Não estou entre os que fazem tiro ao alvo contra o ministro da Justiça, mas, às vezes, tenho vontade de me juntar a eles. O que este post relata só ocorre por inação das autoridades.
Veja só, leitor, na imagem acima, o boato que a turma que quer ditadura ou impeachment anda espalhando via Facebook.
Essa vergonha passou a sexta-feira inteirinha no ar e, até a noite de sexta, não havia um comunicado oficial da Caixa, nenhum desmentido oficial.
Senhor ministro, não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece. Até hoje estamos esperando os culpados pelo boato de que o Bolsa Família seria extinto…
Você dirá que é uma fraude evidente. Quem elaborou essa farsa é, claramente, um analfabeto funcional. Mas ser ignorante não atenua culpa.
Quantas pessoas humildes essa farsa enganou? Eis a questão.
Pode ter certeza, leitor, de que, a esta altura, há muita gente humilde preocupada. Sabe como é o Facebook, o que postam lá espalha-se como fogo. Principalmente se for lixo.
Semana que vem, essas pessoas que toparam com a farsa e se deixaram enganar provavelmente vão correr à Caixa para sacar suas economias.
Por qualquer critério, trata-se de um crime contra o sistema financeiro. Quem promoveu a farsa tem que responder pelo que fez. Penalmente. Sem complacência.
A página que promoveu essa farsa foi removida. Chama-se – ou chamava-se – “Eu odeio Dilma”. Foi criada no Paraná. O link está abaixo.
As autoridades competentes têm que responsabilizar o autor disso de modo a evitar que a impunidade anime outros a promover pânico.
Não se sabe se foram muitos ou poucos que caíram nessa farsa, mas, seguramente, haverá gente prejudicada.
No limite, um boato como esse poderia gerar pânico, sofrimento e inclusive prejuízos à instituição financeira vitimada pelos bandidos.
É essa gente que quer o impeachment de Dilma, que quer a volta da ditadura militar. É gente que não presta. Quem anda com gente assim vai descobrir que se meteu em uma fria.
Aguarda-se providências das autoridades competentes.
Demitida por texto polêmico que relacionou ameaça à
economia com a reeleição de Dilma Rousseff, executiva Sinara Polycarpo
copiou na integra trechos de avaliação produzida por economista do banco
Fator; caso levou presidente mundial do Santander, Emilio Botín, a
pedir desculpas ao governo brasileiro, e resultou na demissão de ao
menos quatro pessoas
247 – O polêmico informe enviado em nome do
Santander a clientes de alta renda contra a reeleição da presidente
Dilma Rousseff usou frases inteiras do relatório do banco Fator, que já
circulava no mercado há mais de um mês.
De um texto curto de seis frases, cinco foram copiadas parcialmente
ou na íntegra, pela executiva Sinara Polycarpo, do Santander, do
relatório do banco Fator, assinado pelo estrategista Paulo Gala, também
professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"A quebra de confiança e o pessimismo crescente em relação ao Brasil
em derrubar ainda mais a popularidade da presidente, que vem caindo nas
últimas pesquisas", dizia o texto do Santander... Se a presidente se
estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode
surgir ".
Já o documento do Fator destacava: "A quebra de confiança e
pessimismo crescente em relação ao Brasil pode derrubar ainda mais a
popularidade da presidente nas pesquisas... Se Dilma se estabilizar ou
voltar a subir nas pesquisas um cenário de reversão pode surgir".
Dilma classificou a atitude do Santander de "lamentável" e
"inadmissível". O caso levou o presidente mundial da instituição, Emilio
Botín, a pedir desculpas públicas ao governo brasileiro. Ao menos
quatro pessoas foram demitidas.
Toma
cá, dá lá: indenização de R$ 1 milhão paga por Aécio pelo aeroporto na
fazenda do tio, Múcio Tolentino, é o dobro do que o parente deve à
justiça, que cobra ressarcimento da pista original feita ali em 1983
pelo então governador Tancredo Neves Fazenda
do aeroporto de Aécio abrigava 80 trabalhadores em regime análogo à
escravidão, resgatados por equipe do Ministério do Trabalho em 2009
(site Entrefatos)
Regime
de trabalho análogo à escravidão predominava na destilaria de cachaça
Alpha, pertencente à fazenda onde Aécio construiu um aeroporto familiar
com dinheiro público (site Entrefatos)
O pigmeu moral: Israel já matou mais de 800 pessoas em Gaza; bombardeio atinge escola lotada de refugiados, mata 15 e fere 200
De
187 nações, apenas 18 subiram no IDH em 2013, o Brasil foi uma delas:
ONU destaca o salto do país na inclusão dos 40% mais pobres, avanço das
cotas no ensino, Bolsa Família, formalização do trabalho e políticas
anticíclicas na crise mundial Política
de valorização do salário mínimo eleva os pisos de todas as categorias:
em 2013, o aumento médio dos salários foi de 1,25%, mas os pisos
profissionais subiram 2,8% , em linha com os 2,6% do mínimo.
