Nenhum político inglês ousava contrariar Murdoch.
Ele escolhia os primeiros ministros e decidia a política externa que melhor servia a seus interesses comerciais, ou seja, aos Estados Unidos.
Foi o que ele fez ao pressionar o primeiro ministro Tony Blair a se conformar ao papel de George Bush no Iraque.
Murdoch controlava uma paixão nacional inglesa: as revelações dos tablóides inescrupulosos.
A imprensa “séria” não tocava em Murdoch.
O Judiciário fazia vistas grossas.
Murdoch e a Metropolitan Police, a Scotland Yard, serviam um ao outro.
Até que …
Barack Obama se recusou a dar entrevista à Fox News de Murdoch: não era uma rede de televisão, mas instrumento político do Partido Republicano.
O repórter Nick Davies do jornal inglês The Guardian entrou na sala do editor chefe, Alan Rusbridger e perguntou se ele se interessava pela informação de que o filho de Murdoch, James, tinha feito um acordo secreto para pagar um milhão de dólares e abafar provas de comportamento criminoso dentro da empresa.
(Leia na revista Época, pág. 62.)
A apuração de Nick tambem interessou o New York Times, que passara a enfrentar Murdoch diretamente no mercado americano, com a compra – e a subsequente degradação – do Wall Street Journal.
Rusbriger resume o desfecho provisório da denúncia contra o ex-todo poderoso Murdoch:
o fechamento de um jornal lucrativo, o News of the World;
o fracasso da compra de uma empresa de teve a cabo e uma espécie de CNN européia;
a desmoralização da Scotland Yard;
a classe política foi obrigada a desnudar-se diante de uma opinião pública perplexa;
e repulsa generalizada a um Al Capone que edita jornais como se contrabandeasse uísque falso do Canadá.
Além do desmantelamento da Ley de Medios inglesa, que se mostrou incapaz de coibir o generalizado e criminoso sistema de grampos e a cumplicidade da Polícia em abastecer a imprensa de esgoto de Murdoch.
Nenhum político brasileiro ousa enfrentar a Globo.
(Com três exceções: Leonel Brizola, Garotinho e Roberto Requião.)
A Globo parece imbatível – como Murdoch.
A Globo controla uma paixão nacional: o futebol.
O Campeonato Nacional e a Seleção Nacional.
Ela ganha dinheiro com isso, como Murdoch com a vida íntima da família real, tal qual exposta nos tablóides.
A Globo derruba o técnico, escala os jogadores, decide onde jogam a seleção e os clubes, e a que horas.
Porque a Globo tem um parceiro poderosíssimo – e que pode ser a corda com que ela se enforcará.
É Ricardo Teixeira.
Como Murdoch e a Globo, nenhum político ousa enfrentar Teixeira.
A mídia “séria”, aqui chamada de PiG (*), poupa Teixeira.
O Ministro dos Esportes trata Teixeira como um Chefe de Estado.
A Justiça ignora Teixeira.
O Ministério Público foge mais do Teixeira do que do Daniel Dantas.
Uma CPI que incriminou Teixeira 11 vezes teve o efeito desastroso de aguar (um pouco) o chopp que ele servia num restaurante no Jockey Club do Rio.
Teixeira move a Globo e por ela é movido.
É o veículo flex da política nacional.
Ainda mais que vem aí a Copa.
E quem ousaria enfrentar a Gloteixeira ?
É aí que reside o perigo.
Um outro repórter inglês, Andrew Jennings, a serviço da BBC, escreveu o livro “Jogo Sujo” e, num documentário , fez a pergunta que retirou a primeira pedra da monumental arquitetura: Mr. Teixeira, did you accept the bribe ?
A Justiça da Suíça apura se Teixeira aceitou a propina e, depois, como o sogro, Havelange, teve que devolver para abafar o caso.
Se o Ministro dos Esportes, Orlando Silva, e o do Exterior, Antônio Patriota, quisessem proteger a biografia, apresentavam o Brasil à Justiça da Suíça como interessado em acompanhar o processo e descobrir se Mr. Teixeira accepted the bribe.
O dono da Copa se dá a receber – e devolver – propinas ?
Não basta perder quatro pênaltis ?
Murdoch despiu a Inglaterra.
É um desses escândalos que magoam a alma de uma Nação e expõem as vísceras.
O povo inglês se viu num óleo de Lucien Freud e se envergonhou do que viu.
A imprensa de Murdoch instalou a Inglaterra e os Estados Unidos num reality show.
Como o reality show da Globo e Teixeira: onde ganha o mais malandro, o esperrrto, que faz o que quer, numa boa.
E se alguém percebe fica por isso mesmo.
Quem ousaria punir ou contestar o dono do circo.
De todos os circos ?
Só que é na frente de todo mundo.
Num futebol de quinta categoria.
Numa seleção que não vai para a semifinal.
E a Globo e Teixeira ganham um monte de dinheiro.
Trinta milhões para organizar festa de uma noite só !
A Globo e Teixeira, juntos, estão acima do certo e do errado.
É uma aliança que escreve a sua própria Ética, o próprio código de conduta.
Como Murdoch.
Mas, Ricardo Teixeira e a Globo correm o risco de, eles mesmos, serem lançados numa sala fechada, envidraçada , com as luzes acesas.
E lá fora, uma Nação indignada.
Furiosa.
Quem manda manipular a paixão de um povo ?
