Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Quem pagava “bolsa esmola” era o PSDB

Para entender por que o PSDB virou freguês do PT no século XXI, basta olhar o discurso dos tucanos sobre o Bolsa Família. Apesar de hoje estarem correndo atrás do prejuízo que o que disseram sobre o programa lhes causou, um olhar sobre as políticas de transferência de renda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mostra quem criou “bolsa esmola”.
O termo “bolsa esmola” é de autoria do PSDB, ainda que a mídia ligada a esse partido – bem como ele mesmo – já tenha tentado até atribuir esse mesmo termo ao ex-presidente Lula por ter criticado a distribuição de cestas básicas que o governo de seu antecessor direto usou como programa social até o penúltimo ano de seus oito anos.
Até 2001, o programa social mais vistoso do governo federal era a distribuição de cestas básicas. A crítica de Lula a esse programa foi feita durante a campanha eleitoral de 1998 porque, após quatro anos de governo, FHC não tinha nenhuma outra iniciativa em termos de transferência de renda.
Abaixo, um vídeo que os tucanos e sua mídia difundiram à larga durante a eleição presidencial de 2010 para tentarem distorcer os fatos. Vale conferir que, em nenhum momento, Lula se referiu a programas de transferência de renda como “esmola”, apesar de que criticava os baixíssimos valores que passaram a ser pagos à população carente na undécima hora do governo FHC, aparentemente visando a eleição de 2002.

De fato, os programas de transferência de renda criados por FHC de afogadilho no penúltimo ano de seu governo de oito anos – até então ele só distribuía cestas básicas, vale repetir – eram mesmo esmola.
O gráfico abaixo foi retirado do trabalho monográfico A assistência social nos governos FHC e Lula apresentado por Patrícia Taconi de Moraes Scotton Alves ao curso de pós graduação em Gestão de Políticas Sociais do INBRAPE-FECEA no ano de 2009. O material mostra que programa de transferência de renda tinha o governo FHC após 7 anos.
Como se vê, era esmola mesmo e paga com finalidade político-eleitoral de forma meio desesperada, haja vista a baixíssima aprovação do ex-presidente tucano naquele 2001 – FHC encerrou seu segundo mandato com apenas 35% de aprovação, enquanto que Lula encerrou o seu segundo mandato com 83% de aprovação.
Apesar dos valores absurdamente baixos e pagos a cerca de um quinto das famílias que hoje são beneficiadas pelo Bolsa Família, o PSDB, em editorial publicado em seu site em 2004, chamou o programa social petista de “bolsa esmola”. Abaixo, o texto – com o devido link para a página original.
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Bolsa Esmola – Editorial
13 de setembro de 2004 
Para um governo comandado por um partido que historicamente se fortaleceu sob a bandeira da redenção dos pobres de todo o país, o balanço das políticas federais de inclusão social tem sido profundamente desapontador.
O programa Fome Zero, eixo central do discurso de campanha do então candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, sofre de inanição desde a sua festejada criação e atabalhoada execução. Para superar as deficiências congênitas, o governo, sensatamente, uniu-o ao Bolsa Escola, formando o Bolsa Família – em resumo, a unificação de vários programas assistenciais, a maioria já existente na gestão de Fernando Henrique Cardoso, como o Bolsa Alimentação, o Cartão Alimentação e o Auxílio Gás. O que parecia uma saudável correção de rota tem sido enxovalhado pela evidência de que o governo deixou de fiscalizar, por exemplo, a freqüência em sala de aula dos alunos beneficiados pelo Bolsa Família.
O principal programa social petista reduziu-se, enfim, a um projeto assistencialista. Resignou-se a um populismo rasteiro. Limitou-se a uma simples distribuição de dinheiro, sem a contrapartida do comparecimento à escola, condição fundamental para que populações excluídas tenham maiores possibilidades de emprego no futuro, com elevação da renda de maneira produtiva. A ausência de controle também deixa o programa vulnerável a desvios e pouco propício à avaliação de resultados e correção de rumos. Uma expressão do senador Cristovam Buarque (PT-DF) resume o problema: “O Bolsa Escola virou Bolsa Esmola“.
Exposta a crise, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, no fim da semana passada, que o chefe da Casa Civil, José Dirceu, assumirá o comando das discussões internas para resolver as falhas na execução do programa. Presidente da Câmara de Política Social, da Câmara de Desenvolvimento Econômico e de outros 19 grupos coletivos dedicados a reuniões na Esplanada dos Ministérios, Dirceu convocará os ministros Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Humberto Costa (Saúde) e Tarso Genro (Educação) com o objetivo de encontrar uma solução conjunta para a falta de controle. Deseja-se que novos rumos não sejam turvados pelo hábito palaciano de perder-se em extensos e contraproducentes debates internos.
Três exigências seriam originalmente necessárias para as famílias que recebem o benefício do Bolsa Escola: freqüência escolar, vacinação e acompanhamento de gestantes. A última checagem, admitiu o governo, é de 10 meses atrás. (Tais falhas, convém lembrar, vêm desde a gestão de FHC). Enquanto isso, os três ministérios envolvidos com o programa seguem batendo cabeça sobre as atribuições de cada um no controle das contrapartidas.
Trata-se de um símbolo tristonho da negligência governamental para aquela que seria prioridade absoluta da atual gestão. Os entraves dos programas sociais do governo federal são a evidência clara de uma política embotada pelo apego a números que podem render dividendos políticos musculosos, porém com eficácia social bastante questionável. São 4,5 milhões de famílias beneficiadas, orgulha-se o Palácio do Planalto. O risco é que, ao fim do mandato petista, boa parte delas continue à espera da esmola presidencial.
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O texto está cheio de mentiras. Antes de rebatê-las, porém, vale dar uma olhada no gráfico do Ministério do Desenvolvimento Social que mostra quanto o Bolsa família paga – e a quem.