Fonte: site carta maior.
Rejeitar um candidato de esquerda acima de todas
as coisas é um dogma para a elite financeira e empresarial brasileira;
em 1989, na primeira eleição direta após o regime militar, então
presidente da Fiesp Mario Amato produziu a pérola de que se Lula fosse
eleito, 800 mil empresários sairiam do País com destino a Miami; o que
hoje é folclore, ali se levou a sério; mais tarde, em 2002, primeira
vitória do petista teve campanha cercada por
previsões catastrofistas jamais realizadas; pelo banco Goldman Sachs,
economista Daniel Tenengauzer chegou a criar um 'lulômetro' para
equiparar disparada do dólar ao crescimento do PT nas pesquisas; agora,
banco Santander assusta clientes ricos sobre perdas com a reeleição
de Dilma Rousseff; desculpas não escondem repetição do mantra de cada
quatro anos: o fim do mundo vem aí
247 – O relatório destinado a clientes ricos,
produzido pelos analistas do banco Santander, no qual projetam perdas
financeiras diante de uma escalada da presidente Dilma Rousseff nas
pesquisas eleitorais é típico. O pedido de desculpas feito logo a seguir
à divulgação da peça não esconde o fato de que sempre, entra e sai
eleição para presidente, tanto o mercado financeiro quanto os
empresários de maior visibilidade procuram, acima de todas as coisas,
temer, rejeitar e demonizar os candidatos de esquerda à Presidência da
República.
Como quem tem chances reais de vencer, desde 1989, são os candidatos
do PT – com Lula cinco vezes candidato, e Dilma Rousseff desenvolvendo
agora sua segunda campanha -, o nome do partido e a própria legenda
acabando sofrendo a pressão. Hoje é folclore, virou piada, Mas quando o então presidente da
poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mario
Amato, declarou que 800 mil empresários iriam embora do País se Lula
vencesse as eleições de 1989, a frase foi levada muito a sério. Foi
estampada na primeira página de jornais como a Folha e o Estado,
repercutiu em programas de televisão e veio acompanhada de teses sobre a
incapacidade de governança do PT e intenções de intervir em empresas e
no mercado financeiro que, por fim, foram praticadas pelo vitorioso
Fernando Collor. A demonização a Lula, no entanto, prosseguiu em todas as campanhas
nacionais disputadas pelo ex-presidente, inclusive as que ele ganhou. Em
2002, a missão de superar o tucano José Serra incluía, também, superar
uma impressionante série de rumores, boatos e fofocas que apontavam para
um estouro nas contas públicas no caso da vitória do ex-metalúrgico.
Com a chancela do banco americano Goldman Sachs, o economista Daniel
Tenengauzer ganhou seus quinze minutos de fama ao criar o que chamou de
"lulômetro". Consistia em medir o nível da disparada da cotação do dólar
sobre o real de acordo com o crescimento que Lula apresentava nas
pesquisas. Assim, quanto mais o futuro presidente avançava, mas o
"lulômetro" apurava que se chegava mais perto do fim do mundo cambial. O
real seria pulverizado. O que se viu, no entanto, desde o primeiro do mandato de Lula foi a
normalização de todos os grandes indicadores da economia e, em seguida, o
"espetáculo do crescimento" que deu ao presidente uma reeleição
tranquila. Agora, ao completar 12 anos sem representantes de seu campo
político-ideológico no poder central, setores do sistema financeiro e da
classe empresarial voltam a dar as mãos para rezar o mantra do medo da
esquerda acima de todas as coisas. Nesta sexta-feira 25, a divulgação do relatório do Santander a seus
clientes de alta renda trouxe à luz do dia o que está correndo solto nos
bastidores das mesas de investimentos e dos encontros entre grandes
barões da indústria. Apesar de os três governos sucessivos dos
presidente de esquerda terem preservado todos os princípios da economia
de mercado, acrescentando o dado do aumento do mercado consumidor como
um ponto que deveria ser atribuído a seu favor, seus representantes
continua a ser atacados. Das mais diferentes maneiras. Desta vez, foi um
relatório sem base técnica seguido de pedido de desculpas. Aguarda-se
para ver o nível da próxima provocação.
Imperdível a entrevista na Folhada socióloga Walquiria Leão Rego,que está lançando o livro Vozes do Bolsa Família, que escreveu em parceria com o filósofo italiano Alessandro Pinzani, depois de cinco anos de entrevistas com beneficiários do programa no paupérrimo Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, no interior do Maranhão, Piauí e Recife.
O que salta aos olhos de suas observações e o retrato horrendo de uma elite escravocrata, que não gerou um modelo de pobreza como ainda desqualifica os pobres que, para ela, são “vagabundos” que não querem trabalhar.
Transcrevo alguns trechos.
