Oliver Stone e agora o Wikileaks: Os EUA derrubaram Zelaya e instabilizam a América Latina
A conflituosa relação norte americana com os governos populares latino-americanos, eleitos democraticamente em pleitos livres, provoca efeitos colaterais na política interna desses países. Os "prepostos" do império americano, tanto na imprensa quanto na arena política, atuam constantemente para fomentar crises e desgastar um modelo diferente daquele que vinha sendo conduzido internamente e para com os vizinhos, principalmente em relação aos EUA. Sobretudo na negação da política externa alinhada e subserviente aos interesses da América e, também, não menos importante, na superação das reformas estruturais do Estado: "enxuto", com a promoção de cortes drásticos de orçamento para prover superavits orçamentários, especialmente supridos por cortes nos gastos sociais, fato histórico continuado.
Não por acaso ideal aos interesses de quem precisa explorar uma sociedade sem proteção social e presa fácil para levar adiante a "flexiblização" de direitos e o "barateamento" dos custos de produção, como reproduzido na última década do século passado por governos neoliberais sulamenricanos, especialmente os governos brasileiro, argentino e peruano.
A chegada ao poder das lideranças populares no continente americano abalou a relação com os Estados Unidos, pois o enfrentamento de diretrizes internacionais conservadoras e atrasadas e a adoção de políticas nacionalistas por parte desses governos, provocaram uma série de ataques aos governantes desses países, liderados por uma considerável parte da imprensa local, alinhada ao "pequeno jogo" de interesses externos, que antes garantiam, com os seus (velhos) parceiros políticos, privilégios e recursos para manter o status quo interessante a poucos e abastados usurpadores do Estado.
A dissidência consciente de Stone
O cineasta Oliver Stone é mais um dos cidadãos norte americanos a criticar a política externa de seu país, que se "sustenta" no unilateralismo de suas (pre)potências e na subserviência dos "irmãos latinos". Em junho esteve em Buenos Aires e manifestou seu apoio a política de enfrentamento do governo Kirchner ao FMI e aos EUA, além de dar seu apoio a Ley de Medios, proposta pelo Executivo argentino.
O Último Segundo publicou matéria sobre a visita de Stone a Argentina para o lançamento de seu filme, "Ao sul da fronteira", curiosamente, sem qualquer publicidade no Brasil, confira alguns trechos:
Stone elogia "luta revolucionária" dos Kirchner contra o FMI
"...O cineasta manifestou seu apoio à nova Lei de Meios de Comunicação da Argentina, a qual os principais grupos multimídia do país resistem. Oliver Stone viajou para Buenos Aires como parte da promoção de seu novo filme, "Ao sul da fronteira", um documentário que compara a visão dos meios de comunicação dos Estados Unidos sobre os Governos de esquerda da América Latina com o que ele mesmo observa no terreno. O filme inclui entrevistas com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Fernández (Argentina), Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador) e Raúl Castro (Cuba).
O cineasta considerou que seus compatriotas "não sabem nada" da América do Sul e sustentou que as críticas dos meios de comunicação aos Governos latino-americanos de tendência esquerdista respondem aos "interesses econômicos" dos Estados Unidos "para seguir mantendo o controle". Segundo Stone, "como império, os Estados Unidos tem medo que outros países cresçam" e por isso olha com receio a nações como o Irã e a Venezuela, e lembrou o apoio dos Governos de seu país às ditaduras latino-americanas dos anos 1970 e 1980..."
Wikileaks comprova o acerto do Itamaraty sobre Honduras
Após o mais novo vazamento de documentos do wikileaks, descobre-se que o governo norte americano, especificamente a política externa do presidente Obama e conduzida por Hillary Clinton, sabia e apoiou o golpe militar que derrubou o legítimo governo de Zelaya em Honduras.
À época o governo brasileiro condenou veemente o golpe e instou, tanto a OEA quanto o governo americano, a isolar o governo golpista de Honduras, para restaurar a democracia e reconduzir Zelaya a seu posto, restabelecendo a normalidade político-social daquele país.
Lula e Amorim foram tachados, pela imprensa brasileira e do continente americano e por políticos conservadores, de praticarem "intromissão em assuntos internos" de Honduras e de exercerem uma política externa megalomaníaca. Muitas "análises" foram produzidas para as TV's ou para os jornalões brasileiros que variaram entre o arriscado abuso da política externa brasileira sobre a soberania de um país latino americano de menores proporções, até alguns mais assanhados articulistas que tentaram formar uma imagem de Lula e Amorim como ingênuos e/ou fantoches de "ditadores", colocando em risco as "tradicionais boas relações com o império americano.
