Sabotagem ao governo federal imposta pela dupla após a vitória de Dilma Rousseff em 2014 custou caro ao País: quase 3 milhões de demissões em 2015, que foram resultado da política do "quanto pior, melhor", colocada em marcha para viabilizar o impeachment; pela primeira vez desde 2004, houve queda no número de brasileiros ocupados, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira 25; a redução de 3,9% representou menos 3,8 milhões de pessoas ocupadas; a renda real do trabalhador também caiu pela primeira vez em 11 anos
Flávia Villela* - Repórter da Agência Brasil
Pela primeira vez desde 2004, houve queda no número de brasileiros ocupados em 2015, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, divulgada hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pela primeira vez desde 2004, houve queda no número de brasileiros ocupados em 2015, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, divulgada hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A redução de 3,9% representou menos 3,8 milhões de pessoas ocupadas. Além disso, cerca de 2 milhões de ocupados deixaram de contribuir para a Previdência. A coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira, ressaltou que a indústria apresentou a maior perda, com cerca de um milhão de ocupados a menos (-8%).
"As principais perdas ocorreram em ocupações em que havia melhor, que teve um impacto no rendimento que caiu pela primeira vez em 11 anos", explicou ela.
A participação dos empregados entre os ocupados passou de 61,3% para 60,6% e a dos que trabalham por conta própria cresceu de 21,4% para 23%.
O mercado de trabalho teve aumento de 38,1% da população desocupada (mais 2,8 milhões de pessoas), que chegou a 10 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade em 2015. A maior parte da população desocupada era composta por pretos ou pardos (60%), mulheres (53%) e jovens (33,4%) e pessoas com o ensino médio incompleto (48,2%).
Trabalho infantil
O número de crianças trabalhando no Brasil caiu cerca de 20% no ano passado em comparação com 2014. A pesquisa aponta, ainda, que 2,7 milhões de pessoas de 5 a 17 anos de idade trabalhavam no país no ano passado. A queda representa 659 mil crianças e adolescentes a menos nessa condição do que no ano anterior. Desse total, 15,4% correspondiam a pessoas na situação de trabalho infantil (exploração de crianças com idade inferior a 16 anos).
O número, no entanto, é um sintoma da crise econômica e do aumento do desemprego no país, segundo a pesquisadora do IBGE. "É mais um reflexo da conjuntura do mercado de trabalho do que de políticas públicas, e afetou especialmente os adolescentes de 14 a 17 anos", explicou ela. "Os mais novos são os primeiros a sofrerem quando há recessão, geralmente [eles] não têm carteira assinada, [são] menos escolarizados e mais fáceis de substituição".
No Norte e Nordeste, esse percentual foi maior (21,6%) e 21,2% respectivamente). Das crianças entre 5 e 13 anos de idade que trabalhavam (412 mil), 79 mil tinham menos de nove anos e 333 mil tinham de 10 a 13 anos de idade. A maioria (2,3 milhões) tinha de 14 a 17 anos de idade.
Quase 65% dessas crianças trabalhavam no campo, assim como em 2014. O rendimento médio mensal domiciliar per capita real das pessoas de 5 a 17 anos ocupadas nesse período foi estimado em R$ 630. Para as pessoas não ocupadas nessa faixa de idade, o rendimento foi estimado em R$ 687. O número médio de horas habitualmente trabalhadas por semana em todos os trabalhos caiu de 25,9 em 2014, para 24,6 em 2015.
Percentualmente, o grupo de 10 a 13 anos de idade registrou a maior queda (31,1% ou 150 mil pessoas). Em termos absolutos, a maior redução ocorreu no grupo de 14 a 17 anos de idade, com 518 mil pessoas ocupadas a menos, sendo que as maiores diminuições foram observadas no Nordeste (180 mil pessoas) e Sudeste (163 mil pessoas).
De acordo com a procuradora do Ministério Público do Trabalho, Danielle Cramer, a exploração ilegal de mão obra infantil aumentou no ano passado. "O que vemos na prática é o aumento das denúncias de trabalho infantil no país. Em situações de crise, empresas utilizam mais mão de obra infantil por ser mais barata. E as famílias colocam seus filhos para trabalhar para complementar a renda familiar, que já anda escassa", disse ela.
"No setor formal, sim, houve demissões dos trabalhadores menores de 18 anos, o que se reflete no número como um todo. No setor informal, infelizmente, estamos retrocedendo e jogando por terra todas as conquistas sociais obtidas nos últimos anos", completou.
Ainda segundo o IBGE, em 2015, o nível da ocupação das pessoas de 5 a 17 anos de idade foi estimado em 6,6%, tendo sido 8,1% em 2014. As regiões Norte, Nordeste e Sul apresentaram as maiores reduções em relação a 2014. A região Sul permanece com o maior nível da ocupação para esse grupo etário, 8,3%, enquanto a Sudeste registra o menor, 5,6%.