Sobre o boato do fim do programa:
“(…)Foi espalhado o pânico entre pessoas que não têm defesa. Uma coisa foi a medida administrativa da CEF (Caixa Econômica Federal). Outra coisa é o que a policia tem que descobrir: onde começou o boato. Fiquei estupefata. Quem fez isso não tem nem compaixão. Nossa elite é muito cruel. Não estou dizendo que foi a elite, porque seria uma leviandade.Tem uma crueldade no modo como as pessoas falam dos pobres. Daí aparecem os adolescentes que esfaqueiam mendigos e queimam índios. Há uma crueldade social, uma sociedade com desigualdades tão profundas e tão antigas. Não se olha o outro como um concidadão, mas como se fosse uma espécie de sub-humanidade. Certamente essa crueldade vem da escravidão. Nenhum país tem mais de três séculos de escravidão impunemente.
Sobre os que “não querem trabalhar”:
Nessas regiões não há emprego. Eles são chamados ocasionalmente para, por exemplo, colher feijão. É um trabalho sem nenhum direito e ganham menos que no Bolsa Família. Não há fábricas; só se vê terra cercada, com muitos eucaliptos. Os homens do Vale do Jequitinhonha vêm trabalhar aqui por salários aviltantes. Um fazendeiro disse para o meu marido que não conseguia mais homens para trabalhar por causa do Bolsa Família. Mas ele pagava R$ 20 por semana! O cara quer escravo. Paga uma miséria por um trabalho duro de 12, 16 horas, não assina carteira, é autoritário, e acha que as pessoas têm que se submeter a isso. E dizem que receber dinheiro do Estado é uma vergonha.
Sobre o coronelismo:
(…) enfraqueceu o coronelismo. O dinheiro vem no nome dela, com uma senha dela e é ela que vai ao banco; não tem que pedir para ninguém. É muito diferente se o governo entregasse o dinheiro ao prefeito.(…)Foi uma ação de Estado que enfraqueceu o coronelismo. Elas aprenderam a usar o 0800 e vão para o telefone público ligar para reclamar. Essa ideia de que é uma massa passiva de imbecis que não reagem é preconceito puro.
Sobre consumismo:
As pessoas quando saem desse nível de pobreza não se transformam só em consumidores. A gente se engana. Uma pesquisadora sobre o programa Luz para Todos, no Vale do Jequitinhonha, perguntou para um senhor o que mais o tinha impactado com a chegada da luz. A pesquisadora, com seu preconceito de classe média, já estava pronta para escrever: fui comprar uma televisão. Mas o senhor disse: ‘A coisa que mais me impactou foi ver pela primeira vez o rosto dos meus filhos dormindo; eu nunca tinha visto’. Essa delicadeza… a gente se surpreende muito.
Quem quiser ter uma pálida ideia da quantidade de trapaças políticas que serão empreendidas pela direita midiática no ano que vem para tentar recolocar o PSDB no poder tem que prestar atenção a uma das mais claras que já se viu e que foi lançada neste domingo.
A suposta “notícia” é bombástica. Sendo verdadeira, encerraria o fato político mais importante dos últimos dez anos: segundo a Folha de São Paulo, após uma década em que os dois presidentes da República que o país teve no período desfrutaram de popularidade nas alturas, a atual detentora do cargo teria sofrido uma IMENSA queda de popularidade.
Não é pouca coisa. Só no período mais difícil do governo Lula (2005) algumas pesquisas chegaram a registrar, por dois ou três meses, recuo em sua popularidade. E isso no âmbito de uma crise política só comparável à que provocou o impeachment de Fernando Collor.
De janeiro de 2006 para cá, tanto Lula quanto Dilma vieram ganhando popularidade mês a mês. O primeiro terminou seu mandato (2010) com cerca de 80% de aprovação e a segunda, até as últimas sondagens oficiais divulgadas chegara ao mesmo patamar do antecessor.
Eis que, neste domingo, o país recebe uma informação que encerra um terremoto político: segundo a Folha de São Paulo, que também é dona do instituto de pesquisas Datafolha, Dilma perdeu nada mais, nada menos do que DEZ PONTOS PERCENTUAIS de aprovação.
Por muitas vezes este Blog duvidou de pesquisas de opinião sobre política. Contudo, sempre durante campanhas eleitorais. Nesses momentos, o instituto Datafolha, entre outros, divulgou números que depois não vingaram e o candidato que seria prejudicado por eles acabou vencendo a eleição.
Neste momento de bombardeio midiático contra Dilma, até daria para crer em uma sua queda de popularidade. A campanha contra ela está avassaladora. Não passa um só dia sem que os grandes meios de comunicação digam ao país que está à beira do abismo.
Se a “notícia” sobre a enorme queda de popularidade de Dilma tivesse vindo de uma pesquisa Datafolha ou Ibope, apesar da suspeição de esses institutos serem vinculados a interesses políticos até daria para acreditar neles devido ao ímpeto da campanha de desmoralização do governo que se vê em curso.
