O presidente Lula fez uma revelação sobre o papel do Brasil na negociação para evitar a crise entre o Irã e os países ricos, por causa do programa nuclear.
Esta é a primeira vez que Lula dá detalhes de como foi traído por Barack Obama e os países ricos.
O relato fez parte de sua participação na série de palestras “2003-2013 – Uma Nova Política Externa – Conferência Nacional”, que se realiza desde segunda-feira na Universidade Federal do ABC (criada pelo Presidente Lula), no campus de São Bernardo.
Segue-se uma reprodução livre do depoimento de Lula:
Lula conta que não conhecia o presidente do Irã, Ahmadinejad.
Encontrou com ele em Nova York e perguntou: você não acredita no Holocausto ?
Se for isso, você é o único que não acredita !
Ahmadinejad respondeu: não foi isso o que eu quis dizer.
O que eu quis dizer é que morreram 70 milhões na Segunda Guerra e fica parecendo que só morreram os judeus.
Então, disse o Lula: a pior coisa num político é não se fazer entender.
Então vá lá e diga. Mas, reconheça que os judeus não morreram na Guerra ! Foi um genocídio !
Aí, Lula disse a Ahmadinejad que queria para o Irã o mesmo que quer para o Brasil: enriquecer urânio e usar para fins científicos e para a energia nuclear. Fora disso, não tem o meu apoio.
Aí, Lula chegou e perguntou ao Obama: você já conversou com o Ahmadinejad ? Não, ele respondeu.
À Merkel: você já conversou ? Não.
Ao Sarkozy: você já conversou com Ahmadinejad ? Não.
Ao Gordon Brown. Não !
Ao Berlusconi: não !
Como é possível que dois chefes de Estado não possam conversar sobre um problema ?, se perguntou Lula.
Aí, Lula achou era possível tentar um acordo.
E se comprometeu a ir a Teerã para que Ahmadinejad deixasse a Agência Internacional de Energia Atômica (da ONU) ir inspecionar as instalações nucleares iranianas.
Lula cansou de ouvir da Hillary Clinton para não ir – imita a voz fanhosa de Hillary – , porque seria uma ingenuidade.
Lula estava em Moscou, com o presidente Mevdev, e ligaram dos Estados Unidos: você é um ingênuo, não vá lá.
Lula passou dois dias no Irã com o ministro Celso Amorim.
Esteve com o presidente do Congresso, com o grande líder Khamenei e com Ahmadinejad.
Eu disse pra ele: perdi todos os meus amigos.
A minha querida imprensa democrática me bate pra cacete.
Eu não saio daqui sem um compromisso.
Negociamos até meia noite.
Combinamos que no dia seguinte, às 9h da manhã, assinaríamos um acordo.
Aí, o Sarkozy telefonou: o Ahmadinejad não cumpre o que promete. Tem que fazer ele assinar.
Às 9h da manha, o Ahamadinejad pergunta se não dava para ser só de boca.
Sabe o que todo mundo diz de você ?, Lula pergunta. Sabe ? Que você não cumpre o que promete.
Só saio daqui com papel escrito !
Dez dias antes de viajar, o Obama tinha mandado uma carta ao Lula com os pontos que achava inegociáveis na questão nuclear iraniana. O que o Ahmadinejad tinha que topar fazer.
A carta-compromisso que o Ahmadinejad assinou cumpria tudo o que o Obama pediu !
Dias depois, a agência Reuters publicou a carta de Obama e estava tudo lá: na carta que o Ahmadinejad assinou.
Eu achei, disse o Lula, que, quando o Celso Amorim – e Lula elogiou muito o trabalho de Amorim – anunciasse a próxima ida da Agência Internacional de Energia Nuclear a Teerã, e divulgasse a carta, a crise amainasse.
Mas, não !
Os países ricos aumentaram a pressão sobre Ahmadinejad.
Que aquela carta não valia !
Sabe qual é a minha conclusão ?, perguntou Lula.
Que eles (os ricos) não querem que exista um novo ator !
O Brasil ? Não ! Não se meta ! O Oriente Médio não é coisa pra você !
É coisa nossa !
Ah, é ?
Então, se a ONU foi capaz de criar o Estado de Israel, por que não cria o Estado Palestino ?
