Lucas Ponez
Há quem diga que a imprensa é o "oxigênio" da democracia e que a justiça deve ter equivalência e equação entre castigo e culpa. De fato, são dois órgãos extremamente importantes, com todo o poder e liberdade que lhe são conferidos. Todavia os desvios de conduta por parte dos meios de comunicação e do poder judiciário têm contribuído para um cenário catastrófico, onde não se vê o mínimo de vantagem para o país.
O seio da desventura se encontra em um pacto entre a mídia, a justiça e o PSDB – partido que abraçou os interesses da plutocracia brasileira. Essa aliança está mais nítida a cada dia que passa. Haja visto os escândalos protagonizados pela legenda, que não são destaques em jornais e revistas, além de serem brindados com arquivamentos e postergações na justiça.
Tudo começou com a chegada do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à presidência. Escândalos mastodônticos ocorreram durante o todo governo, como os dos precatórios, da Sudam, da Sudene, da Pasta Rosa e o mais misterioso deles: o do Banestado, onde se desviou cerca de US$ 19 bilhões para o exterior. Com a ajuda da mídia, toda as investigações terminaram sem nenhum político preso. A justiça – em conluio com o partido – "tapou os olhos" por oito anos. A imprensa que deveria fazer o papel de denunciante, se omitiu. E um governo que apresentou os piores índices pós-redemocratização foi concluído sem maiores problemas para FHC e seus asseclas.
Chega Lula, e eis que surge uma nova imprensa e um poder judiciário munido de novas teorias. Surgiu o escândalo do "Mensalão", com PT, DEM e PSDB como protagonistas de uma suposta novidade no sistema político. Caciques do PT foram amplamente denunciados em "jornalões", hebdomadários e semanários, como se a nova mídia brasileira tivesse sede por justiça. O judiciário condenou vários integrantes do partido que governou o país na época, até uma teoria, a do Domínio dos Fatos – aquela que te condena por você ser obrigado a saber que o funcionário da sua empresa é chefe da Máfia Italiana -, nunca dantes utilizada, colocou pessoas importantes atrás das grades, como José Genoíno e José Dirceu. Mas o DEM – antigo PFL – e o PSDB não figuraram nas capas da mídia impressa, tampouco tiveram seus membros condenados; o que ocorreu foi uma postergação na justiça, o que ainda ocorre nos dias de hoje. O "Mensalão" do PSDB e do DEM – com Eduardo Azeredo (PSDB-MG), José Roberto Arruda (PR-DF) e Joaquim Roriz (PRTB-DF) condenados em primeira instância -, repousam no coio do poder judiciário.
Isso é muito grave, pois é passada uma falsa imagem dos partidos. Tanto que o que foi visto em 2014, foi uma eleição onde somente Dilma Rousseff (PT-RS) ganhou votos por sua gestão no primeiro mandato, os outros receberam votos anti-PT e anti-corrupção, o que levou o PSDB ao segundo turno. O resultado que ficou no subconsciente de muitos eleitores, foi que o PSDB seria a solução para o fim da corrupção no segundo turno das eleições; sendo que o PSDB não recebeu – majoritariamente – votos pelo seu histórico político, mesmo porque o partido não possui base social, militância e carisma entre os setores populares.
Eis que surge o resultado desse grande pacto: justiça aplicada a um único partido, a população sem acesso integral aos diversos casos de corrupção dos outros partidos, sim – outros partidos -, pois bater só no PT faz parte da aliança. Haja visto a demora para cassar e julgar o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-ministro Romero Jucá (PMDB-RR) e o próprio presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP). A letargia do judiciário para com esses políticos são fundamentais para a conclusão do impeachment que, consequentemente, favorecerá o PSDB.
Muitos perceberam a existência do pacto já em 2005, mas a maioria só percebeu a existência da aliança devido ao silêncio dos órgãos com relação ao último escândalo envolvendo FHC (PSDB-SP) e a ex-amante – com relação à crise hídrica de São Paulo, onde o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), foi alertado por órgãos ambientais que seria necessária a substituição do sistema Cantareira -, além das "duzentas e trinta e cinco" vezes que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi citado em delações premiadas. Há, ainda, quem não percebeu, mesmo com o envolvimento de caciques tucanos na Lava Jato. E não é pra menos, o mais novo "bicudo" envolvido na Lava Jato, José Serra (PSDB-SP), teria recebido 23 milhões de reais via caixa dois, mas a imprensa fez questão de esconder e não cobrar uma investigação para que a justiça seja feita; uma grande prova dessa proteção é uma edição da revista Veja, de 2010, onde se conseguiu um feito miraculoso de colocar o senador paulista com uma afeição angelical na capa.
Esse pacto defenestra o direito da população do amplo acesso aos fatos, fazendo com que muitos acreditem que o Partido da Social Democracia Brasileira é a única solução viável para o país, que é normal transportar meia tonelada de cocaína em helicóptero pertencente a um afilhado político de Aécio Neves e que é corriqueiro um governador cassado – Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) – por compra de votos ser uma voz importante no Senado.
Esquecemos de alguém? Óbvio que sim. Mas precisamos fechar a edição. Certo, Aloysio Nunes (PSDB-SP)?