O grande problema é que a informação não foi apurada por nenhum instituto de pesquisa conhecido. O jornal oposicionista não diz quem fez a pesquisa e não dá detalhe algum sobre ela além do tamanho do tombo da popularidade de Dilma.
Ainda assim, vá lá, tenhamos boa vontade. Uma fonte palaciana poderia, sim, ter feito essa inconfidência a um dos maiores inimigos do ocupante do Palácio do Planalto – traição é quase uma norma na política.
Mas mesmo com toda boa vontade do mundo, reflitamos um pouco mais.
Segundo a Folha, a estrondosa queda de popularidade de Dilma teria ocorrido em abril após a presidente, em março, ter dado declarações que, na visão do veículo, contemporizaram com mais inflação em troca de mais crescimento econômico.
Até aí, tudo bem. Se formos analisar a razão para essa perda de popularidade, porém, vamos concluir que uma legião de brasileiros, que em uma década jamais deixou de apoiar o governo federal, de repente mudou de ideia por uma simples frase da presidente.
Eita povo politizado e atento, o brasileiro! Sendo verdade, estamos melhorando muito…
Mas não é só isso. Como é que a mídia, os institutos de pesquisa, os partidos de oposição, enfim, todos aqueles que anseiam há UMA DÉCADA por uma notícia dessas perderam a chance de apurar que, após tanto tempo, finalmente a artilharia deles surtiu efeito?
A última pesquisa de um grande instituto sobre a aprovação de Dilma foi a CNI-Ibope, divulgada em 19 de março. Nela, 79% dos entrevistados disseram aprovar a forma com que ela governa o país.
Em abril – quando, segundo a Folha, Dilma despencou – não foi divulgada nenhuma pesquisa, mas isso não significa que tanto o governo quanto seus adversários pararam de apurar a popularidade da presidente.
Como acreditar que uma queda tão expressiva de popularidade – dez pontos, em estatística, é uma enormidade – tenha ocorrido e a mídia e os partidos de oposição, com seus mega institutos de pesquisa, não perceberam nada e que só o governo percebeu?
O mais impressionante, no entanto, talvez não seja o “cochilo” da oposição midiática, mas a recuperação da popularidade da presidente por ela ter permitido a alta dos juros em abril e, de novo, agora em maio.
A tese sugere que juros mais altos eram um clamor nacional. Como Dilma aceitou encher um pouco mais os bolsos dos banqueiros, sua popularidade se recuperou e voltou para onde estava, ou quase para onde estava, pois hoje teria recuperado 8 dos 10 pontos perdidos.
Sob um fenômeno tão incrível (literalmente), claro que não dá para apurar se isso de fato ocorreu. Como nenhum grande instituto de pesquisa e os partidos de oposição não apuraram nada e a popularidade da presidente teria se recuperado após cair, só o que se tem é a palavra da Folha.
Fontes do governo que certamente não falaram à Folha, no entanto, disseram a este Blog exatamente o contrário, que a popularidade de Dilma não cedeu um mísero ponto e, mais ainda, que não deve ceder.
Não se descarta a possibilidade de o governo não querer admitir uma queda de popularidade que apurou. Mais uma vez, diante da imensa campanha que tomou toda a grande mídia e que vende que o país estaria em ruínas – enquanto o governo se cala –, não seria de espantar.
Contudo, é de se perguntar o que o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, veio fazer em um país arruinado, à beira do abismo. E, ainda por cima, louco para fazer negócios com ele, praticamente implorando aos empresários brasileiros que façam negócio com seu país.
Mas vejam só o Partido da Imprensa Golpista, hein… Quanta incompetência, meu Deus! Finalmente a popularidade de Dilma caiu, só que o PIG não viu.
A volta do voto censitário
Está rolando no Facebook uma petição de militantes do PSDB que, na prática, reinstitui no país o voto censitário.
Para quem não sabe, voto censitário é a concessão do direito apenas àqueles cidadãos que atendem certos critérios que provem condição econômica.
No Brasil, o voto censitário foi estabelecido pela constituição de 1824 e abolido pela de 1891.
O voto censitário esteve em vigor durante todo o período monárquico brasileiro. Para os padrões da primeira metade do século XIX, o critério exigia renda de 100 mil-réis para votar.
Abaixo, a imagem da campanha fascista que está recebendo adesões de montes de eleitores de oposição.
Todos têm direito a ter qualquer opinião sobre qualquer coisa. E se o que pensamos sobre qualquer assunto não for injurioso, difamatório, calunioso ou preconceituoso contra pessoas ou instituições, temos o direito de difundir publicamente. Só não temos o direito de apresentar nossas convicções como fatos. Fazer isso é trapaça, pura e simplesmente.
Este Blog, por exemplo, julga que difundir um boato sobre extinção do Bolsa Família não poderia interessar ao governo federal, mas interessaria à oposição. E pensa, também, que a antecipação do pagamento do benefício pela Caixa Econômica Federal não poderia fazer os beneficiários concluírem, autonomamente, que isso significaria a extinção do programa social.