Analfabetismo
A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade continuou caindo em 2015, ao passar de 8,3% em 2014 para 8% (12,9 milhões de analfabetos) no ano passado. Em 2004, havia 11,5% (15,3 milhões).
"Na faixa de 6 a 14 anos a taxa praticamente zera, é de 1%", ressaltou a pesquisadora do IBGE. "Por outro lado, metade da população não tem o ensino médio completo. Há ainda um baixo nível de escolaridade e talvez esta seja a nova meta a seguir, uma vez que o analfabetismo está erradicado", comentou.
O Nordeste apresentou taxa de analfabetismo superior na comparação com as demais regiões em todos os anos analisados, mas também foi a que mostrou a maior redução, passando de 22,4% em 2004 para 16,2%, em 2015. Em 2014 era de 16,6%. O Centro-Oeste, nesse mesmo período, registrou redução de 3,5 pontos percentuais, indo de 9,2% para 5,7%. As menores taxas também continuaram sendo nas regiões Sul (4,1%) e Sudeste (4,3%).
A taxa de analfabetismo funcional - pessoas de 15 anos ou mais de idade com menos de quatro anos de estudo em relação ao total de pessoas do mesmo recorte etário - caiu de 17,6% em 2014 para 17,1%, em 2015. A taxa mais alta no país foi a do Nordeste (26,6%), enquanto as regiões Sudeste e Sul apresentaram os indicadores mais baixos (12,4% e 13,4%, respectivamente).
Renda do trabalhador cai pela primeira vez em 11 anos, diz pesquisa
A renda real - corrigida pela inflação - dos trabalhadores brasileiros caiu 5% em 2015 na comparação com 2014 e foi a primeira redução em 11 anos, revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O rendimento de todos os trabalhos passou de R$ 1.950 para R$ 1.853. Já o de todas as fontes, que inclui aposentadorias, recebimento de aluguéis, juros e benefícios sociais, entre outros, passou de R$ 1.845 para R$ 1.746 (-5,4%). O rendimento domiciliar foi de R$ 3.443 para R$ 3.186 (-7,5%).
Todas as categorias do emprego acusaram redução no rendimento médio mensal real do trabalho principal, com destaque para os trabalhadores domésticos com carteira assinada (-3,1%). A coordenadora da pesquisa do IBGE, Maria Lúcia Vieira, explicou que a queda está diretamente relacionada com a diminuição da população ocupada no país no ano passado.
"Foi um período em que a desocupação aumentou muito, cerca de 38%, e atingiu principalmente as pessoas ocupadas na indústria, na região Sudeste, e com carteira assinada, que têm rendimentos maiores que os sem carteira e os que trabalham por conta própria. A ocupação caiu justamente nos setores onde os rendimentos eram maiores", disse ela.
Números da queda
Todas as grandes regiões apresentaram redução do rendimento médio mensal real de todos os trabalhos: 7,2% no Norte (de R$ 1,565 para R$ 1.453); 5,6% no Nordeste (de R$ 1.295 para R$ 1.223), 5,4% no Sudeste (de R$ 2.239 para R$ 2.117); 3,3% na região Sul (de R$ 2.149 para R$ 2.079) e 3,5% e Centro-Oeste (de R$ 2.284 para R$ 2.203).
O índice de Gini, que mede a concentração de renda e desigualdade, também sofreu redução, mas segundo Maria Lúcia, isso decorre da crise econômica do país e não da melhora na distribuição de renda. "As quedas do rendimento se deram muito mais nos 50% da população que ganham mais do que nos 50% que ganham menos e isso fez com o que o Gini caísse", afirmou. "A concentração diminuiu porque piorou mais para quem estava melhor em vez de melhorar para quem estava pior".
Para esse indicador, quanto mais próximo de zero menor a desigualdade, sendo o número um desigualdade máxima. O índice da distribuição do rendimento do trabalho caiu de 0,490 em 2014 para 0,485 em 2015, seguindo trajetória decrescente da série desde 2004 (0,545).
Houve queda também no índice de distribuição do rendimento médio mensal real dos domicílios particulares permanentes (0,494, em 2014, para 0,493 em 2015) e do rendimento médio mensal de todas as fontes (de 0,497 em 2014 para 0,491, em 2015).
Nordeste tem o maior nível de desigualdade
A região Nordeste apresentou o maior nível de desigualdade na distribuição desse rendimento (0,498), enquanto a Sul, o menor (0,441). Em termos de variação no período, o Sudeste registrou a maior redução do Índice de Gini de 2014 para 2015, seguida pela região Centro-Oeste.
Os 10% da população ocupada com os menores rendimentos recebiam 3,5% do valor obtido pelos 10% da população ocupada com os rendimentos mais elevados. Em 2014, essa relação era de 3,6%.