Como se vê, o Bolsa família chega a pagar mais de 300 reais às famílias beneficiadas pela maior amplitude do programa, enquanto que as “bolsas” de FHC pagavam uma fração desse montante em condições análogas.
Não foi por outra razão que ao longo dos governos Lula e Dilma a pobreza caiu de forma tão mais acentuada do que durante os oito anos de FHC. O gráfico abaixo, extraído da Folha de São Paulo, mostra como a maior preocupação com o social de Lula e Dilma e a abolição das esmolas tucanas melhoraram a vida dos brasileiros.
FHC encontrou o país com 38,2 milhões de pobres e o entregou a Lula com 39,6 milhões; só no governo Lula, os pobres caíram de 39,6 milhões para 21,2 milhões. E só até 2011. Dali em diante, o tamanho da pobreza no Brasil continuou diminuindo e segue em queda até hoje.
O que fez a pobreza praticamente permanecer estática durante o governo FHC e ter caído tanto durante o governo Lula encontra explicação em uma das últimas manifestações do PSDB sobre o Bolsa Família, nas palavras de seu pré-candidato a presidente Aécio Neves.
Veja o que ele disse em novembro ao jornal O Estado de São Paulo:
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Um dos problemas que constatamos é que pais de família, mesmo com uma oferta de trabalho, têm receio de amanhã eventualmente serem demitidos e terem que voltar ao programa e não conseguirem rapidamente sua reinserção”, disse. Aécio deve apresentar ainda outras propostas “para que haja um esforço maior do que existe hoje para a qualificação daqueles beneficiários do Bolsa Família e um acompanhamento maior“.
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Esse enfoque da pobreza é o que torna o PSDB um partido danoso aos brasileiros também no que diz respeito ao combate a essa que é a maior chaga deste país. Em vez de se preocuparem em aumentar o tamanho do Bolsa Família para que a pobreza continue caindo, os tucanos se preocupam com “portas de saída” e outras artimanhas para desidratar o programa.
Eis por que Aécio não deslancha. Os brasileiros sabem quanto sofreram enquanto o PSDB mandava no país. Sabem como nascer pobre, no Brasil, era para sempre e sabem como após Lula, e agora com Dilma, a mobilidade social virou realidade. Por isso, dificilmente Dilma deixará de se reeleger. Quem bate, esquece. Mas quem apanha não esquece.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

BOLSA FAMÍLIA VENCE PRÊMIO ISSA, O NOBEL SOCIAL

terça-feira, 28 de maio de 2013

Que falta que ele nos faz…

No texto de retorno deste blog, afirmamos que, se não fosse a capacidade de Lula de desmascarar farsas, como fez com o caso da bolinha de papel transformada em petardo contra José Serra, “ estaríamos todos nos desculpando com os senhores da mídia”.
O noticiário de hoje sobre o criminoso boato do fim do Bolsa Família é um bom exemplo do que se disse.
O presidente da Caixa, Jorge Hereda, deu uma entrevista mostrando gráficos que provam que, mesmo com os saques liberados, não houve corrida aos terminais eletrônicos da Caixa a não ser depois de ter sido lançado o boato de extinção do programa.
Gráficos que não foram, ao menos que eu visse numa passada de olhos pelos jornais, mostrados na imprensa de hoje.
A mídia prefere dar manchete ao pedido de desculpas por uma demora no anúncio da liberação dos saques antecipados e quase nada sobre a informação com que a Caixa começa e termina seu comunicado oficial : “não foi a flexibilização dos pagamentos que causou corrida às agências e canais de atendimento da CAIXA.”
Os dados e a afirmação do banco estatal são mencionados lá no final, e de passagem.
Mas, reconheça-se, isto é, além da parcialidade completa da mídia, resultado de uma postura tatibitati com que parte deste Governo se comporta. Mais preocupados em serem “bonzinhos”, “republicanos” e “politicamente corretos”, acabam sendo lenientes com um ato criminoso indisfarçável.
Que, de novo, só Lula teve a coragem, ontem, de classificar de maneira nua e crua o episódio.
“O que mais falar com um ato de vandalismo desse? Ou seja, eu só espero que se descubra quem fez isso, porque brincar com as pessoas mais pobres desse país é, eu diria, uma ofensa”.
A mesma reação indignada que teve Dilma Roussef, mas que, parece, não se espraiou para os quadros dirigentes do Governo e de sua base política.
Ofende a inteligência pública que se esteja montando uma armação onde as vítimas – Governo e Caixa – estejam sendo levadas à condição de culpadas.
Assim como ofende ao bom-senso que, entre os primeiros sacadores da “onda” de boatos não se possa ter uma informação de como receberam a notícia falsa.
A impressão que se tem é que isso está mexendo com gente graúda da oposição ou com algum interesse poderoso, tamanho é o empenho da mídia em fazer disso um caso “Doca Street”, onde a vítima de assassinato, Ângela Diniz, foi exposta na mídia como alguém que provocara aquele crime.
Alguns dos colunistas da grande imprensa chegam a dizer que há suspeitas de que a Polícia Federal tenha mencionado a descoberta de que uma empresa de telemarketing disseminou a informação seja uma mentira, para “livrar a cara da Caixa”.
Quem conhece a Presidenta Dilma Roussef sabe que ela, no caso de existir um culpado na equipe de Governo, já teria “passado o rodo” no responsável.
Mas, quem conhece este Governo sabe também que, no caso de haver algum figurão tucano-midiático no meio da história, a coisa fica que nem uma batata quente, que se sopra para esfriar.
 Por: Fernando Brito

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Boato sobre o Bolsa Família exige pronunciamento de Dilma na TV.

EduGuim.