Os beneficiários do Bolsa Família somam 13 milhões de famílias, ou cerca de 50 milhões de pessoas. Estima-se que metade desse contingente – pais e mães dessas famílias beneficiadas –, vota. A mera suspeita de que o governo Dilma iria extinguir o programa por certo causaria revolta contra si em cerca de 1/5 do eleitorado brasileiro.
A oposição, no entanto, teria muito a ganhar caso fosse instilada tal dúvida nesse expressivo naco do eleitorado. Se cerca de 25 milhões de pessoas se indispusessem de forma tão veemente contra o governo, desapareceria, do dia para a noite, a vantagem que elegeu Dilma Rousseff em 2010.
Por fim, a teoria ventilada por setores da oposição e da grande mídia de que o governo espalharia o boato para depois desmenti-lo e de que, assim, mostraria aos beneficiários a importância do benefício que lhes paga, é ainda mais inverossímil. Por que o governo julgaria que os beneficiários do programa não valorizam sua importância?
A possibilidade de o governo ter sido o autor do boato cai por terra diante de matéria do portal UOL divulgada na semana passada que mostrou que mesmo após os veementes desmentidos do governo algumas famílias entrevistadas afirmaram que ainda não acreditavam que o programa Bolsa Família não iria acabar.
Sejamos francos: dizer que o governo levantaria dúvidas sobre a continuidade do programa apesar de ser facilmente imaginável que pessoas tão humildes, como mostra a matéria supracitada, poderiam demorar a acreditar que não é verdade que o benefício seria extinto, é uma literal sandice.
Resta, então, a teoria de que a antecipação do dia de pagamento do benefício pela Caixa fez os beneficiários concluírem, por si sós, que isso significaria que o Bolsa Família iria acabar.
A teoria que se tornou consenso em toda a grande imprensa brasileira e que a oposição já trata como fato inquestionável afirma que, em 24 horas, alguns beneficiários que conseguiram sacar o dinheiro antes foram capazes de espalhar por 12 ou 13 Estados – mas não em todos os 26 Estados brasileiros – que o programa social seria extinto.
A teoria de que a culpa pelo pânico é da antecipação do pagamento do Bolsa Família tampouco se dá ao trabalho de explicar por que, se essa antecipação ocorreu nos 26 Estados brasileiros e no Distrito Federal, só em 12 ou 13 Estados ocorreu o pânico. E por que só houve pânico nos Estados do Norte e do Nordeste e na Baixada Fluminense.
Essas dúvidas são mais do que suficientes para obrigar qualquer analista sério a no mínimo não tratar essa versão como fato. Ou seja: quem está tratando essa suposição sobre o pânico dessas famílias como fato está tentando enganar a sociedade, está mentindo.
A conduta esperável de um grande meio de comunicação ou de um jornalista de renome ou de um líder político de expressão é a de aguardar a conclusão da investigação do ocorrido pela Polícia Federal, conclusão que, inclusive, poderá ser posta em dúvida se não vier revestida de provas inquestionáveis. Mas só após ser conhecida.
Contudo, a seriedade obriga a reconhecer que pessoas que têm posições que as obrigam a ter responsabilidade no tratamento de um caso assim e que não poderiam se antecipar e difundir conclusões como verdades absolutas, infelizmente não estão só na oposição e na mídia oposicionista.
Apesar de estarem se tornando incontáveis os jornalistas de grandes meios de comunicação e os políticos de oposição que estão difundindo como fato inquestionável a versão sobre a culpa pelo pânico ser da Caixa, a ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, foi a primeira a se aventurar em difundir conclusões precipitadas, acusando a oposição.
Um blogueiro ou um colunista de um grande jornal até podem expor suas opiniões no sentido de que possa ter ocorrido isso ou aquilo, mas políticos da oposição e autoridades do governo, nunca. Têm obrigação de, no mínimo, esperar o fim da investigação da Polícia Federal.
O principal pré-candidato de oposição a presidente da República, o senador tucano Aécio Neves, e a ministra Maria do Rosário, por exemplo, agiram muito mal. Contudo, a ministra deu apenas UMA declaração pelo Twitter e, inclusive, recuou da declaração. Errou? Sim, errou. Agora, o que Aécio Neves está fazendo é vergonhoso.
Aécio está culpando pessoalmente sua provável adversária na eleição do ano que vem e exortando-a a “pedir desculpas” pelo que ainda ninguém sabe se de fato aconteceu. Ele está sendo incrivelmente irresponsável. Está fazendo politicagem, não pode fazer as afirmações que está fazendo. Está mentindo.
Quanto à “grande imprensa”, se alguém, algum dia, chegou a duvidar de que é partidária da oposição – ainda que ouse se dizer “isenta” –, não pode ter mais dúvidas. Esse bando de jornalistas que está afirmando que a antecipação do pagamento do benefício pela Caixa foi a causa do pânico daquela população sofrida, não passa de um bando de picaretas.
