Quem achou que a agressão moral praticada por um dos “ideólogos” do grupo fascista “Revoltados On Line” a umfrentista seria o fundo do poço da ultradireita brasileira, errou. Mesmo as agressões físicas que os neofascistas tupiniquins vêm praticando não se comparam a recente ato criminoso praticado pelo colunista da revista Veja Rodrigo Constantino.
Em seu “blog”, asquerosamente instalado no portal da revista semanal, esse elemento publicou um post cujo título é mais do que suficiente para definir não apenas a “obra”, mas o autor: “Menos escolas, mais prisões!”
Um texto com esse título não precisa ser lido para ser repudiado. Infelizmente, por falta de Educação e excesso de encarceramentos até mesmo os setores mais instruídos da sociedade têm o péssimo hábito de ler apenas os títulos dos textos, que, na era da avalanche de informações na internet, têm que resumir o conteúdo a que remetem para não ser ignorados.
Houve tempo em que um título bem engendrado estimulava o leitor a descobrir o conteúdo a que remetia. Hoje, porém, as pessoas formam conceitos com base em frases curtas que intitulam textos que frequentemente não dizem o que a chamada insinua. Desse modo, uma frase como a que intitula o post do colunista da Veja tem, por si só, um efeito altamente danoso.
Só por isso o texto “Menos escolas, mais prisões” já deveria ser repudiado, pois quem escreve em um veículo de grande alcance tem que ter responsabilidade. Todavia, a leitura completa dessa excrescência elucubrada por Constantino não atenua a barbaridade que é o título.
Ao ser cobrado por seus leitores pela barbaridade que cometeu, Constantino ainda tentou minimizar seu crime de lesa-pátria – e, muito provavelmente, de lesa-humanidade – com um post scriptum que acusa quem ficou chocado de “não saber” o que é uma “hipérbole”, que é o que teria usado no título.
Eis o remendo de Constantino:
“PS: Algum esquerdista qualquer divulgou esse meu texto e o blog foi invadido por bárbaros. Já tem até gente pedindo minha prisão pelo texto, ou seja, querem mais prisão para gente como eu, não para o assassino do médico ciclista Jaime Gold. É que são grandes humanistas, como Lenin, Stalin e Che. Ironicamente, eles me dão razão, corroboram a crítica de que temos uma péssima qualidade de ensino. Só sabem me xingar de “fascista”, não entenderam a crítica que faço ao sistema de ensino, não sabem o que significa “hipérbole” e ainda negam que exista doutrinação marxista em nossas escolas. Alguns leram apenas o título! Ou seja, uns alienados deformados justamente por esse ensino que critico, e gente que, por isso, acha que não precisamos de mais prisões ou do fim dessa doutrinação da qual foram vítimas”
Quem, evidentemente, não sabe o que é uma hipérbole é o próprio Constantino. Senão, vejamos: hipérbole é um recurso de estilo que se baseia em um exagero altamente evidente e propositado para conferir dramaticidade a uma ideia. Exemplo: se eu digo que já expliquei alguma coisa “um bilhão de vezes” a alguém, é evidente que se trata de uma figura de linguagem porque ninguém conseguiria explicar nada tantas vezes. Não é necessário, pois, explicar que, em verdade, a explicação não foi repetida nessa proporção. Isso é uma legítima hipérbole.
Não é o caso do título do texto de Constantino, pois já no primeiro parágrafo o autor justifica a proposta maluca de construirmos menos escolas e mais prisões.
“Não há discurso mais fácil do que repetir que a solução é mais educação. Nada mais é preciso depois dessa sentença mágica: seu autor é automaticamente visto como um ser nobre, sensível, um humanista. Quem pode ser contra mais educação? Claro que o debate sério e honesto deverá ser qualificado depois: qual educação? Quem paga? Que modelo? E esse ensino público que temos? Será que mais dinheiro público resolve mesmo? E há garantia de que mais escolas levam a menos crime, por exemplo? (…)”.
Quem paga pela Educação para quem quiser estudar e não tiver dinheiro para pagar escola? Em qualquer país civilizado, é o Estado. Até mesmo na Disneylândia do neoliberalismo, os Estados Unidos, o Estado banca Educação para todos. Nesse primeiro parágrafo, porém, Constantino põe em questão a mera existência do ensino público e gratuito.
Como se não bastasse, ainda formula uma questão cuja resposta não pode ser outra a não ser um sonoro SIM. Nem o neoliberal mais empedernido duvidaria de que Educação para quem não tem acesso certamente não eliminaria a opção de todos pela criminalidade, mas, por certo, reduziria o contingente dos que fazem essa opção.
Há uma vastidão de trabalhos científicos que dão conta de que a Educação é um poderoso instrumento de combate à criminalidade. Quem não sabe disso?