Vai se tornando progressivamente verossímil a hipótese de que o boato sobre o fim do programa Bolsa Família foi produto de orquestração. Como foi dito neste Blog na segunda-feira, a farsa requereu alto nível de organização para conseguir espalhar a mentira com tanta rapidez e por extensão tão grande do território nacional.
Quando alguém como o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – que não é exatamente conhecido por se dar a “radicalismos” –, chega ao ponto de reconhecer a verossimilhança da tese de orquestração, pode-se ter certeza de que há mais do que parece nessa história que alguns tentam tratar como produto do acaso ou mera “brincadeira” de adolescente desocupado.
O problema é que esse super adolescente ou essa estranha brincadeira do destino nos quais alguns dizem acreditar piamente, causaram um sofrimento enorme à população assistida pelo Bolsa Família.
Leio na mídia, com tristeza, detalhes desse sofrimento. Ao mesmo tempo, leio gente que trata aquele povo como se fosse lixo só porque recebe alguns trocados do Estado, que o paga para que não morra de fome.
As pessoas estão assustadas, conforme mostra reportagem do portal UOL “Atendidos pelo Bolsa Família evitam falar sobre origem de boato que apontava fim do programa”.
A matéria inicia informando que “Algumas famílias entrevistadas pelo UOL afirmaram que ainda não acreditam que o programa [Bolsa Família] vai continuar, apesar da negativa do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome)”.
É muito triste. Isso desmente por completo – e, espera-se, definitivamente – a hipótese maluca de alguns jornalistas com espaço na grande mídia no sentido de que o próprio governo Dilma, mancomunado com o PT, teria inventado o boato a fim de…
A fim de que, mesmo?
Enfim, não importa tanto o que diz uma mídia que vem falhando em vender suas teses políticas à maioria há pelo menos dez anos.
O que importa, então, é que esse efeito residual do boato revela que quem o engendrou pretendia provocar exatamente esse efeito, pois uma população tão frágil e tão assustada, diante da verossímil hipótese de que aquele dinheirinho era bom demais para ser verdade, acaba achando que benefício a pobre dura pouco mesmo.
Apesar do volume de informação na mídia sobre o boato, vê-se, portanto, a continuidade da boataria. A cada acusação ao governo na mídia, isso se espalha e a população assustada vai se assustando mais ainda.
É forçoso reconhecer, porém, que autoridades do Executivo Federal que saíram dando declarações políticas publicamente não deveriam tê-lo feito, mas a um comentário de três linhas de uma ministra de Estado no Twitter seguiu-se uma avalanche midiática de acusações ao governo de ter sido o autor da farsa, o que acaba dando margem ao tipo de desconfiança que pode, sim, estar surgindo entre uma população de baixas renda e escolaridade.
O mínimo a fazer diante dessa quase tragédia social que arrastou até pessoas com dificuldade de locomoção e colocou em desespero gente que já sofre o bastante no dia a dia será, ao menos, informá-la condignamente, tranquilizando-a.
Dessa maneira, urge que a presidente da República, Dilma Rousseff, venha a público, em pronunciamento de rádio e televisão com abrangência nacional, a fim de tranquilizar e instruir essa população no que diz respeito a esse novo tipo de criminalidade que está se instalando no país, o crime de alarma social.
O governo precisa refletir que sua comunicação com a população à qual vem beneficiando com seus programas sociais está se mostrando, no mínimo, falha. Não é possível que a versão governamental não esteja sendo capaz de comunicar efetivamente que tudo não passou de um golpe e que, por isso, ninguém tem com o que se preocupar.
Por último, resta refletir que não é possível mais o governo continuar dependendo quase que exclusivamente da veiculação interpretativa, pela mídia privada – que, como tal, tem interesses privados –, de suas ações e, agora, até de suas reações a ataques terroristas.  A ausência de uma atitude já passou da hora e do limite.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A birra de O Globo com os pobres



Não se entende onde o jornal O Globo pretende chegar com sua série "Os mercadores da miséria", criticando os programas sociais, especialmente Bolsa Família e o Brasil Sem Miséria.
Na chama da série, o jornal promete:
“(...) O Brasil Sem miséria, programa criado pela presidente Dilma para erradicar a pobreza extrema, tem sido alvo frequente de fraudes, revelam Alessandra Duarte e Carolina Benevides numa série de reportagens que O Globo inicia hoje".
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Qualquer realidade complexa - uma grande empresa, um organismo estatal ou privado, um programa de governo - pode ter grandes virtudes e pequenos defeitos; ou grandes defeitos e pequenas virtudes.
Se o veículo for mal intencionado, basta dar destaque aos pequenos defeitos (quando for para denunciar) ou às pequenas virtudes (quando for para enaltecer). E esquecer que existe a estatística para avaliar o peso tanto de um quanto de outro.
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Se quisesse criticar o modelo de concessão de aeroportos, as dificuldades do PAC (Plano de Ação Continuada), a barafunda burocrática, os desperdícios da administração pública, o jornal teria um bom material jornalístico.
Mas a birra do jornal é com programas voltados aos mais necessitados.
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A principal "denúncia" de O Globo, manchete principal, foi do gato que recebia como beneficiário e de dono de Land Rover que seria beneficiário de R$ 60,00 por mês.
O que deixou de contar:
1. O fato ocorreu em 2009, muito antes da criação do Brasil Sem Miséria.
2. Toda família matriculada em programas sociais precisa submeter as crianças a exame médico. Quando a família não apareceu, o médico foi atrás da criança e descobriu tratar-se de um gato.
3. Descoberto o golpe, pelos próprios mecanismos do programa, o dono foi denunciado à polícia, está respondendo por dois crimes, inclusive pelo crime de falsidade ideológica.
Tal fato ocorreu há 4 anos e foi objeto de inúmeras reportagens na época. De lá para cá passaram três ministros e dois presidentes pelo programa. Qual a razão de ludibriar assim os leitores requentando uma notícia velha?
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A outra denúncia, sobre o dono do Land Rover, além de antiga, foi apresentada de forma incorreta. O tal empresário registrou laranjas no BF. Tratava-se de um explorador, que foi identificado e processado.
Outra "denúncia" foi o de uma senhora que afirmou não receber mais o benefício. Vai-se conferir, ela deixou de atualizar seu cadastro. Exige-se a atualização de cadastros justamente para evitar fraudes. Mas o jornal condena o programa por ter gato, e condena por não ter gato.
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A maioria absoluta dos episódios de fraude relatados foi desvendada pelos próprios sistemas de controle do Bolsa Família. Mesmo que tivessem sido levantados por terceiros, ainda assim são estatisticamente irrelevantes.
Qual a intenção de levantar meia dúzia de casos para desacreditar um programa que assiste a milhões de miseráveis?
Intenção eleitoral, não é. As eleições de 2012 já aconteceram e o BF já está assimilado pelos eleitores. Tanto assim, que o PT não se deu bem no nordeste. Quem quiser coração e mentes desses eleitores, até o governo, daqui para frente terá que oferecer outros benefícios.
Só pode ser birra com pobre.
Luis Nassif