Cubatão suspende decreto após causar filas de 50 km na Anchieta-Imigrantes. Cidade limitou acesso a pátios e deixou veículos pesados parados em rodovia; viagem de ônibus demorou até 8 h
MÁRIO BITTENCOURT COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CUBATÃO MOACYR LOPES JUNIOR ENVIADO ESPECIAL (sic) A CUBATÃO
Às vésperas do feriado de Corpus Christi, um decreto municipal de Cubatão (SP) que limitou o funcionamento dos pátios usados para regular o acesso de caminhões ao porto de Santos levou caos ao sistema Anchieta-Imigrantes, que registrou congestionamentos de até 50 km.
A lentidão na descida pela Anchieta chegou até São Bernardo do Campo, no ABC, deixando motoristas parados durante mais de três horas. Ônibus chegaram a demorar oito horas até Santos (viagem que leva normalmente uma hora).
Além de um disparate como o da prefeita petista de Cubatão, basta muito pouco para derrubar o Governo impotente e imóvel da Presidenta Dilma Rousseff.
Basta, por exemplo, espalhar o boato de que o Bolsa Família vai acabar.
A Técnica do Golpe de Estado contra o inerte Governo Dilma prescreveria providências simples, inspiradas na operação que o Kissinger e a CIA montaram para derrubar o Allende.
Quem sabe o deputado Eduardo Cunha pudesse, se quiser, com um telefonema, cuidar disso.
Simular uma corrida aos postos de gasolina de todo o país com o boato de que vai faltar combustível, por culpa da Petrobrás – a Petrobrás é culpada de tudo, como se sabe.
Provocar uma corrida aos supermercados, com a notícia rasteira de que vai haver um congelamento dos preços.
O clima da hiperinflação iminente já se propaga nacionalmente, quando sobe o pepino na Moóca em São Paulo.
Esse papel destrutivo é feito, de manhã à noite, pelos telejornais do Gilberto Freire com “i” (***), sob a batuta da infatigável Urubóloga.
Derruba-se a Dilma com renovada corrida aos bancos depois de “informação“ veiculada pelo PPS – o partido de ex-comunistas – de que a poupança vai ser congelada.
Um hacker amigo entra no sistema da TAM e da GOL em Congonhas e no Santos Dumont e interrompe o tráfego aéreo do país.
Todas essas simples providências, elementares, aliás, serão ampliadas e dramatizadas nos telejornais (sic) do Gilberto Freire com “ï” (***).
Tudo isso vai acontecer entre os meses de agosto e setembro de 2014, na bica da eleição presidencial.
Quando uma bolinha de papel, finalmente transformada em míssil, cairá na cabeça do Padim Pade Cerra.
O Conversa Afiada já previu que a Presidenta poderia ser vítima de uma “cama de gato”, se não controlasse a ABIN (o que sabe a ABIN que você já não saiba, amigo navegante ?), a Polícia Federal (que investiga o Lula com afinco exemplar), e não tivesse um ministro como o zé da Justiça.
Sem a ABIN, a PF, e um Ministro Afirmativo, Operante (Clique aqui para chorar na TV Afiada) da Justiça e uma Ley de Meios, este Governo cai em 24 horas.
O Kissinger está vivíssimo, com 90 anos.
É só perguntar a ele a receita.
m tempo: o Brizola lembrava que a tevê aberta é uma concessão de serviço público, como a exploração das linhas de ônibus numa cidade. Um serviço público concedido a particulares. Por isso, não se concebe que um ônibus discrimine passageiros. Esse pode entrar, aquele não pode. Como faz a Rede Globo, que só deixa um passageiro entrar: o Golpe.
Em tempo2: pena que o Chávez não possa mais contar à Dilma como ele quase caiu num Golpe da Rede Globo.
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(***) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.
Desde a semana passada até o presente momento eclodiu uma crise política que ainda é pequena, mas que pode crescer. Ou não, caso o governo Dilma recue da investigação de boato sobre o Bolsa Família que gerou pânico em 12 Estados e em localidades do Rio de Janeiro.
Entre os dias 18 e 20 de maio, foi espalhado que o Bolsa Família seria extinto. Assim, centenas de milhares de pessoas acorreram, desesperadas, a agências da Caixa Econômica Federal para tentar sacar o que seria a última parcela do benefício.
Lá chegando, as vítimas conseguiram sacar o benefício e, algumas, até uma parcela a mais do que esperavam. Isso teria ocorrido porque a Caixa estaria promovendo alteração do cadastro de informações de todos os programas sociais que o banco administra.
Em coletiva de imprensa, Jorge Hereda, presidente da instituição, informou que seu sistema tinha acima de dez anos de vigência e, assim, precisava ser atualizado. Havia mais de 200 milhões de cadastros e, após a triagem, foram identificadas cerca de 1 milhão de famílias que teriam dois ou mais cadastros.