O "carnaval midiático" sobre o golpe em nenhum momento tratou o tema como deveria, preferiu buscar o tratamento político das manchetes para atingir o governo brasileiro e sua política externa ativa e emergente.
Honduras?
O golpe em si não tinha importância, nem para a imprensa brasileira ou continental, tampouco para as autoridades americanas e a OEA, não atingia um aliado (ou preposto). O aprofundamento necessário e essencial para a análise do fato histórico passaram ao largo, não serviram para cunhar chamadas de destaque na imprensa. os meios serviram aos fins...
Tivesse acontecido na Colômbia os graves fatos sofridos pela democracia hondurenha, quando da tentativa de Uribe em conseguir, e ter de fato conseguido no legislativo, mas barrado no judiciário, uma segunda reeleição, durante o final de seu segundo mandato, assim se posicionaria os EUA, a OEA e a mídia, se os opositores colombianos retirassem do poder o presidente constitucionalmente eleito, alegando uma "ação preventiva" contra uma "tentativa de golpe" de Uribe em perpetuar-se no poder?
O Brasil, muito provavelmente, se manifestaria da mesma maneira...
O vazamento do Wikileaks comprova o que muitas pessoas comentam no campo das hipóteses, nas conversas formais e informais sobre: Os EUA, mesmo sob o governo Obama, desinstabiliza políticamente o continente americano para dividi-lo e, desta forma, continuar hegemônico sobre os destinos latinoamericanos e que os meios de comunicação agem em sintonia com este pensamento, do México ao Brasil, juntos com seus aliados políticos nativos, para fazer valer a doutrina americana do The Big Stick sobre a região.
Hoje o Brasil lidera, ao lado de governos populares como os de Chávez, Kirchner, Mujica, Morales, Correa, Castro, a constituição de um órgão transnacional de unidade e defesa dos ideais e projetos comuns da América Latina. Isso incomoda, e muito, o gigante e seus "mensageiros" locais...
Wikileaks-Zelaya
A conflituosa relação norte americana com os governos populares latino-americanos, eleitos democraticamente em pleitos livres, provoca efeitos colaterais na política interna desses países. Os "prepostos" do império americano, tanto na imprensa quanto na arena política, atuam constantemente para fomentar crises e desgastar um modelo diferente daquele que vinha sendo conduzido internamente e para com os vizinhos, principalmente em relação aos EUA. Sobretudo na negação da política externa alinhada e subserviente aos interesses da América e, também, não menos importante, na superação das reformas estruturais do Estado: "enxuto", com a promoção de cortes drásticos de orçamento para prover superavits orçamentários, especialmente supridos por cortes nos gastos sociais, fato histórico continuado.
Não por acaso ideal aos interesses de quem precisa explorar uma sociedade sem proteção social e presa fácil para levar adiante a "flexiblização" de direitos e o "barateamento" dos custos de produção, como reproduzido na última década do século passado por governos neoliberais sulamenricanos, especialmente os governos brasileiro, argentino e peruano.
A chegada ao poder das lideranças populares no continente americano abalou a relação com os Estados Unidos, pois o enfrentamento de diretrizes internacionais conservadoras e atrasadas e a adoção de políticas nacionalistas por parte desses governos, provocaram uma série de ataques aos governantes desses países, liderados por uma considerável parte da imprensa local, alinhada ao "pequeno jogo" de interesses externos, que antes garantiam, com os seus (velhos) parceiros políticos, privilégios e recursos para manter o status quo interessante a poucos e abastados usurpadores do Estado.
A dissidência consciente de Stone
O cineasta Oliver Stone é mais um dos cidadãos norte americanos a criticar a política externa de seu país, que se "sustenta" no unilateralismo de suas (pre)potências e na subserviência dos "irmãos latinos". Em junho esteve em Buenos Aires e manifestou seu apoio a política de enfrentamento do governo Kirchner ao FMI e aos EUA, além de dar seu apoio a Ley de Medios, proposta pelo Executivo argentino.
