Rachel Duarte
Pela segunda semana consecutiva o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu representantes de veículos de comunicação não tradicionais. Na última semana, ele concedeu uma coletiva de imprensa para blogueiros progressistas de todo o país e, nesta quinta-feira (02), a conversa do presidente foi com as rádios comunitárias. Entre os pontos principais da pauta dos radialistas, estavam o Marco Regulatório das Comunicações e a reforma do Ministério das Comunicações no governo de Dilma Rousseff.
Durante a entrevista, que durou pouco mais de uma hora, o presidente falou sobre o preconceito que existe na política brasileira que o vitimou “a vida inteira” e que o assustou durante a campanha presidencial. “Tiveram perguntas de jornalistas do PSol, um partido de esquerda, que qualificavam a Dilma como guerrelheira, por exemplo. Temas que surgem desde o início da humanidade voltaram a tona só porque tínhamos uma mulher candidata”, argumentou. Lula ressaltou, entretanto, que acredita que prevalecerá o bom senso no governo da sua sucessora. “Vocês podem ter certeza de que Dilma Rousseff fará mais e melhor, porque encontrou um país muito mais desenvolvido e com a economia em amplo crescimento. Ela não veio de onde eu vim, mas ela vai para onde eu fui”, ressaltou.
Participaram da entrevista com o presidente Lula as rádios Maria Rosa, de Curitibanos (SC); Heliópolis, de São Paulo (SP); Líder Recanto, do Recanto das Emas (DF); Oito de Dezembro, de Vargem Grande Paulista (SP); Santa Luzia, de Santa Luzia (MG); Cidade, de Ouvidor (GO), Fercal, de Sobradinho (DF) e Comunitária Integração, de Santa Cruz do Sul (RS). A entrevista foi transmitida ao vivo pelo Blog do Planalto e também por diversos outros blogs do País.
Reforma do Ministério das Comunicações
O presidente Lula anunciou força total do próximo governo para com o debate sobre a mudança na regulação da comunicação no Brasil. Os ativistas da comunicação foram convocados no apelo de Lula aos representantes das rádios comunitárias. A promessa é de que o Ministério das Comunicações do governo Dilma priorize este debate, porque, segundo Lula, “a legislação brasileira é ultrapassada e não reflete o mundo altamente tecnológico e conectado à internet que temos hoje”.
Os representantes de mídias alternativas serão fundamentais para equalizar os interesses das mídias que detém as concessões públicas no Brasil. O debate será forte, uma vez que irá mexer também nos interesses dos proprietários de televisão, telefonia e internet. “Este será o principal desafio do novo Ministério das Comunicações e é preciso ser feito, custe o que custar”, diz Lula.
Marco Regulatório das Comunicações
Lula expressou a vontade de se dedicar às discussões a respeito do Marco Regulatório das Comunicações após o fim do mandato, já que, segundo disse, poderá ter um discurso que não podia ter na função de Presidente da República. Ele disse que, como militante político, exercerá um papel centralizador dos debates da sociedade brasileira para politizar a questão do marco regulatório e “resolver a história das telecomunicações de uma vez”. Para isso, ΅é preciso ter força política” e embasamento, para vencer “o monopólio”que existe atualmente nas comunicações.
O governo de Lula ampliou a distribuição das verbas para publicidade de 449 veículos para 8.010. Mas, na opinião do presidente, é preciso mudar urgentemente o padrão da comunicação brasileira, que ainda não reflete a pluralidade do país e não contribui para a difusão da diversidade cultural. Lula disse que não é mais possível que uma pessoa que mora na região Norte, por exemplo, só tenha acesso à programação de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na opinião dele, “sem querer tirar nada de ninguém”, é preciso que se dê a oportunidade para que moradores do Sudeste tenham acesso às informações de todo o país e para que todas as regiões estejam em contato com sua própria cultura.
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