A Caixa, anteriormente, divulgou que antecipara pagamentos para o dia 19 de forma que os alarmados pelo boato não entrassem em pânico, mas, agora, desmentiu a informação, afirmando que os recursos já estavam disponíveis no dia 18.
Em resumo, o banco errou ao dizer que liberou o dinheiro para acalmar os alarmados pelo boato, que acorreram às suas agências no dia 19, sábado, data em que a informação falsa produziu os efeitos que se viu.
Esse erro motivou convite da oposição ao presidente da Caixa para ir ao Congresso dar explicações. Parlamentares do PSDB e do DEM insinuam que tal erro causou o pânico, não uma orquestração do boato.
A tese da oposição e da mídia é a de que, ao encontrar dinheiro depositado antes nas contas, as pessoas entraram em pânico. A antecipação seria sinônimo de que o programa iria acabar e, assim, uma vítima começou a dizer a tese à outra e todas se deixaram convencer por ela.
Todavia, a tese não explica porque só Pará, Piauí, Paraíba, Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte, Amazonas, Tocantins e regiões localizadas do Rio de Janeiro foram atingidos se o Bolsa Família está presente no país inteiro.
O dinheiro que estava liberado nesses Estados, estava também naqueles em que não houve corrida às agências da Caixa. Por que nos Estados do Sul, do Sudeste e do Centro Oeste não houve a mesma corrida se a disponibilização do dinheiro ocorreu em todos os Estados?
Mais: como as vítimas do boato saberiam que o dinheiro foi disponibilizado antes do dia de costume? Para irem ao banco verificar se o dinheiro estava lá, seria preciso que tivessem motivo.
A tese da oposição e da mídia é a de que alguns encontrarem dinheiro antes da hora em suas contas fez com que começassem a espalhar que o benefício seria extinto (?).
Volta-se, assim, ao ponto de partida: a teoria, de novo, não explica por que no resto do país, apesar de ter ocorrido a mesma liberação antecipada do dinheiro que houve no Norte e no Nordeste, não ocorreu pânico.
Por enquanto, a mídia não assumiu a acusação que alguns de seus colunistas vêm fazendo ao governo de que este teria montado a farsa do boato a fim de demonstrar a importância do programa e acusar a oposição.
A tese de jornalistas como Ricardo Noblat ou Reinaldo Azevedo, entre outros, não é pouca coisa: a própria Dilma Rousseff, seus ministros e até o presidente do PT, Rui Falcão, estariam mancomunados nessa farsa.
Na oposição ainda não há uma acusação desabrida ao governo de ser o autor da farsa, mas oposicionistas endossam a tese de forma avulsa.
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que no primeiro momento desse caso insinuou que haveria envolvimento da oposição, encolheu-se. O ministro da Justiça despolitizou completamente o caso e o PT vem assistindo impassível às insinuações.
Contudo, notícia divulgada no fim de semana açulou os ânimos da oposição e da mídia: empresa de telemarketing do Rio estaria envolvida na disseminação de boatos.
Imediatamente, as acusações da oposição e da mídia, que vinham esmaecendo, recobraram vigor e foram parar no Jornal Nacional de ontem, além de nos blogs e portais.
A notícia sobre a empresa de telemarketing reforça a tese da orquestração que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tem dito ser uma das hipóteses com as quais a Polícia Federal está trabalhando.
A tese da orquestração não é aceita pela mídia caso parta do governo, só vale quando a oposição a usa. E, assim mesmo, o que parece mais interessante a essa mídia é a tese de o boato ter surgido espontaneamente, por culpa da antecipação dos pagamentos pela Caixa.
No fim, o que se pretende é que fique o dito pelo não dito. O governo se convence de que, se insistir na investigação, a mídia e a oposição conseguirão inverter os fatos e, assim, desiste de ir até o fim.
O histórico do governo Dilma sugere capitulação, apesar de estarem surgindo cada vez mais informações curiosas sobre o caso, como a da empresa de telemarketing do Rio.
Apesar de os dados figurarem no portal da transparência, lá não era possível saber quem entrou no programa quando foi criado e permanece nele até hoje. O governo acabou enviando esses dados ao jornal em março, fornecendo-lhe mais de 500 mil nomes.
Suspeita-se de que esse interesse do jornal pelo Bolsa Família teria relação com o boato sobre o fim do programa e de que seus autores ficaram sabendo da mudança nos cadastros da Caixa e se aproveitaram dela para desfechar o golpe.
No PT e no governo Dilma há quem defenda deixar o dito pelo não dito. Levar o caso adiante seria dar à mídia e à oposição o argumento de que o governo promove práticas ditatoriais contra os adversários.
Segundo esses setores do PT e do governo Dilma, a PF – que esse governo supostamente comanda – não irá apurar nada porque seria toda demo-tucana, apesar de ser o mesmo governo quem nomeia e demite do primeiro ao último homem da corporação.
