Pela voz do apresentador Fausto Silva, que domina as tardes dominicais com seu programa de variedades, a emissora da família Marinho passou não mais apenas a apoiar, mas também a convocar e ampliar a pauta de reivindicações dos protestos estudantis.
PINGO D'ÁGUA - "Quem está mandando sabe que a chapa está quente, está fervendo", disse ele, ao vivo, na direção dos governantes. Em seguida, Faustão questionou a audiência sobre a situação de diferentes setores do País. "O Brasil está bem na Saúde?", perguntou ele para ouvir um coro negativo do seu auditório: "Nããão!". Depois questionou sobre Educação, Transportes, Segurança e Serviços Públicos, sempre ouvindo a mesma resposta, com igual ênfase.
"Eu sempre falei isso", afirmou Faustão. "Quando o brasileiro tivesse a consciência de se unir e ser solidário nas coisas graves desse país, como tem com a Copa, esse país ficaria uma coisa decente para todo mundo". E avançou: "Você diz que o jovem brasileiro é alienado – alienado o cacete! É claro que as manifestações começaram com a passagem de ônibus, mas isso foi o pingo d'água. Todo mundo agora vai se informar mais para votar melhor".
"O POVO NÃO É BOBO" - Com a verdadeira profissão de fé de Faustão sobre as manifestações, somada ao posicionamento editorial favorável dos jornais da emissora, a Globo desenvolve a estratégia de aderir ao movimento e, rapidamente, buscar uma posição de protagonismo na mídia. Depois de ver seus símbolos atacados nas ruas, com forte rejeição até mesmo a profissionais com imagem consagrada junto ao público, a Globo empreende uma forte correção de rota para não entrar ela própria na pauta de reclamações dos manifestantes, em razão do seu histórico papel de sustentação das forças políticas mais conservadoras. Um protagonismo que gerou, de forma espontânea, o slogan popular presente em praticamente todas as passeatas: "O povo não é bobo, abaixo a Rede Globo". A ver se vai dar certo.
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