quinta-feira, 1 de março de 2012

Heloisa Villela: Americano que ganha até R$ 2 mil mensais leva o Bolsa Família

por Heloisa Villela, de Washington
“O presidente dos cupons de comida [food stamps]”. Essa é a última gracinha do pré-candidato republicano Newt Gingrich. Tentar colar no Presidente Barack Obama a pecha de que ele promove a política da esmola para quem não quer trabalhar e sim viver de favores do governo.
É assim que os radicais da direita norte-americana se referem à rede de amparo social. Medidas adotadas no período da depressão econômica, depois da derrocada da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, para aliviar a pobreza e a miséria no país. O seguro desemprego é uma delas. Outra, o tal cupom de comida. O programa que, antigamente, dava um cupom a quem precisava de ajuda para que a família trocasse o cupom por comida em lojas e armazéns.
Para as historiadoras Lisa Levenstein e Jennifer Mittelstadt, Obama não deveria fugir do apelido e sim abraçá-lo e usá-lo com orgulho. Aproveitando para explicar o que ele realmente significa. O chamado Food Stamps durou de 1939 a 1943, na primeira fase. Depois voltou, no governo do Presidente Kennedy, nos anos 60, e se tornou permanente. Atende mais gente nos momentos difíceis, e menos nas fases de expansão econômica.
A ideia surgiu para ajudar os pobres, os agricultores e os comerciantes. Com os cupons, muita gente passou a ter um mínimo de segurança alimentar. Os agricultores encontraram uma forma de escoar parte da produção excedente e os comerciantes ganharam consumidores que, sem os cupons, não apareceriam nas lojas. O projeto, que começou pequeno, em poucos estados, hoje é adotado no país inteiro e, desde o começo da crise econômica, em 2007, vem batendo recorde atrás de recorde em número de famílias atendidas. Claro. Sem trabalho e sem salário, cupons (hoje são cartões de débito) para alimentar a família.
Por mais que os republicanos esperneiem, o programa faz sucesso e os comerciantes não querem vê-lo desaparecer. A rede Wal-Mart, por exemplo, já detectou o aumento significativo das vendas de comida nas primeiras horas do primeiro dia de cada mês. É exatamente quando vira o reloginho e o dinheiro dos cupons cai na conta da família beneficiada. Muitas famílias entram nas lojas da rede poucos minutos depois da meia-noite. Desesperadas para levar ovos, leite e pão para casa!
E quem recebe o benefício? Nem todo mundo que tem direito a ele porque muitas pessoas pobres nem sabem como se inscrever para conseguir os cartões. Na média nacional, somando o que acontece em todos os estados, 28% dos americanos que precisam desta ajuda não recebem nada. Mas vamos aos critérios que qualificam uma pessoa interessada em receber os tais cupons:
– É preciso ser norte-americano ou ao menos imigrante com situação regular morando no país há  mais de 5 anos;
– Um indivíduo tem que ganhar menos de U$ 1.174 por mês (quase R$ 2.000 reais);
– Para uma família de quatro pessoas, a renda mensal não pode passar de U$ 2.389,00 (R$ 4.061,00 por mês).
E os que se inscrevem no programa e são aceitos, o que ganham do governo? U$ 133,00 (R$ 266,00) por mês para comprar comida, no caso do indivíduo, e U$ 290,00 para a família (R$493,00).
Hoje, mais de 46 milhões de americanos recorrem aos cupons para complementar as compras de comida ou contam exclusivamente com eles para comer. É um país inteiro, do tamanho da Espanha, por exemplo. Maior do que o vizinho Canadá que tem 33 milhões de habitantes. Um país pobre, dentro dos Estados Unidos ricos, que seria o vigésimo sétimo do mundo, em matéria de população. E que continua crescendo. Em 2006, o número de americanos que recorriam ao programa fechou em 26,7 milhões. De lá prá cá, houve um aumento de mais de sessenta por cento.
O governo norte-americano, hoje, gasta U$ 75 bilhões de dólares por ano com o programa. Mas o orçamento que o presidente Barack Obama apresentou ao Congresso para o ano fiscal 2012-2013 diz que o gasto vai diminuir, já que o índice de desemprego está caindo. Mais gente trabalhando, renda familiar mais alta, menos gente pedindo os cupons. Segundo as projeções do governo, o gasto será de US$ 69,9 bilhões no ano que vem.
Se os republicanos ganharem as eleições presidenciais, em novembro, eles prometem cortar este e todos os outros programas que fazem parte da rede de amparo social, tecida na pós-depressão e incrementada nos anos 60. Mas com a popularidade que os programas têm e a necessidade que suprem, não vai ser fácil varrê-los do mapa.
PS do Viomundo: Esta é a primeira de uma série de reportagens da Heloisa Villela, tratando da chamada safety net, ou rede de seguridade social, sob ataque mas ainda vigorosa nos Estados Unidos, se comparada à existente no Brasil.
Leia também:
Allen Frances: Um alerta a médicos e pais sobre o déficit de atenção

sábado, 15 de outubro de 2011

Dilma deixa crise da Grécia para a Urubóloga. ‘Não vamos pagar por uma crise que não é nossa’, diz Dilma

Saiu no Globo:


Naira Hofmeister,

especial para O Globo


PORTO ALEGRE – Foi entre os gritos de apoio e saudação do público que lotou o auditório Dante Barone da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e um protesto externo, organizado por sindicatos de bancários e servidores públicos, que a presidente Dilma Rousseff subiu à tribuna para defender o Brasil Sem Miséria, cujo pacto da região Sul foi assinado nesta sexta-feira, em Porto Alegre, pelos governadores Tarso Genro (RS), Raimundo Colombo (SC) e Beto Richa (PR). Em um discurso, a presidente destacou a importância do programa, que tem como meta retirar da miséria extrema 16 milhões de pessoas em quatro anos. Mais do que isso, Dilma pretende converter essa parcela da população, que sobrevive com menos de R$ 70 por mês, em consumidores que impulsionem o crescimento do Brasil, mantendo o país à parte da crise internacional que atinge os mercados europeus e dos Estados Unidos.


- Tirar 16 milhões da pobreza é um imperativo moral e ético, mas também um instrumento econômico, porque é transformar brasileiros em cidadãos plenos, em consumidores – justificou a presidente.


Para a presidente, esta é a melhor fórmula para evitar que a crise tome proporções maiores em território nacional:


- Nós não somos uma ilha: de uma forma ou de outra, somos atingidos pela crise. Mas como a nossa principal força é o mercado interno, a nossa capacidade de resistência é muito elevada.


