Desde o início, este Tijolaço defende que a resposta ao ato de agressão praticado pelos EUA contra o Brasil seja lucidamente política.
Há quinze dias já se dizia:“suspender viagem da Presidenta aos EUA, chamar o embaixador, apresentar queixa na ONU, tudo isso pode ser e será feito, na hora adequada, e que não vai tardar.
Não termos nenhuma razão para não sermos firmes nem nenhum motivo para agirmos aos arroubos.
Sabemos bem o que somos e o que queremos.
Ficou famosa a frase de Pinheiro Machado a seu cocheiro, quando seus adversários o ameaçavam, para que este tocasse o coche: “”Nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo!”
A nota confirmando o cancelamento – que ganhou o nome de adiamento - segue essa linha. Reafirma o inconformismo brasileiro com o que ocorreu, mas deixa Obama elegantemente contemplado como se fosse parte da decisão.
E prepara, convenientemente, o discurso de queixas que Dilma fará na abertura da Assembleia Geral da ONU, semana que vem.
O roteiro é este e o epílogo será o controle hegemônico do campo de Libra, no leilão do dia 21 de outubro.
Isso é o que doerá nos americanos, não rugidos pueris.
A nota da presidência
“A presidenta Dilma Rousseff recebeu ontem, 16 de setembro, telefonema do presidente Barack Obama, dando continuidade ao encontro mantido em São Petersburgo, à margem do G-20, e aos contatos entre o ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado e a assessora de Segurança Nacional Susan Rice.
O governo brasileiro tem presente a importância e a diversidade do relacionamento bilateral, fundado no respeito e na confiança mútua. Temos trabalhado conjuntamente para promover o crescimento econômico e fomentar a geração de emprego e renda. Nossas relações compreendem a cooperação em áreas tão diversas como ciência e tecnologia, educação, energia, comércio e finanças, envolvendo governos, empresas e cidadãos dos dois países.
As práticas ilegais de interceptação das comunicações e dados de cidadãos, empresas e membros do governo brasileiro constituem fato grave, atentatório à soberania nacional e aos direitos individuais, e incompatível com a convivência democrática entre países amigos.
Tendo em conta a proximidade da programada visita de Estado a Washington – e na ausência de tempestiva apuração do ocorrido, com as correspondentes explicações e o compromisso de cessar as atividades de interceptação – não estão dadas as condições para a realização da visita na data anteriormente acordada.
Dessa forma, os dois presidentes decidiram adiar a visita de Estado, pois os resultados desta visita não devem ficar condicionados a um tema cuja solução satisfatória para o Brasil ainda não foi alcançada.
O governo brasileiro confia em que, uma vez resolvida a questão de maneira adequada, a visita de Estado ocorra no mais breve prazo possível, impulsionando a construção de nossa parceria estratégica a patamares ainda mais altos.”
Por: Fernando Brito
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