Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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terça-feira, 18 de outubro de 2011

'Delinquentes encontraram guarida na imprensa', diz Orlando Silva


Em entrevista coletiva, ministro do Esporte rebate denúncias desqualificando acusadores e reclamando da imprensa. Para Orlando Silva, é 'inaceitável' que 'mentiras' de 'bandidos' tenham 'repercussão que tiveram'. 'Não houve, não há e não haverá nenhuma prova', diz. Silva pede apuração de Polícia Federal, Ministério Público e Comissão de Ética e vai à Câmara se explicar.

BRASÍLIA – Acusado de chefiar esquema de corrupção em favor do PCdoB, o ministro do Esporte, Orlando Silva, defendeu-se, nesta segunda-feira (17), com palavras duras contra o policial militar, um funcionário dele e a revista (Veja) cuja reportagem sustenta-se em depoimentos deles.

Chamou os dois acusadores de “criminosos”, “bandidos”, “caluniadores” e “delinquentes que, infelizmente, encontraram guarida em órgãos de impensa”. E mostrou-se tranquilo quanto ao futuro. “Não houve, não há e não haverá nenhuma prova sobre as mentiras.”

No fim de semana, a revista publicou reportagem na qual o PM João Dias Ferreira e empregado dele numa academia Célio Soares Pereira dizem haver desvio de verba em convênios do ministério com ONGs. A irregularidade teria como objetivo financiar o PCdoB, razão de o partido também ter saído em defesa de Orlando Silva, comunista há 24 anos.

“A motivação mais de fundo disso vem do campo político conservador, reacionário, que não se conforma com o fato de um partido de esquerda, como o PCdoB, a um só tempo histórico e renovado, ser uma legenda que cresce e se fortalece na sociedade brasileira”, disse o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo.

Rabelo criticou o fato de a reportagem não apresentar provas materiais e basear-se em depoimentos de, para ele, “testemunhas desqualificadas, sem idoneidade”.

João Dias foi preso no ano passado e é alvo de ação penal por desvio de dinheiro que duas entidades ligadas a ele receberam de convênios com o ministério do Esporte. Os acordos, assinados em 2005 e 2006, foram suspensos pelo ministério por falta de comprovação de que estavam mesmo sendo prestados serviços a crianças e jovens.

O ministério tenta reaver o dinheiro – cerca de R$ 3 milhões – desde 2008. No ano passado, abriu processo específico, chamado Tomada de Contas Especial, e mandou o caso ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Como fizera em nota oficial no fim de semana, Silva reafirmou, nesta segunda, em entrevista coletiva, que considera a busca de ressarcimento do dinheiro a razão de o PM ter falado à Veja. Para ele, o João Dias faz “chantagem”. “Vocês deveriam pesquisar quem são esses caluniadores”, disse o ministro aos jornalistas. “É inaceitável que mentiras que foram informadas por bandidos possam ter a repercussão que tiveram.”

Na entrevista, o ministro deu informações que, dê certa forma, alimentam a suspeita de que possa ter ocorrido, de fato, algum tipo de irregularidade em convênios do programa Segundo Tempo, criado em 2003 para que crianças e jovens praticassem esporte depois das aulas.

O ministério decidiu em setembro que, de agora em diante, só vai assinar convênios com entidades públicas. Não haverá mais acordos com ONGs. Os contratos com entidades privadas que ainda estão em vigor (27) não serão renovados depois de vencerem, até o segundo semestre de 2012. Segundo Silva, essa foi uma decisão de gestão que poderá ser formalizada por meio de portaria.

Na entrevista, o ministro informou também ter acionado nesta segunda a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República e a Comissão de Ética da Presidência da República pedindo que as três apurem as acusações feita por João Dias-Veja. Nesta terça-feira (18), o ministro irá se explicar para duas comissões da Câmara dos Deputados.

“Estou muito confiante de que os órgãos de controle, as manifestações do Congresso e esse encontro [a entrevista] serão muito importantes para que a verdade seja restabelecida”, disse o ministro, declarando-se “indignado” com “falsidades” publicadas sem provas materiais.


Fotos: Valter Campanato/ABr

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