Dirigente sindical acha "estranho" que só nome da servidora tenha sido divulgado e diz que ela é apenas "boi de piranha"
CLAUDIA ROLLI
DE SÃO PAULO
Por meio do sindicato ao qual é filiada, a analista tributária Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva, 45, disse "desconhecer" a acusação de que teria acessado de forma "imotivada" a declaração de Imposto de Renda de Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB.
A informação é do presidente em exercício do Sindireceita (sindicato que representa os analistas tributários da Receita Federal), Hélio Bernardes, que manteve ontem contato, por telefone, com a servidora.
"Antonia está em uma situação constrangedora, e prefere se preservar", disse Bernardes. "Ela negou [que tenha acessado sem motivo a declaração de EJ] e disse desconhecer isso", afirmou o presidente em exercício do Sindireceita.
Segundo ele, Antonia Aparecida disse que "teve conhecimento dessa situação quando recebeu notificação [da Corregedoria da Receita Federal] avisando sobre um processo administrativo disciplinar aberto contra ela em outubro do ano passado", afirmou o dirigente.
A analista, que ainda não prestou depoimento à Corregedoria, informou ao Sindireceita não ser filiada a nenhum partido político.
"Ela afirmou que nunca foi e não é filiada a qualquer partido político. E disse que não conhece Eduardo Jorge", disse Bernardes.
O dirigente não soube afirmar se o marido da servidora -o auditor fiscal de nome Sérgio (o sobrenome não foi fornecido à reportagem)- tem alguma filiação partidária. "Não posso dizer porque ele pertence a outra categoria [auditores fiscais]", disse Bernardes.
Antonia é sindicalizada desde 1998 e foi secretária-geral da Delegacia Sindical de São Bernardo e Santo André de 2005 a 2007. "Ela não é mais dirigente do sindicato, já foi. Na condição de sindicalizada, ela terá nosso apoio, com advogado para defendê-la nesse processo."
BOI DE PIRANHA
Para o presidente em exercício do Sindireceita, é "estranho" o nome da servidora ter "vazado" antes de a investigação da Corregedoria ter sido encerrada.
"Se o corregedor-geral da Receita [Antonio d'Ávila Carvalho] já afirmou que houve acessos motivado e imotivado [nos dados fiscais sigilosos de Eduardo Jorge], por que todos os nomes não vieram à tona? Por que só o nome de Antonia vazou? Quem são esses outros servidores?", pergunta.
"Acho que Antonia é um boi de piranha nessa história toda, que está muito mal contada", afirma. "Quem garante que o vazamento de informações do Imposto de Renda do contribuinte não foi feito por meio de um desses acessos motivados?", questiona.
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