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Ele escolhia os primeiros ministros e decidia a política externa que melhor servia a seus interesses comerciais, ou seja, aos Estados Unidos.
Foi o que ele fez ao pressionar o primeiro ministro Tony Blair a se conformar ao papel de George Bush no Iraque.
Murdoch controlava uma paixão nacional inglesa: as revelações dos tablóides inescrupulosos.
A imprensa “séria” não tocava em Murdoch.
O Judiciário fazia vistas grossas.
Murdoch e a Metropolitan Police, a Scotland Yard, serviam um ao outro.
Até que …
Barack Obama se recusou a dar entrevista à Fox News de Murdoch: não era uma rede de televisão, mas instrumento político do Partido Republicano.
O repórter Nick Davies do jornal inglês The Guardian entrou na sala do editor chefe, Alan Rusbridger e perguntou se ele se interessava pela informação de que o filho de Murdoch, James, tinha feito um acordo secreto para pagar um milhão de dólares e abafar provas de comportamento criminoso dentro da empresa.
(Leia na revista Época, pág. 62.)
A apuração de Nick tambem interessou o New York Times, que passara a enfrentar Murdoch diretamente no mercado americano, com a compra – e a subsequente degradação – do Wall Street Journal.
Rusbriger resume o desfecho provisório da denúncia contra o ex-todo poderoso Murdoch:
o fechamento de um jornal lucrativo, o News of the World;
o fracasso da compra de uma empresa de teve a cabo e uma espécie de CNN européia;
a desmoralização da Scotland Yard;
a classe política foi obrigada a desnudar-se diante de uma opinião pública perplexa;
e repulsa generalizada a um Al Capone que edita jornais como se contrabandeasse uísque falso do Canadá.
Além do desmantelamento da Ley de Medios inglesa, que se mostrou incapaz de coibir o generalizado e criminoso sistema de grampos e a cumplicidade da Polícia em abastecer a imprensa de esgoto de Murdoch.
Nenhum político brasileiro ousa enfrentar a Globo.
(Com três exceções: Leonel Brizola, Garotinho e Roberto Requião.)
A Globo parece imbatível – como Murdoch.
A Globo controla uma paixão nacional: o futebol.
O Campeonato Nacional e a Seleção Nacional.
Ela ganha dinheiro com isso, como Murdoch com a vida íntima da família real, tal qual exposta nos tablóides.
A Globo derruba o técnico, escala os jogadores, decide onde jogam a seleção e os clubes, e a que horas.
Porque a Globo tem um parceiro poderosíssimo – e que pode ser a corda com que ela se enforcará.
É Ricardo Teixeira.
Como Murdoch e a Globo, nenhum político ousa enfrentar Teixeira.
A mídia “séria”, aqui chamada de PiG (*), poupa Teixeira.
O Ministro dos Esportes trata Teixeira como um Chefe de Estado.
A Justiça ignora Teixeira.
O Ministério Público foge mais do Teixeira do que do Daniel Dantas.
Uma CPI que incriminou Teixeira 11 vezes teve o efeito desastroso de aguar (um pouco) o chopp que ele servia num restaurante no Jockey Club do Rio.
Teixeira move a Globo e por ela é movido.
É o veículo flex da política nacional.
Ainda mais que vem aí a Copa.
E quem ousaria enfrentar a Gloteixeira ?
É aí que reside o perigo.
Um outro repórter inglês, Andrew Jennings, a serviço da BBC, escreveu o livro “Jogo Sujo” e, num documentário , fez a pergunta que retirou a primeira pedra da monumental arquitetura: Mr. Teixeira, did you accept the bribe ?
A Justiça da Suíça apura se Teixeira aceitou a propina e, depois, como o sogro, Havelange, teve que devolver para abafar o caso.
Se o Ministro dos Esportes, Orlando Silva, e o do Exterior, Antônio Patriota, quisessem proteger a biografia, apresentavam o Brasil à Justiça da Suíça como interessado em acompanhar o processo e descobrir se Mr. Teixeira accepted the bribe.
O dono da Copa se dá a receber – e devolver – propinas ?
Não basta perder quatro pênaltis ?
Murdoch despiu a Inglaterra.
É um desses escândalos que magoam a alma de uma Nação e expõem as vísceras.
O povo inglês se viu num óleo de Lucien Freud e se envergonhou do que viu.
A imprensa de Murdoch instalou a Inglaterra e os Estados Unidos num reality show.
Como o reality show da Globo e Teixeira: onde ganha o mais malandro, o esperrrto, que faz o que quer, numa boa.
E se alguém percebe fica por isso mesmo.
Quem ousaria punir ou contestar o dono do circo.
De todos os circos ?
Só que é na frente de todo mundo.
Num futebol de quinta categoria.
Numa seleção que não vai para a semifinal.
E a Globo e Teixeira ganham um monte de dinheiro.
Trinta milhões para organizar festa de uma noite só !
A Globo e Teixeira, juntos, estão acima do certo e do errado.
É uma aliança que escreve a sua própria Ética, o próprio código de conduta.
Como Murdoch.
Mas, Ricardo Teixeira e a Globo correm o risco de, eles mesmos, serem lançados numa sala fechada, envidraçada , com as luzes acesas.
E lá fora, uma Nação indignada.
Furiosa.
Quem manda manipular a paixão de um povo ?
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comentários sujeitos a moderação.