Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A gripe suína e a sujeira da Veja


A avalanche midiática sobre Dilma Rousseff opera com a quantidade e não com a qualidade da informação. O importante na ofensiva que se dá na reta final para as eleições é não dar trégua. As denúncias não podem parar, mesmo que sejam irresponsáveis, inconsequentes e desmentidas pouco depois. Enquanto os desmentidos não aparecem, fica valendo a acusação.

De tudo que já foi levantado contra Dilma recentemente, uma das coisas mais esdrúxulas teria sido uma suposta interferência da Casa Civil, então sob o comando de Dilma Rousseff, na compra de medicamentos para o tratamento da gripe H1N1, em junho de 2009.

Essa gripe ficou conhecida como gripe suína por conter em seu vírus material genético dos suínos e não por ser transmitida pela respiração dos porquinhos, como desinformou José Serra, que se autoproclama o melhor ministro da Saúde que o país já teve.

A gripe suína se espalhou perigosamente pelo mundo a ponto da Organização Mundial de Saúde declará-la como pandemia, justamente em junho de 2009. O Brasil comprou o antiviral Tamiflu do único laboratório que o produz no mundo, o que por si só impediria qualquer ação lobista, já que não há concorrentes.

Mas a revista Veja publicou que o Ministério da Saúde teria feito uma compra maior que o necessário, com vantagens para um ex-assessor da Casa Civil. O ministro da Saúde José Gomes Temporão já tinha desmontado a denúncia negando a participação da Casa Civil em qualquer negociação do ministério e explicando que a quantidade do medicamento adqurido atendeu a critérios técnicos.

O Brasil comprou medicamentos suficientes para 14,5 milhões de pessoas (7,5% da população) por preço abaixo do mercado, depois de ter sido criticado por ter um estoque suficiente para atender apenas 5% da população, enquanto outros países tinham estoque para até 80% da população.

Agora, o laboratório Roche, fabricante do Tamiflu, publicou no site de sua subsidiária no Brasil, comunicado para esclarecer que os processos de compra do medicamento foram conduzidos de forma direta, sem participação de nenhum intermediário.

O Governo não apenas comprou uma quantidade prudente de medicamento como – preste atenção – fez um enorme esforço para produzir aqui, numa fábrica estatal, de forma independente o oseltamivir. Sob a direção do médico Eduardo Costa, então presidente da Farmanguinhos, começamos a fazer aqui o antiviral e não faltaria “Veja” para criticar se as mortes continuassem acontecendo e faltassem remédios. Agora, se estivesse correndo comissão para o Governo, na compra, alguém ia querer fazer um esforço – que o Tijolaço, ao contrário da mídia, registrou aqui, no dia 31 de julho de 2009 – iam se interessar em fabricá-lo numa estatal?

A Veja não se deu ao trabalho de ouvir a Roche quando preparou a sua denúncia. O compromisso com a verdade da informação já foi abandonado há muito tempo. Como escrevi outro dia aqui, me referindo à Folha de S.Paulo, o lema da grande imprensa nos ataques à Dilma é “se colar, colou”. Se depois os fatos desmentirem a versão, que se danem os fatos.

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