Ao se manifestar em defesa da Petrobras, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou ser contra o projeto de José Serra (PSDB-PR), que acaba com a obrigatoriedade da estatal ser a operadora única e ter pelo menos 30% de participação nos consórcios criados para a exploração do pré-sal, no modelo de partilha.
Pelas redes sociais, Requião rebate o argumento de que a petroleira não teria recursos financeiros suficientes para explorar a camada.
“A Petrobras tem grande facilidade de acesso a créditos internos e externos. É falácia sua incapacidade financeira. A quebra de condição da Petrobras como operadora única do pré-sal reduz sua vantagem estratégica expõe seus conhecimentos adquiridos”, escreveu o senador nesta quarta-feira (17).
Para Requião, “forças entreguistas querem entregar o pré-sal para empresas estrangeiras”. Pelo seu perfil no twitter, o senador lembrou episódio divulgado pelo site Wikileaks, em 2010, em que José Serra prometeu alterar regras da exploração caso vencesse as eleições daquele ano.
“A participação da Petrobras como operadora única do pré-sal alavanca as políticas de industrialização do Brasil”, continuou Requião.
Para finalizar: “Não há riscos nos investimentos do pre sal. O custo de extração é de nove dólares por barril. Não há sentido entregar para estrangeiros”.
Ontem, após protestos, o Senado aprovou a urgência para a votação do projeto, que deverá ocorrer no fim de junho, após uma audiência pública sobre o tema.
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Na contramão de intelectuais, Globo assume que quer Petrobras na mão do capital estrangeiro. Família midiática mais rica do mundo quer a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras e questiona a capacidade da Petrobras de tirar o petróleo do fundo do mar
O manifesto dos intelectuais em defesa da Petrobras e contra o golpe em marcha no País (leia abaixo) irritou os irmãos Marinho, que controlam o jornal O Globo.
Segundo o jornal, o manifesto é apenas uma operação política para esvaziar a CPI da Petrobras. Em editorial publicado nesta terça, os Marinho, que, com US$ 28 bilhões de patrimônio, são a família midiática mais rica do mundo e mais poderosa do País, defendem a abertura do pré-sal a firmas estrangeiras.
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O Globo também questiona a capacidade da Petrobras. “Se a Petrobras, em condições normais, já tinha dificuldades para tocar esse plano de pedigree ‘Brasil Grande’, agora é incapaz de mantê-lo. Não tem caixa nem crédito para isso. Não há como sustentar o modelo”, diz o texto.
Dias atrás, uma funcionária da Petrobras, Michelle Daher Vieira, publicou uma carta aberta ao Globo, apontando as reais motivações do Globo na campanha negativa contra a Petrobras.
Leia abaixo o manifesto de intelectuais e personalidades em defesa da Petrobras que foi publicado na última semana:
Manifesto: O QUE ESTÁ EM JOGO AGORA
A chamada Operação Lava Jato, a partir da apuração de malfeitos na Petrobras, desencadeou um processo político que coloca em risco conquistas da nossa soberania e a própria democracia.
Com efeito, há uma campanha para esvaziar a Petrobras, a única das grandes empresas de petróleo a ter reservas e produção continuamente aumentadas. Além disso, vem a proposta de entregar o pré-sal às empresas estrangeiras, restabelecendo o regime de concessão, alterado pelo atual regime de partilha, que dá à Petrobras o monopólio do conhecimento da exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas. Essa situação tem lhe valido a conquista dos principais prêmios em congressos internacionais.
Está à vista de todos a voracidade com que interesses geopolíticos dominantes buscam o controle do petróleo no mundo, inclusive através de intervenções militares. Entre nós, esses interesses parecem encontrar eco em uma certa mídia a eles subserviente e em parlamentares com eles alinhados.
Debilitada a Petrobras, âncora do nosso desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, serão dizimadas empresas aqui instaladas, responsáveis por mais de 500.000 empregos qualificados, remetendo-nos uma vez mais a uma condição subalterna e colonial.
Por outro lado, esses mesmos setores estimulam o desgaste do Governo legitimamente eleito, com vista a abreviar o seu mandato. Para tanto, não hesitam em atropelar o Estado de Direito democrático, ao usarem, com estardalhaço, informações parciais e preliminares do Judiciário, da Polícia Federal, do Ministério Público e da própria mídia, na busca de uma comoção nacional que lhes permita alcançar seus objetivos, antinacionais e antidemocráticos.
O Brasil viveu, em 1964, uma experiência da mesma natureza. Custou-nos um longo período de trevas e de arbítrio. Trata-se agora de evitar sua repetição. Conclamamos as forças vivas da Nação a cerrarem fileiras, em uma ampla aliança nacional, acima de interesses partidários ou ideológicos, em torno da democracia e da Petrobras, o nosso principal símbolo de soberania.
20 de fevereiro de 2015
Alberto Passos Guimarães Filho
Aldo Arantes
Ana Maria Costa
Ana Tereza Pereira
Cândido Mendes
Carlos Medeiros
Carlos Moura
Claudius Ceccon
Celso Amorim
Celso Pinto de Melo
D. Demetrio Valentini
Emir Sader
Ennio Candotti
Fabio Konder Comparato
Franklin Martins
Jether Ramalho
José Noronha
Ivone Gebara
João Pedro Stédile
José Jofilly
José Luiz Fiori
José Paulo Sepúlveda Pertence
Ladislau Dowbor
Leonardo Boff
Ligia Bahia
Lucia Ribeiro
Luiz Alberto Gomez de Souza
Luiz Pinguelli Rosa
Magali do Nascimento Cunha
Marcelo Timotheo da Costa
Marco Antonio Raupp
Maria Clara Bingemer
Maria da Conceição Tavares
Maria Helena Arrochelas
Maria José Sousa dos Santos
Marilena Chauí
Marilene Correa
Otavio Alves Velho
Paulo José
Reinaldo Guimarães
Ricardo Bielschowsky
Roberto Amaral
Samuel Pinheiro Guimarães
Sergio Mascarenhas
Sergio Rezende
Silvio Tendler
Sonia Fleury
Waldir Pires
Aldo Arantes
Ana Maria Costa
Ana Tereza Pereira
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Claudius Ceccon
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Celso Pinto de Melo
D. Demetrio Valentini
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Ennio Candotti
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