Assim como fez durante seu discurso na reunião de abertura da Conferência das Nações Unidas, DIlma criticou a atitudes dos países desenvolvidos que optaram por cortar programas sociais e salários em lugar de estimular o desenvolvimento através da ampliação do consumo e da atividade industrial:


- Nós vemos os países envolvidos em discussões que parecem um tanto quanto envelhecidas, porque nós vivemos a nossa crise da dívida soberana a partir de 1982. Nós vivemos todo um processo de fazer um ajuste e depois não crescíamos – relembrou.


Dilma destacou que o maior passo para a soberania econômica brasileira aconteceu quando o país liquidou a sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A presidente ressaltou o fato que hoje o Brasil tem recursos aplicados no FMI e futuramente irá ter uma maior participação:


- Agora nós jamais aceitaremos que certos critérios que nos impuseram sejam impostos a outros países.


Ela se solidarizou com os protestos que reúnem milhares de norte-americanos intitulado Ocupe Wall Street, dizendo que simpatiza com dois lemas dos manifestantes:


- Um diz: “nós não vamos pagar pela sua crise” e eu posso garantir que o Brasil não vai pagar por uma crise que não é nossa.


Durante a solenidade da manhã desta sexta-feira, em Porto Alegre, dezenas de acordos foram firmados para garantir a inclusão dos 716 mil cidadão que vivem em miséria extrema nos três estados do Sul do Brasil no Cadastro Único dos programas sociais do governo federal. Na área urbana, onde vive 60% dessa população, os convênios foram firmados com a Associação Brasileira de Supermercados (Abas), o Walmart e a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Eles garantem que as vagas de emprego das redes varejistas e da construção civil sejam preenchidas com pessoas cadastradas pelo governo e beneficiárias dos programas sociais como o Bolsa Família. No campo, os tratados determinaram a compra e a distribuição de milhares de sementes crioulas para agricultores familiares em situação de extrema pobreza.

quarta-feira, 15 de junho de 2011


Serra requenta discurso usado contra o Bolsa Família

Após perder as eleições presidenciais e a disputa interna no PSDB, o ex-governador de São Paulo, José Serra, luta para se manter sob os holofotes disparando críticas quase diárias ao governo de Dilma Rousseff. Um dos alvos do tucano tem sido o programa Brasil sem Miséria, lançado recentemente pelo governo federal. Para Serra, um “factoide destinado a ganhar um passageiro espaço gratuito nos jornais e na televisão”, ou então, “a nova versão do Fome Zero do Lula, que ficou só no nome”. Ao fazer isso, o ex-candidato requenta discurso já utilizado, sem sucesso, contra o programa Bolsa Família.

Após acumular duas pesadas derrotas, na eleição presidencial de 2010, e na disputa pelo comando de seu partido, agora em 2011, o ex-candidato José Serra ganhou como uma espécie de prêmio de consolação a presidência do recém criado Conselho Político do PSDB. A partir deste cargo, Serra vem procurando se manter sob os holofotes disparando críticas quase diárias ao governo de Dilma Rousseff. Um dos alvos do tucano tem sido o programa Brasil sem Miséria, lançado recentemente pelo governo federal. Para Serra, um “factoide destinado a ganhar um passageiro espaço gratuito nos jornais e na televisão”, ou então, “a nova versão do Fome Zero do Lula, que ficou só no nome”.

Não é essa a opinião do chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcelo Néri, que qualificou o lançamento do Plano Brasil sem Miséria como um “momento histórico” para o país. Na avaliação do economista, o Brasil deverá colher uma “safra muito boa” de indicadores sociais na próxima década. Um dos principais avanços do plano, disse Marcelo Néri à Agência Brasil, é que ele dá ao combate à miséria um peso institucional inédito. Além disso, enfatizou, o programa sinaliza continuidade em relação aos resultados sociais obtidos nos últimos anos, em especial a queda de 67% da pobreza extrema desde o Plano Real. “A desigualdade está no mínimo histórico. E, nesse momento, você resolve abrir outra frente para plantar e colher outros resultados, mas já usando a própria colheita como semente”.

O economista da FGV também chamou atenção para o que chamou de “federalismo social” do programa. Os municípios, observou, tiveram uma atuação muito importante no combate à pobreza, mas com pouca participação relativa dos estados. Néri também elogiou a decisão de elevar o número de filhos, de três para cinco, que passarão a contar com os benefícios do programa Bolsa Família. Segundo ele, no próximo mês a miséria já vai ser menor com a incorporação de 1,3 milhão de pessoas, basicamente, crianças. Néri também contestou também a crítica de alguns economistas sobe o impacto fiscal do programa, observando que “é barato combater a pobreza”.

A economista Maria da Conceição Tavares também saiu em defesa do programa e criticou as declarações de Serra: “O ex governador José Serra escreveu, recentemente, um artigo desaforado sobre o Plano Brasil sem Miseria, no estilo que usou na sua campanha eleitoral. Aproveitou, além disso, no seu estilo agressivo, para atacar o governo da Presidenta Dilma em todas as frentes, da política econômica à social. Serra, como de costume, não tem razão. Seria bom os cidadãos, de modo geral, se informarem a respeito do Plano Brasil sem Miséria”.

Em artigo publicado nesta quarta-feira, no jornal O Globo, a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, reafirmou o compromisso de retirar 16 milhões de brasileiros da situação de extrema pobreza. “Vamos aperfeiçoar o Bolsa Família em dois pontos: com a busca ativa dos que têm perfil de receber transferência de renda e ainda não recebem, incluiremos mais 800 mil famílias; e com a ampliação de três para cinco filhos por família que recebem a parcela variável, serão beneficiadas 1,3 milhão de crianças e adolescentes”, destacou a ministra.

Tereza Campello enfatizou ainda que esses 16 milhões de pobres extremos “têm nome, endereço e direitos”. “Desses, 40% têm até 14 anos, 71% são negros e 47% vivem no campo. Estão espalhados por esta imensa nação, refletindo sua diversidade nas diferentes caras da miséria”. E lembrou a disposição já demonstrada de governadores e prefeitos em participar do programa: “O plano conta com o conhecimento adquirido em experiências positivas de inclusão em todos os níveis, com a disposição já demonstrada de governadores e prefeitos, independentemente de suas opções partidárias”.

As críticas de Serra ao programa requentam, na verdade, uma estratégia já adotada pela oposição no início do governo Lula, por ocasião do lançamento do Bolsa Família. No início, o programa foi atacado como uma política assistencialista, insuficiente e como uma ameaça para a estabilidade fiscal. Quando os resultados começaram a aparecer, as críticas deram lugar à uma disputa pela paternidade do programa que foi reivindicada, entre outros, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pelo falecido senador Antônio Carlos Magalhães.

