*Receita suicida: produção industrial cai 2,5% em fevereiro sobre janeiro, evidenciando o absurdo que seria elevar as taxas de juros em um sistema econômico fragilizado**governo elimina IOF do financiamento para aquisição de bens de capital voltados à infraestrutura
O mercado financeiro do país é assoalhado por R$ 1,7 trilhão em títulos públicos, que gravitam em torno da taxa básica de juro, a Selic. Outros R$ 1,4 trilhão estão acantonados num oceano de títulos financeiros privados -CDBs, debentures etc-- corrigidos, neste caso, pela taxa praticada nas operações de empréstimos entre os próprios bancos(CDI). A taxa do CDI sempre foi muito próxima a da Selic. Mas a farta liquidez disponível hoje no Brasil e no mundo (crédito, investimento público, ingressos de capitais estrangeiros, facilidade de captação no exterior etc) , reduziu a necessidade desse intercâmbio de caixa entre instituições. Os juros dessas operações, o CDI, tem ficado abaixo da Selic. Para resumir: a riqueza financeira corrigida por ele está perdendo ou, no máximo, empatando com a inflação. Foi o que aconteceu no primeiro trimestre deste ano. Algo muito próximo está perto de acontecer com os detentores de títulos públicos -ainda que neste caso exista um atenuante disseminado, que são as taxas prefixadas. Elas protegem o investidor da dívida pública do encolhimento da Selic. Grosso modo, porém, as duas massas de riqueza financeira, que somam o equivalente a 75% do PIB brasileiro, tem encontrado dificuldade crescente de se valorizar. Ou, ao menos, manter seu valor real. Há um universo numericamente expressivo de detentores de dinheiro miúdo nesse aluvião. Mas em termos de densidade financeira, predominam sócios graúdos da Selic. Bancos e fundos administrados por eles, por exemplo, detém cerca de 55% da dívida pública. O Brasil investe hoje menos de 18% do PIB ao ano. Precisa elevar isso a, pelo menos, 25% para fechar o buraco da infraestrutura, que não comporta sua nova realidade social. É em torno dessa travessia de sete pontos que se dá o cabo de guerra entre o rentismo e a luta pelo desenvolvimento. Parece pouco, mas é ela que pode definir o século 21 brasileiro. (Leia também aqui: 'Os quindins de ouro')
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