Batochio lembra uma frase em latim para exemplificar seu ponto de vista: "fiat justitia, pereat mundus". Ou seja, faça-se Justiça, ainda que o mundo desabe. Na sua visão, tomar decisões para que elas tenham caráter simbólico – como se prisões num dia 15 de novembro pudessem simbolizar a fundação de uma nova república – em nada contribui para o fortalecimento da democracia. Ao contrário. "Não havia a menor razão para o açodamento e a própria realidade demonstrou isso, uma vez que praticamente todos os réus, inclusive aqueles com maior capacidade econômica, se entregaram". Henrique Pizzolato, na sua visão, é a exceção que confirma a regra.
Sobre a transferência dos presos para Brasília e a colocação dos condenados ao regime semiaberto em regime fechado, ele não poupa palavras. "Foi uma rematada ilegalidade, uma indignidade", avisa. Mas o que fazer se a decisão partiu do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa? "O vértice do Poder Judiciário no Brasil não é o presidente da suprema corte, mas a suprema corte em si, ou seja, seu próprio colegiado", afirma. "Um presidente do STF pode muito, mas não pode tudo".
Batochio faz um alerta aos meios de comunicação, que, a seu ver, poderão ser as próximas vítimas do processo de "envenenamento da opinião pública" em curso no Brasil. "Dissemina-se a imagem de que todos os políticos não prestam. O que será que eles querem? Os militares?", questiona. "Nós todos sofremos muito para chegar até aqui e para assegurar direitos básicos a todos os indivíduos. Há aqueles que se realizam no sofrimento humano, nos revezes do próximo e que até encontram nisso motivo de felicidade interior. Mas esse sentimento de vingança nada tem a ver com Justiça".
Batochio adverte ainda que o ovo da serpente está colocado e afirma que os jornalistas e os meios de comunicação poderão ser as próximas vítimas dessa onda que se forma na sociedade brasileira. "Quando todos forem engolidos, os próximos serão justamente aqueles que não poderão mais denunciar o novo poder. Será que não leram os filósofos, os clássicos? A democracia é imperfeita, mas ainda não inventaram um sistema político melhor", diz Batochio, que já foi parlamentar, eleito pelo PDT, de Leonel Brizola.
Ex-político e hoje criminalista respeitado, Batochio faz um alerta aos juízes e à sociedade. "Justiça é sinônimo de serenidade, de sobranceria e de cautela", afirma. "Máxime quando estamos a tratar da liberdade".
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