247 – O programa de transferência de renda que virou referência do governo brasileiro, Bolsa Família, acaba de virar produto de exportação. Isso porque, a convite do Banco Mundial, que quer firmar uma parceria com o Brasil, a iniciativa implementada no governo Lula que tirou milhões de brasileiros da pobreza deverá ser transferida para países em desenvolvimento interessados em investir nos mais pobres.
De acordo com a ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, os parceiros são países que já "usam o exemplo do Brasil como inspiração". Uma das ações sugeridas é criar uma plataforma tecnológica para transferir informações e resultados do Bolsa Família, definido pela ministra como "o programa mais estudado do mundo".
Nesta quinta-feira 30, Tereza Campello viajou a Washington para se reunir com altos funcionários do organismo internacional a fim de explorar a parceria com o Brasil. O objetivo principal da união é assessorar países interessados em impulsionar "mecanismos" de ajuda a famílias menos favorecidas.
Nesta sexta-feira 31, aproveitando sua passagem pela capital dos Estados Unidos, a participação da ministra em um seminário organizado pela ONG Center for American Progress, próxima da Casa Branca, reafirma a importância do programa e o interesse que ele desperta no exterior.
Um
estudo do Ipea divulgado em outubro em decorrência dos dez anos do programa revelou o impacto econômico da iniciativa no País. O levantamento aponta que se o Bolsa Família fosse extinto, a pobreza passaria de 3,6% para 4,9%. "É um impacto de 28% e o efeito aumenta ao longo do tempo", disse na ocasião Marcelo Neri, presidente do Instituto.
Ainda segundo a pesquisa, "cada real gasto com o Bolsa Família impacta a desigualdade 370% mais que a previdência social" e faz a economia girar 240%. O presidente do Ipea afirmou que, comparado com outras despesas, o programa consome poucos recursos (0,5% do PIB). "Os EUA gastam 2% do PIB com programas sociais, e os países europeus ainda mais", lembrou.
Nessa semana, a ministra Tereza Campello também lembrou, agora que o produto é tipo exportação Made in Brazil, que cada dólar investido pelo Estado gera retorno de 1,78 dólar.
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