Preço afundou 10,31% em maio e o alimento deixou de ser vilão da inflação; IPCA perdeu força em maio, ao marcar alta de 0,37%, o menor resultado em quase um ano; em 12 meses até maio, o índice acumulou 6,50%, ligeiramente acima dos 6,49% de abril, mas permanecendo dentro da meta; quem riu de Ana Maria Braga, musa do lobby do tomate e da alta dos juros, mal sabe que o episódio serviu apenas para pressionar o BC a elevar suas taxas
RIO DE JANEIRO, 7 Jun (Reuters) - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a alta a 0,37 por cento em maio, menor resultado em quase um ano e mostrando redução do índice de difusão, favorecido pela pressão menor dos preços dos alimentos.
O resultado do mês passado é o menor desde junho de 2012, quando teve variação positiva de 0,08 por cento, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Em abril, o indicador havia avançado 0,55 por cento. Em 12 meses até maio, o IPCA acumulou no mês passado 6,50 por cento, ligeiramente acima dos 6,49 por cento de abril mas permanecendo dentro da meta do governo, de 4,5 por cento com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos.
O resultado ficou em linha com as expectativas de analistas ouvidos pela Reuters, que esperavam alta mensal de 0,38 por cento em maio e 6,51 por cento em 12 meses.
De acordo com o IBGE, o grupo Alimentação e bebidas avançou 0,31 por cento no mês passado, depois de ter subido 0,96 por cento em abril. Com isso, o impacto no IPCA foi de 0,08 ponto percentual em maio, ante 0,24 ponto no mês anterior.
O destaque foram os preços do tomate, que caíram 10,31 por cento em maio, ante alta de 7,39 por cento em abril, com impacto negativo de 0,04 ponto no indicador.
Segundo o IBGE, os remédios exerceram o principal impacto de alta sobre o IPCA de maio, com 0,06 ponto percentual, mas a taxa desacelerou na comparação com abril ao atingir 1,61 por cento, ante 2,99 por cento no mês anterior.
Isso favoreceu a desaceleração da alta no setor de Saúde e cuidados pessoais a 0,94 por cento, ante 1,28 por cento no mês anterior, mas este ainda foi o grupo com maior variação no mês .
Com esse resultado, o índice de difusão do IPCA caiu para 63,0 por cento em maio, ante 65,8 por cento em abril, de acordo com o Banco Fator.
A inflação ainda elevada obrigou o Banco Central a acelerar o passo, elevando a Selic em 0,5 ponto percentual, para 8 por cento ao ano, na semana passada. A autoridade monetária também endureceu o discurso e pintou um quadro mais feio para a inflação, afirmando que trabalhará com a "devida tempestividade" para combatê-la.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada na véspera, o BC destacou que a tendência do dólar é de valorização, ao mesmo tempo em que chamou a atenção para os riscos da inflação mais pesada afetar o consumo e o investimento.
Os preços altos já afetaram o consumo da população neste ano e, depois ter agido como sustentação da economia doméstica, contribuiu pouco para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, subindo apenas 0,6 por cento.
O resultado do IPCA ficou abaixo de sua prévia (IPCA-15), que havia registrado desaceleração da alta a 0,46 por cento em maio.
(Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira; Edição de Patrícia Duarte)
Alimentos têm menor inflação desde março do ano passado
Vinícius Lisboa, repórter da Agência Brasil - A elevação do componente alimentos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 0,31%, foi a menor registada desde março do ano passado, quando a inflação desse grupo chegou a 0,25%.
Responsáveis pela alta dos preços nos últimos meses, os alimentos desaceleraram pela entrada da safra deste ano, estimada em 186 milhões de toneladas, e pela desoneração da cesta básica, explicou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos: "De abril para maio, o que se observou no IPCA foi uma brusca mudança de movimento para baixo, influenciada principalmente pelos produtos alimentícios".
Além do tomate, que passou de uma alta de 7,39% em abril para uma queda de 10,31% em maio, o açaí também contribuiu com a queda, passando de 3,79% para -8,53%. Apesar desse barateamento, no ano o primeiro acumula alta de 54,98%, e o segundo, de 47,77%. A cebola, que acumula a maior taxa do ano (67,22%) deixou uma alta de 10,96% no mês passado e fechou maio com queda de 2,69%.
No ano, acumulam taxas negativas a carne (-3,08%), o arroz (-5,29%), o açúcar refinado (-12,79%), o óleo de soja (-8,82%), o açúcar cristal (-8,31%) e o café moído (2,61%).
Os alimentos são responsáveis por praticamente a metade do índice de inflação acumulada nos últimos doze meses, que é de 6,50%, o teto da meta estipulada pelo governo. No ano de 2013, os alimentos acumulam 5,98% de inflação, mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano anterior, 2,56%.
Apesar da diminuição da inflação, alguns alimentos encareceram em maior proporção, como o feijão mulatinho, que apresentou alta de 16,58%, contra 7,76% em abril. Os derivados do leite também tiveram variações maiores em maio por causa da entressafra do produto.
Ainda que os alimentos tenham puxado a inflação para baixo no mês de maio, e a taxa continue a cair em junho, Eunice Nunes dos Santos explica que não é possível afirmar que haverá queda na taxa acumulada nos últimos doze meses no mês que vem. Como o valor de junho de 2012, que deixará a conta no próximo mês, é 0,08%, o resultado precisará ser igual ou menor do que isso para se manter no teto da meta de 6,5% ou abaixo dele. Pesarão para elevar as taxas os reajustes das passagens de ônibus, metrô e trens em São Paulo, de 6,75%, e de ônibus no Rio de Janeiro, de 7,75%, além de um resquício do reajuste de 11% que foi feito em Goiânia no mês passado e a elevação da taxa de água e esgoto em Belo Horizonte.
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