Houve ainda, naquela época, teses mais exóticas, como a defendida pelo jornalista Gilberto Dimenstein. Em um artigo publicado na Folha de S. Paulo, em 2 de abril de 2006, o jornalista defendeu que o então presidente Lula representava uma “ameaça” ao Bolsa Família. “Para sobreviver, o programa teria de ser visto como um patrimônio nacional, e não como marca pessoal de Lula”. O “risco Lula”, segundo Dimenstein, seria a exploração eleitoral do programa.

Nenhuma das previsões e advertências de Dimenstein acabou se confirmando. Pelo contrário. De 2006 para cá, o Bolsa Família consolidou-se como um programa reconhecido internacionalmente. Lula encerrou um ciclo de oito anos de governo firmando-se como uma liderança mundial. Não só pelo Bolsa Família, obviamente, mas também por ele. E o programa vem sendo tema obrigatório em todas as eleições de lá para cá, sem prejuízo para a sua execução. Passadas as eleições, a disputa pela paternidade do programa cessa e retornam as críticas originárias. Em um período onde luta para não submergir na cena política, Serra, que na campanha eleitoral prometeu aumentar o valor do Bolsa Família, requenta esses discursos, tentando dar-lhes uma roupagem nova.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

BRASIL INTENSIFICA CAMPANHA PELA FAO.

A pouco mais de duas semanas das eleições para  a sucessão na FAO, o Brasil intensifica a campanha em favor da candidatura do ex-ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome José Graziano da Silva. Ele e o chanceler Antonio Patriota participam da reuniões na ONU, em Nova Iorque, onde multiplicam contatos. Diplomatas reconhecem nos prograra mas de transferência de renda iniciados por Graziano no governo Lula, em 2003, uma referencia mundial no combate à fome. No Brasil, porém, o candidato da derrota conservadora, José  Serra, desmerece os avanços na área da segurança alimentar, que se tornou prioridade do Estado com a filosofia trazida pelo Fome Zero. Em artigo no Globo desta sexta-feira, diz o tucano: "(o Fome Zero) ficou só no nome, que fez sucesso no Brasil e, principalmente, no exterior. Suas múltiplas ações e metas, divididas em quatro eixos - acesso a alimentos; fortalecimento da agricultura familiar; geração de renda e articulação, mobilização e controle social -, pouco saíram do papel". Talvez ainda sob efeito da bolinha de papel eleitoral, o tucano tenha esquecido dados importantes. Fatos: a) a desnutrição infantil diminuiu 61% de 2003 a 2008; b) relatório da insuspeita ONG ActionAid aponta o Brasil como o país que mais promoveu ações de combate à fome, reduzindo em mais de 50% o baixo peso entre crianças, em menos de uma década; c) entre 2003 e 2010 houve um aumento real de 42% na renda média no campo, cujo índice de pobreza recuou de 51,5% para 31,9% (FGV); d) a renda da agricultura familiar cresceu três vezes mais do que a renda média do país nesse eríodo (FGV); e)  em 2010, o governo destinou   R$ 800 milhões ao Programa de Aquisição de Alimentos , volume que chegará a R$ 2 bi até 2014; f) o crédito rural cresceu 8 vezes desde 2003, passando de R$ 2 bi para R$ 16 bi e incluiu mais de 1,1 milhão de novos produtores; i) 28 milhões de brasileiros deixaram a pobreza extrema desde 2003; 36 milhões ascenderam na pirâmide da renda; mais de 50 milhões beneficiam-se do Bolsa Família. Ou será que Serra ainda não entendeu  as razões da sua derrota em 2010?
(Carta Maior; 6º feira, 10/06/ 2011)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Senador revela o preconceito tucano contra o Bolsa Família

Em entrevista ao programa Roda Viva, o senador botox Álvaro Dias (PSDB/PR) revelou o verdadeiro pensamento tucano sobre o programa Bolsa-Família.
“O Bolsa Família não tira ninguém da miséria. Mantém na miséria, porque ESTIMULA A PREGUIÇA, inclusive… há gente que NÃO QUER TRABALHAR porque não quer ter carteira assinada para não perder o Bolsa Família” – disse o tucano.
Marília Gabriela, cujo patrão no Roda Viva é o governo tucano do Estado de São Paulo, entrou em pânico com a mancada, e soou o gongo antes da hora, impedindo o tucano de divagar mais suas idéias preconceituosas de tucanos que não gostam de pobres. Se deixasse o senador falar mais um pouco acabaria chamando de “bolsa-esmola”.
Repare como Reinaldo Azevedo (da Veja) até abaixa a cabeça, desolado…
Álvaro Dias, é líder do PSDB no Senado, por isso fala pelo partido.
E foi o candidato “puro-sangue” a vice-presidente de José Serra (PSDB/SP), por um dia, nas eleições de 2010, até ser substituído por Indio da Costa (ex-DEMos/RJ).
Como senador ocioso, que não produz nada para o país (pelo contrário, atrapalha conspirando contra o governo escolhido pelo povo), que ganha R$ 26 mil por mês, e tem a cara-de-pau de chamar de preguiçoso uma pessoa do bolsa-família que recebe algo entre R$ 32,00 e R$ 70,00 per capita.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

São Paulo e a Fábula do Órgão mais Importante do Corpo Humano


Se você se choca com palavrões, não leia este texto!

O Órgão mais Importante do Corpo Humano

Estavam todos reunidos, coração, pulmão, pâncreas, estômago, baço, rins, fígado, pênis, cérebro, enfim todos! Pois naquela reunião seria votado e decidido qual o órgão mais importante e eleito chefe definitivamente !

O CORAÇÃO pede logo a palavra e apela dizendo doces palavras sobre a importância do afeto, da compaixão, do sentimento e portanto se considerava o mais apto e digno para ser o chefe.

O FÍGADO, levantou a mão e disse, de que servirá todo este seu afeto se eu não purificar permanentemente o que tu envias pelo resto do corpo? Eu sou mais importante nesse sentido, então eu devo ser o chefe.

Os RINS, bateram no ombro do Fígado e disseram no ouvido dele : "Se for por isso...não se esqueça que eu também sou responsável pela purificação".

