A imprensa do eixo São Paulo–Rio de Janeiro adotou um sistema muito particular para diferenciar os gastos pessoais e as regalias das famílias dos dois últimos ex-presidentes da República. O que era legítimo para um, vira escândalo para o outro.
Para Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e sua família, qualquer questionamento de seus gastos é tratado como “dossiê” e para Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), todos os gastos, mesmo sendo compatíveis com os de FHC, viram “escândalo”.
No início de 2008, por exemplo, apareceram nessa imprensa os gastos pessoais da família presidencial no âmbito do que jornais, revistas, tevês, rádios e portais de internet das famílias Marinho, Frias, Civita e Mesquita passaram a chamar de “cartão corporativo”.
Assim como estavam sendo divulgados os gastos de Lula e de sua família, petistas começaram a questionar os do antecessor do então presidente, que, além de gastos com lençóis de linho egípcio, por exemplo, mantinha, no Palácio da Alvorada, a chef de cuisine Roberta Sudbrack.
Logo, a imprensa discutia sobre gastos iguais tratando os de FHC como normais e os de Lula como escandalosos.
FHC pendurou os filhos em instituições privadas e públicas antes e depois de governar e o assunto jamais virou manchete de primeira página. A filha do tucano recebia salários do Senado sem aparecer para trabalhar e isso jamais teve destaque em jornal algum.
Será que o público desses meios de comunicação não notará essa forma tão distinta de tratar os dois ex-presidentes da República? Em minha opinião, notará. Mas não custa nada dar uma mãozinha para que isso aconteça.
Afinal, Globos, Folhas, Vejas e Estadões são subsidiados por muito dinheiro público e, assim, têm um papel social a cumprir, não podendo agir como extensões de partidos políticos. Não é como este blog, que não recebe dinheiro público – ou privado, diga-se.
Apesar disso, esses veículos agem como partido político. Por isso, foram apelidados de Partido da Imprensa Golpista (PIG), porque têm toda uma história de atuarem como partidos políticos e de sustentarem golpes de Estado.
Veículos como a Folha de São Paulo, por exemplo, tentam esconder o que não lhes interessa ver divulgado até que a porta esteja arrombada. Nesse momento, tratam de dar a própria versão sobre o fato escondendo a do outro lado, apesar de serem financiados por todos nós.
Recentemente, dois jornalistas que trabalharam no grupo Folha criaram uma paródia do principal jornal desse grupo e, para serem calados, foram processados por ele. O jornal escondeu o caso até onde pôde.
Só depois que o ativista Julian Assange, do site Wikileaks, o jornal inglês Financial Times e a ONG Repórteres sem fronteiras denunciaram o ato censor foi que a Folha tocou no assunto. Mesmo assim, através de sua “ombudsman”, que tratou de atacar os autores da paródia.
Leitores de blogs como este não agüentam mais essa indignidade, assim como o seu autor. Por conta disso, várias vezes foram junto com ele para diante desses órgãos de imprensa, a fim de protestar.
A dificuldade de se convocar atos públicos de protesto contra o uso de dinheiro público para financiar veículos de comunicação partidarizados, porém, impede que se faça mais do que espernear na internet. Ao menos com a freqüência necessária.
É por conta disso que surgiu uma idéia de fazer um “programa” mensal para ser exibido na internet. Esse programa seria diante da Folha de São Paulo e iria ao ar uma vez por mês. Através de um megafone, o apresentador gritaria o que o jornal faz de conta que não houve.
Não se pretende, por óbvio, que a cada edição do programa se consiga juntar as multidões. Na verdade, não importa se vem mais alguém. O que não vou é ficar aturando essa gente falar o que quer por mais quatro anos sem poder dizer o que penso.
A cada semana levarei denúncias contras as diabruras do jornal e direi exatamente aquilo que ele não quer que seja dito. Será sempre em um dia de semana no horário de maior movimento na Alameda Barão de Limeira, de forma que bastante gente possa testemunhar.
Aquela região do centro de São Paulo irá se acostumar com o contraditório. Em alguns meses, centenas de milhares de pessoas espalharão por aí o que ouvirem quando passarem pela frente de um dos quatro grandes tentáculos do Partido da Imprensa Golpista.
Quem acha que não farei, pode esperar. Não ficarei sendo esbofeteado, ao custo do meu próprio dinheiro, sem fazer nada. Já imaginaram poder dizer regularmente tudo o que se tem preso na garganta? Estranho é isso não ter sido feito antes.
Tenho uma viagem de trabalho a fazer ao exterior em fevereiro. Na volta, começarei a ir uma vez ao mês até a frente desse jornal dizer tudo o que ele esconde. E todos estão convidados para essa que será uma “festa” periódica da liberdade de expressão.
Que a mídia fale, mas não nos cale.
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