Por Mauro Santayana
Os jovens voltaram ontem às ruas de Roma, cidade emblemática do Ocidente, protestando contra a decisão da Câmara dos Deputados, que manteve Berlusconi na chefia do governo. Houve vitrines de bancos arrebentadas a paralelepípedos. coquetéis molotov lançados contra a polícia, veículos oficiais e automóveis de luxo incendiados, centenas de prisioneiros, dezenas de feridos, As manifestações também ocorreram em outras cidades, entre elas, Milão e Bolonha.
As manifestações de ontem vieram depois dos graves incidentes em Londres, e há rumores de que se preparam novos protestos em Paris e em Berlim. Os jovens parecem retornar àqueles meses do vendaval de 1968, em que estavam dispostos a reconstruir o mundo, submerso na injustiça. O mundo, hoje, está bem mais injusto. De repente — é a sensação do observador — os jovens se dão conta de que lhes estão confiscando o futuro. Na Inglaterra, destruída nos últimos trinta anos pelo neoliberalismo de Mrs. Thatcher e seus seguidores, os empréstimos concedidos aos estudantes de classe média para custear os cursos superiores são um contrato Faustiano: muitos dos rapazes e moças se formarão já devendo de 70 a 100 mil libras ao governo, com esse aumento das taxas universitárias. Seus projetos de vida — entre eles os de casamento e formação de uma família — devem ser postergados.
No caso da Itália, grande parte da juventude — infelizmente, nem toda ela — também se considera ofendida e humilhada por um homem tão rico quanto insolente, que se esquiva da senilidade pagando a jovens prostitutas para que componham os seus serralhos eventuais, montados em luxuosíssimas mansões, e governa como quer. À custa dos favores públicos e de sua própria e inexaurível bolsa, ele tem comprado grande parte do Parlamento, para obter as leis mais esdrúxulas que o vêm mantendo no poder. Também agora foi assim, ao cooptar três parlamentares da oposição a fim de, com seus votos, impedir que a moção de desconfiança contra ele fosse vitoriosa. Além de outras diferenças entre ele e Mussolini, o fascista Benito era um intelectual, enquanto Silvio não passa de um palhaço endinheirado.
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