Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sábado, 26 de outubro de 2013

A direita e os beagles

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A direita brasileira anda perdidinha da silva. Esta semana, Cora Ronai, histórica e combativa defensora dos animais, em especial gatos e capivaras, causou um certo frisson nazista ao mencionar uma cientista que defende testes farmacêuticos em presidiários, em troca da redução da pena. Depois ela se desculpou, em seu blog, de modo ainda mais estranho.
Se achamos que pessoas livres podem se apresentar como voluntárias para testes, em troca de vantagens financeiras, bom karma ou o que quer que as motive (e eu acho que podem), não é justo deixar de estender o “benefício” (na falta de melhor palavra) para as pessoas que estão presas, não?
(…)
Para começo de conversa, há criminosos e criminosos. Há testes e testes. E, last but not least, há sistemas judiciais e sistemas judiciais. Não é difícil imaginar o grau de risco que isso poderia representar no Brasil, sob todos os aspectos.
De modo que, em tese — mas muito em tese mesmo, ainda preciso pensar mais sobre isso — sou contra a permuta de testes farmacêuticos ou cosméticos por reduções de pena. Acho que se a sociedade optou por determinada pena para determinado crime, essa pena deve ser cumprida integralmente, ou amanhã teremos um Marcos Valério da vida saindo da prisão em troca de um teste de dentifrício. Ou alguém tem dúvidas de que, aqui, a questão seria inteiramente desvirtuada?
É interessante ela mencionar Marcos Valério e não o seu chefe, Daniel Dantas, ou seu padrinho original, Eduardo Azeredo, mas tudo bem.
Estranho mesmo é tanto relativismo, teses e subterfúgios para dizer que não sabe se vale a pena implantar algum tipo de nazismo carcerário no Brasil. A preocupação dela, contudo, não é com algum eventual prejuízo aos presidiários, que por acaso são seres humanos, mas se algum deles levará vantagem.
Cora Ronai até aceita que se usem presidiários como cobaias, mas não que se lhes reduza a pena. Nazismo pela metade não tem graça.
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Daí que os pobrezinhos dos Beagles viraram mesmo o assunto preferido da nossa direita tão plural. Uns os defendendo, outros os atacando, e não sei o que é pior.
A Veja dedicou-lhes a capa da edição da semana, e mais um caderno especial de “17 páginas”. O tom é sinistro, quase sádico. “Ainda não dá para fazer ciência sem que eles sofram…”, diz o título. Cora Ronai provavelmente preferiria ver Marcos Valério no lugar do triste cãozinho – desde que não lhe reduzissem nem um dia dos 40 anos a que foi condenado, claro.
VEJA
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O primeiro artigo de Reinaldo Azevedo na Folha intitula-se… “Os 178 beagles”. E vem repleto de tiradas que o pessoal da Folha deve achar geniais, como “Povo não existe. É uma ficção de picaretas”, além das invectivas de sempre contra o PT que, segundo ele, “ataca sistematicamente as instituições” e alimenta “intolerância” e o “ódio” à democracia. Mais um pouco e Azevedo acusa o PT de ter apoiado a ditadura, mentir sobre as Diretas Já, e sonegar R$ 615 milhões em imposto de renda…
Por: Miguel do Rosário

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