Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Gaspari exige que Serra se salve do "galope em direção ao nada"
O jornalista Elio Gaspari, colunista da Folha de S.Paulo e de O Globo, deixou claro que não está nada satisfeito com os rumos da campanha presidencial de José Serra (PSDB). No artigo “O modelo ‘Serra Palin’ emborcou”, publicado nesta quarta-feira (18), Gaspari dispara críticas — como é de seu hábito — ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à candidata Dilma Rousseff e ao que chama de “aparelho petista”. Mas a decepção com Serra é que dá o tom de sua impaciência.
Por André Cintra
“Enquanto John McCain, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, tirou da cartola Sarah Palin, uma governadora do Alaska, desconhecida, feroz e simpática, o candidato tucano, que o país conhece há décadas, apresentou-se como algo que nunca foi. Pior: pelo que se suspeita, apresenta-se como algo de que o eleitorado não precisa”, choraminga Gaspari.
O pretexto para seus petardos é a vantagem aberta por Dilma sobre Serra nas intenções de voto detectadas pelos principais institutos de pesquisa — Ibope, Datafolha e Vox Populi. Na opinião do colunista da Folha e do Globo, a mudança de tática do presidenciável tucano culminou na derrocada.
“Serra lançou-se candidato com um discurso de unidade nacional, por um Brasil que ‘pode mais’, apimentado com um toque moralista (‘meu governo nunca cultivou roubalheira’). Em poucos dias arquivou a proposta de unidade e serviu a pimenta”, escreve Gaspari — que faz questão de isentar até os marqueteiros da campanha, cobrando Serra diretamente: “Os desastres raramente derivam de estratégias ou astúcias da marquetagem. O fator decisivo, por incrível que possa parecer, sempre sai da essência da candidatura”.
Gaspari se invocou ainda mais com a artimanha barata da campanha Serra de chamar o candidato de “Zé” na propaganda eleitoral da TV. Nas páginas dos jornais da grande mídia que mais lhe apoiam, o tucano toma a reprimenda: “Tentando ser o que nunca foi, (Serra) deixou de informar quem pretende ser como presidente da República. O coroamento desse galope em direção ao nada poderá se cristalizar numa tentativa de metamorfose num hipotético ‘Zé’, eco aziago da transformação de Alckmin no ‘Geraldo’ da campanha de 2006.”
Todos os erros de um lado só
O artigo mostra o óbvio: a campanha Serra falhou ao subestimar a transferência de votos de Lula para Dilma. “É verdade que os 78% de popularidade de Nosso Guia lhe permitem esse luxo, mas esse dado está na equação política nacional desde o final do ano passado, quando ele atravessou a crise financeira com leves escoriações.”
Num dos trechos mais salientes do artigo, o colunista apela à metafísica para intuir que os ventos da sorte podem passar de uma campanha para outra — de Dilma para Serra. “Afinal de contas”, teoriza Gaspari, “não se pode supor que, numa campanha eleitoral, só um dos lados cometa todos os erros durante todo o tempo”.
A conclusão do texto mostra que o colunista tem realmente a pretensão de ditar os novos rumos da campanha demo-tucana. “Em março, ao deixar o governo de São Paulo, Serra lembrou-se de Guimarães Rosa: ‘Mestre não é quem ensina, mestre é quem, de repente, aprende’”. Se aliados e marqueteiros da campanha não conseguiram colocar Serra nos trilhos, Gaspari conseguirá?
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