Os PULMÕES deram uma gargalhada e disseram : "Se eu não respirar...não adianta purificação, nem afeto nenhum, vocês todos estariam fodidos ...Eu devo ser o chefe!".

Os BRAÇOS e as PERNAS começaram a gesticular e espernear e gritaram...Haverá vida se nós não os levarmos e fizermos o que vocês bem entenderem de bom e de ruim em vossas vidas ? Nós somos os instrumentos de realização de vossos desejos. Nós devemos ser o chefe !

E nisso a discussão que, anteriormente cada um achava que iria ser mole ganhar o voto de chef, começou a ficar acirrada...e o clima de debate transformou-se em bate boca...até que o

CÉREBRO pedia a palavra com muita calma, paciência e serenidade e fez-se um profundo silêncio, pois todos queriam ouvir a "voz da razão". Ele teceu algumas palavras e quase ia convencendo todos argumentando entre outras coisas que ele era o responsável por enviar os sinais para cada órgão fazer isso ou aquilo...ele era o centro coordenador de toda comunicação de ida e volta dentro do corpo humano....até que mais alguém muito humildemente pediu a palavra :

Era o CU. Quando ele fez isso a reunião veio abaixo... Foi uma zombaria só... O coração não parava de gagalhar... Os pulmões estavam sem ar de tanto rir.... O cérebro balançava a cabeça com um ar de incredulidade no pedido do candidato. os braços e pernas pulavam e se mexiam.... A boca gritava de tanto rir.... Até que todos perceberam que o CU estava se retirando da reunião e gritaram : Ei cara! volta aqui. A gente sabe que você fez de brincadeira... Ninguém te quer mal, mas vamos voltar a falar e votar seriamente.

E o CU falou. "Nada disso ! Eu estava falando sério e agora estou de GREVE. Passar bem...."
Todos riram, disseram "deixa prá lá, vai. Depois ele cai na real e volta"....Então estamos descididos por unanimidade fica eleito o cérebro. Viva ! Todos gritaram.

Passou um dia, dois dias, três dias.. E o CU não saia da GREVE. E todos comentavam : Pô dessa vez ele tá exagerando nessa história, né? E o CÉREBRO disse. "Olha aqui pessoal eu tô meio confuso, não sei o que que tá acontecendo".

O CORAÇÃO aproveitou a deixa e comentou. "Sabe que eu também tô estranho com frequentes taquicardias?".

Passou mais uma semana... E as PERNAS E BRAÇOS estavam trêmulas e pediram ao CÉREBRO - Por favor, Sr. Chefe, manda o CU sair da greve... A gente não consegue fazer mais nada direito... É só tremedeira.
Os PULMÕES ofegantemente pediram apelo ao chefe CÉREBRO também. Os RINS e o FIGADO mandavam avisos permanentes para o CÉREBRO "A coisa aqui tá ficando feia, chefe! Toma uma atitude ".

O CÉREBRO conversou com o CORAÇÃO que juntos tomaram uma decisão e foram ao CU. humildemente pedir-lhe que saisse da greve e em troca lhes entregariam o cargo de CHEFE!

O CU aceitou e tudo voltou ao normal.

Opinião dO Cachete:
Assim é São Paulo! Se acha o cérebro e coração do Brasil. Na sua velocidade, não dá a mínima para os menos favorecidos. Trabalhadores, desempregados, perifeira... "Gente Diferenciada", como diria um morador de Higienópolis!  O cu da Sociedade Brasileira. Mas basta o "CU" parar de funcionar, que para tudo! Pensem nisso, Paulistas!

terça-feira, 12 de abril de 2011

Quem quer parar o Brasil e por quê?


Na visão da economista Leda Paulani, da USP, em conversa com Carta Maior, o Brasil materializou nos últimos anos um pedaço da sociedade prevista na Constituição Cidadã de 1988. Estavam delineados ali, no seu entender, alguns dos impulsos mais fortes à expansão do mercado interno, finalmente viabilizados nos últimos anos. No entanto, ressalta, "existe uma análise ortodoxa que acusa esse processo de conduzir a sociedade a um esgotamento de sua capacidade produtiva; como se a demanda avançasse além da oferta possível com o pleno emprego dos recursos e potencialidades disponíveis no sistema”. A terapia embutida nesse diagnóstico, critica, pode interromper esse processo.

O Brasil vive uma travessia crucial do seu desenvolvimento. Nos últimos anos, o país ativou potencialidades adormecidas. Algumas, deliberadamente asfixiadas. Contido por iníqua distribuição de renda e a omissão secular do Estado em relação à pobreza, o mercado interno, por exemplo, emergiu como um leão faminto. 

Bastou uma fresta de tempo de avanços nas políticas sociais, no emprego, no crédito, mas sobretudo na recomposição de poder aquisitivo do salário mínimo e surgiu uma faixa de consumo de massa que já reúne 53% da população e 46% da renda nacional. 

Na visão da economista Leda Paulani, da USP, em conversa com Carta Maior, foi como se o país materializasse um pedaço da sociedade prevista na Constituição Cidadã de 1988. Estavam delineados ali, no seu entender, alguns dos impulsos mais fortes à expansão do mercado interno, finalmente viabilizados nos últimos anos.

“Entre outras coisas”, diz ela, “a Constituição de 88 estabeleceu fortes ramificações entre as políticas de Estado e as camadas mais pobres da população, antes alijadas do mercado e da cidadania. Um desses elos mais importantes foi a estender o salário mínimo ao campo, bem como assegurar a plenitude do seu reajuste aos aposentados por idade e invalidez”, explica.

Esse contingente reúne hoje mais de 18 milhões de brasileiros.

“Multiplique isso por quatro dependentes. Teremos aí um universo de 70 milhões de pessoas. Pois bem”, frisa Paulani, que tem uma visão crítica da composição política do ciclo Lula, mas não tromba com as evidências dos seus avanços sociais. “Esse Brasil de 70 milhões de pessoas teve um aumento real de renda de 53% nos últimos oito anos” , resume escandindo as palavras para acentuar a importância da mutação que deseja exprimir. “Isso é muito importante, muito”, insiste a economista.

Há áreas de sobreposição entre esse universo e aqueles integrados por beneficiários de políticas sociais, como é o caso do Bolsa Família, por exemplo. Tudo somado o bolo se amplia ainda mais: a economista calcula que uma demanda equivalente a 80 milhões de brasileiros ingressou no mercado nessa composição. 