Há quem diga que a imprensa é o "oxigênio" da democracia e que a justiça deve ter equivalência e equação entre castigo e culpa. De fato, são dois órgãos extremamente importantes, com todo o poder e liberdade que lhe são conferidos. Todavia os desvios de conduta por parte dos meios de comunicação e do poder judiciário têm contribuído para um cenário catastrófico, onde não se vê o mínimo de vantagem para o país.
O seio da desventura se encontra em um pacto entre a mídia, a justiça e o PSDB – partido que abraçou os interesses da plutocracia brasileira. Essa aliança está mais nítida a cada dia que passa. Haja visto os escândalos protagonizados pela legenda, que não são destaques em jornais e revistas, além de serem brindados com arquivamentos e postergações na justiça.
Tudo começou com a chegada do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à presidência. Escândalos mastodônticos ocorreram durante o todo governo, como os dos precatórios, da Sudam, da Sudene, da Pasta Rosa e o mais misterioso deles: o do Banestado, onde se desviou cerca de US$ 19 bilhões para o exterior. Com a ajuda da mídia, toda as investigações terminaram sem nenhum político preso. A justiça – em conluio com o partido – "tapou os olhos" por oito anos. A imprensa que deveria fazer o papel de denunciante, se omitiu. E um governo que apresentou os piores índices pós-redemocratização foi concluído sem maiores problemas para FHC e seus asseclas.
Chega Lula, e eis que surge uma nova imprensa e um poder judiciário munido de novas teorias. Surgiu o escândalo do "Mensalão", com PT, DEM e PSDB como protagonistas de uma suposta novidade no sistema político. Caciques do PT foram amplamente denunciados em "jornalões", hebdomadários e semanários, como se a nova mídia brasileira tivesse sede por justiça. O judiciário condenou vários integrantes do partido que governou o país na época, até uma teoria, a do Domínio dos Fatos – aquela que te condena por você ser obrigado a saber que o funcionário da sua empresa é chefe da Máfia Italiana -, nunca dantes utilizada, colocou pessoas importantes atrás das grades, como José Genoíno e José Dirceu. Mas o DEM – antigo PFL – e o PSDB não figuraram nas capas da mídia impressa, tampouco tiveram seus membros condenados; o que ocorreu foi uma postergação na justiça, o que ainda ocorre nos dias de hoje. O "Mensalão" do PSDB e do DEM – com Eduardo Azeredo (PSDB-MG), José Roberto Arruda (PR-DF) e Joaquim Roriz (PRTB-DF) condenados em primeira instância -, repousam no coio do poder judiciário.
Isso é muito grave, pois é passada uma falsa imagem dos partidos. Tanto que o que foi visto em 2014, foi uma eleição onde somente Dilma Rousseff (PT-RS) ganhou votos por sua gestão no primeiro mandato, os outros receberam votos anti-PT e anti-corrupção, o que levou o PSDB ao segundo turno. O resultado que ficou no subconsciente de muitos eleitores, foi que o PSDB seria a solução para o fim da corrupção no segundo turno das eleições; sendo que o PSDB não recebeu – majoritariamente – votos pelo seu histórico político, mesmo porque o partido não possui base social, militância e carisma entre os setores populares.
Eis que surge o resultado desse grande pacto: justiça aplicada a um único partido, a população sem acesso integral aos diversos casos de corrupção dos outros partidos, sim – outros partidos -, pois bater só no PT faz parte da aliança. Haja visto a demora para cassar e julgar o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-ministro Romero Jucá (PMDB-RR) e o próprio presidente interino, Michel Temer (PMDB-SP). A letargia do judiciário para com esses políticos são fundamentais para a conclusão do impeachment que, consequentemente, favorecerá o PSDB.
Muitos perceberam a existência do pacto já em 2005, mas a maioria só percebeu a existência da aliança devido ao silêncio dos órgãos com relação ao último escândalo envolvendo FHC (PSDB-SP) e a ex-amante – com relação à crise hídrica de São Paulo, onde o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), foi alertado por órgãos ambientais que seria necessária a substituição do sistema Cantareira -, além das "duzentas e trinta e cinco" vezes que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi citado em delações premiadas. Há, ainda, quem não percebeu, mesmo com o envolvimento de caciques tucanos na Lava Jato. E não é pra menos, o mais novo "bicudo" envolvido na Lava Jato, José Serra (PSDB-SP), teria recebido 23 milhões de reais via caixa dois, mas a imprensa fez questão de esconder e não cobrar uma investigação para que a justiça seja feita; uma grande prova dessa proteção é uma edição da revista Veja, de 2010, onde se conseguiu um feito miraculoso de colocar o senador paulista com uma afeição angelical na capa.
Esse pacto defenestra o direito da população do amplo acesso aos fatos, fazendo com que muitos acreditem que o Partido da Social Democracia Brasileira é a única solução viável para o país, que é normal transportar meia tonelada de cocaína em helicóptero pertencente a um afilhado político de Aécio Neves e que é corriqueiro um governador cassado – Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) – por compra de votos ser uma voz importante no Senado.
Esquecemos de alguém? Óbvio que sim. Mas precisamos fechar a edição. Certo, Aloysio Nunes (PSDB-SP)?
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