A lógica, ao fim e ao cabo desta análise, sugere que a capitulação do governo nesse caso ensejará uma onda de ocorrências do mesmo tipo daqui até o processo eleitoral do ano que vem a fim de vender ao eleitorado que “o PT e Dilma” querem acabar com o Bolsa Família.
O “problema” é que essa investigação pode – apenas pode, mas pode – esbarrar em gente muito poderosa ligada à oposição e à mídia. Levá-la adiante seria um fato inédito desde 2003 até hoje, quando os governos Lula e Dilma capitularam em todos os enfrentamentos.
Menos no eleitoral, claro.
A grande pergunta que se faz, portanto, é se o governo Dilma e o PT, que estão cada vez mais encolhidos diante da gritaria da oposição e da mídia, mudarão de conduta de forma tão radical e, por fim, enfrentarão adversários que querem vencê-los por meio de golpes.
Se o fizerem e as suspeitas crescentes se confirmarem, haveria uma hecatombe política. O envolvimento de grandes partidos de oposição e até de algum grande grupo de comunicação, seria o maior escândalo político do século XXI no Brasil, acima do mensalão.
Façam suas apostas.
Veja, abaixo, entrevista coletiva do ministro da Justiça sobre o caso
Vai se tornando progressivamente verossímil a hipótese de que o boato sobre o fim do programa Bolsa Família foi produto de orquestração. Como foi dito neste Blog na segunda-feira, a farsa requereu alto nível de organização para conseguir espalhar a mentira com tanta rapidez e por extensão tão grande do território nacional.
Quando alguém como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – que não é exatamente conhecido por se dar a “radicalismos” –, chega ao ponto de reconhecer a verossimilhança da tese de orquestração, pode-se ter certeza de que há mais do que parece nessa história que alguns tentam tratar como produto do acaso ou mera “brincadeira” de adolescente desocupado.
O problema é que esse super adolescente ou essa estranha brincadeira do destino nos quais alguns dizem acreditar piamente, causaram um sofrimento enorme à população assistida pelo Bolsa Família.
Leio na mídia, com tristeza, detalhes desse sofrimento. Ao mesmo tempo, leio gente que trata aquele povo como se fosse lixo só porque recebe alguns trocados do Estado, que o paga para que não morra de fome.
A matéria inicia informando que “Algumas famílias entrevistadas pelo UOL afirmaram que ainda não acreditam que o programa [Bolsa Família] vai continuar, apesar da negativa do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)”.
É muito triste. Isso desmente por completo – e, espera-se, definitivamente – a hipótese maluca de alguns jornalistas com espaço na grande mídia no sentido de que o próprio governo Dilma, mancomunado com o PT, teria inventado o boato a fim de…
A fim de que, mesmo?
Enfim, não importa tanto o que diz uma mídia que vem falhando em vender suas teses políticas à maioria há pelo menos dez anos.
O que importa, então, é que esse efeito residual do boato revela que quem o engendrou pretendia provocar exatamente esse efeito, pois uma população tão frágil e tão assustada, diante da verossímil hipótese de que aquele dinheirinho era bom demais para ser verdade, acaba achando que benefício a pobre dura pouco mesmo.
Apesar do volume de informação na mídia sobre o boato, vê-se, portanto, a continuidade da boataria. A cada acusação ao governo na mídia, isso se espalha e a população assustada vai se assustando mais ainda.
É forçoso reconhecer, porém, que autoridades do Executivo Federal que saíram dando declarações políticas publicamente não deveriam tê-lo feito, mas a um comentário de três linhas de uma ministra de Estado no Twitter seguiu-se uma avalanche midiática de acusações ao governo de ter sido o autor da farsa, o que acaba dando margem ao tipo de desconfiança que pode, sim, estar surgindo entre uma população de baixas renda e escolaridade.
O mínimo a fazer diante dessa quase tragédia social que arrastou até pessoas com dificuldade de locomoção e colocou em desespero gente que já sofre o bastante no dia a dia será, ao menos, informá-la condignamente, tranquilizando-a.
Dessa maneira, urge que a presidente da República, Dilma Rousseff, venha a público, em pronunciamento de rádio e televisão com abrangência nacional, a fim de tranquilizar e instruir essa população no que diz respeito a esse novo tipo de criminalidade que está se instalando no país, o crime de alarma social.
O governo precisa refletir que sua comunicação com a população à qual vem beneficiando com seus programas sociais está se mostrando, no mínimo, falha. Não é possível que a versão governamental não esteja sendo capaz de comunicar efetivamente que tudo não passou de um golpe e que, por isso, ninguém tem com o que se preocupar.
Por último, resta refletir que não é possível mais o governo continuar dependendo quase que exclusivamente da veiculação interpretativa, pela mídia privada – que, como tal, tem interesses privados –, de suas ações e, agora, até de suas reações a ataques terroristas. A ausência de uma atitude já passou da hora e do limite.