(Essa é uma reprodução não literal de um trecho da palestra de Lula, feita por Paulo Henrique Amorim, que a assistiu, ao vivo, no Conversa Afiada)
Esta é a primeira vez que Lula dá detalhes de como foi traído por Barack Obama e os países ricos.
O relato fez parte de sua participação na série de palestras “2003-2013 – Uma Nova Política Externa – Conferência Nacional”, que se realiza desde segunda-feira na Universidade Federal do ABC (criada pelo Presidente Lula), no campus de São Bernardo.
Segue-se uma reprodução livre do depoimento de Lula:
Lula conta que não conhecia o presidente do Irã, Ahmadinejad.
Encontrou com ele em Nova York e perguntou: você não acredita no Holocausto ?
Se for isso, você é o único que não acredita !
Ahmadinejad respondeu: não foi isso o que eu quis dizer.
O que eu quis dizer é que morreram 70 milhões na Segunda Guerra e fica parecendo que só morreram os judeus.
Então, disse o Lula: a pior coisa num político é não se fazer entender.
Então vá lá e diga. Mas, reconheça que os judeus não morreram na Guerra ! Foi um genocídio !
Aí, Lula disse a Ahmadinejad que queria para o Irã o mesmo que quer para o Brasil: enriquecer urânio e usar para fins científicos e para a energia nuclear. Fora disso, não tem o meu apoio.
Aí, Lula chegou e perguntou ao Obama: você já conversou com o Ahmadinejad ? Não, ele respondeu.
À Merkel: você já conversou ? Não.
Ao Sarkozy: você já conversou com Ahmadinejad ? Não.
Ao Gordon Brown. Não !
Ao Berlusconi: não !
Como é possível que dois chefes de Estado não possam conversar sobre um problema ?, se perguntou Lula.
Aí, Lula achou era possível tentar um acordo.
E se comprometeu a ir a Teerã para que Ahmadinejad deixasse a Agência Internacional de Energia Atômica (da ONU) ir inspecionar as instalações nucleares iranianas.
Lula cansou de ouvir da Hillary Clinton para não ir – imita a voz fanhosa de Hillary – , porque seria uma ingenuidade.
Lula estava em Moscou, com o presidente Mevdev, e ligaram dos Estados Unidos: você é um ingênuo, não vá lá.
Lula passou dois dias no Irã com o ministro Celso Amorim.
Esteve com o presidente do Congresso, com o grande líder Khamenei e com Ahmadinejad.
Eu disse pra ele: perdi todos os meus amigos.
A minha querida imprensa democrática me bate pra cacete.
Eu não saio daqui sem um compromisso.
Negociamos até meia noite.
Combinamos que no dia seguinte, às 9h da manhã, assinaríamos um acordo.
Aí, o Sarkozy telefonou: o Ahmadinejad não cumpre o que promete. Tem que fazer ele assinar.
Às 9h da manha, o Ahamadinejad pergunta se não dava para ser só de boca.
Sabe o que todo mundo diz de você ?, Lula pergunta. Sabe ? Que você não cumpre o que promete.
Só saio daqui com papel escrito !
Dez dias antes de viajar, o Obama tinha mandado uma carta ao Lula com os pontos que achava inegociáveis na questão nuclear iraniana. O que o Ahmadinejad tinha que topar fazer.
A carta-compromisso que o Ahmadinejad assinou cumpria tudo o que o Obama pediu !
Dias depois, a agência Reuters publicou a carta de Obama e estava tudo lá: na carta que o Ahmadinejad assinou.
Eu achei, disse o Lula, que, quando o Celso Amorim – e Lula elogiou muito o trabalho de Amorim – anunciasse a próxima ida da Agência Internacional de Energia Nuclear a Teerã, e divulgasse a carta, a crise amainasse.
Mas, não !
Os países ricos aumentaram a pressão sobre Ahmadinejad.
Que aquela carta não valia !
Sabe qual é a minha conclusão ?, perguntou Lula.
Que eles (os ricos) não querem que exista um novo ator !
O Brasil ? Não ! Não se meta ! O Oriente Médio não é coisa pra você !
É coisa nossa !
Ah, é ?
Então, se a ONU foi capaz de criar o Estado de Israel, por que não cria o Estado Palestino ?
(Essa é uma reprodução não literal de um trecho da palestra de Lula, feita por Paulo Henrique Amorim, que a assistiu, ao vivo, no Conversa Afiada)
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