Um exemplo: a potencialidade da escola como um fator para influenciar o comportamento dos alunos e reduzir a violência foi comprovada pela economista Kalinca Léia Becker em sua tese de doutorado realizada no programa de pós-graduação em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultutra Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. A pesquisa foi orientada por Ana Lúcia Kassouf, professora do Departamento de Economia, Administração e Sociologia (LES) da Esalq e mostra que quando ocorre o investimento de 1% na educação, 0,1% do índice de criminalidade é reduzido.
Se formos buscar estudos que comprovem o potencial da Educação no combate à degeneração moral das sociedades, haverá tanto material disponível que demoraria uma vida para ler.
Ao fim dessa peça tétrica de estupidez composta pelo colunista da Veja, ele ainda trata de reafirmar sua tese de que é melhor construir mais prisões e menos escolas. O último parágrafo de seu texto não deixa dúvida de que ele não usou uma hipérbole nesse texto e que acredita piamente na ideia-força dele:
“(…) Diante desse quadro de ensino público caótico e marxista, e da falta de lugar nas prisões, talvez seja o caso de concluir, com alguma hipérbole, que precisamos de MENOS ESCOLAS, MAIS PRISÕES!”.
Que “hipérbole”? Constantino está ou não pregando que, em vez de educar jovens, é melhor construir mais prisões? A premissa imbecil de que estudar Karl Marx leva o indivíduo a cometer crimes não anula a “solução final” do indigitado “colunista” de que é melhor prender jovens do que permitir que tenham contato com a obra de um dos maiores pensadores da história da humanidade, estudada nos quatro cantos da Terra.
Há um projeto de lei na Câmara dos Deputados que poderia resolver o dilema que perturba o colunista da Veja. Um deputado federal desocupado, Rogerio Marinho (PSDB-RN), titular da Comissão de Educação daquela casa, propôs, recentemente, lei que torna crime o “assédio ideológico” em ambiente escolar. O projeto psicótico prevê pena de detenção de três meses a um ano e multa, com possibilidade de aumento da punição, caso o ato seja praticado por educadores ou “afete negativamente a vida acadêmica da vítima”.
Esse projeto fascista, por incrível que pareça, é menos danoso que a proposta de Constantino porque ao menos não busca eliminar a Educação pública em prol de mais vagas nas prisões. Ao menos admite que é preciso educar os nossos jovens, ainda que incorra na loucura de querer impedir que um professor expresse um ponto de vista legítimo que o educando pode ou não assimilar no decorrer da vida.
Se houvesse no Brasil essa doutrinação “marxista” nas escolas a que o tal colunista alude, esta sociedade seria majoritariamente pró comunismo. É preciso dizer que isso não existe?
O post escrito por Constantino em seu “blog” no portal da Veja alcançou – até o momento em que este texto foi escrito – nada mais, nada menos do que incríveis 13 mil “curtidas” no Facebook. Mais de uma dezena de milhar de pessoas alfabetizadas concordaram com ele. Previsivelmente, grande parte delas concordou com o título “curtindo-o” naquela rede social sem sequer ter lido mais nada além da linha fina da matéria.
Ao fim e ao cabo desta reflexão, o que aflige seu autor é encontrar uma forma de qualificar Constantino que esteja à altura de seu nível de boçalidade, de egoísmo, de truculência, de falta de caráter. Infelizmente, não é tarefa fácil. Pensei nisso desde a noite de sábado até o fim da tarde de domingo e não consegui encontrar um qualificativo à altura.
Convido o leitor a sugerir um adjetivo que dê conta de definir adequadamente alguém como esse colunista da Veja. Mas, sendo sincero, duvido que alguém encontre definição que esteja à altura de alguém que comete um crime de tal envergadura.
Constantino divulga nova “explicação” sobre seu “menos escolas, mais prisões”
Na quinta-feira da semana passada, o colunista da Veja Rodrigo Constantino publicou um texto em sua página no portal da revista que, passados quatro dias – no momento em que escrevo –, ainda não conseguiu explicar. Por isso – e, em muito menor medida, por conta dos maus-tratos que aplica ao idioma – vem tendo que continuar se explicando. Afinal, só precisa ser reiteradamente explicado aquilo que não tem explicação.
Não é para menos que o colunista da Veja tenha que se estender nas explicações: a tese do elemento é nada mais, nada menos a de que o Brasil precisa de “menos escolas e mais prisões” (!?).
O texto original do dito “Menino Maluquinho da Veja” é tão maluquinho quanto o autor. Tão alucinado que deu até cria: gerou dois post scriptum e um segundo texto.
No primeiro texto, Constantino pisa e repisa a tese de que o Brasil precisa construir menos escolas – públicas, claro, porque, evidentemente, não quer extinguir escolas para quem pode pagar por Educação. E ele quer menos escolas porque acha que o nosso ensino é ideologizado à esquerda e, assim, seria melhor não ensinar nada a ninguém do que o ensino ser ministrado por um professor que eventualmente faça comentários de viés “esquerdista” em sala de aula. Além disso, prega que, enquanto fecha escolas, o país construa mais prisões.