O grupo dos 10% de rendimentos mais elevados concentrou quase 40% do total de rendimentos do trabalho, registrando em média R$ 7,4 mil, valor 5,9% menor do que o de 2014. O grupo pertencente à classe dos 10% de menor rendimento mensal de todos os trabalhos recebeu 1,4% do total de rendimento.
Em 2015, 44,7% dos domicílios particulares brasileiros que declararam ter algum tipo de rendimento contavam com até 1 salário mínimo (R$ 788) por morador no domicílio dos 68,2 milhões de domicílios que declararam possuir rendimentos.
(*) Colaborou Ligia Souto, repórter do Radiojornalismo.
Flávia Villela * - Repórter da Agência Brasil
Pesquisa indica que rendimento de todos os trabalhos passou de R$ 1.950 para R$ 1.853. Já o de todas as fontes caiu de R$ 1.845 para R$ 1.746 (-5,4%) Agência Brasil/EBC
A renda real - corrigida pela inflação - dos trabalhadores brasileiros caiu 5% em 2015 na comparação com 2014 e foi a primeira redução em 11 anos, revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada hoje (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O rendimento de todos os trabalhos passou de R$ 1.950 para R$ 1.853. Já o de todas as fontes, que inclui aposentadorias, recebimento de aluguéis, juros e benefícios sociais, entre outros, passou de R$ 1.845 para R$ 1.746 (-5,4%). O rendimento domiciliar foi de R$ 3.443 para R$ 3.186 (-7,5%).
Todas as categorias do emprego acusaram redução no rendimento médio mensal real do trabalho principal, com destaque para os trabalhadores domésticos com carteira assinada (-3,1%). A coordenadora da pesquisa do IBGE, Maria Lúcia Vieira, explicou que a queda está diretamente relacionada com a diminuição da população ocupada no país no ano passado.
“Foi um período em que a desocupação aumentou muito, cerca de 38%, e atingiu principalmente as pessoas ocupadas na indústria, na região Sudeste, e com carteira assinada, que têm rendimentos maiores que os sem carteira e os que trabalham por conta própria. A ocupação caiu justamente nos setores onde os rendimentos eram maiores”, disse ela.
Números da queda
Todas as grandes regiões apresentaram redução do rendimento médio mensal real de todos os trabalhos: 7,2% no Norte (de R$ 1,565 para R$ 1.453); 5,6% no Nordeste (de R$ 1.295 para R$ 1.223), 5,4% no Sudeste (de R$ 2.239 para R$ 2.117); 3,3% na região Sul (de R$ 2.149 para R$ 2.079) e 3,5% e Centro-Oeste (de R$ 2.284 para R$ 2.203).
O índice de Gini, que mede a concentração de renda e desigualdade, também sofreu redução, mas segundo Maria Lúcia, isso decorre da crise econômica do país e não da melhora na distribuição de renda. “As quedas do rendimento se deram muito mais nos 50% da população que ganham mais do que nos 50% que ganham menos e isso fez com o que o Gini caísse”, afirmou. “A concentração diminuiu porque piorou mais para quem estava melhor em vez de melhorar para quem estava pior”.
Para esse indicador, quanto mais próximo de zero menor a desigualdade, sendo o número um desigualdade máxima. O índice da distribuição do rendimento do trabalho caiu de 0,490 em 2014 para 0,485 em 2015, seguindo trajetória decrescente da série desde 2004 (0,545).
Houve queda também no índice de distribuição do rendimento médio mensal real dos domicílios particulares permanentes (0,494, em 2014, para 0,493 em 2015) e do rendimento médio mensal de todas as fontes (de 0,497 em 2014 para 0,491, em 2015).
Nordeste tem o maior nível de desigualdade
A região Nordeste apresentou o maior nível de desigualdade na distribuição desse rendimento (0,498), enquanto a Sul, o menor (0,441). Em termos de variação no período, o Sudeste registrou a maior redução do Índice de Gini de 2014 para 2015, seguida pela região Centro-Oeste.
Os 10% da população ocupada com os menores rendimentos recebiam 3,5% do valor obtido pelos 10% da população ocupada com os rendimentos mais elevados. Em 2014, essa relação era de 3,6%.
O grupo dos 10% de rendimentos mais elevados concentrou quase 40% do total de rendimentos do trabalho, registrando em média R$ 7,4 mil, valor 5,9% menor do que o de 2014. O grupo pertencente à classe dos 10% de menor rendimento mensal de todos os trabalhos recebeu 1,4% do total de rendimento.
Em 2015, 44,7% dos domicílios particulares brasileiros que declararam ter algum tipo de rendimento contavam com até 1 salário mínimo (R$ 788) por morador no domicílio dos 68,2 milhões de domicílios que declararam possuir rendimentos.
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