247 – A tentativa de golpe neoudenista no Brasil, liderado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), criou um interessante debate moral no Brasil.
Aos golpistas, interessava emplacar um golpe de estado ancorado numa questão ética, de fundo moral. No entanto, assim que se descobriu que uma das peças centrais do plano, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), manteve várias contas secretas na Suíça, por onde passaram mais de R$ 23 milhões, o plano começou a naufragar.
Quando as evidências já eram gritantes, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), líder da bancada tucana na Câmara, afirmou que Cunha merecia "o benefício da dúvida". Os tucanos chegaram a assinar um tímida nota que pedia seu afastamento, classificada como 'me engana que eu gosto' por diversos observadores da cena brasiliense.
Pegou tão mal que o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) foi a público para criticar a "moral seletiva" do PSDB.
Aparentemente, Cássio, que já foi cassado do mandato de governador da Paraíba por compra de votos, gostaria que o PSDB seguisse uma moral absoluta, kantiana, fiel ao "imperativo categórico" do filósofo alemão. "As lideranças precisam se reunir e dialogar, o que não pode é ética seletiva, que funcione de acordo com nossas conveniências e interesses", disse ele.
O problema é que nem todos os sócios do golpe pensam da mesma forma. Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, afirmou que a nota que pedia o afastamento de Cunha foi uma "merda". Disse ainda que Cunha ficou "puto". Ou seja, a ele, que é réu por corrupção no Supremo Tribunal Federal, interessa apenas uma ética de conveniência, maquiavélica, na linha de que os fins justificam os meios.
Na mesma trilha, o blogueiro Reinaldo Azevedo, o primeiro a anunciar como seria o "rito" do golpe, considerado ilegal pelo Supremo Tribunal Federal, classificou como burrice a manifestação de Cássio Cunha Lima (confira aqui).
Diante desse nó filosófico da oposição, a presidente Dilma Rousseff fez um importante discurso na Central Única dos Trabalhadores, e denunciou o golpe que vinha sendo tramado pelos "moralistas sem moral".
Nem precisou citá-los. Basta pensar em Agripino Maia, presidente do DEM, réu por corrupção e propina, ou até mesmo no senador Aécio, que foi acusado, pelo doleiro Alberto Yousseff, de ter comandado um mensalão em Furnas durante o governo FHC.
Uma oposição maquiavélica não tem condições de assumir qualquer discurso ético e moral. Ponto final.
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