Superliquidez internacional gerada pelo socorro aos países ricos ameaça afogar economias emergentes em dois movimentos: a) pela apreciação cambial, que prejudica a indústria local via importações baratas; b) por movimentos abruptos massas de recursos muito superiores à capacidade de acumulação de reservas das economias nacionais. Exemplo: recibos de ações brasileiras no exterior (ADRs, American Depositary Receipts) movimentaram US$ 744 bilhões em 2010. O valor representa uma vez e meia o total das reservas cambiais do país, da ordem de US$ 288 bilhões. Contra esses fluxos o país pouco pode fazer e suas reservas seriam insuficientes para contrabalançar eventual fuga em massa de aplicadores. Tal limitação amplifica a importância do controle sobre o ingresso e a saída de capitais investidos no mercado local. O Brasil, porém, vai se opor a que o FMI estabeleça regras para adoção desses mecanismos e buscará preservar a soberania nacional no uso dessa salvaguarda. "Não apoiamos a formalização de princípios a serem seguidos em fiscalização bilateral", explicou o diretor executivo brasileiro e de mais oito países junto ao FMI, Paulo Nogueira Batista, em entrevista ao Valor desta 2º feira. O temor é de que a abordagem multilateral que está sendo proposta -e será discutido no G-20, em fevereiro-- possa redundar em restrições a ação dos países emergentes, minimizando, ao mesmo tempo, medidas contra a desregulação financeira nas economias ricas, que resultou na supremacia das finanças especulativas no plano mundial. (Leia mais ‘O nó cambial -antecedentes')(Carta Maior; Terça-feira, 11/01/2011)
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