Claudio Leal, Portal Terra
BRASÍLIA - As leituras tradicionais sobre a popularidade de Lula no Nordeste se viciaram em pôr o Bolsa Família no topo dos estimulantes de voto. Mas o governador de Pernambuco e candidato à reeleição, Eduardo Campos, traz elementos mais complexos para compreender a liderança de Dilma Rousseff (PT) nos nove Estados nordestinos. Presidente nacional do PSB, Campos foi o principal articulador da aliança dos socialistas com o PT, desarmando a pré-candidatura de Ciro Gomes ao Planalto.
"O que deu força a Dilma no Nordeste é mais a ação de Lula e sua liderança. As forças que ele reúne são muito diferentes e mais fortes do que aquelas que estão com Serra. Isso vai justificando os números que os dois têm em todos os Estados da região, com vantagem para Dilma", analisa o político pernambucano, herdeiro do ex-governador Miguel Arraes, outro líder histórico do Nordeste profundo.
Numa pesquisa do Instituto Maurício de Nassau, divulgada nesta quarta-feira (14), Dilma lidera com 52% das intenções de voto em Pernambuco; o tucano José Serra, cujo candidato no Estado é Jarbas Vasconcelos (PMDB), possui 23%; Marina Silva, apenas 4%.
Líder nas sondagens estaduais, Eduardo Campos prefere não vincular o crescimento do eleitorado do PT, exclusivamente, ao Bolsa Família. "Não vejo relação direta. O que existe é o Nordeste crescendo mais do que o resto do País, o desemprego reduzido à metade, grandes investimentos estruturadores, crescimento das universidades, expansão do ensino superior com o ProUni (Programa Universidade para Todos). É uma visão de atenção às prioridades, perceptível para a população", explica.
O governador sorri, de leve, quando lembra que os programas sociais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não robusteceram a candidatura de José Serra, em 2002. "Outras bolsas existiam no governo FHC e nem assim o candidato deles, Serra, teve um resultado eleitoral favorável no Nordeste. Não venceram. Lula unificou e ampliou os programas. Esse argumento não se sustenta. O próprio discurso deles se desmente"
Campos dribla hipóteses abstratas para explicar a popularidade recorde de Lula no País. "Tem explicação", garante. "O governo que entrega políticas públicas, o povo reconhece. Por isso Lula tem uma aprovação forte. E também o nosso governo em Pernambuco, com mais de 70% de aprovação".
Campos conversou com o Terra depois da abertura do comitê nacional da candidatura de Dilma Rousseff, em Brasília, no dia 13 de julho. As enchentes no interior de Pernambuco retardaram o início de sua campanha. "Vamos começar pra valer no próximo domingo (18), com a inauguração do nosso comitê", conta. "Tem sido duro, duro. Reconstruir é sempre mais difícil do que construir".
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