Sérgio Moro é marqueteiro da oposição, pauteiro da mídia, e quer ser coveiro do PT
February 22, 2016 12:21
Sérgio Moro, o juiz das camisas negras, age com a precisão de um marqueteiro da oposição.
Nas duas últimas semanas, o quadro foi extremamente desfavorável às forças que lutam para inviabilizar Dilma e para enxotar Lula e o PT da vida pública.
A derrota de Cunha na votação para liderança do PMDB (com atuação política do Palácio do Planalto, em favor do vitorioso Picciani), a inclusão do processo contra Eduardo Cunha na pauta do STF para julgamento nas próximas semanas e, por fim, o vergonhoso caso Miriam Dutra/FHC/fantasma do Serra: foram três episódios a demonstrar que a oposição tucana não tem forças para derrubar o lulismo.
O impeachment, na Câmara, está morto. E o PSDB sofre um processo acelerado de desgaste, ao ganhar a pecha de oposição fraca e hipócrita.
Na última sexta, alguns mais empolgados no lado governista comemoravam a “virada”.
Os mais experientes, no entanto, diziam: quantos dias serão necessários para Moro lançar uma bóia que sirva pra salvar FHC e dar novo alento ao golpe?
Moro agiu rápido.
A “Operação Acarajé”, deflagrada nesta segunda (22/fevereiro) mira em João Santana.
O juiz das camisas negras pede a prisão do ex-marqueteiro petista.
Não farei a defesa de Santana. Não sei que tipos de acertos ele fez com grandes empresários e com a cúpula petista.
Sei que ele é uma figura um tanto arrogante e que, em 2010, fingiu ter sido a campanha de TV conduzida por ele a única responsável pela vitória (quando, na reta final do primeiro turno, a campanha nefasta de Serra mostrou que era nas redes sociais e nos boatos nas igrejas que a eleição poderia ser decidida; Santana jamais entendeu a internet).
Minha análise aqui é política.
Alguns fatos chamam atenção…
1 – Claro que a PF, o MPF e o juiz sabiam que Santana estava fora do país. Qual sentido de decretar a prisão do sujeito no exterior, se seria mais fácil tê-lo feito quando o marqueteiro estivesse em território brasileiro?
A resposta é: o timing político e midiático.
Durante dias, se não semanas, o debate será: Santana tinha contas no exterior? Elas serviam para que o PT pagasse por fora?
Santana terá que provar que é inocente, porque no Brasil de Moro a inversão do ônus da prova se consolidou.
Cabe ao réu, já condenado previamente pela mídia, provar que não é culpado. Enquanto isso, mofa na cadeia.
Haverá também outro debate: a Interpol pode prendê-lo? A Globo e a Folha mandarão enviados especiais para a América Central, para acompanhar cada respiro de Santana.
Ou seja, Moro oferece à oposição um novo enredo, para sufocar a pauta FHC e para jogar o governo de novo nas cordas (enquanto isso, os tucanos e a Globo mandarão emissários — ou petardos — para Miriam Dutra encerrar as denúncias).
2 – Moro também oferece a Gilmar Mendes o combustível para tentar cassar a chapa Dilma/Temer no TSE.
A justificativa: o marqueteiro da campanha recebia “por fora”, de empresas investigadas na Lava-Jato. É um alinhamento completo do juiz das camisas negras com a oposição.
Na teoria jurídica, Moro não pode investigar Dilma. Mas ele o faz por vias tortas. Oficialmente, investiga o marqueteiro. Prende Santana.
E exige dados, informações, qualquer coisa que permita a Gilmar desfechar um golpe judicial no TSE.
Lembremos que Moro não fez o mesmo com a mulher de Cunha, por exemplo. Não prendeu nem investigou Cláudia Cruz. Poderia ter feito, para municiar o STF com informações. Mas aí fugiria do script oposicionista da Lava-Jato.
Há só um detalhe: ao contrário do impeachment na Câmara, o golpe via TSE coloca PMDB e boa parte da base governista unidos contra a tentativa de cassar Dilma/Temer.
Se Dilma caísse pelas mãos de Cunha, Temer seria o capitão do golpe em parceria com o PSDB de São Paulo. Agora, não.
A resistência contra Aécio/Gilmar/Moro/Globo pode unir PT/PMDB e parcelas dos outros partidos governistas.
A não ser que surja uma bomba indefensável a comprometer a chapa Dilma/Temer.
3 – O mais grave da nova Operação, entretanto, é mostrar que não haverá trégua econômica. A Lava-Jato estrangula o país.
Em suas andanças por Brasília, Aécio Neves diz abertamente a quem queira ouvir: “já avisamos aos empresários que, quando Dilma cair, a PF não vai mais barbarizar nem humilhar ninguém; tudo volta ao normal”.
Essa é a parceria de Moro/Aécio: a chantagem econômica.
Podem escrever, esse será mais um mote para o golpe: é preciso arrancar Dilma do poder, com ou sem provas consistentes, porque enquanto ela não sair de lá a economia seguirá estrangulada pela Justiça.
Por fim, um fato inescapável: Dilma, mais que nunca, precisará de apoio popular para resistir.
No entanto, decidiu adotar em 2016 a pauta que desarticula seus apoiadores: Reforma da Previdência (com a faca no pescoço) e até alterações no Salário Mínimo são pontos que interessam àqueles que pretendem derrubá-la.
O governo, no momento em que se sentiu um pouquinho mais forte, já começava a dar as costas de novo para o que restou de sua base popular.
Dilma e o PT, se quiserem resistir, não podem se dar ao luxo de caminhar por essa trilha.
Moro é o marqueteiro da oposição e o pauteiro da mídia. Pretende, ainda, ser o coveiro da centro-esquerda no Brasil.
Estamos em meio a uma guerra total. Não está escrito que a direita midiática e judicial vai ganhar. Mas uma coisa é certa: quando adota o programa econômico dos inimigos, Dilma só facilita o trabalho do juiz das camisas negras.
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Prezado sr bloguista tomo a liberdade de postar um comentário. Ao que parece a justiça do Brasil resolveu funcionar, pois ninguém poderia sequer imaginar que o sr Lula poderia ser investigado. O que admira é que ele não quer ser investigado, se essa é atribuição das instituições que ele já chefiou, e ser investigado é uma condição a que todos estamos sujeitos, evidentemente não aquelas que se consideram sagradas, mas isso é religião e nós ainda não estamos no céu. Nenhum suspeito ficará de fora, ou alguém poderá pensar que o Aécio e outros serão mais privilegiados do que o sr Lula? Se alguém também tiver culpa, que provavelmente também não seja no cartório, como todos os inocentes atingidos pela lava a jato, será alcançado, resta-nos aos eleitores e pagadores de impostos traídos assistir de camarote, evidentemente alguns com fome. Isso é tudo porque se houver punição, te garanto que não será equivalente à desgraça que a gula pelo bem público produziu. Agora falar contra a instituição porque está cumprindo o seu dever é uma falácia. A pergunta é: quem poderia se revoltar contra o magistrado quando ele toma a sua decisão? Evidentemente o inocente terá oportunidade de prová-la, e sair com honras. O sr Lula não é o dono do Brasil, assim como nenhum político foi e nem será, por mais populista que tenha sido, que seja ou venha ser, eu mesmo votei nele nas duas vezes e na atual presidenta. Agora ignorar o que se fez como o bem público, e a certeza de que se está acima da lei não seria também uma conclusão típica de um apedeuta?
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