Este blog saiu do ar da madrugada até o meio da manhã desta quinta-feira. O fato ocorreu por razõe$ que nada têm que ver com ataques cibernéticos de hackers, crackers ou coisa que o valha, e muito menos devido a retaliações de qualquer tipo, mas a inacessibilidade desta página de ativismo político gerou reflexão ao seu editor sobre um fato que está ocorrendo agora mesmo e que simboliza, na prática, uma grave ameaça ao ciberativismo.
Tal reflexão decorre, como deve ter ficado óbvio a alguns, das retaliações que o ciberativista australiano Julian Assange vem sofrendo por conta dos constrangimentos que vem gerando ao governo dos Estados Unidos desde que desencadeou uma onda de denúncias em seu site, o WikiLeaks (vazamentos rápidos ou abundantes, em tradução livre), a partir de setembro, quando a página denunciou abusos que os americanos cometeram contra os direitos humanos de civis inocentes na guerra do Iraque.
Os documentos vazados pela página wiki de Assange denunciaram, primeiro, a política sanguinolenta que os EUA impuseram ao Iraque, com literal assassinato em massa de dezenas de milhares de homens, mulheres, crianças e velhos – e sem que a nossa boa e velha mídia tenha dito sobre os ianques qualquer coisa sequer parecida com o que diz sobre o regime iraniano –, e, agora, o WikiLeaks denunciou os constrangedores telegramas confidenciais da diplomacia americana.
Em que pese a duvida sobre a motivação de Assange para ir tão longe – seria um idealista, alguém em busca de notoriedade, um louco ou um vigarista? –, o que sua prisão, as acusações que vem sofrendo e o estrangulamento financeiro e estrutural de sua organização mostram é como alguém pode incomodar até os mais poderosos entre os poderosos valendo-se apenas de uma mísera página na internet e como essa pessoa pode se tornar alvo de uma campanha de destruição rápida, implacável e eficiente.
Se alguém como Assange, com seus contatos, fontes secretas, doações e patrocínios milionários pode ser anulado com a facilidade que se viu no âmbito de um processo escandalosamente casuísta – ou alguém acredita que as acusações de “estupro” contra si, surgidas logo após as denúncias, foram coincidências? –, o que é possível fazer contra um pobre diabo como o ciberativista autor deste blog e outros como ele?
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