Com novas tecnologias, emergentes investem mais em notícias
LONDRES. Os canais de notícia ocidentais, como BBC e Deutsche Welle, vêm perdendo espaço nos países emergentes, afirmou a revista britânica “The Economist”.
No ano passado, o serviço global da BBC, que inclui TV e rádio, perdeu oito milhões de telespectadores e ouvintes. Isso se deve, segundo a revista, ao advento de novas tecnologias, como antenas parabólicas e internet banda larga, que baratearam a recepção e até mesmo a produção de notícias.
As emissoras ocidentais ganharam força na Guerra Fria, quando interesses geopolíticos justificavam os elevados investimentos. A situação mudou.
“Em 2003 o serviço russo da Voz da América era difundido por 85 estações de rádio na Rússia; hoje, por apenas um. As difusoras em árabe da BBC no Norte do Sudão foram fechadas no último dia 9”.
Outro fator, diz a “Economist”, é a concorrência. Desde 2006, China, França, Irã, Japão e Qatar lançaram canais de notícias em inglês. A China investiu US$ 7 bilhões em notícias internacionais — 15 vezes o orçamento anual do serviço global da BBC, segundo a revista. Em julho, o país lançou seu segundo canal de notícias em inglês, o CNC World.
“Os recém-chegados estão conquistando territórios (e até mesmo contratando o pessoal) abandonados pelas organizações ocidentais”, afirma a “Economist”.
Um exemplo é o rádio de ondas curtas. A BBC abandonou o serviço na América Latina, do Norte e parte da Europa, para o desespero de ouvintes leais. Já a China Radio International quase dobrou o número de estações.
Al-Jazeera chega a países de difícil acesso, como Zimbábue Se as ondas curtas atendem aos ouvintes de áreas rurais e menor poder aquisitivo, a grande batalha, diz a “Economist”, é pela população urbana, que consome notícias via satélite e internet.
Neste caso, afirma, o melhor exemplo é a rede Al-Jazeera, apoiada pelo Qatar. Ela domina o Oriente Médio, batendo fácil concorrentes como a Alhurra, bancada pelos EUA. A Al-Jazeera vem crescendo inclusive em países de difícil acesso ao Ocidente, como o Zimbábue. Até os militares americanos no Afeganistão preferem a Al-Jazeera.
Tony Burman, diretor do serviço em inglês da Al-Jazeera, criado há três anos, disse à “Economist” que os planos são abrir dez escritórios no ano que vem, chegando ao total de 80. Ele ressaltou que câmeras digitais permitem a uma sucursal, mesmo pequena, fazer muita coisa.
A África também registra forte expansão. Até 1990 o Quênia tinha apenas um canal de TV, estatal. Agora são 20 canais e 80 estações de rádio para concorrer com a BBC. “Depois de muito alardear a causa da liberdade, as grandes emissoras ocidentais têm agora de aprender a viver com as consequências disso”, conclui a “Economist”.
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