Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

sábado, 28 de abril de 2012

1º DE MAIO: A GÊNESE DO PELEGUISMO

 * A íntegra do inquérito contra Demóstenes:  site 'brasil 247' (http://brasil247.com/) divulga a íntegra do documento com diálogos reveladores sobre a parceria entre o bicheiro, o senador, governos e veículos do dispositivo midiátitco demotucano, sobretudo a revista 'VEJA'provas explícitas de conluio e conspiração contra lideranças do PT**Três pesquisas dão vitória a Hollande em 6 de maio, com 55% dos votos** Sarkozy esfarela nos braços da extrema-direita.
 

"Cada patrão mandou dez funcionários para cá. A gente tem que ficar até o fim [do evento] e levar o comprovante de que veio, para não descontar o dia de trabalho" . A confidência foi feita por um dos participantes do primeiro congresso do "núcleo sindical" do PSDB, realizado em São Paulo, na última sexta-feira, conforme relato da Folha (28-04). Uma espécie de avant-première do 1º de Maio, o encontro liberou caciques tucanos para o feriadão prolongado com a consciência do dever cumprido. A lotação proletária foi assegurada pelo engajamento natural das bases: donos de construtoras e empreiteiras que prestam serviços ao Estado convocaram seus trabalhadores à luta, com direito a sanduíche de queijo, suco, biscoito e maçã. Mediante comprovante de comparecimento, a militância teria  o  dia abonado trocando o saco de cimento pela faiscante oratória tucana. Cada empresa foi convocada a encaminhar pelos menos dez operários ao meeting.  Serra nem gaguejou ao afirmar aos presentes que a relação do PSDB com sindicatos 'não é novidade'; em seguida, pediu apoio à candidatura a prefeito de SP. "Temos nossa primeira tarefa: mobilizar nossos sindicalistas para a campanha eleitoral deste ano", disse o ex-governador com indisfarçável mal humor diante do rival  Aécio Neves (leia mais aqui : 'Por que Serra está nervoso?'). Alckmin foi de longe o mais combativo; sapecou um  'companheiros e companheiras' na saudação e arrematou com a frase cuja autenticidade sintetiza a de todo o evento: "O PSDB é um partido que dá prevalência ao trabalho sobre o capital".


Veja tenta se defender atacando "discurso anti-imprensa"

Neste final de semana, a Veja socorreu-se do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), para quem o “discurso anti-imprensa” teria perdido força com o vazamento do inquérito da operação Monte Carlo, que é quase comemorado pela publicação. Revista seleciona um trecho de uma conversa que supostamente a favoreceria e omite vários outros onde Carlinos Cachoeira parece ter uma insólita influência dentro da redação. As duas últimas capas da publicação, sobre homens altos e mulheres executivas, expõem desconforto editorial com o caso.

A revista Veja não consegue esconder seu desconforto, com a profusão e a natureza das citações que vem recebendo nas conversas interceptadas pela polícia com autorização judicial no curso das investigações lideradas pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira. As conversas e as citações indicam que Cachoeira parecia ter uma insólita influência dentro da redação da revista.

As duas últimas capas da publicação materializam o desconforto: na semana passada, uma antológica “reportagem” sobre as virtudes de ser alto; nesta, outra capa morna com as “lições das chefonas”, um perfil sobre executivas de grandes empresas. Na parte superior da capa, uma pequena chamada, em tom ameaçador, diz que Cachoeira pode “contar tudo o que sabe”. Em outros tempos (recentes), esta seria o destaque de capa. Por alguma razão não é, assim como não foi na semana anterior.

“Vamo detona aquele trem na Veja”, “vou dar (um documento) pro Policarpo. Policarpo vai detonar aquela associação, entendeu (...) Na quarta-feira conforme for a gente senta com o Policarpo”. Esses são trechos de uma conversa travada no dia 6 de junho de 2011, entre Carlinhos Cachoeira e um a pessoa ligada a ele chamada Claudio. “Policarpo” seria Policarpo Júnior, editor chefe da revista Veja em Brasília. Há vários trechos de conversas onde Carlinhos Cachoeira ou pessoas próximas a ele afirmam ter influência direta na definição de pautas da publicação da editora Abril.

Neste final de semana, a Veja socorreu-se do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), para quem o “discurso anti-imprensa” teria perdido força com o vazamento do inquérito da operação Monte Carlo (publicado pelo
site Brasil 247). “O vazamento do inquérito da operação Monte Carlo comprova que o suposto conluio entre a imprensa e a quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira nunca passou de uma invenção de grupos hostis à liberdade de expressão – o que inclui setores do PT e seus aliados. A íntegra das investigações reforça o óbvio: o jornalismo investigativo cumpriu o seu papel sem se sujeitar à máfia”, diz a revista quase que comemorando o vazamento.

