimo proposto com a petição inicial se mostra razoável e compatível com as peculiaridades vistas nestes autos e com os parâmetros acima apontados. Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE a demanda para condenar a ré ao pagamento de R$ 18.000,00 à autora, com correção monetária desde esta data e juros de mora de 1% ao mês contados de maio de 2008, bem como a publicar no mesmo jornal em que a notícia inexata foi divulgada, o inteiro teor desta sentença. Pagará ainda a vencida as custas processuais e os honorários advocatícios da parte contrária, fixados em 10% sobre o valor da condenação. P.R.I. São Paulo, 17 de abril de 2009. Fausto José Martins Seabra Juiz de Direito FLS. 370: Custas atualizadas de preparo para eventual recurso no valor de R$ 364,16. ORD – RP – ADV MAURO ROSNER OAB/SP 107633 – ADV LUIS CARLOS MORO OAB/ SP 109315 – ADV TAIS BORJA GASPARIAN OAB/SP 74182 – ADV MONICA FILGUEIRAS DA SILVA GALVAO OAB/SP 165378