Mente vazia, oficina do sistema da mídia golpista

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sexta-feira, 11 de maio de 2012

Na lambança geral...



A solidariedade das famílias Globo e Abril
Veja: menino malcriado não aguenta briga e pede ajuda pro irmão mais velho
Do Escrivinhador - publicada quarta-feira, 09/05/2012 às 18:16 e atualizada quarta-feira, 09/05/2012 às 19:31
por Rodrigo Vianna
Não vou perder tempo aqui debatendo os argumento de ”O Globo”. Até porque, dois blogueiros já fizeram a análise minuciosa do editorial em que o jornal da família Marinho tenta fazer a defesa de Bob Civita – o dono da Abril.
Miguel do Rosário e Eduardo Guimarães deram uma surra de bons argumentos no diário carioca. O texto do Miguel você pode ler aqui. E o do Eduardo você encontra aqui.
O que me interessa não é o editorial em si. Mas sua motivação.
Primeiro ponto. Chama atenção que Bob Civita tenha ido pedir socorro à turma da Globo. A Abril lembra-me aquele menino malcriado que quebra o vidro da vizinha, corta o rabo do gato, cospe no garoto menor da casa ao lado. Aí, quando recebe o troco, sai chorando e pede ajuda pro irmão mais velho. A revista mais vendida do país não consegue se defender sozinha?
A Abril espalha por aí que a “Veja” tem um milhão de tiragem! Isso não é suficiente pra encarar a briga com meia dúzia de “blogueiros chapa-branca a serviço de setores radicais do PT?”. Por si só, esse já é um fato a demonstrar a mudança na “correlação de forças” da comunicação.
O velho jornalismo não se conforma com o “contraditório”. Dez anos atrás, não havia uma ferramenta para rebater um editorial de “O Globo”.Hoje, os editorialistas escrevem besteiras e, no dia seguinte, lá estão os Migueís e Eduardos a dar o troco na internet. Com categoria.
Não é a primeira vez que as Organizações Globo passam recibo do incômodo. Em 2010, depois da segunda derrota de Ali Kamel (a primeira ocorrera em 2006, com a reeleição de Lula, e a terceira aconteceria em 2012, no julgamento das quotas, como se pode ler aqui), “O Globo” passou recibo destacando em primeira página a entrevista de Lula aos blogueiros. Destilou ódio. Tentou nos atacar. Mas, sem perceber, revelou a força dos blogs. Foi até engraçado. Agora, a história se repete.
Mas há um fato novo. Dessa vez, os blogs não falaram sozinhos. A Record levou o caso “Veja-Cachoeira” para a TV aberta. E a “Carta Capital” estampou a foto de Bob “Murdoch” Civita pelas bancas de jornal de todo o país. A reportagem da Record e o texto de “CartaCapital” também passaram a ser reproduzidos pelas redes sociais. Atingiram, com isso, um público distante do debate sobre as comunicações. Soube de um caso ontem. Uma pessoa da família ligou pra perguntar: “afinal por que estão falando tão mal da “Veja? A revista é tão boa, todo mundo aqui no prédio assina, será verdade isso tudo?”.
Ou seja, o ataque à “Veja” dessa vez chegou ao público leitor da revista, provocando certo mal estar. Isso deve ter apavorado Bob Civita.Ontem mesmo, circularam informações de que Fabio Barbosa, executivo da Abril, teria pedido demissão por causa da crise. Civita está fragilizado. Correu pro colo do irmão mais velho.
E há um terceiro ponto. ”O Globo” age só como irmão mais velho protetor? Ou tem algum outro temor?
O site 247 acaba de publicar na internet um imenso arquivo digital com transcrições e grampos da Polícia Federal, que eram guardados em sigilo. O que haveria nesses arquivos? Nos próximos dias, blogueiros e tuiteiros vão decifrar os arquivos, enquanto “Globo” e “Veja” tentarão escondê-los.
Até agora, não há nenhum indício de que a Globo, institucionalmente, tenha-se comprometido com a rede criminosa de Cachoeira. Tenho dito isso a blogueiros e comentaristas mais afoitos: “muita calma, minha gente; uma coisa é ser conservador ou manipulador; e outra coisa é se associar à bandidagem”.
A Globo, até onde se sabe, não se associou a Cachoeira diretamente. Mas a Globo e o JN são “sócios” das “reportagens investigativas” policarpianas. Isso desde 2005. Ali Kamel adotou a estratégia do telejornalismo por escrito. Semanos a fio, o JN fazia a “leitura” das páginas de “Veja”, repercutindo para o grande público as “apurações” de “Veja”. Sobre isso, já escrevi aqui.
Ou seja, desmascarar a “Veja” é também desmascarar o jornalismo de araque praticado por Ali Kamel nos últimos anos, à frente da emissora da familia Marinho.
A Globo pode ser acusada de muita coisa, mas jamais de ”abandonar um companheiro ferido na estrada” (copyright: Paulo Preto). “Globo” e “Veja” jogaram juntas anos a fio. Na hora do aperto, os irmãos Marinho não se recusariam a oferecer colo ao irmãozinho mais novo com fama de traquinas. Ou fascista.
É a solidariedade das famílias.
 
