Depois de admitir o fracasso do 'ajuste' imposto à Grécia; das divergências sobre quem pagará o custo da crise , sobretudo, quanto os bancos vão assumir desse fardo, a cúpula do euro desta 4ª feira tromba com um novo desafio emergencial. A Itália de Silvio Berlusconi está engasgada entre um vencimento de dívida no valor de 297 bilhões de euros, em 2012, e a dificudade para cumprir planos de arrocho que injetem confiança nos credores desse mega-passivo. A prometida elevação da idade mínima para a aposentadoria, dos 65 anos para 67, é um dos caroços. Berlusconi logrou fechar um acordo provisório com seus aliados, mas eles próprios não escondem a hesitação diante da impopularidade da medida. É oportuno lembrar que nas manifestações globais do dia 15 de outubro, Roma foi palco de protestos massivos, talvez os maiores daquela jornada. A Itália é a 3ª economia do euro; sua dívida total é de 1,8 trilhão de euros; cerca de 800 bilhões estão colocados fora do país --bancos alemães e franceses arcam com um pedaço expressivo do mico. Mas a maior parte da batata quente arde nas carteiras de empresas e instituições italianas. Se o país
se tornar a bola da vez da crise será difícil evitar uma fuga em massa de credores,
alimentando o incêndio na interligação das finanças públicas e privadas. A crise sistêmico do euro, pelo visto, escavou mais uma porta de entrada, sem que os líderes da UE tenham conseguido fechar as anteriores. Esse é o cenário da cúpula de hoje.
(Carta Maior; 4ª feira, 26/10/ 2011)
Interessante: como o Kamel explica que os escravos não sejam brancos ?
Saiu do Globo, extraído do
Blog do Nassif:
Cabe observar que os escravocratas do Brasil do Século XXI são sudestinos.
Viva a elite do Brasil!
Ou, como dizia a Evita Peron, “los oligarcas de mierda”.
Do Globo.com
BRASÍLIA -A pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que pela primeira vez traçou o perfil das vítimas de trabalho escravo no Brasil, mostra quem são os fazendeiros acusados de explorar os trabalhadores nessas condições. Com base na Lista Suja do Ministério do Trabalho, entrevistas com 12 dos 66 contactados pelo organismo permitiram concluir que a maioria deles nasceu no Sudeste, mas mora nas regiões próximas às lavouras (Norte, Nordeste e Centro-Oeste). Eles têm curso superior e declararam como profissões pecuarista, agricultor, veterinário, comerciante, gerente, consultor e parlamentar. São filiados ao PMDB, PSDB e PR.
Os aliciadores (gatos) têm baixa escolaridade, idade média de 45,8 anos, são na maior parte nordestinos e vivem nas regiões Norte e Centro-Oeste.
A pesquisa, chamada “Perfil dos principais atores envolvidos no trabalho escravo rural no Brasil”, mostra ainda que Maranhão, Paraíba e Piauí são exportadores desse tipo de mão-de-obra. Segundo o levantamento, realizado a partir de depoimentos de 121 pessoas libertadas pela fiscalização do governo, entre 2006 e 2007, esses três estados foram as principais origens dos trabalhadores resgatados em Goiás (88%) e Pará (47%). No Mato Grosso e na Bahia, 95% deles eram procedentes da região.
Segundo a OIT, a agropecuária continua sendo o setor de maior concentração de trabalho escravo, sobretudo nas fazendas de cana-de-açúcar e produção de álcool, como é o caso do Pará; plantações de arroz (Mato Grosso); culturas de café, algodão e soja (Bahia); lavoura de tomate e cana (Tocantins e Maranhão).
O coordenador do projeto de combate ao trabalho escravo da OIT no Brasil, Luiz Antonio Machado, disse que a pesquisa mostrou que a dinâmica do trabalho escravo no país tem se mantido, tanto nos estados com maior ocorrência, quanto nas atividades econômicas. Ele destacou, porém, que o governo aumentou também a fiscalização nas regiões Sul e Sudeste.
O levantamento também mostrou que as desigualdades de renda e raça se reproduzem entre as vítimas do trabalho escravo: 81% são negros, oriundos das regiões Norte e Nordeste, com renda média de 1,3 salário mínimo. Do universo entrevistado, 18,3% são analfabetos e 45% têm menos de cinco anos de estudo, sendo considerados analfabetos funcionais.
Entre as recomendações para tornar as políticas de combate ao trabalho escravo mais efetivas, a OIT sugere programas de qualificação profissional e elevação da escolaridade dos trabalhadores nas áreas de maior concentração, associados ao benefício do Bolsa Família; criação de empregos nos municípios de origem e residência dos trabalhadores; e realização de programas de reforma agrária, com apoio à agricultura familiar.
Bolsa família não barra trabalho escravo
O estudo da OIT revela ainda que o benefício do Bolsa Família não tem sido suficiente evitar a ocorrência do problema. O levantamento, realizado a partir de depoimento de 121 pessoas, revela que em 67% das famílias de trabalhadores libertados, existem crianças e adolescentes, sendo que 28% delas são beneficiárias do programa.
O levantamento concluiu também que quase 60% dos trabalhadores resgatados são reincidentes e que a fiscalização do governo conseguiu libertar apenas 12,6% deles – o que revela a pouca efetividade das políticas de combate ao trabalho escravo no Brasil.
Segundo Luiz Antonio Machado, coordenador do projeto da OIT de combate ao trabalho escravo no país, o Bolsa Família ajuda a reduzir a vulnerabilidade dos trabalhadores porque melhora a alimentação das famílias, mas por si só, não evita que os chefes dessas famílias se submetam a condições degradantes de trabalho, com cerceamento de liberdade.
- O Bolsa Família é insuficiente para impedir que os trabalhadores sejam vítimas de trabalho escravo – disse Machado, defendendo que o governo desenvolva outros programas associados, como criar empregos nas localidades onde residem esses trabalhadores, ofertando cursos de qualificação.
Entre trabalhadores libertos, 85% têm baixa escolaridade
A pesquisa revelou que 85% dos trabalhadores libertados, além de baixíssima escolaridade (analfabetos e com menos de quatro anos de estudo), nunca fizeram um curso de qualificação. No entanto, 81,2% deles declararam que gostariam de fazer algum curso, principalmente os mais jovens: 95,2% dos que têm menos de 30 anos disseram ter preferência nas áreas de mecânica de automóveis, operação de máquinas, construção civil (pedreiro, encanador, pintor) e computação.
Segundo Machado, o alto índice de recorrência se deve à falta de alternativas, sobrando nas áreas rurais apenas a “empreitada”. Ele disse que além da equipe de fiscalização não conseguir cobrir todo o país, é preciso que haja maior conscientização. Na maioria das vezes, o trabalhador não denuncia. Em alguns casos, eles conseguem fugir ou, depois que a empreitada acaba, são liberados sem receber pelo serviço.
A pesquisa revelou também problemas no combate ao trabalho infantil: 92,6% dos entrevistados começaram a trabalhar antes dos 16 anos de idade, em média aos 11,4 anos. Os trabalhadores foram ouvidos entre outubro de 2006 e julho de 2007. Eles foram libertados de fazendas no Pará, Bahia, Mato Grosso e Goiás.
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