Na mesma edição em que ganhou uma manchete positiva, ao defender a redução de ministérios, presidente da Câmara teve omitido um trecho constrangedor de sua entrevista ao repórter Fernando Rodrigues; nela, pela primeira vez, Henrique Alves fala do assalto de seu assessor, que carregava R$ 100 mil em espécie; o dinheiro era do presidente da Câmara para um "assunto privado"
19 DE JULHO DE 2013 ÀS 11:39
247 – Na edição em que publicou uma manchete positiva com o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN), a Folha de S.Paulo omitiu um trecho constrangedor da conversa com o repórter político Fernando Rodrigues. A reportagem impressa, que destaca a defesa do deputado em relação ao corte de ministérios pelo governo federal, não discorre sobre o assalto sofrido por seu assessor, que andava por Brasília com R$ 100 mil em espécie.
Mas de acordo com a íntegra da conversa, que está disponível no site, o peemedebista diz que o dinheiro lhe pertencia e tinha como origem um empréstimo bancário. Sobre o motivo de o dinheiro estar em espécie, e não ter sido feita uma transferência, Alves alega apenas que a escolha é um direito seu. O destino do dinheiro também não é esclarecido: se destinava, segundo ele, a "um assunto privado, particular", não detalhado por ser "um pouco de invasão de privacidade".
Leia o trecho:
Teve um caso rumoroso recente que indiretamente citou o sr.. Foi noticiado pelos jornais, um assessor seu, Wellington Ferreira da Costa, que foi assaltado em Brasília com uma mala com R$ 100 mil em espécie. O sr. chegou a conversar com ele a respeito desse episódio? Sabe do que se trata?
Lógico, lógico. Conversar, não. Ele prestou queixa. Se fosse algo que não fosse explicável, era só não prestar queixa. Mas ele prestou queixa, inclusive. Foi à delegacia, abriu-se um inquérito policial e eu quero a conclusão desse inquérito para apurar responsabilidades. Eu acho que, a essa altura, o pior já se passou. Acho que esse dinheiro é difícil reaver. Mas eu quero apurar a responsabilidade. Quem foi, por que foi, como foi... É um assunto privado, particular. O dinheiro que era meu, eu tenho até como provar. Por coincidência, eu peguei um empréstimo no Banco do Brasil dois dias antes, mas eu quero é a conclusão do inquérito que está aberto.
O dinheiro pertenceu ao sr. neste caso?
Lógico, é meu.
E do que se tratava? Era um empréstimo que o sr. tinha feito?
Eu fiz um empréstimo no Banco do Brasil. E era R$ 100 mil reais. Dinheiro meu que era conduzido. E o que é estranho é como se sabia que naquele carro, naquela hora, tinha esse dinheiro. Então, eu quero apuração rigorosa dos fatos.
Mas por que o dinheiro estava em espécie nesse caso? Estava transportando em espécie. Não podia ter feito uma transferência bancária?
Poderia. É um direito meu, não é? De realizar um pagamento que eu ia fazer.
Claro, mas, nesse caso, esse pagamento o sr. já divulgou a respeito do que seria, não?
Não. E nem preciso divulgar. Aí é um assunto privado, particular. Se eu vou precisar explicar o que eu vou fazer com o dinheiro que é meu, eu acho que é um pouco de invasão de privacidade. Mas eu quero é que o inquérito policial se encerre que eu quero descobrir como é que isso aconteceu. As causas que levaram, portanto, a essa ocorrência.
Agora, basicamente, o sr. tomou um empréstimo no Banco do Brasil, o dinheiro foi sacado, estava com o Wellington, que é seu assessor, e, aí, foi assaltado. É isso?
Exato, ponto. É assessor meu há mais de 20 anos. Portanto, não há nenhuma desconfiança com uma atitude dele. Mas, como não é um fato normal, uma ocorrência que registrada, foi aberto o inquérito... Volto a dizer, se houver qualquer anomalia... Não é para abrir inquérito, encerra, esqueça, não. Vá, prestes contas, declare, relate o fato. Eu quero apuração. Eu estou aguardando a apuração da polícia.
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