EDUGUIM
Desde o primeiro boneco inflável difamatório (contra Lula) que foi levado às manifestações de rua fascistas, o que ocorreu em agosto do ano passado, muitos se perguntam como é possível que grupos financiados por fontes obscuras promovam esses ataques à honra de cidadãos que, mesmo sendo pessoas públicas, não perderam seus direitos constitucionais.
No protesto de 16 de agosto de 2015 contra Dilma Rousseff apareceu o boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em menos de 48 horas desde sua primeira aparição, durante ato em Brasília, o personagem com roupa de presidiário já estava em São Paulo.
A alegoria de plástico foi batizada de Pixuleko –referência ao termo atribuído pela Lava Jato ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para se referir a propina.
Em poucos dias, o boneco de 300 quilos e 12 metros de altura foi transportado de lá para cá pelo país. Os custos para essa operação não são pequenos, haja vista que para inflar e manter inflado tal aparato é preciso levar geradores pesados e outros equipamentos.
Não demorou e um boneco das mesmas dimensões foi feito contra a presidente Dilma Rousseff. Em poucas semanas, vários desses bonecos eram vistos pelo país. Todos atacando a honra dos alvos. Alguns deles, atacando a presidente da República.
Até hoje não se sabe de onde vem todo esse dinheiro que financiou essas manifestações. E nunca houve interesse das autoridades de procurarem se informar. Tampouco nunca houve uma reação da Justiça ou das polícias a um crime contra a honra de autoridade como Dilma Rousseff e até contra a instituição Presidência da República.
Lula foi autor de notícia-crime que virou inquérito na 17ª Delegacia de Polícia do Ipiranga, em São Paulo. No dia 4 de setembro, o alvo das reclamações de Lula foi o Pixuleko, boneco inflável.
Na notícia-crime, Lula diz que tomou conhecimento “da exibição em via pública de um boneco inflável de 12 metros de altura elaborado a sua semelhança portando vestes de presidiário e com os pés presos a uma bola de ferro constando ainda os números 13 e 171 no peito do boneco”.
O ex-presidente disse que a repercussão do boneco nos meios de comunicação teria causado “eventuais crimes de calúnia, difamação e injúria”, o que é mais do que óbvio. Dilma Rousseff não tomou nenhuma medida contra o boneco difamatório contra si, mas, como é óbvio, caberia à Procuradoria Geral da República ter tomado uma atitude.
Nesta quinta-feira, porém, o Brasil foi surpreendido pela notícia de que, após tantos abusos contra a presidente da República e até contra cidadãos comuns como é hoje o ex-presidente Lula, foi só os fascistas se meterem com o Judiciário e com o Ministério Público para que providências fossem tomadas.
O Supremo Tribunal Federal enviou à Polícia Federal um pedido para que seja aberta investigação para apurar os responsáveis por levar a manifestação na avenida Paulista bonecos do presidente do Tribunal, Ricardo Lewandowski, e do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Um oficio assinado pelo secretário de Segurança do Supremo, Murilo Herz, afirma que os dois bonecos da linha “pixuleko” representam “grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade” do Judiciário” e “ultrapassam a liberdade de expressão”.
No dia 19 de junho, segundo o Supremo, manifestantes do grupo Nas Ruas levaram para a avenida Paulista, em frente ao Masp, dois bonecos em alusão ao presidente do STF e ao procurador-geral.
Lewandowski aparecia de terno, gravata vermelha, estrela vermelha com a sigla PT no peito, e foi chamado de Petralovski. O outro boneco mostrava a figura de Janot como um arquivo, também com gravata e estrelas vermelhas, e ainda a grafia Petralhas. Ele foi apelidado de Enganô.
A Secretaria de Segurança, ligada à presidência, pede que seja investigado se o ato caracterizou crime de difamação, que tem como punição prevista detenção, de três meses a um ano, e multa.
De acordo com o Supremo, “foi identificada, como suposta líder da manifestação, Carla Zambelli Salgado”, que no ano passado se acorrentou na Câmara dos Deputados para defender o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff.
Carla, que costumava ser alvo de processos de cobrança judicial, assim como outros líderes de movimentos anti Dilma, Lula e PT, nos últimos tempos fez fama e fortuna sob a desculpa de militância política. Ela resolveu seus problemas financeiros criando impressionantes 43 movimentos antipetistas.
A calúnia e a difamação viraram um próspero negócio. Desde que praticados contra as pessoas “certas”, autoridades ou não, esses crimes contra a honra têm salvado muito picareta de problemas com a Justiça.
Renan Antônio Ferreira dos Santos, por exemplo, um dos três coordenadores nacionais do MBL (Movimento Brasil Livre), entidade civil criada em 2014 sob pretexto de “combater a corrupção e lutar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff”, está envolvido em muitos problemas com a Justiça. É réu em pelo menos 16 ações cíveis e mais de 45 processos trabalhistas, incluindo os que estão em seu nome e o das empresas de que é sócio.
O dinheiro que a militância política rendeu a essa gente a está tirando de problemas financeiros que a estavam levando à falência.
A Justiça não se mexeu na difamação dos bonecos contra Lula, mas alguns poderiam argumentar que ele não é autoridade como Lewandowski ou Janot. Mas Dilma foi alvo desses ataques de bonecos difamatórios e ela, tal qual Lewandowski, é presidente de um Poder. Cadê a iniciativa da PGR ou do STF em defesa da instituição Presidência da República?
A medida do STF contra os bonecos difamatórios de Lewandowski e Janot é vergonhosa. Não por seus motivos, que são absolutamente plausíveis, mas porque mostra que a Justiça usa dois pesos e duas medidas de acordo com a situação política dos cidadãos, das autoridades e das instituições. Se não punirem os pixulekos contra Dilma e Lula, que não punam contra ninguém.
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