“Nessa faixa de renda, o que entra no bolso sai em consumo. Ninguém poupa, nem investe em malabarismos financeiros. É demanda pura. A relevância macroeconômica dessa transformação é inegável”, observa.

No meio do caminho eclodiu uma crise mundial. O que avulta, porém, é a percepção de que quando a blindagem financeira e ideológica do sistema fraquejou, o país enxergou com maior nitidez esse ponto de mutação, cujas forças já não cabem mais no formato anterior do mercado.

As tensões decorrentes desse processo ocupam o centro do debate macroeconômico hoje.

Dois diagnósticos conflitam no seu interior. Um quer parar o país. “Grosso modo’, resume Leda Paulani, “existe uma análise ortodoxa que acusa esse processo de conduzir a sociedade a um esgotamento de sua capacidade produtiva; como se a demanda avançasse além da oferta possível com o pleno emprego dos recursos e potencialidades disponíveis no sistema”. 

Leda não nega a existência de gargalos e nomeia alguns: energia, portos etc. Mas não perfila entre os que cobram um retorno a um equilíbrio pleno, “de resto inexistente fora dos modelos de laboratório”, acusa. Acima de tudo, recusa a terapia embutida nesse diagnóstico. 

A receita é conhecida e tem sido martelada de forma estridente pela mídia conservadora. Choque de juros, arrocho nos salários,postergação do reajuste do salário mínimo em 2012, contração drástica do investimento público e amesquinhamento dos bancos públicos, - “decisivos na defesa do país durante o colapso internacional, quando injetaram crédito direto na veia do sistema, ao contrário da omissão da banca privada”, observa a economista.

A longa convalescença de uma crise mundial que, embora sistêmica, não gerou forças de ruptura – “no caso brasileiro, em parte, pela relação passiva dos movimentos sociais com o governo Lula”, diz Leda - vivencia agora uma ofensiva de restauração conservadora. Urbi et orbi.

Nos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde o ajuste não se fez com demissões maciças e recessão, a tentativa de recompor o status pré- 2007/2008 se expressa no velho idioma do terrorismo inflacionário.

“Há pressões inflacionárias”, adverte Paulani sem sancionar o diagnóstico conservador da transgressão ao PIB potencial. Vários segmentos - o de serviços, sempre citado - estão aquecidos. Ocorre ainda o efeito contaminação da alta das commodities, causado em proporção não desprezível pela especulação intrínseca à super-liquidez adotada nos países ricos. Agindo em benefício próprio, eles criaram efeitos paradoxais no Brasil, por exemplo. Não há descompasso entre oferta e demanda de alimentos no país que colhe uma safra recorde de 154 milhões de toneladas este ano. Todavia, a inflação ‘importada’ pela condição de grande exportador de alimentos serviu de gatilho a outras pressões altistas.

A macroeconomia do pós-crise fermenta em contradições. O câmbio sobrevalorizado que ajuda a controlar os preços (ao baratear importações), desloca vendas e empregos do mercado interno para o exterior. Controlar o câmbio sem gerar vapor inflacionário extra implicaria esfriar simultaneamente a demanda interna, que não contaria mais com a válvula de escape das importações baratas. Mas se isso for feito pelo canal dos juros altos – como quer o conservadorismo - a atratividade brasileira aos capitais especulativos aumentaria, pressionando de novo a variável cambial... 

Há saídas? Leda chama a atenção para o peso do passado. “Entramos e saímos da crise com uma taxa de juros excessivamente alta”. Um erro seminal. Ele explica a reduzida margem de manobra nos dias que correm. “Se tivéssemos hoje uma Selic de 5%”, exemplifica, ‘o que daria uma taxa real em torno de um a um e meio por cento, não haveria grave problema em elevá-la a 6%, esfriando um pouco a demanda, sem causar alvoroço na atratividade a capitais especulativos”. 

Em tempo: a mesma ortodoxia que agora advoga um choque monetário exigiu a alta irracional dos juros no passado. “As mesmas forças que denunciam a ausência de infra-estrutura adequada ao crescimento sempre se opuseram aos investimentos públicos nessa área”, completa e fuzila a economista da USP.

‘Na ausência de margem de manobra monetária, a saída é agir sobre a quantidade’, recomenda com certo desencanto ao defender a necessidade de um controle mais incisivo para o ingresso de capitais no mercado brasileiro.

O governo, em passos lentos, avança por aproximação. Tenta evitar ‘soluções finais’ que embutem o preço alto das ‘destruições criativas’ tão a gosto da ortodoxia. 

É um delicado exercício de pontaria em noite de sombras. Algo como acionar a válvula da panela de pressão para impedir que o vapor ultrapasse limites não inteiramente conhecidos. 

Se errar a dose na área cambial e monetária poderá interromper investimentos indispensáveis à expansão da musculatura do crescimento. 

Se o cozido econômico demorar demais a chegar ao ponto, estoura o timming político do controle da inflação. 

A única certeza é que o ponto de equilíbrio escapa a receitas exclusivamente técnicas.

A dimensão política do desenvolvimento, ou seja, a expressão ‘política econômica’, explicita sua pertinência histórica incontornável na travessia brasileira, lembra a economista.

“A presunção de um equilíbrio estável no processo de desenvolvimento é típica de uma visão de mundo dissociada da história”, dispara Paulani que também é professora da USP e testemunha pesarosa da hegemonia sufocante dessa visão no ambiente acadêmico na última década.

“Não se trata apenas de um equívoco teórico, mas de um arcabouço acadêmico de interesses poderosos’, alerta. “Se você trabalha com um sistema que traz intrinsecamente um ponto de equilíbrio, você não precisa do Estado. Decerto e tampouco de uma Constituição como a de 1988, que admite implicitamente o conflito social e não sanciona a autossuficiência dos mercados para construir uma sociedade que proteja seus idosos e aposentados, por exemplo”.

Se o oposto é verdade, é justo supor que o país não concluirá essa travessia sem um acirramento das disputas políticas. Para evitar que a materialização da Carta de 1988 alcançada até aqui se perca num moedor de carne ortodoxo, como teme Leda Paulani, os contingentes que passaram a consumir no governo Lula, talvez tenham que percorrer agora uma transição mais difícil. Depois de emergirem da pobreza para o mercado, tornarem-se protagonistas ativos dos seus interesses históricos na vida nacional.