Veja” agora pode ser a bola da vez na CPI
Por Ricardo Kotscho


Agora não tem mais jeito, não dá mais para esconder. A CPI, que começou com o nome de Cachoeira (por que não Demóstenes?) e ameaçou virar CPI da Delta, pode tomar um novo rumo, investigando pela primeira vez, além de corruptos e corruptores, atividades nebulosas de setores da imprensa brasileira.
Ao terminar de assistir à demolidora reportagem sobre as íntimas relações entre Cachoeira, a Delta e a maior revista semanal do país, exibida na noite deste domingo, no programa Domingo Espetacular, da TV Record, não tenho mais dúvidas: a "Veja" agora pode ser a bola da vez da CPI.
As gravações das escutas telefônicas, apresentadas com exclusividade pelo repórter Afonso Mônaco, denunciam que o contraventor Carlinhos Cachoeira não era apenas uma "fonte" da revista, como nós jornalistas chamamos quem nos dá informações.


Cachoeira aparece também muito à vontade fazendo o papel de pauteiro e até de editor da "Veja", sugerindo em qual espaço e data suas "matérias" deveriam ser publicadas. Cinco capas da revista nasceram assim, como mostram as gravações da Polícia Federal.
Após a publicação, comemorava com Cláudio Abreu, diretor da Delta, também preso, o resultado do trabalho de Policarpo Júnior, um dos redatores-chefes da revista, baseado em Brasília.
"Poli" ou "PJ", como era carinhosamente chamado por Cachoeira e Abreu, foi o co-autor da denúncia sobre a corrupção nos Correios, em 2005, que deu origem à crise do mensalão. Por ordem de Cachoeira, o jornalista da "Veja" recebeu de Jairo Martins, araponga do staff do contraventor, o vídeo mostrando um diretor dos Correios, embolsando uma propina de R$ 3 mil. Foi um trabalho de parceria.
Será que Carlinhos Cachoeira utilizou Policarpo Júnior apenas para combater a corrupção nos Correios, preocupado com a moralidade nos negócios públicos? Ficaria claro algum tempo depois que o "empresário de jogos" fez isso para derrubar um grupo corrupto e colocar outro em seu lugar nos Correios, mais afinado com seus interesses.
 
As gravações reveladas pelo Domingo Espetacular, mostram também que foi o mesmo Jairo Martins quem forneceu à revista o vídeo do hotel em que se hospedava José Dirceu em Brasília, utilizado, no ano passado, para a capa "O poderoso chefão", episódio em que um repórter subordinado a Policarpo tentou invadir o apartamento do ex-ministro.
Como se vê na reportagem, as relações entre Cachoeira e Policarpo são antigas e variadas, mas até agora ainda pouco se sabe sobre o conteúdo das mais de 200 ligações feitas entre os dois personagens e gravadas pela PF.
O pouco que vazou até agora e a reportagem que a Record colocou no ar domingo, no entanto, quebrando a cortina de silêncio dos barões da mídia reunidos no Instituto Millennium, já foi suficiente para que tanto o presidente da CPI, Vital do Rego, como o relator, Odir Cunha, admitissem no próprio programa que a imprensa pode, sim, ser investigada também.
Para o deputado federal Fernando Ferro, do PT de Pernambuco, não só o jornalista Policarpo Júnior deveria ser convocado pela CPI, mas também o proprietário da Editora Abril, Roberto Civita: "Na minha opinião, ele é o principal responsável. Ele é o dono dessa revista, e ele operou com vontade".
As famílias proprietárias da grande imprensa nem admitem ouvir falar nesta possibilidade, ao contrário do que aconteceu com o magnata Rupert Murdoch, convocado a depor em comissão do Parlamento britânico e agora ameaçado de perder o seu império.
A direção da Abril não se manifestou oficialmente sobre o assunto até o momento. Apenas foi publicada, na versão on-line, onde escrevem alguns bate-paus da revista, uma espécie de "carta de princípios", assinada pelo diretor de redação Eurípedes Alcântara, em que não cita fatos nem nomes ligados ao escândalo.
Tudo poderá agora ser esclarecido pela CPI. É para isso mesmo que ela foi criada: investigar tudo e todos.

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