A interpretação da Veja é um tanto fantasiosa e agarra-se fundamentalmente a um dos trechos interceptados pela Polícia Federal, onde o senador Demóstenes Torres diz a Cachoeira que tentará “esvaziar os efeitos de uma reportagem de Veja sobre a empresa Delta, publicada há cerca de um ano”. As demais (e numerosas) referências à revista e a Policarpo são simplesmente ignoradas. Álvaro Dias diz que o “discurso anti-imprensa” perdeu força e não se fala mais no assunto. Essa é a ideia apresentada pelo site da revista neste sábado.

O “discurso anti-imprensa” ao qual Veja se refere resume-se na verdade à ela própria e ao suposto envolvimento de funcionários da empresa com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O restante da chamada “grande imprensa” até aqui mantém ruidoso silêncio sobre o caso.



Murdoch expõe relações entre mídia e poder na Inglaterra

Testemunhos do magnata australiano Ruppert Murdoch e de seu filho James Murdoch perante a Comissão Leveson estão fazendo novos estragos no governo de David Cameron e ameaçam derrubar ministro da Cultura, Jeremy Hunt, por suspeita de tráfico de influência no negócio envolvendo a compra da BSkyB pela News Corporation, do grupo Murdoch. Robert Jay, da Comissão, insina possibilidade de um pacto fáustico dos conservadores com o grupo em troca do apoio de Murdoch nas eleições de 2010.

Londres - Os dias de comparecimento do magnata multimidiático australiano Ruppert Murdoch e de seu filho James diante da Comissão Leveson estão começando a deixar um rastro de vítimas. O testemunho de James na terça-feira e a publicação dos email’s que trocou com seu lobista Frederic Micel pela aquisição do pacote acionário da BSkyB, provocaram a saída, quarta-feira ao meio-dia, de Adam Smith, assessor especial do ministro da Cultura Jeremy Hunt, que por sua vez foi jogado contra as cordas.

No parlamento, o líder da oposição Ed Miliband exigiu a renúncia do ministro Hunt por sua proximidade com os Murdoch quando devia ser um “juiz imparcial do interesse público” sobre o tema da ameaça que podia representar para a liberdade de imprensa a compra de todo pacote acionário da BSkyB pela News Corp. Hunt negou que tenha feito algo “inapropriado” e assegurou que não manteve nenhum contato direto com os Murdoch: sua permanência no cargo está por um fio.

Em suas mensagens a James Murdoch, o lobista cita Hunt diretamente ao falar do informe da agência reguladora de comunicação, Ofcom, sobre o tema. “Hunt pediu-me novamente que encontrássemos todos os erros legais que pudéssemos detectar no informe da Ofcom e que propuséssemos algumas soluções fortes e de impacto. Está disposto a se reunir na próxima terça ou quarta para discutir nossa apresentação”, escreve Frederic ao filho de Murdoch.

De modo mais claro ainda, no dia prévio ao anúncio que Hunt faria informando a decisão do governo sobre o negócio, Frederic assegura que o ministro da Cultura havia passado a ele informação direta sobre seus planos. “Consegui informação sobre os planos para amanhã (o que é absolutamente ilegal!). Muitos problemas legais, Hunt está tratando de obter uma versão favorável a nós”, disse Frederic.

A lupa da comissão não se deteve no ministro. Em seu testemunho, James Murdoch reconheceu que o primeiro ministro David Cameron havia discutido o tema da aquisição da BSkyB com ele durante um almoço natalino em 2010, na casa de Rebekah Brooks, ex-diretora da News International, o braço britânico da corporação midiática de Murdoch. O primeiro ministro havia admitido seu almoço com Murdoch, mas, em mais de uma oportunidade, negou-se a informar o teor da conversa. Em suas perguntas, o responsável pela Comissão Leveson, Robert Jay, insinuou a possibilidade de um pacto fáustico dos conservadores com o grupo em troca do apoio de Murdoch nas eleições de 2010: a acusação é potencialmente devastadora.

O apoio do “The Sun” aos conservadores foi tornado público e anunciado na primeira página do tabloide, mas James Murdoch negou que tivesse adotado essa posição em troca de favores do governo em temas como o da BSkyB ou do corte orçamentário na BBC, a “besta negra” do grupo Murdoch. Ruppert Murdoch fez o mesmo em seu testemunho nesta quarta-feira. O magnata australiano reconheceu seus frequentes encontros com os governos de Margaret Thatcher (1979-90), Tony Blair (1997-2007), Gordon Brown (2007-2010) e a atual coalizão conservadora-liberal democrata. Mas negou que, em algum caso, tenha trocado informação por apoio político.

Neste sentido, o mais explícito que disse foi que o ex-primeiro ministro trabalhista Gordon Brown declarou guerra a News International logo depois que o tabloide “The Sun” retirou o apoio ao trabalhismo e começou a respaldar o então líder da oposição David Cameron. Em uma declaração posterior, Brown negou que este diálogo tenha ocorrido e exigiu uma retificação de Murdoch que, nesta quinta-feira, prossegue com seu testemunho.

Tradução: Katarina Peixoto

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