O Último Segundo publicou matéria sobre a visita de Stone a Argentina para o lançamento de seu filme, "Ao sul da fronteira", curiosamente, sem qualquer publicidade no Brasil, confira alguns trechos:
Stone elogia "luta revolucionária" dos Kirchner contra o FMI
"...O cineasta manifestou seu apoio à nova Lei de Meios de Comunicação da Argentina, a qual os principais grupos multimídia do país resistem. Oliver Stone viajou para Buenos Aires como parte da promoção de seu novo filme, "Ao sul da fronteira", um documentário que compara a visão dos meios de comunicação dos Estados Unidos sobre os Governos de esquerda da América Latina com o que ele mesmo observa no terreno. O filme inclui entrevistas com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Cristina Fernández (Argentina), Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador) e Raúl Castro (Cuba).
O cineasta considerou que seus compatriotas "não sabem nada" da América do Sul e sustentou que as críticas dos meios de comunicação aos Governos latino-americanos de tendência esquerdista respondem aos "interesses econômicos" dos Estados Unidos "para seguir mantendo o controle". Segundo Stone, "como império, os Estados Unidos tem medo que outros países cresçam" e por isso olha com receio a nações como o Irã e a Venezuela, e lembrou o apoio dos Governos de seu país às ditaduras latino-americanas dos anos 1970 e 1980..."
Wikileaks comprova o acerto do Itamaraty sobre Honduras
Após o mais novo vazamento de documentos do wikileaks, descobre-se que o governo norte americano, especificamente a política externa do presidente Obama e conduzida por Hillary Clinton, sabia e apoiou o golpe militar que derrubou o legítimo governo de Zelaya em Honduras.
À época o governo brasileiro condenou veemente o golpe e instou, tanto a OEA quanto o governo americano, a isolar o governo golpista de Honduras, para restaurar a democracia e reconduzir Zelaya a seu posto, restabelecendo a normalidade político-social daquele país.
Lula e Amorim foram tachados, pela imprensa brasileira e do continente americano e por políticos conservadores, de praticarem "intromissão em assuntos internos" de Honduras e de exercerem uma política externa megalomaníaca. Muitas "análises" foram produzidas para as TV's ou para os jornalões brasileiros que variaram entre o arriscado abuso da política externa brasileira sobre a soberania de um país latino americano de menores proporções, até alguns mais assanhados articulistas que tentaram formar uma imagem de Lula e Amorim como ingênuos e/ou fantoches de "ditadores", colocando em risco as "tradicionais boas relações com o império americano.
O "carnaval midiático" sobre o golpe em nenhum momento tratou o tema como deveria, preferiu buscar o tratamento político das manchetes para atingir o governo brasileiro e sua política externa ativa e emergente.
Honduras?
O golpe em si não tinha importância, nem para a imprensa brasileira ou continental, tampouco para as autoridades americanas e a OEA, não atingia um aliado (ou preposto). O aprofundamento necessário e essencial para a análise do fato histórico passaram ao largo, não serviram para cunhar chamadas de destaque na imprensa. os meios serviram aos fins...
Tivesse acontecido na Colômbia os graves fatos sofridos pela democracia hondurenha, quando da tentativa de Uribe em conseguir, e ter de fato conseguido no legislativo, mas barrado no judiciário, uma segunda reeleição, durante o final de seu segundo mandato, assim se posicionaria os EUA, a OEA e a mídia, se os opositores colombianos retirassem do poder o presidente constitucionalmente eleito, alegando uma "ação preventiva" contra uma "tentativa de golpe" de Uribe em perpetuar-se no poder?
O Brasil, muito provavelmente, se manifestaria da mesma maneira...
O vazamento do Wikileaks comprova o que muitas pessoas comentam no campo das hipóteses, nas conversas formais e informais sobre: Os EUA, mesmo sob o governo Obama, desinstabiliza políticamente o continente americano para dividi-lo e, desta forma, continuar hegemônico sobre os destinos latinoamericanos e que os meios de comunicação agem em sintonia com este pensamento, do México ao Brasil, juntos com seus aliados políticos nativos, para fazer valer a doutrina americana do The Big Stick sobre a região.
Hoje o Brasil lidera, ao lado de governos populares como os de Chávez, Kirchner, Mujica, Morales, Correa, Castro, a constituição de um órgão transnacional de unidade e defesa dos ideais e projetos comuns da América Latina. Isso incomoda, e muito, o gigante e seus "mensageiros" locais...
Wikileaks-Zelaya
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