Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Será que José Dirceu é o único petista com sangue nas veias?


Finalmente. Após quase uma década em que o PT passou apanhando e sempre calado quanto à natureza da guerra da mídia contra si, pela primeira vez um petista de alto coturno cobra dessa mídia, com todas as letras e dando nome aos bois, que trate toda a classe política da mesma forma em vez de só atacar governos petistas – seja o governo federal, sejam governos estaduais ou municipais – enquanto acoberta governos tucanos.
Em evento neste último domingo no Congresso Nacional da Juventude do PT, em Brasília, José Dirceu cobrou da mídia que também dê destaque a escândalos de corrupção de seus adversários. Cobrou de forma clara, insofismável e, até agora, irrespondível pelos cobrados aquilo que, se os petistas cobrassem mais, teria que ser respondido: por que a mídia só acusa um lado?
Eis as palavras textuais do ex-ministro :
“Tem que responsabilizar também o PSDB, o Geraldo Alckmin e o José Serra pelo escândalo das emendas em São Paulo”
Este blog, porém, vai mais longe. Não tem que responsabilizar, ainda. A mídia tem que noticiar, primeiro.
Tem que noticiar incessantemente como faria se o caso envolvesse um governo petista.
Tem que cobrar do Ministério Público e da Justiça que investiguem e dos próprios políticos citados que se expliquem.
Tem que cobrar, antes de mais nada, uma CPI na Assembléia Legislativa de São Paulo, onde o PSDB barra qualquer investigação há quase vinte anos.
E se José Serra, Geraldo Alckmin e o governo de São Paulo tentarem engavetar a investigação, a mídia tem que denunciar, exigir que não “termine em pizza” como faz com petistas.
Feito isso, a Justiça – aí, sim – é que terá que “responsabilizar” e investigar e, se for o caso, punir alguém. Mas, como se sabe, nada acontece, no Brasil, se a mídia faz corpo mole. Se solta uma notinha e depois não insiste como faz quando o caso é com o PT, o caso morre.
De tudo isso, portanto, só o que fica é um ato de coragem.
Dirceu, investigado pelo escândalo do mensalão – o que faz com que corra o risco de que sua declaração acabe por contaminar o próprio processo – é um homem de coragem. Seria muito mais fácil calar e até sumir da política. Hoje é um consultor bem sucedido. Se fosse culpado, estaria tratando de sumir do mapa para desfrutar do dinheiro roubado.
Mas homens como Dirceu não fazem isso. Não sabem fazer isso. A vida, para alguns, é luta, é superação, é tentar deixar algo de si para a humanidade depois que se for. Para outros, a vida é assustadora. Tenta-se passar por ela correndo sempre os mínimos riscos, jamais ousando, jamais pensando em nada mais do que nos próprios interesses, sejam políticos, sejam econômicos, sejam até sentimentais.
Só conversei com Dirceu uma vez, em uma entrevista que concedeu a blogueiros no evento comemorativo aos 10 anos da revista Fórum. Não tenho como afirmar sua inocência porque não sou polícia, juiz ou advogado e, assim, posso estar enganado. Contudo, se Dirceu for inocentado pelo STF farei campanha para que seus direitos políticos lhe sejam devolvidos. Este país precisa de políticos com sangue nas veias.

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