Posted by eduguim on 18/08/10 • Categorized as Opinião do blog
Depois de assistir, de cabo a rabo, a um debate entre candidatos a presidente da República que, reconheça-se, foi pioneiramente transmitido na internet pelo UOL e que atraiu considerável audiência, formei convicção sólida de que o PSDB, seu marqueteiro e seu candidato não conseguem enxergar o “jogo” que está sendo jogado nesta eleição.
Despreze-se, porém, a constatação gritante de que todos os candidatos saíram-se razoavelmente bem em termos de postura, de saberem manter o controle emocional e de passarem a melhor imagem de si no vídeo.
Além disso, fizeram críticas e defesas absolutamente previsíveis – tão conhecidas, atualmente, que muitos certamente puderam prever quais seriam. Tal fenômeno supostamente deveria contribuir para manter o jogo político exatamente como está, em tese.
Não se deveria esperar, portanto, que surgisse algum efeito nas intenções de voto, pois, no formato em que ocorreu, o debate deveria ter servido apenas para referendar as convicções de um público politizado como o que assiste a debates políticos em um veículo como a internet.
Em benefício da honestidade, devo dizer que julguei correta a condução do debate pelo UOL. Perguntas incômodas foram feitas, por jornalistas e internautas, a todos os candidatos – à diferença do que ocorreu nas entrevistas do Jornal Nacional, vale frisar.
Quanto ao fator que desequilibrou o debate desta quarta-feira na internet, em minha opinião foi o de Serra, ao atacar Dilma criticando com decisão o governo Lula e a atuação dela nele, ter assumido de vez que a sua candidatura é de oposição.
As críticas de Serra à governança do país, a forma insistente com que procurou marcar Dilma como protagonista do governo que atacou, ainda que apenas para criticar a atuação dela nele, foram o último suspiro de pretensões do tucano como a de não ser visto como opositor de um presidente aprovado por maioria tão expressiva do eleitorado e como a de diminuir a importância da adversária no governo do mesmo presidente.
Outro ataque que Serra cometeu contra si foi dizer que Dilma e o PT eram ingratos ao governo Fernando Henrique Cardoso, ao qual o tucano deixou claro que serviu. Ajudou a estender uma discussão que de forma alguma lhe interessa, do que é prova a sua campanha vir escondendo esse mesmo FHC nos últimos meses.
Percebo que Serra não entende que as táticas de ataque que usa só fazem sentido contra governos mal-avaliados. Quando as críticas são tão fortes e tão sistemáticas contra um governo bem avaliado, sepultam qualquer pretensão do crítico de fazer supor que não desfará o que esse governo fez.
Sem que o debate tenha contribuído para revelar nada de novo sobre os debatedores – principalmente falhas graves –, tenderia a trabalhar no sentido de manter as coisas como estão. Todavia, Serra entregou de bandeja à adversária tudo o que ela mais queria que entregasse: seu oposicionismo a Lula e o governismo dela.
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