Em sabatina realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a presidente, candidata à reeleição pelo PT, disse também que não dá à imprensa "um caráter que ela não tem", em alusão à denúncia feita pela revista Veja no final de semana, que citou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, como um dos beneficiados do esquema. Se ela (a pessoa) estiver comprometida, é afastamento", afirmou Dilma. "É prudente saber se isso é verdade. A própria revista que divulga os fatos não diz da onde tirou nem como tirou".
"É uma coisa engraçada. Se um órgão da imprensa sabe as informações, e nós, que somos os acusados, não sabemos, isso é inadmissível. Eu não quero dentro do meu governo quem esteja envolvido. Mas não quero dar à imprensa um caráter que ela não tem diante das leis brasileiras. Eu quero a informação a mais aprofundada possível", ressaltou. "É possível ficar divulgando sem a Justiça homologar a delação premiada?", questionou, acrescentando que acusações de Costa têm que ser investigadas. "Porque quem faz pode não gostar de uma pessoa e acusá-la e proteger uma outra que é mais culpada. É possível que haja informações em controversa".
A candidata à reeleição também criticou que outros escândalos não tenham sido investigados com o mesmo rigor, como estão sendo as denúncias que envolvem o PT. "O que me estranha é que outros esquemas de corrupção não sejam investigados com o mesmo rigor. Como é o caso do mensalão do DEM, o caso do mensalão originário, que tem gente indiciado concorrendo ao governo", exemplificou. "Ninguém investigar uma plataforma de US$ 1,5 bilhão ter afundado? Foi durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ninguém fez uma CPI sobre isso, ninguém investigou", criticou. Dilma citou ainda o caso da Repsol, também da gestão FHC.
"Equipe nova"
Questionada sobre a "equipe nova" que anunciou na semana passada, caso seja reeleita para o segundo mandato, o que causou um mal-estar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Dilma explicou que foi ele quem disse a ela que já não iria ficar em um evento próximo governo, por "motivações pessoais". "Eu falei isso em tese, vale pra todo mundo", afirmou, sobre sua declaração. Sem citar o adversário do PSDB, Aécio Neves, que anunciou que Arminio Fraga será seu ministro da Fazenda caso ele seja eleita, Dilma disse: "Quem anuncia ministro antes da hora, dá azar".
Marina Silva
Ao falar sobre a adversária do PSB, Marina Silva, a presidente defendeu a "democracia" e ressaltou que só é possível governar com apoio no Congresso e do povo. "Quem acha que pode governar sem partidos, sem apoio popular, geralmente tem alguém muito poderoso por trás, geralmente os mais ricos", alfinetou. A presidente acrescentou que "não tem essa questão de nova política e velha política", é preciso envolver a participação popular por um plebiscito para a reforma política, que significa "mudar as regras do jogo político no Brasil".
Dilma afirmou também que vê Marina como "uma pessoa bem intencionada", mas que critica suas propostas de como fazer política. Em relação à comparação que sua campanha fez em propagandas na TV entre Marina e os ex-presidente Jânio Quadros e Fernando Collor, que não terminaram seus mandatos, a petista afirmou que não está "personalizando" as críticas, mas "falando de política, sobre a falta de apoio no Congresso". "Não são acusações pessoais", defendeu.
"Volta Lula"
Questionada como lida com o movimento de "Volta Lula" a cada crise que aparece em seu governo, a presidente ressaltou sua "relação fortíssima" com o ex-presidente. "Convivi diariamente com ele, todo dia, o dia inteiro, enfrentando tudo o que foi problema", detalhou. Dilma mencionou ainda uma "imensa amizade". "Gosto muito do Lula e tenho certeza que ele tem o mesmo afeto por mim. Não me incomoda um milímetro o 'Volta Lula', o que ele quiser fazer eu apoiarei, em qualquer circunstância", ressaltou. Caso ele queira se candidatar em 2018, ela também disse que estará com ele. "Em 2018 e quando for necessário eu estarei com ele", acrescentou.
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