Devo confessar que não gosto de futebol – o que, no Brasil, chega a ser uma heresia. Ainda assim, apesar de ser exceção, não tenho um time de preferência, não torço por nenhum, não entendo as tabelas, as regras etc., pois nunca me interessei por entender.
O tempo, o dinheiro e a energia que este povo gasta com o futebol deveriam ser melhor empregados. Mas um fato é inquestionável: os brasileiros, sobretudo os mais humildes, encontram nesse esporte um alento para a dura vida que levam.
Sediar eventos internacionais da importância de uma Copa do Mundo ou dos Jogos Olímpicos, porém, é outra coisa. Tais eventos podem projetar um país ao poderem mostrar sua capacidade de organização e de execução de projetos.
Todavia, tais eventos também podem desmoralizar internacionalmente um país se este, ao organizá-los, vier a colher um fracasso organizacional.
O prejuízo de imagem a um país que fracassa na organização de um evento internacional da importância de uma Copa do Mundo, ao contrário do que muitos possam pensar não fica para o governo responsável por tal organização, mas para esse país.
Governos passam, países ficam. Se o movimento “Não vai ter Copa” triunfar, no futuro quem ficará conhecido mundialmente pelo fracasso do evento não serão Lula, Dilma Rousseff ou o PT, mas o Brasil.
Este país, nesse caso, ficaria marcado para sempre pela incapacidade de organizar eventos internacionais. Será considerado um país selvagem, impróprio para o turismo, incapaz de levar à frente um projeto que tantas nações já conseguiram fazer vingar.
O que o Brasil vai ganhar sabotando sua própria imagem diante do mundo? Nada.
Os investimentos na Copa já foram feitos e não serão desfeitos por nenhuma gritaria. Só o que deixará de ocorrer, se esse movimento aloprado vingar, será a recompensa nacional pelos investimentos feitos – recompensas de imagem e financeira.
Quem ganha com a sabotagem do evento? O povo é que não vai ganhar nada.
Além da dor que a massacrante maioria de brasileiros que ama o futebol sentirá diante de uma derrota da Seleção forjada no previsível estado psicológico de abatimento da equipe diante dos protestos, haverá o prejuízo econômico e imagético do país.
Mas haveria ganhadores com o fracasso da Copa, sim: os políticos sem votos que veem nessas manifestações a única possibilidade de vencerem a eleição presidencial contra a forte candidatura de Dilma Rousseff à reeleição.
Você, cidadão comum, ficaria com a desmoralização internacional de seu país, com a provável piora de sua vida que um baque na economia causado por essa desmoralização iria gerar – o que colocaria em risco até seu emprego, seus negócios etc.
Ao longo da última década, você passou a ganhar salário mais alto, seus filhos conseguiram ingressar mais facilmente no mercado de trabalho, a pobreza no país despencou. Com tais eventos internacionais, o Brasil mostrará ao mundo que chegou a sua hora.
Mas você pode arriscar tudo isso para que políticos espertalhões – e sem votos – cheguem ao poder graças a uma farsa, a de que o país investiu na Copa dinheiro que seria destinado a saúde, educação etc.
Sim, uma farsa. O dinheiro público investido na Copa é uma fração do total dos investimentos. A quase totalidade desses recursos é privada. E tais investimentos, públicos ou privados, serão pagos pelo lucro com turismo e com maior atividade econômica decorrentes do evento.
A pergunta que fica, portanto, é simples: o que, de fato, o Brasil ganhará com a sabotagem da Copa do mundo, agora encampada por 9 entre 10 colunistas e editorialistas dessa grande mídia de oposição ao governo federal?
Se você não se fez essa pergunta, está na hora de fazer. Se não conseguir respondê-la e se não encontrar uma resposta clara, sua obrigação, como cidadão brasileiro, será combater esse movimento aloprado, sem pé, cabeça ou juízo.
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