De certa forma, faz sentido. Como incontáveis estudos mostram que mais Educação redunda em menos criminalidade, se formos construir menos escolas é óbvio que teremos que construir mais prisões, pois a criminalidade irá aumentar paralelamente à redução de oportunidades geradas pelo aprendizado.
É claro que esse fato não confere qualquer mérito à proposta de Constantino; a necessidade de mais prisões teria aumentado devido à menor oferta de Educação e, assim, quem propôs menos Educação será o responsável pelo aumento da criminalidade.
Não resta a menor dúvida de que, em seu primeiro post, o colunista propôs exatamente o que diz o título do texto. O fato de ele propor menos escolas porque os professores seriam seguidores das ideias de Karl Marx não muda o fato de que prefere que não existam escolas a escolas continuarem tendo professores que influenciem alunos com ideias “esquerdistas”.
Detalhe: Constantino não demonstrou se opor a que professores exponham o corpo discente das instituições de ensino a ideias de direita.
Estamos de acordo sobre o fato de que o colunista da Veja quer menos escolas e mais prisões? Então sigamos em frente.
Apesar de o conteúdo do post “Menos escolas, mais prisões” dizer exatamente a mesma coisa que o título, após a repercussão negativa o autor tentou remendar o que escreveu. Em um post-scriptum, afirmou que não propôs “menos escolas, mais prisões”. O título, na explicação posterior de Constantino, apenas teria se valido de uma “hipérbole” de modo a conferir maior dramaticidade ao seu ponto de vista.
Traduzindo isso para o português: ele usou uma frase de efeito com a finalidade de chamar atenção para um texto medíocre que repete uma ladainha furada, a de que TODOS os professores de escolas públicas seriam “marxistas”.
Como essa primeira “explicação” pós-escrita não convenceu a ninguém, o colunista da Veja lançou mão de um segundo post-scriptum no mesmo texto – agora para anunciar que, devido a “reação histérica dos bárbaros”, continuaria se explicando em um novo post. Confira, abaixo, o segundo PS do texto que originou a polêmica.
“PS2: Como a reação histérica dos bárbaros continuou com força, e outros blogs sujos bancados pelo governo divulgaram meu texto, segue uma resposta ainda mais completa aqui, onde lamento a necessidade de vencer a preguiça e combater essa praga de néscios!”
O menino fala em “blogs sujos bancados pelo governo”. Sei, sei… Será que se refere ao meu post, publicado neste Blog e no Brasil 247? Provavelmente, já que não vi nenhum outro blog, além desses dois, comentar a pérola “menos escolas, mais prisões”.
Antes de prosseguir, porém, vale um comentário sobre essa história de este blog ser “bancado pelo governo”. É papo furado. Não sou bancado por ninguém. Se o maluquinho diz isso por conta do banner da prefeitura de Guarulhos, ele está aqui de graça há muito tempo – aquela administração fez algumas veiculações desse anúncio nesta página, ano passado, e não pagou quase nenhuma, ainda. E o Banner só está aí para o espaço não ficar vazio, pois farei uma reforma visual no site e, até lá, ficaria feio deixar aquele quadradão vazio.
Seja como for, a terceira emenda de Constantino – agora “ainda mais completa”, em forma de novo post – saiu pior do que o soneto.
O fato, porém, é que a terceira tentativa do colunista de se explicar ficou exageradamente longa e nada inovou em relação à primeira além de ter deixado mais visível uma prática ridícula que, atualmente, afeta uma grande quantidade de pretensos colunistas de direita: a prática de copiar o estilo de Reinaldo Azevedo.
Provavelmente Constantino ainda usava fraldas quando Azevedo começou a compor títulos bipartidos e iniciados pela expressão “Ai, que preguiça!”. É constrangedor para o copiador e lisonjeiro para o copiado.
Mais impressionante ainda, nesse outro texto do colunista da Veja sobre a proposta de construir “menos escolas, mais presídios”, é que, agora, ele pretendeu “provar” que TODOS os professores das escolas públicas brasileiras são marxistas. Realmente, uma prova “inquestionável – logo abaixo.
Não leio esse sujeito. Descobri o primeiro texto dele devido a mensagem de um leitor perplexo com a proposta de o país construir “menos escolas e mais prisões”. Agora que já tenho um pouco mais de “intimidade” com o Menino Maluquinho da Veja, quero informá-lo de que se é para ler falácias prefiro as do Reinaldo Azevedo. Apesar de ser igualmente enrolador, pelo menos ele escreve bem. Lê-lo, serve como diversão. Plágios, nem isso.
*
PS1: “Blog sujo sustentado pelo governo é aquele ao qual Alckmin paga R$ 70 mil por mês, valeu, Constantino?!
PS2: é sempre bom rever Ciro Gomes surrando esse sujeitinho – abaixo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comentários sujeitos a moderação.