Perguntas que o JN fará a Serra
Posted by eduguim on 10/08/10 • Categorized as Opinião do blog
Avançando um pouco mais nos desdobramentos da iniciativa da Globo de entrevistar os três principais candidatos a presidente da República em seu Jornal Nacional, vale analisar antecipadamente a estratégia política que provavelmente originou tal iniciativa.
Tenho poucas dúvidas de que será montado um teatrinho para encenar alguma “dureza” do “Casal Nacional” também com o candidato do PSDB, José Serra, de forma a justificar os excessos de Willian Bonner e de Fátima Bernardes contra Dilma Rousseff durante a micro sabatina a que ela se submeteu no Jornal Nacional da última segunda-feira.
Contudo, a esperteza a que me referi não se resumira a essa encenação que terá Serra no elenco. Como o objetivo dessas “sabatinas” do JN é o de ajudar o tucano, após terem feito acusações à adversária dele ao entrevistá-la agora apresentarão questões ao candidato que ele possa converter em ataques políticos.
Posso citar, sem pensar muito, dois assuntos que têm grande chance de estar em algumas das perguntas que o JN fará a Serra em sua edição da próxima quarta-feira – e só uma repercussão muito negativa do que se viu o telejornal fazer com Dilma evitará que essa estratégia seja usada.
1º – “Dossiê do PT”
A desculpa para dar chance a Serra de repisar assunto tão amplamente veiculado pela Globo e companhia limitada será pedir a ele explicações sobre pontos do tal “dossiê” que serão abordados sem maiores detalhes, de forma a gerar uma “resposta” do tucano acusando Dilma da autoria do “golpe baixo”, mas sem comprometê-lo.
2º O PT e as Farc
Obviamente que a desculpa para repisar as acusações de Índio da Costa (candidato a vice-presidente na chapa de Serra) ao PT, de que seria ligado às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e ao narcotráfico, será fazer alguma pergunta sobre se Serra está de acordo com o seu vice.
Há muito mais que a Globo possa usar como pergunta “crítica” a Serra que fatalmente redundará em mais ataques ao PT e, sobretudo, a Dilma.
Fica aos cuidados de cada leitor, portanto, pensar em outras perguntas desse tipo que fatalmente poderão ser feitas enquanto que as questões sobre os graves problemas paulistas, se aparecerem, serão apresentadas de forma marginal.
Mas não é o conteúdo que importa e sim a estratégia de somar mais ataques a Dilma e ao seu partido encenando críticas a Serra. Assim sendo, quanto mais antecipadamente for difundida a informação sobre o provável uso dessa estratégia, menor será o resultado que ela obterá.
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